terça-feira, 23 de outubro de 2012

Uma cartilha só


Augusto Alberto


A 13 de Abril de 1961, na tomada de posse de novo governo após remodelação, Salazar assumiu pessoalmente a pasta da defesa em substituição do desavindo e sedicioso general Botelho Moniz e deu ainda a pasta do Ultramar a Adriano Moreira, o resistente, que se tornou peça de culto da actual “democracia”. Disse aos seus ministros e ao País:  “para Angola rapidamente e em força”.
Confesso que não sei se o povo percebeu, de imediato e bem, o facto de Salazar decidir enviar para a guerra e para a morte, os filhos da nação. De todo o modo, não se duvida que o povo sonolento (tramontano e das berças) como a piolhosa elite lisboeta gostava de o tratar, demorou demasiado tempo a acordar. Num recanto da sala, misterioso, o Cardeal Cerejeira, que era a máscara, enquanto Salazar era a cara, agitou as mãos e deu o benzimento à decisão. 
Depois, decerto, suas excelências cumprimentaram-se e saíram, refortalecidos, porque o país, obediente, logo colocou a tropa a caminho. Como é sabido, esse caminho fez-se à custa do atraso, da rapina dos recursos naturais das colónias, sempre, pelas mesmas potências “amigas” e à custa de milhares de vidas arrasadas, Após o solilóquio, Salazar continuou por S. Bento e Cerejeira rumou à Sé ou ao passo episcopal, para continuar a zelar pelo Povo que lava no rio, em frente de uma casinha portuguesa, com certeza, em que basta um pouco, poucochinho p'ra alegrar uma existência singela...amor, pão e vinho e um caldo verde, verdinho…a fumegar na tigela.
Neste ano de 2012, creio que em Maio ou Junho, no Palácio que foi de Salazar e de Marcelo e após a revolução de todos os primeiros-ministros da “democracia”, incluindo o de hoje, Passos disse à Nação: “que emigrem os jovens e os operários na procura de melhor vida, porque o governo da Nação, ainda hoje, em tempo de paz, não sabe o que fazer com vocês”. E solidário, no amansar das aflições, em Fátima, o enfático Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, justamente no mesmo local em que Cerejeira gostava de assustar e catar almas, renovou a boçal mensagem pastoral.

O Povo deve obediência, sem discutir e mugir. Por isso, nada de tremedeiras e manifestações de praça ou rua. Na praça, só na de Fátima, para ouvir as indicações dos pastores da igreja, que indicarão o caminho estreito e lamacento por onde devem passear os carneiros de Cristo e da Nação.
Digam lá, honestamente, se sim ou não, ao cabo de tantos anos, esta gente, não é gentinha de uma cartilha só?

1 comentário:

Olímpio disse...

Queira ter a gentileza de dizer quais são os carneiros de Cristo.
Muito grato pela informação
Olimpio Fernandes