domingo, 31 de março de 2013
... e pumba!
Augusto Alberto
Foi a primeira das péssimas experiências no hospital, onde
trabalhei mais de 30 anos. Deparei-me com um homem, deitado na pedra fria, com
a cabeça esgalhada, de cima abaixo, por artes de uma enxada, movida
furiosamente por um vizinho, a propósito da disputa de um rego de água. Camilo
Castelo Branco, sábio, escreveu sobre estas coisas. Os montes por de trás do
sol, disputas a varapau, para vingar a perda de menina prometida, ou terra
roubada e lamúrias de padre-nossos e avé-marias, a propósito do país rude,
pobre e esbulhado, caracterizado a golpes de desconchavo, hilariante e com
pitadas corrosivas de humor. O atavismo completo. Com esse atavismo, meteu-se
há dias em conversa uma pessoa que me disse que estando as coisas como estão,
seriam bem-vindas as F.P. 25 Abril, ou outra espécie de brigada bombista.
Disse-lhe que um tiro inopinado, normalmente é tiro no nada, porque quem
morreu, morreu, mas ainda ficam cá os outros bandalhos. E com uma enxadada,
cima abaixo, quem a recebeu morreu e quem a deu, ficou a contas com a justiça.
25 anos de cadeia e a água a continuar a correr torta.
O importante, será saber se antes de utilizar o papelinho no
dia do voto, Maria ou António, passaram a vista sobre as propostas políticas de
Passos, de Portas, ou de Sócrates/Seguro. Não! Pelo contrário. Apressaram-se a
votar em leis do trabalho que desequilibram a favor do mais forte e os correram
para o desemprego. Deram ordem a privatizações de empresas com grandes lucros,
EDP, REN, que caiem por inteiro nos bolsos dos chineses. À diminuição dos
custos com a saúde, ao aumento dos impostos, à privatização da água, a
parcerias, no ensino, na saúde e no asfalto, com a totalidade dos lucros para o
privado, e sem lhe perguntarem, colocaram-nos no euro. E ainda por cima, há
pouco tempo, um chefe de quadrilha veio dizer que Chipre pode ser exemplo a
seguir. Imagine como seria, se esta gente tivesse enfiado as botas e as cuecas
de Salazar. Voltaríamos à semana-inglesa e receberíamos a féria à quinzena.
Tudo, um quinto ainda mais abaixo e quem sabe, adiante, uma mão aveludada de um
amigo vindo do “cavaquistão, ou do “xoxialismo” nos possa vir ainda à conta.
E pumba, lá se ficam os bandalhos a rir e nós a chorar. Bem
sei que a expiação ficou e é santa. Andam por aí comentadores e politólogos
petulantes, que até à bem pouco aceitaram como inevitável o protectorado da
troika, mas agora, que dão como seguro o desastre, já defendem o contrário. Não
evitam a traição e por isso, bem podem ser figurinhas de um romance de Camilo.
Bem mereceriam pagar a traição coeva, à custa do cacete e nódoas negras.
modalidades:
Crónicas em desalinho
quinta-feira, 28 de março de 2013
2ª Gala Ramjanali
Na segunda "Gala Ramjanali", disputar-se-à o título nacional entre a atleta figueirense Joana Teixeira e Sandra Teixeira do Clube Oriental de Lisboa.
Este evento, uma homenagem a Carlos Ramjanali, antigo campeão europeu e mundial e primeiro treinador de kickboxing do Ginásio Clube Figueirense, serve também para a divulgação da modalidade.
A primeira edição realizou-se em 9 de Abril de 2011.
quarta-feira, 27 de março de 2013
Telegráfico
Augusto Alberto
O exórdio deputado socialista Eduardo Cabrita, num texto escrito
num jornal diário, dá como burlesco a eleição de um presidente comunista em
Chipre. Eduardo flanqueia o voto democrático. Para ele, democrático, é o voto
que o elege, mais à seita que dá corpo á rotatividade. Burlesco é um voto num comunista.
Quer-me parecer, pela pinta, que Eduardo nunca recusou um
sonoro riso perante as patranhas que davam como provado o facto de os comunistas
comerem criancinhas ao pequeno-almoço e darem injecções atrás das orelhas dos
velhinhos. A vida prova que as patranhas não passaram disso mesmo, mas foram,
todavia, muito úteis.
Certo, é que quem anda a matar as criancinhas à fome e a
matar os velhinhos por falta de aconchego, são as políticas desgraçadas
desenhadas pelo Partido Socialista e os comparsas da alternância. Perante os
factos, sejamos claros, o Partido Socialista trinchou na palavra socialismo,
retalhando a esperança. Só alguém, desde os pais fundadores, aos actuais, com
fraco compromisso social, apresenta um documento como o PEC IV, como
resumidamente se comprova, e que foi o prenúncio do que adiante veio e não
pára, que ninguém com prefeito tino social poderia aprovar. Mas é importante
ainda que se diga. Que se votou contra este nefasto PEC, sim senhor, mas não se
votou o derrube de José Sócrates. José Sócrates foi embora porque quis, depois
dos banqueiros acharem no momento, que melhor “preto” se perfilava. Aliás, manobra
alterna e idêntica se prepara.
-Sobre o salário e o salário mínimo …não existe qualquer
compromisso de aumentos para o futuro…diminuição do nível de salários
oferecidos que obrigam à aceitação do posto de trabalho…forte contenção
salarial.
