sábado, 26 de outubro de 2013

O pensamento de Marcelo é um drone

Augusto Alberto

Marcelo Rebelo de Sousa, eminente membro da elite, filho de um outro Rebelo de Sousa, que foi Governador Geral de Moçambique e Ministro do Ultramar, o que explica a sua paixão pela antiga colónia -  aliás, como eu, que passei breve pela cidade de Nampula - com formação católica e bons conhecimentos do fascismo e o colonialismo, em referencia à “passeata” de autocarro sobre a ponte, “ex Salazar”, (o nome continua a excitar), e à outra “arruaça”, a norte, reagiu na sua última homilia dominical, da seguinte maneira: “A CGTP deu aos portugueses heroína e agora quando quer dar a cocaína já não consegue criar excitação”.
Sendo assim, também é possível que eu diga aquilo que Rebelo de Sousa não é capaz de dizer. Que o colonialismo, que bem conhece, deu aos povos colonizados o cacete e heroína e agora, no neo-colonialismo, dá chumbo, cocaína e demasiada excitação, aos “taumaturgos” locais. Aliás, o homem frugal no sono e na análise, que é o modo hábil de falar sobre tudo sem arriscar, expôs-se ao analisar os dramas de Lampeduza.
Sobre semelhante matéria, avançou que os países ocidentais se mobilizaram para arrear ditadores, vá lá…, com quem sempre concubinaram e agora, chegou a bagunça e ponto final. Fosse substancial a sua honestidade, diria da tragédia o seguinte: chegam a Lampeduza hordas de esfomeados, oriundos de países ricos em petróleo, gás, e outros recursos naturais. Enquanto, do mesmo passo, são as elites dos países do primeiro, segundo e terceiro mundos, quem enriquece, exactamente, à custa da pilhagem desses recursos.

Percebe-se, obviamente, porque Marcelo abusa da frugalidade da análise. Porque falar sobre o fascismo e o colonialismo, que bem conheceu, e conhece, é coisa que o empanzina. Melhor será usar serenamente as litanias nocturnas, para, sorrateiro, levitar sobre os indígenas locais, evitando desse modo, amargos de boca e amolgadelas no carácter. Aliás, porque será que em Moçambique, a corda partiu, quando se sabe que o país detém recursos fantásticos de gás natural? Até parece que as riquezas naturais só trazem aos povos os drones e o cheiro a pólvora. Aliás, em Timor, ainda foram a tempo de evitar o pau. “Democraticamente”, por enquanto, para afastar a Fretilin, usaram a chapelada à moda de Salazar e de “Bush” pai. Diga que é mentira…professor.

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