sexta-feira, 23 de outubro de 2009

“aldeia olímpica”: 2 anos

Há um ano referenciei o primeiro aniversário com fotografia. A aldeia olímpica de Pequim’08, fotografada pelo colaborador deste blogue, Augusto Alberto, treinador da selecção paraolímpica de Remo.
Este ano, o segundo, a comemoração é com poesia.
E assim, homenageando a minha absoluta condição de lusófono e a minha divertida e convicta condição de francófilo, aqui vos deixo dois poemas: um, da poetisa portuguesa de expressão alentejana, Ana Tapadas, e outro da francesa Claude Delecluse, este superiormente musicado e interpretado pelo grande Jean Ferrat, que gentilmente acedeu a cantá-lo aqui na aldeia, logo a seguir à leitura dos poemas.
Com as devidas desculpas à Ana pela “expressionista” brincadeira, aqui fica um grande abraço a todos os visitantes do blogue.
Agora, silêncio.



Dois

Era no tempo
Em que brincava com as palavras
Sonhando cada momento...
Era um tempo perdido
De infâncias passadas
Que, às vezes, renovadas
No obscuro encantamento,
Eram nas manhãs cristalinas,
Enevoadas pelo pensamento
Que fugia...
Rebelde e indomável.
Era um tempo amável,
Frágil...
De loucos sonhos, negros e poucos!
Era a inconstância
De ser...
Era no tempo em que as palavras
Tinham atracções magnéticas e doces!
Desesperadas...
Em abismos frenéticos e húmidos.
Era um tempo por viver
E o arfar de dias desertos,
De cálidas mãos amigas
Que vieram depois...
Suaves, serenas, certas!
Dois.


Ana Tapadas







Deux enfants au soleil

La mer sans arrêt
Roulait ses galets
Les cheveux défaits
Ils se regardaient
Dans l'odeur des pins
Du sable et du thym
Qui baignait la plage
Ils se regardaient
Tous deux sans parler
Comme s'ils buvaient l'eau de leurs visages
Et c'était comme si tout recommençait
La même innocence les faisait trembler
Devant le merveilleux
Le miraculeux
Voyage de l'amour

Dehors ils ont passé la nuit
L'un contre l'autre ils ont dormi
La mer longtemps les a bercés
Et quand ils se sont éveillés
C'était comme s'ils venaient au monde
Dans le premier matin du monde

La mer sans arrêt
Roulait ses galets
Quand ils ont couru
Dans l'eau les pieds nus
À l'ombre des pins
Se sont pris la main
Et sans se défendre
Sont tombés dans l'eau
Comme deux oiseaux
Sous le baiser chaud de leurs bouches tendres
Et c'était comme si tout recommençait
La vie, l'espérance et la liberté
Avec le merveilleux
Le miraculeux
Voyage de l'amour

Claude Delecluse








4 comentários:

ANTÓNIO AGOSTINHO disse...

parabens. um abraço

Anónimo disse...

Amigo, parabéns pelos dois anitos...

continua neste caminho.

Um abraço

Jorge Lemos

Ana Tapadas disse...

Alex:
Primeiro: muitos parabéns por este combativo e multifacetado blogue!
Segundo: não precisas de pedir desculpa. Eu sou mesmo uma alentejana dos quatro costados e gosto de sê-lo.
mas olha que surpresa a minha: chegar aqui e ver-me.
Agradeço e fico honrada. Obrigada. Se ponho uns poemas no blogue é porque uma vez disseste que gostavas de ler-me, aí na tua barra lateral.
beijinho e obrigada

Carlos Almeida Nunes disse...

Nesta coisa de transcrever a vida das pessoas para os blogues proponho que seja comemorada a data do baptismo, de um hipotético casamento com outro blogue ou então que se comemore o divórcio entre o seu autor/es com o próprio blogue. Comemoremos, não é por causa da minha aversão a comemoracões cronológicas da vida de uma pessoa transposta para o espaço do/s blogues comemorando a sua manutenção no decurso do tempo que não vinha aqui (com o meu célebre atraso congénito, do qual peço desculpa) desejar a esta Aldeia Olímpica a olímpica resistência comemorada com tão ilustres convidados devidamente acompanhado por um espumantezinho da Bairrada que o dinheiro para maior comemoração é pouco.
Ao meu amigo Alex e restante companhia um próximo ano de boas blogas.