- Sobre as
pensões …é caracterizado pela
contribuição especial aplicada às pensões acima de 1.500 euros, que contarão
com cortes semelhantes aos aplicados nos salários do Estado. Juntando esta
medida ao congelamento geral das pensões…aceleração da convergência do regime
pensões da C.G.A. com o regime geral de segurança social…
- Sobre o IVA … alguns dos produtos taxados a 6% podem passar para a taxa
intermédia de 13%, e os da taxa intermédia para a taxa normal …de 23%.
- Sobre o subsídio de desemprego… rever as regras de acesso à prestação…consoante a idade e a
carreira do beneficiário.
- Flexibilidade laboral… aumento da flexibilidade laboral, (mais precariedade).
- Na saúde… Reorganização das urgências nas
áreas metropolitanas…para reduzir os gastos…no SNS… contratação de recursos
humanos através de empresas…racionalização de despesa com medicamentos,
material clínico e meios complementares de diagnostico e terapêutica.
- Na habitação …Os novos créditos à habitação vão
perder os benefícios fiscais a partir de 2012.
- Privatizações…O Governo vai antecipar…várias
operações de privatização que estavam previstas para 2013. CTT, ANA, C.P Carga,
TAP, REN, (o que dá lucro).
Cá está a desmistificação do PEC IV. Cá está, em como o
fazer para o Partido Socialista, é o mesmo que o fazer para o PPD e CDS. Cá
está, em como o socialismo assim que entrou no Rato, foi metido na gaveta e
depois, logo entraram os ratos, que roeram a madeira e os papéis. Sejamos
claros e definitivos. O anti-comunismo é a massa de que se alimentam os
dirigentes socialistas e alguma da sua base eleitoral e militante. E para os
esquecidos lembro coisas semelhantes, como o lastimável retrocesso verificado
no sistema de saúde britânico, por força do thatcherismo, como comprovam os
últimos factos. Em Portugal, mais ou menos. Há longos anos que das rosas, nos
calham os espinhos, enquanto as pétalas, poucos as abocanham.
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Crónicas em desalinho
domingo, 24 de março de 2013
Vendilhões!
Augusto Alberto
Às mães da Praça de Maio parece-lhes que Francisco sabe mais
sobre os desaparecidos às ordens da ditadura argentina, do que o poucochinho
que diz. Eu, que convivi com argentinos na diáspora, soube que a ditadura tinha
como habilidade predilecta encher aviões militares com resistentes e
despacha-los, após um leve empurrão, para as águas do Atlântico, de altura
muito considerável.
Mas se o Chico se apresenta mudo às mães da Praça de Maio, confirma-se
que a CIA e o MI6 estavam informados de que não havia armas de destruição
maciça no Iraque, ignorando informações recebidas, meses antes da invasão.
Essas informações de nada valeram. A obstinação pela guerra derrogou a
racionalidade dos factos, porque multíplices interesses económicos e geopolíticos
se sobrepõem. Saddam foi morto, mas a Al-Qaeda continua medonha e as populações
deixadas por sua conta e risco são as principais vítimas da falta do estado.
Sangue e morte, são o único e visível saldo da guerra urdida nas Lajes de Santa
Maria, Açores, não esqueçamos. É sabido que a Al-Qaeda é suportada pela
monarquia saudita, que, apesar do facto, é a melhor aliada árabe das manobras
que o império tece, que de parvas nada têm.
Quem viu a cerimónia da tomada de posse do Padre Chico,
notou a torrente de personalidades que acorreram ao beija-mão e ao desejo de
bom papado. Claríssimo, não fosse o facto de pelo Vaticano terem passado alguns
dos mais desgraçados cínicos que o mundo contemporâneo conhece. Se lembro a
lengalenga das armas, que suportou a destruição e a morte no Iraque, é porque
nesse episódio romano, para além de Durão Barroso, que em Santa Maria alinhou
na farsola e por isso já deveria ter sido condenado e posto a ferros, estiveram
outros passarões, como Biden, e representantes das mais vilãs dinastias árabes,
que todos os dias fazem questão de negar as mais elementares regras
civilizacionais. Por isso, custa ver como debaixo dos eméritos frescos do
templo de Pedro, cabem todo o tipo de vilões. Fosse sério o Vaticano, expulsava
-os, tal como Cristo expulsou os vendilhões do templo. Tirai isto daqui! Não
façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!
Se o Tribunal Penal Internacional é a casa onde só se julgam
vencidos, o Vaticano convive com naturalidade com os vilões que comandam os
comércios do petróleo e da morte.
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Crónicas em desalinho
quinta-feira, 21 de março de 2013
Chegou a prima, a prima Vera!
Árvore de frutos
Cheiras a cajú da minha infância
E tens a cor de barro vermelho molhado
De antigamente;
Há sabor a manga a escorrer-te na boca
E dureza de maboque a soltar-te nos seios,
Misturo-te com a terra vermelha
E com as noites
De histórias antigas
Ouvidas há muito.
No teu corpo
Sons antigos dos batuques à minha porta,
Com que me provocas,
Enchem-me o cérebro de fogo incontido.
Amor és sonho feito carne
Do meu bairro antigo do musseque!
quarta-feira, 20 de março de 2013
Descamisados!
