Augusto AlbertoConfesso que ainda estou meio baralhado com os acontecimentos do 1º Maio. Já não se pode estar um tempo fora da pátria, para um tipo chegar tarde e a destempo às coisas, e neste caso, a única que percebo, é porque por tão pouco, se fez tanto barulho. Porque nunca nada rendeu tanto, do ponto de vista eleitoral e político, como o anti-comunismo. A história moderna é feita cavalgando sistematicamente sobre esse sentimento e os frutos têm sido generosos.
Deixem-me dizer, em primeiro, que os comunistas não têm que pedir desculpas pelos fracos factos, a não ser que nos peçam desculpas, à cabeça, pelo modo como nos conspurcaram durante anos. Quem nos acusou durante tantos anos de comer meninos ao pequeno-almoço, de matar os velhinhos com uma injecção atrás da orelha, de querer ficar com o automóvel e a casa do vizinho, frutos de uma vida de trabalho, etc, é que se terá de retratar, já vai sendo tempo, porque isso foi o modo mais soez de nos ultrajar. Já se esqueceram? Pois bem, pedir desculpas, a quem nos tem de pedir a nós, a propósito de quê?
Sabe-se, adiante, que um militante do bloco de esquerda, tentou também molhar a sopa no cromo e a par, berrou-lhe nomes, que o sujeito, aparentemente, não gostou. Mas foram os comunistas…
A mesma luta ou, a história repete~seA propósito destes distintos revolucionários, deixem-me contar aqui uma história passada há muitos anos, como aquela da carochinha, que apesar do uso do tempo, se conta sempre com propósito.
A Figueira da Foz ainda tem, passados tantos anos, um grupo MRPP, certinho do ponto de vista eleitoral. Mas nos tempos quentes de 75/76, o Partido da “revolução” era servido na minha terra, por gente gira, mas pela amostra, sem grandes meios para se fazer expressar. Naquele tempo, não havia computadores com impressoras em linha. Os meios eram fracos e qualquer acto de propaganda escrita tinha de se socorrer de um local onde houvesse uma tipografia, com máquina de escrever, papel stencil, tinta e uma policopiadora. Então, era vê-los entrar e sair da tipografia, lépidos e discretos. Às vezes, os meios colapsavam e saia borrada. Quer isto dizer que os meios de ontem são hoje de museu, mas muitos dos distintos “militantes revolucionários do partido da revolução proletária”, nem por isso, estão redondinhos e giríssimos. Actuais…
Mas imaginais onde se situava então a tipografia onde entravam e saíam à sucapa e lestos, os distintos militantes do partido do Povo? Numa porta de um edifício da Rua da República, rua por excelência do comércio e por isso, a principal, sede local do Partido Socialista cá da cidade. Aqui está como revolucionários e canários de pena rosa se confundiam e confundem, e por isso, o Pai Soares gritava, à época, deixai viver os rapazes…
Não se espantem, se o cromo rosa e o rapaz com ar cromado, sejam ambos figurinhas da mesma encenação, porque democratas e pífios revolucionários, são exactamente tudo isto e muito mais. Dentro em pouco, saberemos como participarão nesta supimpa democracia. Pelas amostras, os seus braços, são longos e abrangentes.