segunda-feira, 13 de julho de 2009

Resposta a um simpático, mas despolitizado, anónimo

No post anterior um anónimo deixou lá este comentário:

"Meus amigos, os comunistas querem tachos como todos os outros.Será que algum deputado comunista, oferece metade do seu salário a alguma instituição de solidariedade, para que a mesma possa “matar” a fome a algum pobre deste país?Alex deixe-se de tretas.Os comunistas são como os socialistas ou os sociais-democratas, querem orientar facilmente a sua vida pessoal e familiar".


Elaborando num erro, altamente conveniente, já se vê, para quem tem interesse que todos laborem, pretendo tão só tentar elucidá-lo:
Caro anónimo, devo dizer que o senhor está completamente equivocado quando afirma que os comunistas querem tachos como todos os outros. Os comunistas são pessoas de princípios, de ideais, e a lealdade para com eles é a sua razão de ser, porque, doutro modo, deixariam de o ser.
A lealdade a esses princípios foi paga, como muito bem sabe, com a perseguição, a prisão, a tortura, e, em muitos casos, a morte. No tempo da ditadura foi assim. E quem se lhe opôs firmemente? Portanto não pense que os comunistas estão na política, na luta, para adquirirem direito a um tacho, esse sim, é a razão de ser de todos os outros a que se refere.
Essa de algum deputado comunista oferecer metade do salário é antiga e parte integrante do método de campanha anti-comunista. Mas já não resulta de tão básica que é. O objectivo primordial dos comunistas é a transformação da sociedade, não vejo como a sua proposta mudaria fosse o que fosse, e minorasse a fome fosse a quem fosse, se os grandes meios de produção continuarem na mão de quem estão, se a política vigente tem como objectivo o desemprego para conter os salários e enfraquecer a luta dos trabalhadores e assim eternizarem os privilégios de uma minoria enquanto o país se vai arrastando para a situação em que está.
Não sou eu que tenho de me deixar de tretas.
Não me faça a desfeita de comparar os comunistas aos “socialistas” e aos sociais-democratas.
Sabe, se eu fosse eleito para o parlamento europeu, quanto é que seria o meu ordenado? Não seria certamente igual aos dos outros deputados dos outros partidos. Seria exactamente o mesmo que me paga a empresa onde trabalho. O mesmo se eleito para o parlamento português. E era eleito para trabalhar, apresentar propostas que vão ao encontro do interesse das populações. É isso que os deputados comunistas fazem.
Para terminar, e antes de o deixar com uma canção do Zeca, recomendo-lhe uma obra de Álvaro Cunhal: “A superioridade moral dos comunistas”. Ficará, com certeza, mais elucidado.
Boa audição e boa leitura.

7 comentários:

Anónimo disse...

Muito me honra que o meu comentário tenha direito um post.
Pena é que nada contraponha ao que comentei.
Quanto ao facto de os deputados europeus ganharem o mesmo que nas profissões que exerciam, só seria um exemplo a seguir se o excedente fosse distribuído pelos pobres.
Para onde vai a diferença do vencimento?
Não me digam que vai para o partido.
Diga-me, a essência do comunismo não é a de um regime político e social caracterizado pela comunhão de todos os bens (meios de produção e bens de consumo) e pela ausência da propriedade privada?
Para finalizar diga-me se o que atrás está descrito como sendo o comunismo, se aplica a Cuba, Coreia do Norte, ou se algum dia se aplicou à Ex.URSS ou à Ex.RDA?
Quanto ao resto é só jogo político e nesse não sei jogar.

CRN disse...

O ordenado vai para o partido.
Os programas autarquicos que não são aprovados pelo governo, quase todos quando se trata de capital e o governo é da CDU, se forem indispensáveis são pagos pelo partido. exemplo: bancos de alimentos, ajudas à formação, etc.
O Comunismo não se radicaliza com a ausencia da propriedade privada, enquanto projecto admite politicas como por exemplo a NEP.
Quem é que descreve a urss, rda, china, koreia, cuba, venezuela, como comunismo.. os meios capitalistas nos quais se informa? Faça o favor de ler o seguinte (ainda que publicado num pasquim que é o expoente máximo da manipulação opressora do fascismo): Álvaro Cunhal, retirado da revista "Expresso", publicada em 11de Março de 2000:

"O comunismo existirá depois de Fidel Castro?