Augusto Alberto
António José Ramos, Presidente da Comissão Concelhia do
P.S.D. de Torres de Moncorvo, Carlos Manuel Ferreira Paço, Presidente da
Comissão Concelhia do C.D.S. de Torres de Moncorvo e F.A. Aires Ferreira,
Presidente da Comissão Concelhia do P.S. de Torres de Moncorvo, compreendendo
as razões de descontentamento de largos sectores da população, contudo, apelaram
à melhor consciência dos moncorvenses, no sentido de uma boa recepção ao Presidente
da República de Portugal.
Há quem diga que cheira a Salazarismo. De acordo! Mas eu
digo mais. Este é o lado tolhido e desbotado, do povo mortificado. A posição
dos dois primeiros, faz a síntese de um Governo, uma maioria e um Presidente.
Mas quanto à posição do Partido Socialista, entra no conjunto das rábulas de
quem já cheira o pote, e vê dentro, uma espécie de mirra que cola muitas e
superiores riquezas.
De tão verdade, o Partido Socialista desceu de Torres de
Moncorvo para sul. Jorge Coelho, que há muito não se via e agora liberto de
tarefas de CEO e de saco cheio, rompeu a intermitência e apareceu em Viseu,
quem sabe, para secar a morrinha que tolhe a cabeça de Seguro e agitar os
comparsas e a causa “soxialista”, por hora, seguramente chocha. Aliás, na
esteira de outro celerado socialista, Torres Couto. Candidato há 4 anos, com
todo o direito democrático, é bom que se diga, a putativo Presidente da Câmara
Municipal de Almada, começa a desenhar à Marco Pólo nova viagem exótica, com
todo o direito democrático, é bom que se diga, avançando para sul, para
candidato a putativo Presidente da Câmara de Alcácer do Sal. Aliás, como quer
avançar para putativo Presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, com
todo o direito democrático, é bom que se diga, o ex-jota, licenciado e actual
deputado socialista, João Portugal, mas só dentro de 5 anos.
Portugal, que nada
sabe, precisa de um tempo para treino e nada melhor do que fazer o noviciado
como vereador, nem que para isso tenha de fazer carga de ombro. A confirmar-se,
a minha dúvida é se o possível estatelado, vai ter ombro para resistir ou
coragem para romper. Mas isso, o tempo dirá, sabendo também, que o tempo e a
magnanimidade tudo roseia.
Com o olhar apaixonado de quem gosta de contos, o que quero
dizer é que estão de volta velhos descamisados, enquanto novos vão também
ocupando os espaços, na procura de outras e novas camisas. Não é drama,
evidentemente, com todo o respeito a Perón e aos descamisados, é bom que se
diga. De todo o modo, defenda a sua. Olhe que esta gente é voraz e não perdoa.
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Crónicas em desalinho
Como diz que disse? (II)
Diz o governo que o aumento do desemprego era inevitável. É Carlos Moedas (o nome condiz) que afirma ser o dito "uma herança dos desequilíbrios estruturais da economia portuguesa". Provavelmente não só, porque o problema é geral.
O que o governo, ou o Moedas por ele, não acrescentou é que essa herança é fruto de más políticas levadas a cabo e defendidas ao longo dos anos quer por este governo quer pelos antecessores, do partido deste governo ou doutros, os chamados partidos do arco do poder, ou lá o que é. Más políticas é como quem diz, a gente percebe que é uma opção ideológica.
O moedas atesta-a: "(o desemprego) teria aumentado mesmo com caminhos alternativos aos adoptados pelo actual governo.
É preciso muita cara de pau.
terça-feira, 19 de março de 2013
Como diz que disse?
A frase é de um fascista, um fascista assumido, que para o caso não
interessa nem quem é nem onde a proferiu. Diz assim: “são mais dignos de respeito os inimigos declarados do que os falsos
amigos”. Pese embora eu reconhecer grande dose de verdade nela, e dela ter
gostado, não significa que a leve à letra. Os inimigos, penso, não são para
respeitar, são para aniquilar. Respeitá-los é diminuirmo-nos. Pelo menos no que concerne à luta de classes.
Mas lembrei-me da dita frase há uns momentos quando ouvi António José Seguro
afirmar, via tv, que o PS sempre defendeu o aumento do ordenado mínimo.
Corrijam-me se estiver errado: ainda não muito tempo o grupo parlamentar do
PCP apresentou no parlamento uma proposta de aumento do ordenado mínimo. A
direita votou contra, aliás como é natural e se esperava, e o PS absteve-se.
Sem mais comentários.
segunda-feira, 18 de março de 2013
Uma boa ditadura, estúpido!
Augusto Alberto
- Crónica imaginária, ou nem tanto, sobre a
idade média
- O colectivo do
tribunal, reunido em sessão plenária, no mês de Fevereiro de 2013, após
apreciar as matérias constantes dos autos, em referência aos crime de roubo,
com moldura penal prevista, segundo a interpretação superior da lei, deliberou
tomar a decisão colectiva de condenar o arguido, à data dos factos, com a idade
de 16 anos, à pena capital. A pena de morte, segundo decisão do colectivo do tribunal,
deverá ser a decapitação da cabeça, pela zona cervical, com um golpe de sabre,
previamente bem laminado e afiado. Desta decisão, não existe recurso. Lido o
acórdão final, o tribunal dá por encerrado os trabalhos.
