domingo, 30 de março de 2008
O Milton, o Augusto, o José e outros que tais... (croniqueta de fim de semana)
A estreia desta grande inovação deu-se em 1973, com o selvático derrube do governo democraticamente eleito de Salvador Allende e com a instituição de um regime de terror. Em Portugal a coisa deu-se de forma muito mais pacífica, sem comparação, diga-se, dando os primeiros passos em 1985, coincidente com a primeira maioria absoluta de um só partido, após o 25 de Abril.
Primeiros passos é uma forma de dizer. É evidente que há antecedentes. Basta recordar que o dirigente da CIA, Frank Carlucci, um dos responsáveis pelo crime chileno, veio para Lisboa, disfarçado de embaixador, liderar o processo neo-liberal, contando com a abnegada colaboração de Mário Soares e demais correligionários, entre os quais temos o famoso poeta, Manuel Alegre.
Mas as teorias económicas são exactamente as mesmas e, em Portugal, as consequências podem ser muito parecidas.
O Chile ficou assim, segundo Luís Sepúlveda: “Enquanto as bases da economia, da cultura e da história social do Chile eram destruídas através de privatizações dos bens nacionais que incluíram a saúde e a educação, qualquer tentativa de oposição era esmagada por meio de assassínios, tortura, desaparecimentos ou exílio. Isso é tudo o que Pinochet deixa, um país falido e sem futuro, um país onde os direitos elementares, como o contrato de trabalho, a informação, a saúde pública e a educação, são quimeras cada vez mais difíceis de alcançar”.
Nos últimos anos a situação do nosso país tem-se esmerado. Além das privatizações, dos ataques a tudo o que é público, saúde, educação, e por aí fora, da correspondente degradação de serviços, dos lucros fabulosos da banca e de algumas outras empresas, registam-se ainda os seguintes dados: mais de um milhão e duzentos mil trabalhadores precários; mais 122 mil contratos a prazo do que há 3 anos; menos 106.200 trabalhadores qualificados desde há 3 anos; nos últimos 5 anos duplicou o desemprego entre os licenciados; em 2007, 43 mil licenciados desempenhavam trabalhos não qualificados ou de baixa qualificação.
Entretanto, podemos ir vendo as diferenças que encontramos com a situação em que o Chile se encontra depois da grande experiência. Não serão muito perceptíveis, descontando a táctica e os meios utilizados. Quanto às semelhanças, não serão só mera coincidência.
Fora do âmbito das diferenças e das semelhanças, temos uma nuance muito interessante. Penso até merecedora de aturado estudo por parte de politólogos, economistas ou não: no Chile, a primeira vítima do imbróglio chamava-se Partido Socialista; em Portugal o principal instrumento do imbróglio chama-se Partido Socialista.
Adenda 1: Já depois de escrevinhar esta croniqueta tive conhecimento que o meu amigo António Agostinho foi mais uma vítima deste tipo de situação, no mínimo execrável. Ele conta toda a história aqui.
Mas estou com ele: bardamerda para o défice. E digo mais: bardamerda para o resto dos filhos da puta.
Adenda 2: Uma célebre frase do famigerado Milton: "I have no idea why this won´t work"
quinta-feira, 27 de março de 2008
terça-feira, 25 de março de 2008
Isabel Barrué (Natação)
Em 1961, já sénior, nos 200m livres e nos 100m mariposa não viu ninguém chegar primeiro.
Nos dois anos seguintes venceu os 100m e os 200m livres.
sexta-feira, 21 de março de 2008
21 de Março, Dia Mundial da Poesia
Lá, quando em mim perder a humanidade,
Mais um daqueles que não fazem falta,
Verbi-gratia - o teólogo, o peralta,
Algum duque, ou marquês, ou conde ou frade;
Não quero funeral comunidade,
Que engrole sub-venites, em voz alta,
Pingados gatarrões, gente de malta,
Eu também vos dispenso a caridade;
Mas quando ferrugenta enxada idosa,
Sepulcro me cavar, em ermo outeiro,
Lavra-me este epitáfio, mão piedosa:
"Aqui jaz Bocage, o putanheiro;
Passou vida folgada e milagrosa;
Comeu, bebeu, fodeu, sem ter dinheiro."
De Agostinho Neto:
VOZ DO SANGUE
Palpita-me
os sons do batuque
e os ritmos melancólicos do blue
Ó negro esfarrapado do Harlem
ó dançarino de Chicago
ó negro servidor do South
Ó negro de África
Negros de todo o mundo
eu junto ao vosso canto
a minha pobre voz
os meus humildes ritmos.
