quarta-feira, 28 de setembro de 2011

António Jacinto, ou a poesia necessária

Co-fundador, nos anos 50, com António Cardoso, Mário de Andrade e Viriato da Cruz, entre outros, do “Movimento dos Novos Intelectuais Angolanos”, um movimento que abriu novos rumos à literatura angolana.
Com Mário António, Viriato da Cruz e Ilídio Machado fundou o Partido Comunista Angolano, que teve uma existência efémera, diluindo-se pouco depois na formação do MPLA, do qual António Jacinto viria a ser um destacado dirigente.
Nacionalista, passou quase 12 anos no Tarrafal, em Cabo Verde. Foi lá, como António Cardoso ou Luandino Vieira, que escreveu uma boa parte da sua obra literária.
A sua poesia, grande parte dela, é uma poesia de revolta. Assumidamente marcada por Langston Hughes. Eram tempos exigentes que assim o determinavam. Lutava-se pela independência, contra um regime colonial de matiz fascista.
António Jacinto, numa entrevista a Michel Laban, em 1988:
“Nos anos 50, quando começámos o tal movimento dos Novos Intelectuais, de romper com a tradição – já não vamos dizer portuguesa, mas a tradição da literatura que se fazia -, foi fácil, muito fácil para mim, enveredar por aquele caminho: eram realidades que eu conhecia muito bem… Eu conheci a vida dos contratados, conhecia a situação dos camponeses no interior, de modos que não houve necessidade nem de fazer pesquisa, nem de fantasiar: era a pura realidade que conhecia”.
Após a independência, António Jacinto foi ministro da Cultura entre 1975 e 1978.
Com um lugar destacado nas letras do seu país, aquele, como outros, que se transformou num grande poeta, utilizou, de início, a poesia para passar a mensagem necessária, pois era o meio mais acessível. Como contista usou o pseudónimo de Orlando Távora e foi, também, um nome destacado da geração “Mensagem”.
Ainda o poeta, a Michel Laban:
(…) já eram mais posições políticas do que verdadeiramente literárias. Até porque, na altura, eu e outros nos considerávamos escritores muito medíocres, poetas medíocres, mesmo principiantes… O que era preciso era dar uma mensagem política. Os meios? O que era acessível era a poesia: então, pois, seria a poesia. Se houvesse outra possibilidade seria outra… (…).
Autor de alguns poemas célebres como “Carta de um contratado”, “Bailarina Negra”, “Canto interior de uma noite fantástica” ou “Poema da alienação”, ficou famoso o poema “Monangambé”, interpretado pela inconfundível voz de Rui Mingas, que podemos ouvir já a seguir. 
António Jacinto do Amaral Martins, falecido em 23 de Junho de 1991 em Lisboa está sepultado em Luanda.
Nasceu em 28 de Setembro de 1924. Faria hoje 87 anos.

1 comentário:

Anónimo disse...

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