- Crónica sobre uma contemporânea boa
ditadura.
(Condollezza
Rice/Conselho de administração da Chevron Corporation. Discurso, imaginário, ou
nem tanto, numa tenda levantada num campo de petróleo no deserto saudita).
- Majestade,
deste lugar onde me encontro, desejo saudar a monarquia que dirige, e desejar a
continuação das melhores relações de amizade, comerciais e de prospecção.
Majestade, o nosso “core busines”, não são os direitos humanos nem a política,
mas o petróleo, que faz girar as empresas do mundo, a economia global e faz
correr os nossos automóveis, nas nossas belas e longas auto-estradas, ainda que
saibamos, que na monarquia que vossa Majestade sabiamente dirige, existam
condenados, decepados pela cabeça, ao nível da coluna cervical, com um golpe de
sabre, previamente laminado, limpo e bem afiado.
- Derrogaremos
todas as críticas. E por isso, diremos que não há “drones”, Majestade, que o
impeçam de prosseguir no melhor caminho, inspirado por convicções e forças
superiores, que iluminam as vossas decisões.
Brindemos às
causas comuns, dos Estados Unidos, da Chevron Corporation, da Saudi Aramco Oil
Company, da economia global e da monarquia Saudita, que vossa Majestade,
magnanimamente dirige.
Nota final: O
monarca Saudita, Abdullah, vai propor uma alteração no modo como se aplica a
pena de morte. Porque já não há quem queira ser carrasco, com a especialidade
em cortar cabeças.
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Crónicas em desalinho
Do desemprego
Em Agosto de 2012 a taxa de desemprego cifrava-se nos 15,4%. Calcula-se, ou calculam os entendidos, que para 2013 será de 18,5%, podendo atingir os 19%. Isto sem contar com os subempregados, os que têm trabalho precário, os que emigraram.
Em Agosto de 2012, é bom lembrar, o governo que escolhemos inaugurou novas leis laborais com o objectivo de "dinamizar o mercado".
Acho que não são precisos comentários. A não ser que o governo, por patriotismo, por vergonha, por decência se a tivesse, deveria pedir a demissão. Mas não.
sábado, 16 de março de 2013
Caridade!
Augusto Alberto
Antes de 1974 havia muita fome. E prisões, como o Tarrafal,
onde morreram Bento Gonçalves e Mário Castelhano e esteve, entre outros,
Luandino Vieira, o Aljube, a António Maria Cardoso e Peniche. E houve e já não
há, a guerra colonial, que matou portugueses e africanos. E a dona Supico Pinto,
e o Movimento Nacional Feminino, que em Moçambique, no Natal de 1973, teve a
caridade de me fazer dono da colecção livros RTP.
O 25 de Abril, que perdoou a PIDES e deu saída a outros
filhos da mãe. O M.F.A, Os S.U.V., o 1º
ministro demónio, Vasco Gonçalves. A 5ª divisão, que tinha por missão
catequizar para o socialismo os aldeões de Portugal. A reforma agrária. As
nacionalizações. Que jeito deram para compor contas públicas. E em tempo de
louca bernarda, 1975, um decréscimo na riqueza produzida. Tudo, coisas más! E
passados quase 40 anos, está consolidada a democracia com a chegada de boas
coisas. Regressaram bufos, patifes e PIDES, que tiveram a oportunidade de se saracotearem
e democratizarem. Há o Partido Comunista, a valer 8% dos votos validados e 16
deputados. Olaré! O edifício jurídico. A Europa, o euro e automóveis que afinal
são mais caros, ao contrário do que acreditou amigo meu. As forças armadas,
quase descamisadas. O Governo, PPD/CDS. Uma maioria, PPD/CDS. E um Presidente.
E a alternância, para os momentos em que as coisas estão à beira de descambar e
é preciso ter à mão o outro …o Partido Socialista. E um fenómeno que não é epi,
mas bem estruturado, os banqueiros.
Uma emigração massiva como a dos anos 60 do século XX, sem
mala de cartão, mas qualificadíssima. Uma taxa de desemprego como muito
provavelmente só houve na monarquia e na 1ª República. Uma redução brutal da
riqueza produzida, a 2ª mais alta redução após o ano da bernarda de 1975. E em
alguns parâmetros, ao nível de idos anos do século XX. E desse modo, magotes de
portugueses, vítimas de usuários e tornados empecilhos, a viverem na rua, a
quem a chusma dos voluntários contra a fome providencia uma sopinha quente.
E para que nada se desmonte, ainda por cá anda, o
“democrata”, professor, palestraste e pai de deputada socialista, que também
mandou, por diploma de 1961, caridosamente, reactivar o Tarrafal da frigideira
lenta e cresceu, também, uma associação de reformados dourados, na esperança de
que lhes seja feita caridade. Este é o Portugal virado do avesso, onde até a
caridadezinha é coisa santa.
…Tudo é disperso, nada é inteiro. Ò Portugal, hoje és
nevoeiro.
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Crónicas em desalinho
sexta-feira, 15 de março de 2013
Francisco, o papa misto
Jorge Bergoglio, o papa eleito, convidou os fiéis a "empreender um caminho de fraternidade, de amor". Nada de mais, é o politicamente correcto. Por outro lado, aparecem noticias afirmando que o traste colaborou com a ditadura dos generais argentinos, tendo mesmo desempenhado o papel de bufo. Nada de mais, novamente. Embora pareça uma contradição, e é, é o papel histórico dos sabujos.