Eu vos acompanho
pelas amaranhadas áfricas
do nosso Rumo
Eu vos sinto
negros de todo o mundo
eu vivo a vossa Dor
meus irmãos.
quinta-feira, 20 de março de 2008
Isto é incrível
quarta-feira, 19 de março de 2008
Gueorgui Petkov (Remo)
Disputou 3 campeonatos mundiais, Amsterdam-77 (6º lugar, shell4), Okland-88 (5º lugar, shell8+), repetindo o 6º lugar no ano seguinte na Jugoslávia (shell4+). Presente nos Jogos Olímpicos de Moscovo, em 1980, disputou também a Final A, conseguindo o 5º lugar em shell4+.
Como treinador levou inúmeros dos seus atletas a disputarem campeonatos do mundo e jogos olímpicos. Contabilizam, entre 86 e 88, duas medalhas de ouro e duas de prata, em torneios internacionais.
Vive na Figueira da Foz desde 1993, tendo treinado a Associação Naval 1º de Maio durante 10 anos.
Instado sobre a aparente não evolução do Remo em Portugal, nomeadamente a não concretização de uma presença olímpica, Petkov refugiou-se na diplomacia dizendo que é uma pergunta para ser colocada aos treinadores e dirigentes.
domingo, 16 de março de 2008
Só para que haja decoro...
Exmº Senhor Ministro Augusto Santos Silva,
Venho por este meio informá-lo que me sinto insultado pelas suas afirmações proferidas ontem à noite, em Chaves e dadas hoje à estampa na comunicação social escrita.
Foi o comunista do meu pai, Sérgio Vilarigues, que esteve preso 7 anos (dos 19 aos 26) no Aljube, em Peniche, em Angra e no campo de concentração do Tarrafal para onde foi enviado já com a pena terminada. Que foi libertado por «amnistia» em 1940, quatro anos depois de ter terminado a pena. Que passou 32 anos na clandestinidade no interior do país, o que constitui um recorde europeu. Não foi ao seu pai, e ainda bem, que tal sucedeu.
Foi a comunista da minha mãe, Maria Alda Nogueira, que, estando literalmente de malas feitas para ir trabalhar em França com a equipa de Irène Joliot-Curie, pegou nas mesmas malas e passou à clandestinidade em 1949. Que presa em 1958 passou 9 anos e 2 meses nos calabouços fascistas. Que durante todo esse período o único contacto físico próximo que teve com o filho (dos 5 aos 15 anos) foi de 3 horas por ano (!!!). Que, sublinhe-se, foi condecorada pelo Presidente da República Mário Soares com a Ordem da Liberdade em 1988. Não foi à sua mãe, e ainda bem, que tal sucedeu.
Foi a mãe das minhas filhas, Lígia Calapez Gomes, quem, em 1965, com 18 anos, foi a primeira jovem legal, menor (na altura a maioridade era aos 21 anos), a ser condenada a prisão maior por motivos políticos – 3 anos em Caxias. Não foi à sua esposa, e ainda bem, que tal sucedeu.
Foi a minha filha mais velha, Sofia Gomes Vilarigues, quem até aos 2 anos e meio não soube nem o nome, nem a profissão dos pais, na clandestinidade de 1971 a 1974. Não foi à sua filha, e ainda bem, que tal sucedeu.
Fui eu, António Vilarigues, quem aos 17 anos, em Junho de 1971, passou à clandestinidade. Não foi a si, e ainda bem, que tal sucedeu.
Foi o caso do primeiro Comité Central do Partido Comunista Português eleito depois do 25 de Abril de 1974. Dos 36 membros efectivos e suplentes eleitos no VII Congresso (Extraordinário) do PCP em 20 de Outubro de 1974, apenas 4 não tinham estado presos nas masmorras fascistas. Dois tinham mais de 21 anos de prisão. Com mais de 10 anos de prisão eram 15, entre eles Álvaro Cunhal (13 anos).
São casos entre milhares de outros (Haja Memória) presos, torturados e até assassinados pelo fascismo. Para que houvesse paz, democracia e liberdade no nosso país.
Para que o senhor ministro pudesse insultar em liberdade. Falta-lhe a verticalidade destes homens e mulheres. Por isso sei que não se retratará, nem muito menos pedirá desculpas. As atitudes ficam com quem as praticam.
António Nogueira de Matos Vilarigues
Miguel Ângelo (Kickboxing)
Contabiliza até agora uma só derrota, que lhe valeu o segundo lugar nos nacionais de 2003, primeiro ano em que competiu.