Não há comunismo em Cuba... Há sim uma sociedade visando a construção do socialismo, o que é muito diferente. O comunismo diz mais respeito à posição ideológica dos partidos comunistas, objectivo último que ultrapassa as fases transitórias mais diversas, como as experiências – boas ou más – que se realizaram e já tiveram lugar... Cuba merece solidariedade... E é um absurdo dizer-se que se está contra Cuba porque lá não há liberdades democráticas e existe um só partido.

Como se chama, então, o regime político de Cuba?

Não há nome político para o caracterizar. É um regime político em que os dirigentes têm um tão grande apoio popular que resistem às mais diversas ofensivas militares ou aos crúeis bloqueios económicos. Considero-o um regime democrático na sua essência e nesse tão grande apoio popular.

O que é o comunismo?

Comunismo é uma etapa ulterior e superior do socialismo.

Acha que ainda ninguém atingiu o «comunismo»?

O comunismo, ninguém. Sociedades socialistas nos seus fundamentos, sim. Algumas são experiências riquíssimas, outras têm caminhos complicados... E alguns tão complicados que levaram até à derrota desses países."

A revolução é hoje"

alex campos disse...

Também se podia falar da AECOD (Associação dos Eleitos Comunistas e Outros Democratas), cujas receitas são donativos dos comunistas e de outros democratas e são utilizadas em beneficio das populações. Mas isto não dá reportagem nenhuma em jornal ou revista alguma, e até convem que ninguém saiba.

Anónimo disse...

Tambem se pode falar no comunismo nos sindicatos, como você bem sabe e conheçe. Existem empresas que já fecharam e que os seus trabalhadores foram para o desemprego e os dirigentes sindicais continuam a "fazer" o serviço ao partido, sendo pagos pelos próprios trabalhadores.

Veja o exemplo de alguns desses dirigentes, a empresa onde trabalhavam e o que fazem agora. Continuam a ganhar e nalguns casos ainda melhor. Usufruem de carro, telemovel e nem precisam de pedir ao "patrão" para sair mais cedo, pois têm insenção de horário e 25 dias de férias anuais.

Só me coloca aqui uma duvida. Qual a profissão que declaram aquando do seu recibo de ordenado, para o IRS?

Nomis disse...

O anónimo de 13 às 18 e 22 está cheio de razão falhou foi o alvo e baralhou-se. De facto os dirigentes dos sindicatos que fecharam as empresas e continuam a fazer trabalho do partido são os da UGT. Lembra-se do Torres Couto que há bem pouco tempo ainda foi responder a tribunal por apropriação indevida de fundos que o capitalismo europeu mandou oara os "amarelos " e ele a a seita abarbataram-nos. Afinal porque não podem os comunistas ter sidicato e os socialistas( acumulam cargos no Sindicato e no partido)veja-se o actual secretário Geral da UGT.
Aquela ultima questão de saber qual a profissão descrita no IRS. É uma afirmação que mostra que o autor não conhece o funcionamento dos Sindicatos. Se como disse os patrões despedem e ameaçam os trabalhadores por serem dirigentes sindicais e até militantes activos do PC nas CT e Comissões Sindicais certamente que me vai dizer que não é sindicalizado o que não me admira porque os puxa-sacos e lambe botas não precdisam de ser sindicalizados pois fazem o trabalho que os patróes lhes mandam como dividir os trabalhadores.
Quanto ao anónimo que se preocupa com o ordenado dos deputados comunistas nem vale a pena comentar pela parvoíce que expressa agora deixe-me dizer-lhe uma coisa o 25 de Abril foi Hã 34 anos e a história da injecção atrás da orelha já não pega em parte nenhuma.

anónimo "neoliberal" disse...

A ideia de uma qualquer superioridade moral é um mito da mesma cepa do que o das religiões. É um sopro iluminado que toca a mente e o coração dos ungidos pela felicidade de ver Deus ou o Comunismo, ou seja a Verdade! Obviamente que ambas têm como pressuposto um determinismo no devir histórico a caminho da perfeição. Que o digam os ermitas ou ascetas medievais... No mínimo é ingénuo e pouco conhecedor da História.

alex campos disse...

Pois sim!