O facto é que "sua santidade" me fez lembrar o jegue do Nézinho. Ou seja, é bi-facial.
O muro "democrático" tem pai
Augusto Alberto
A
“queda do muro” sempre me pareceu a vitória de um modelo, que esticou o freio e
partiu a galope. Contudo, gente dada ao oportunismo disse-me que, pelo
contrário, se tratou da vitória das liberdades, sobre a ditadura. Nunca me
convenci e nem traio, por mais dor que a história traga. Mas hoje, pessoas com
quem partilho a desgraça, aceitam sem dificuldade o meu convencimento e sentem
que o murro “democrático”, tem pai, é a Goldamn Sachs, e faz doer.
Com
efeito, os vencedores presentearam-nos com dirigentes insanos e ignaros, como
Bush filho, que recoletou, para aventuras sangrentas, percevejos como Blair,
Aznar e Barroso. Depois destes, que entretanto, pelos males feitos, mereciam
castigo, anunciaram-se, Berlusconi, Merkel, Sarkozy, Sócrates, Hollande, Monti,
Passos, Portas, e Rajoy, que de turno, têm burilado dramas sucessivos, como aquele
no concelho de Viana do Castelo, em que
um pai de 42 anos, com um filho de 2 anos chegado ao peito, encurralado
socialmente, se atirou a um poço e colocou um fim abrupto à vida.
Mas
como a desgraça é universal, tomemos como exemplo, ainda, a desgraça búlgara,
que tomou as ruas em protesto contra o poder que em 2004, adquiriu as licenças
e os direitos exclusivos de distribuição de electricidade…Isto tem de
acabar…fogo nos monopólios e na máfia… gritaram os manifestantes, que pediram a
renacionalização das empresas de energia.
Resfriados
e entregues à miséria, os búlgaros começam a perceber o que perderam com a
abrupta mudança. Para além de não contarem, carregam ainda o drama inorgânico,
que é o lado canalha do sistema, porque apesar de muita “passeata”, cansam-se
por pouco, enquanto a pequena elite resfolga com o poder e os meios de
produção. Compreendemos assim porque as grandes manifestações de 2 de
Março em Portugal, colocaram em sobressalto o percevejo capitalista, que o
derrube do socialismo ajudou a inchar. Logo foram colocados no ar mensageiros,
na tentativa de colar as manifestações às forças orgânicas do mal. De todo o
modo, a elite sabe que enquanto o pau vai e vem, folgam as costas.
Os
povos latino-americanos precisaram de mais de 200 anos para perceber o que
fazer. Do mesmo passo, serão os nossos quintanetos a fazer o que hoje não
queremos. Por isso, quando partir, não esqueça, leve o telemóvel para mais
tarde se certificar.
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Crónicas em desalinho
segunda-feira, 11 de março de 2013
O conselheiro Borges e o salário mínimo
Augusto Alberto
Vai boa a discussão acerca do salário mínimo. Há quem diga
que foi um erro do nosso primeiro. Mas há também quem diga que é a assunção
plena de um conceito ideológico. Eu digo que estamos perante as delícias da
rambóia capitalista. O que sabemos, de fonte segura, é que os custos do
trabalho representam cerca de 30% do custo final da obra. E que esses custos,
para gáudio, têm vindo a diminuir. Trabalha-se mais por menos dinheiro e o que
se ganha, não chega para as despesas mensais. O que mais querem? Sabemos
contudo, que existem outros custos, que se podem baixar a favor das empresas,
como os da electricidade. Mas como fazer baixar os lucros do Mexia, dos
delfins, mais os dos chineses? Dos combustíveis. E os lucros do Faria e do
Amorim? E os lucros privados da água, sacados num bem público? Uma panóplia,
impossível de alterar, porque a lógica da acumulação do capital, supera
qualquer veleidade de respeito social.
E depois, nesta estória, também estão os que acham que um
escarmentado truque, o eleva à dimensão de verdade. O Partido Socialista
assaltou o nosso primeiro, com o aumento do salário mínimo, ao ponto de lhe
fazer destrambelhar o pensamento e arrefinfar o cenho. Aparentemente, a
grandeza vai-lhe na alma, só que a estória está escrita e revela que os factos
não vão além de truque. No dia 7 de Março ultimo o Partido Socialista tentou
forcejar o nosso primeiro, contudo, no dia 5 de Janeiro, a direita e o Partido
Socialista, na votação do projecto de resolução n.º 551/XII, aumento do salário
mínimo nacional (PCP), tomaram a seguinte posição: Rejeitado, com votos contra do
PSD e do CDS-PP, votos a favor do PCP, do BE e de Os Verdes e a abstenção do PS.
Alto lá! Do truque à verdade há um espaço que nem a
escarmenta consegue maquilhar. Baixe-se, contudo, os multiplicos factores de
produção, como defendem os comunistas, e logo se poderá aumentar o salário do
trabalhador, como se deseja, sem aumentar o custo final da obra.
