sábado, 17 de janeiro de 2009

Um tal complexo suspenso de um dedo (Crónica em desalinho)

por Augusto Alberto

Um cidadão que por esta nossa terra possui interesses patrimoniais, em desalinho com a juíza que julgou, ou julga ainda, nem sei, uma questão, exactamente à volta desses seus interesses patrimoniais, azedou na hora do frente a frente no tribunal e sortido de arma branca, para cagaço de toda a gente, rapa de uma faca, disse, comprada na feira da Tocha e zás, deu três facadas no dedo, para não dar na justiça, e claro está, ficou a ficar com menos um dedo na respectiva mão.
Não discuto as razões de tamanho acto, podem ser nobres na perspectiva desse, só pode ser, inconsolável cidadão, mas já agora quero aqui lembrar, para além das razões patrimoniais, que parece se prenderem com um terreno que deverá suportar um putativo parque desportivo da cidade, um conjunto de histórias com história.
No ano do descalabro eleitoral do P.S no concelho, também eu fui cabeça de lista à eleição para a Assembleia da minha Freguesia, e como é bom de ver, também fui de rompante. Quem podia acreditar num tipo como eu? Estive eu, e os cabeças de listas do P.S., confrangedoramente derrotado e o do P.S.D., amplamente vencedor, num debate na rádio da cidade e lembro-me logo ali de o candidato do P.S. ter oferecido obra de estofo, uma piscina no miolo da praia. Se alguém julga que me benzi, pode tirar o cavalo da chuva, porque não sou de missas e igreja, e já há alguns anos pouco impressionável, mas fiz sentir ao meu amável adversário que isso poderia ainda vir a ser coisa, mas porque raio tendo sido o P.S. poder quase 20 anos de carreirinha, nunca lhe tinha passado pela cabeça semelhante decisão? E, mais lhe disse, naquele instante de agonia eleitoral, que o P.S. haveria de pagar nessas eleições, pelo que não fez e pelo que de mal fez à cidade, e foi muito, diga-se. É evidente e bem, o meu adversário não gostou do remoque, mas como bom democrata, lá encaixou.
No rescaldo dessa derrota descomunal do P.S., apareceu por cá, o tal, o coiso, o outro, aquele que tem andado por aí… o Dr. Santana Lopes, e chegou o tempo das festanças e andanças e logo o P.S. entrou em desconforto e orfandade e de seguida, ruminando sobre tão sôfrega derrota, fez à cidade um conjunto de propostas, que de cabeça recordo, entre outras, o tal complexo desportivo, multiplico, para atletismo, rugby, e creio que um sobranceiro campo de golfe. E como não há pacote, pensaram, com destino a pacóvios, sem brinde, ainda acrescentaram um túnel pedonal para a outra margem. Um brinco este brinde. Ora ai estava o P.S. raivoso, porque nunca se permitiu pensar em perder o concelho de modo magistral e ainda por cima para o outro… e vai de propor atabalhoadamente e entrando pelos caminhos da amnésia, esquecendo que foi poder quase 20 anos ininterruptos e que nessa altura é que deveria tudo isso ser proposto e realizado. Quando a amnésia nos apanha, ficamos em regra desorientados.
Depois o coiso andou por cá e em matéria de desporto quis atrelar a Cidade a um faraónico estádio, que a Cidade, desta vez não estando felizmente distraída, resistiu. Entretanto, o tal complexo desportivo continuou sempre inscrito, mas até agora, nada, e não se sabe ainda para quando. Eu aqui quero fazer um compasso, para dizer que já existe espaço desportivo nesta terra e só é o que é e está no estado em que está, porque outros interesses se levantam, como é bom de ver. Eu estou á vontade para falar do actual parque desportivo porque andei por lá muitos anos como atleta e treinador e com um pouco de vontade, está ali a solução para as necessidades da cidade. Mas querem-nos continuar a levar por parvos, o que é que se lhes há-de fazer…
Entretanto o tal complexo continua enguiçado e vai de certeza ser promessa mais uma vez, tanto de uns como dos outros na próxima contenda autárquica e pelos vistos, ainda vai passar pelos interesses de gente que acha que por ali ainda os tem, e este sujeito que assim desbaratou o dedo em tribunal, é um deles, apesar de o tribunal ter dito que sim, que tudo pode começar, embora me tenha parecido que o Sr. Presidente da Câmara não tenha ficado muito folgado. Então para acabar, eu atrevo-me a dizer que se calhar mais rápido fica um cidadão sem um dedo da mão do que a cidade com o tal complexo e, por isso, se trata de facto de coisa complexa.

1 comentário:

Anónimo disse...

Crónica mesmo muito desalinhada porque, confesso a minha limitação, não a entendi!