No filme em baixo, vence o campeão europeu Pedro Simões, de Lisboa, na meia-final do “Torneio Jovem Atleta do Futuro”, competição realizada no passado dia 16 de Fevereiro, na Anadia. Prova esta que foi a reprise da final da edição do ano passado, em que o atleta figueirense também venceu.
sexta-feira, 14 de março de 2008
O melhor atleta figueirense de sempre
Tenho para mim que qualquer dos seis poderia ter sido o vencedor da votação, isto atendendo à perspectiva, ou perspectivas, de quem vota. Não me custaria arranjar argumentos para defender qualquer um deles.
Se no plano nacional qualquer um foi o melhor na sua modalidade, ou ainda é, no caso de Costa, é no plano internacional ou na especificidade da própria modalidade que poderemos encontrar ajuda para a escolha.
Do record mundial de Pessoa e das suas características físicas, invulgares, que o tornaram imbatível quer como sprinter quer como corredor de fundo; do 5º lugar olímpico de Rafael de Sousa à prática do difícil Pentatlo Moderno; de Álvaro Dias nunca ter sido vencido no salto em comprimento, à minha dedução, polémica e muito possivelmente improvável de que, hoje, com as tecnologias colocadas ao serviço do desporto, Dias seria candidato à medalha de ouro e ao record mundial; o lugar de Alves Barbosa no top ten da mais credenciada prova ciclista mundial; do 11º lugar mundial e dois 10º europeus de Pedro Carvalho, à sua ausência, de difícil explicação, nos Jogos Olímpicos de Seul, após ter conseguido os mínimos; dos primeiros lugares em etapas da Taça do Mundo ao 7º lugar nas olimpíadas de Sidney de João Costa, passando pelo 4º lugar no ranking mundial em 2007 e pela esperança de uma medalha já daqui a nada, em Pequim.
São seis dos muitos atletas de que a Figueira se orgulha e se há-de orgulhar.
Um agradecimento aos visitantes que votaram.
(As imagens: Bento Pessoa, aos 32 anos, 1905, último ano de competição e Pedro Carvalho, 2008, obtendo os mínimos para o mundial de Masters, competição que venceu em 2004).
segunda-feira, 10 de março de 2008
“Isto é um país de doidos”
E é a que me vem à memória para definir a reacção dos portugueses à política deste governo. Ele é os comunistas e outros democratas tentarem convencer-nos que ela é má, ele é os professores manifestarem uma desenfreada incompreensão para com as reformas da educação, ele são os desempregados insatisfeitos, ele são os trabalhadores precários insatisfeitos, quando está na cara que toda esta política é para o nosso bem.
Até o Meneses diz que não está preparado para ser governo, e o Clube de Pensadores convida o Santana Lopes.
Agora, aparece-nos os utentes da saúde a queixarem-se, não percebem que o governo está a liquidar o SNS e entregar tudo aos privados para melhor ser tratada a nossa saúde. Mal agradecidos, não percebem nada e queixam-se. Depois não querem que se diga que isto é um país de doidos.
Não é por nada, mas foram perto de 3400 queixas só no ano passado contra a saúde privada. Que mau feito temos. E vai daí, antidemocrático.
sábado, 8 de março de 2008
La femme est l’avenir de l’homme
No ano passado, 2007, o Tubo de Ensaio fez uma exposição alusiva ao “25 de Abril”. Bastante interessante, por sinal. E que me deu a oportunidade de conhecer a minha camarada Sofia Ferreira, a quem tive o prazer de dar dois beijinhos. De admiração. De agradecimento.
Não tendo o prazer de estar hoje com ela, aqui lhe deixo isto…
Com os dois beijinhos, claro, um de admiração e outro de agradecimento.
sexta-feira, 7 de março de 2008
Carlos Otão (Natação)
Não sei se fez carreira na modalidade. Mas, em 1960, como júnior, sagrou-se campeão nacional nos 100, 200, 400 e 1500 metros livres. Não será vulgar ser o melhor em todas estas distâncias, o que nos fará pensar estarmos em presença de um nadador de altos recursos.
Pelas informações que me chegaram vive actualmente no Brasil.
Na foto, em representação da Selecção Nacional nos Jogos Luso-brasileiros, nesse ano.
terça-feira, 4 de março de 2008
Waist deep in a big muddy
Mais: a “Lara Croft” afirma ainda que o Alto Comissariado das Nações Unidas solicitou 261 milhões de dólares para aliviar a situação. Esta importância é inferior à que é gasta diariamente na guerra.
Enquanto isso, alguém tenta impingir para Prémio Nobel da paz um dos mentores da invasão e destruição do Iraque.
Mas corre, na Internet, uma petição para propor para esse prémio o cantor norte-americano Pete Seeger. Que faz muito mais sentido, e que eu já subscrevi. E convido-vos também a subscrever. É aqui.
Podem ler, e ouvir, mais aqui.