Mas como a lógica capitalista é contraditória, é necessário,
isso sim, manter ou diminuir o salário, para que se verifique maior acumulação
de capital. Por isso, cidadão, que ganha o salário que já não dá, nem para o
pão nem para a habitação, pode estar a um passo, se continuar a acreditar em
melopeias, de engrossar o grupo dos que já dormem no cartão. Por higiene
intelectual e cívica, mude de canal quando fala o conselheiro Acácio.
E a Passos e Seguro, dê-lhes um piparote eleitoral.
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Crónicas em desalinho
domingo, 10 de março de 2013
Força aí!
Bem, e quem não quiser entoar o "Grândola, Vila Morena", sempre pode ir fazendo uma forcinha, né?
Ainda a "Grândola, Vila Morena"
O jornalista angolano Reginaldo Silva fala da actualidade da canção do Zeca, mas também da "dupla angolana" Pedro Passos Coelho/Miguel Relvas. E não só. Também explica como Sócrates ainda poderia estar em Lisboa e muito provavelmente em S. Bento.
O texto começa assim. Clicando nele pode ler o resto.
modalidades:
Angola,
Comunicação Social
sexta-feira, 8 de março de 2013
Pátria!
Augusto Alberto
Pátria… Pátria… Pátria amada!
Foram palavras embebidas em lágrimas de dúvida, de uma mulher venezuelana. Eu
bem entendo, porque uma revolução politica e social, nunca foi, nem é, obra de
um único homem, mas o resultado de milhares de vontades, ainda que não
prescinda de um líder competente e mobilizador. Por isso, andou bem o Partido
Comunista Venezuelano, que recusou diluir-se no movimento socialista bolivariano,
num momento raro de aspereza, mantendo a sua identidade funcional e ideológica.
De qualquer modo, Chávez foi um
empecilho para os apetites imperialistas e desde logo, para a oligarquia venezuelana,
habituada desde sempre a pôr e a dispor dos recursos naturais da nação e do
próprio povo, tido como mula de carga. Com Chávez, muitas gargantas
entumeceram. Desse desconforto e confronto, deu nota a velha “vaca sagrada” da
vozearia e análise, especialista em assuntos internacionais, Teresinha de
Sousa. Chamada a comentar a morte de Chávez, acabou num requebro já muito
visto: - veremos agora o que dirão e
farão os Estados Unidos. Porquê, Teresa, esta obsessão em considerar que os
Estados Unidos têm de ser escutados a propósito de tudo? Ganham alento,
entretanto, as almas ressabiadas, na referência ao modo como o petróleo
venezuelano tem sido usado, (até Durão Barroso reconhece que a Venezuela se
destacou pelo seu desenvolvimento social), para fazer baixar a taxa de pobreza,
como gritou o editorial de um diário de referência. Ora se a sovinice e a
hipocrisia matassem, já tinham ido os patetas, pela simples razão, de que o
petróleo venezuelano, não é assunto de agora, mas de muito antes de Chávez. A
diferença está no facto de que antes, o petróleo era assunto exclusivo da
oligarquia e com Chávez, passou a assunto de todos. Aliás, é pertinente afirmar
que as “liberdades” estão bem, se nunca desafiarem a lógica capitalista da
distribuição da riqueza gerada pelo petróleo. Por isso, quando em 1989, em
plena “democracia” de Andrés Pérez, amigo socialista de Mário Soares, milhares
de patriotas venezuelanos puseram em causa o abuso na distribuição da riqueza,
foram liquidados, (cerca de 3.500), pelo golpe torcionário, que ficou conhecido
pelo “Caracazo”.
Desse modo, Chávez, Humala,
Mujica, Corrêa, Ortega e Morales, colocaram na América Latina uma séria
diferença, desde a revolução cubana, entre a esquerda e a direita. A primeira,
joga o jogo “democrático”, enquanto a segunda, quando pressente que o prato
tomba para o seu lado, comporta-se, ainda e sempre, torcionária e fascista.
Ainda não há muito tempo, o Paraguai e as Honduras foram claríssimos exemplos.
modalidades:
Crónicas em desalinho
8 de Março
Não é só um dia de festa. Ou, melhor, ainda não é um dia de festa.
É um dia de luta pelo direito à igualdade. Pela mudança de política para mudar a vida das mulheres.
modalidades:
Dia Internacional da Mulher,
Música
quinta-feira, 7 de março de 2013
O exorcismo!
Augusto Alberto
Estava o mar um cão, com uma lavadia de 3 metros , que obrigou os
cargueiros a esperar quase junto à linha do horizonte. A olhar os barcos,
cismava sobre meninos que não vão à escola para irem para a esmola. Recordei
que há 50, 60 anos, conheci muitos de mão estendida, para recolher um pão ou
mísero tostão. E angustiado, perguntei-me se foi para isto que se fez Abril?
Mas também cismei num dos meus jogos favoritos. Xuxalizar! E
imaginei o seguinte diálogo, com um socialista, sobre o desejo do dirigente
Chico de Assis, de um entendimento com a direita, caso o Partido Socialista
vença as eleições com maioria simples. Aliás, a mesma opinião tem o tipo que
comenta o “triunfo dos porcos”, Rebelo de Sousa, que em tempos, em mergulho
rasante, acostou em definitivo à social-democracia.
- Que dizes tu? – Nada! Não li, disse-me o socialista
imaginário.
- E que me dizes então, companheiro, do modo como o Partido
Socialista votou, juntamente com a direita, no sentido de chumbar 3 diplomas
legislativos que tinham como intenção facilitar a vida a estudantes
universitários com dificuldades económicas e abandono universitário.
