Um dos mais carismáticos leaders africanos, como Nkrumah, Mandela, Neto ou Cabral, ficará na História como um símbolo da luta contra o colonialismo, da Liberdade e da assunção da dignidade dos povos. “Coisa” que as “democracias” ocidentais não toleram nunca.
Faz hoje 52 anos que foi vilmente assassinado, na sequência de um golpe de estado que derrubou o governo do pais recém-independente que há poucas semanas chefiava.
Recordar
Patrice Lumumba é lutar pelos seus ideais. Que estão, ainda, por cumprir. É condenar o colonialismo, o racismo e qualquer outra forma de injustiça. É desejar que África deixe de ser um continente adiado.
“Nenhuma brutalidade, maltrato ou tortura me dobrou, porque prefiro morrer com a cabeça erguida, com a fé inquebrantável e uma profunda confiança no meu país, a viver submetido e pisando princípios sagrados. Um dia a história julgar-nos-á, mas não será a história segundo Bruxelas, Paris, Washington ou a ONU, mas a dos países emancipados do colonialismo e seus fantoches”, escreveu ele numa carta à sua mulher, pouco antes de morrer.
Em memória de Patrice Lumumba
Quando partiste,
pela noite fora os tambores
não cessaram de chorar.
No mais fundo da floresta
o leão calou seu rugido
os arbustos perderam seu verde
e no corpo em mágoa da terra africana
fizeram-se as lágrimas um afluente do congo.
Em cada som de África
veio o eco de um pranto…
e enquanto tambores choravam
teu corpo em ácido se diluía
na morte mais sem rasto.
Era a vingança que chegava
pelo braço de Tshombé:
a vingança da Union Minière
de olho no cobre do Congo
de olho no urânio do Congo.
Era a vingança que chegava
na vileza de Munongo:
a vingança dos trusts acuados
dos sequiosos abutres da finança
de olho no cadáver do Congo.
Quando partiste,
pela noite fora os tambores
não cessaram de chorar.
E em cada som de África
veio um eco chorando Lumumba
chorou o pássaro e chorou a fera
chorou a nuvem e chorou o vento
chorou a seiva nos imbondeiros
o fruto acalentado que não vingou.
Porque quando partiste
os homens ficaram mais sós.