- Também não sei.
- Que raio! Que sabes tu homem?
- Pois não sei, mas o PEC…e a unidade para derrubar o
governo de Sócrates…
- Calma companheiro. Deixa-te de merdas e do PEC e centra-te
exactamente no facto de nada saberes. De verdade, não passas de militante de
água doce e de pouca profundidade.
- Mas antes que me vá e para acabar, o que me dizes, então,
da possibilidade de ser afastado da futura lista autárquica, o actual vereador
Tavares, professor e ex-jornalista amador, para dar o lugar ao licenciado, ex-jota
e actual deputado João “de” Portugal?
- Estou incomodado.
- Lá está. Quando o militante é fraco e sabe apenas palrar e
nadar em água doce e de pouca profundidade, tem sempre muita dificuldade em
perceber as profundezas da velhacaria.
- Queres vir à
manifestação?
- É pá! Mas o PEC…e o
derrube…
Porra! Há males que
nem o melhor exorcismo consegue aliviar.
modalidades:
Crónicas em desalinho
No sítio do costume, com entrada livre
Trio de stoner
rock-hard blues, baterias perigosas, baixos derretidos, guitarras esmagadoras e
letras incómodas cuspidas como se não houvesse amanhã. Cabaret Macabre é um
complemento visual aos temas dos Bad Pig, no qual serão testemunhadas
abordagens surreais à sensualidade feminina. Passando por movimentos hostis,
vultos estranhos e ambientes sombrios. Os Bad Pig actuam sob as luzes que
moldam as suas ideias sobre a mulher.
Membros: Ivo de Cera – Voz/Baixo; Gil Moralez – Guitarra; Taylor - Bateria
Membros: Ivo de Cera – Voz/Baixo; Gil Moralez – Guitarra; Taylor - Bateria
"Tubo de Ensaio d'Artes" em contraciclo
Pedro Saboga (à esquerda) e o jornalista Jorge Lemos |
A
segunda edição das “Conversas na Bijou”, uma iniciativa que se aplaude, teve
como convidado Pedro Saboga, um dos fundadores do Tubo de Ensaio de Artes, e a
conversa, moderada pelo jornalista Jorge Lemos foi, como é evidente, sobre cultura.
As
poucas pessoas que afrontaram uma noite de invernia para se deslocarem ao café
ficaram a saber que a ideia que presidiu ao aparecimento da associação também
nasceu de uma conversa de café, entre quatro jovens.
Seis anos depois o “Tubo” cresceu, tem agora mais de 250 alunos, na dança, pintura, música,
fotografia, e tem realizado vários eventos, ininterruptamente, tais como cinema,
teatro, concertos musicais, exposições. Tem protocolos com várias escolas e
tem-se assumido como uma pedrada no charco na vida cultural da cidade.
Tem,
imagine-se, e em contradição com a política governamental de produzir desemprego,
criado alguns postos de trabalho. O que poderá, não sei, provocar algum
incidente diplomático com a troika. Mas é obra, numa associação ao serviço da
comunidade e sem fins lucrativos.
Uma
das iniciativas do “tubo” tem sido trazer à Figueira extensões de vários festivais
de cinema, como o Fantas e o Festival de Avanca, o que permitirá minorar o pessimismo irónico do dr. Jorge Tocha Coelho. Diz o insigne intelectual que a Figueira cometeu suicídio cultural ao acabar com o Festival
Internacional de Cinema.
modalidades:
Cultura,
Figueira da Foz
quarta-feira, 6 de março de 2013
PCP faz hoje 92 anos
«Devemos sublinhar que as características fundamentais do PCP que constituem a sua identidade e foram adquiridas ao longo da sua existência e da sua luta, não correspondem a princípios, conceitos e práticas intemporais e imodificáveis. Elas têm um conteúdo próprio e diferenciado pois foram caldeadas pelo trabalho colectivo, pelo envolvimento no movimento de massas, pela militância, pelo sentido participativo, a generosidade e a disponibilidade revolucionária dos seus membros. Tais características fundamentais correspondem assim a princípios, conceitos e práticas desenvolvidas e enriquecidas com criatividade pelo próprio Partido. Elas são condição indispensável para que o PCP continue a ter na vida nacional a intervenção de que o povo português necessita e que o PCP está em condições de concretizar porque é e continuará sendo um partido comunista. (...)"
Álvaro Cunhal (extracto da intervenção no XIII Congresso do PCP)
modalidades:
Álvaro Cunhal,
PCP
Carta a uma quadrilheira
Augusto Alberto
Quem não quer ser cabra, não
lhe veste a pele. Será, Yoani Sanchez, que uma má distribuição da riqueza na ilha
pobre, te deram os cabedais necessários que te permitem degustar a traição? Não
creio, porque a repartição tem critérios rígidos. Então de onde chegam?
Seguramente da máfia de Miami e de um gabinete do departamento do estado,
especializado em apoiar quadrilheiro(a)s.
E de que direitos humanos
falas? Exigir que se cumpra sucessivas deliberações aprovadas na ONU, que
condenam os Estados Unidos pelo néscio embargo económico à ilha onde nasceste?
Exigir que, em definitivo, deixem Guantanamo, o nicho de terra aprisionado no
teu país? Nem pensar! Vais, sim, conspirar contra a terra onde nasceste, que a
ter sucesso, te recompensará. Ou talvez não! Deu-se o caso, há muitos anos, um
degustado dissidente, como Solzenitzin, ter sido vomitado. Informas, que irás
ao México falar de direitos humanos. Como? Serão estes? A Human Rights Watch, denuncia
149 casos de “desaparecimentos forçados” no México, ao longo dos últimos seis
anos da presidência de Filipe Calderon, e nos quais estão envolvidos o
Exército, a Marinha, a polícia federal ou polícias estaduais ou
municipais. Na plateia, hipócrita, vão estar do mesmo passo, assassinos
e um Estado incapaz de proteger os seus cidadãos. Mas deixa que aprofunde o
verbo. Em algum momento, em Cuba, tua terra, te viste na contingência de desaparecer
à semelhança dos cidadãos mexicanos referidos? Imagino ver-te rufiar o cenho, e
dizer, talvez! Mas não foste, porque andas por ai num papelinho! Adiante por S. Paulo!
Mas não é na grande metrópole
que se matam pessoas e polícias, como se se tratasse da mais pacífica
traquinice? E pela Espanha? Se os mortos falassem, alguns dir-te-iam que foram
vítimas do modelo social e económico que andas por ai a aconselhar. Nessa
decrépita monarquia, Yoani, há gente sem emprego, pão e habitação e branca,
muito branca corrupção, pelo que uma linha estreita a separa do colapso. E
saberás que na República Checa, foram construídas prisões, estritamente, para amedrontar
prisioneiros de guerra, e pela Alemanha e Itália, passaram aviões carregados de
prisioneiros com destino ao chicote e ao duche frio de Guantánamo?
Concluirás o périplo nos
Estados Unidos. Com efeito, esperam-te gangsters. Cuidado, não te convide
Pousada Carriles, para uma bombinha aqui, outra ali. Fazes-te de sonsa, mas não
passas de uma galdéria. Acabada a função, serás encontrada com o ventre
dilatado nas águas cálidas do golfo, que é o modo como se paga a quadrilheiras.
De que direitos humanos falas, cachopa?
modalidades:
Crónicas em desalinho
HUGO CHÁVEZ
O "Aldeia Olímpica" partilha a dor do povo venezuelano.
Chávez não só trouxe à Venezuela a justiça social e a dignidade, já um vasto programa, como também fez com que os venezuelanos tomassem conta do seu próprio país.
Não te esqueceremos, comandante.
modalidades:
América Latina
sábado, 2 de março de 2013
O cavaleiro da boa figura
Augusto Alberto
Façam o favor de passar os olhos por Cervantes e D. Quixote.
É leitura inigualável e de deslumbrante inteligência e fino humor. Se vivesse
hoje, Cervantes escreveria sobre as andanças e desditas no reino de Espanha. O
seu cavaleiro D. Quixote, desta feita, trocaria a leitura dos romances de
cavalaria sobre Palmeirim de Inglaterra e Amadis de Gaula, pela leitura de
Marx, para melhor interpretar a teoria da acumulação do capital, confirmada com
os 5 milhões de desempregados em Espanha. D. Quixote, que foi probo,
inteligente, letrado e casto, porque se deu de amores a uma única mulher, na
companhia do camponês Sancho Pança, seu fiel escudeiro, percorreria a Espanha,
numa batalha sem quartel, contra os que trazem a fome.
Passasse por botequins, ou estalagens baratas, haveria de
topar com gente puída e despossuída de casa e pão, e não acharia na moderna
Espanha, a sua amada e virgem Dulcineia del Toboso, mas uma “infanta”
comprometida com a mais desbragada e fascinante corrupção. Talvez acometesse de
lança e elmo e rubro de raiva contra o palácio real. Mandaria, entretanto, ao
Palácio da Moncloa, por o seu tempo ser escasso, o seu fiel escudeiro, Pança,
montado no ruço pachorrento, para avisar que mais cedo do que tarde, o seu amo,
D. Quixote, lá chegaria, para pedir explicações a quem permite que homens e
mulheres em desespero, se lancem de um andar para o passeio, ou se imolem num
centro de emprego, e para perceber que políticas criaram o espantoso exercito
de desempregados, que sempre que sai à rua, é violentamente sovado pela policia
e que têm um rei, que em vez de exigir a boa democracia, sai à caça de
rinocerontes pretos e se perde por uma puída baronesa teutónica.
E à sede do Partido Popular chegaria para pedir informações
sobre a lisura, que nunca houve, desde o tempo do fascista galego, Fraga
Iribarne e ao tempo do fascista Aznar. D. Quixote, cavaleiro da grande figura,
montado no estafado Rocinante, de lança, elmo e chapéu em forma de bacia de
barbeiro, hoje, surpreendido, deixaria os moinhos de vento em paz e
atirar-se-ia contra bancos e palácios, onde mora gente de má-fé e má conduta.
Passaria o cavaleiro Manchego, para sossegar e aprender um pouco mais com os
ensinamentos de Marx, pela sua Alcalá de Henares, e na sua preciosa tarefa, não
teria uma pequena Ilha para administrar, mas teria o grande capital e toda a
Espanha para limpar.
modalidades:
Crónicas em desalinho
sexta-feira, 1 de março de 2013
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