sábado, 11 de abril de 2009

Dentro de ti ó cidade (IV)

não eram cinco da tarde
nem da noite ou da manhã



No passado dia 3, num texto do meu camarada Augusto Alberto sobre os anónimos, um anónimo acusou as pessoas que comentaram de não utilizarem o nome próprio. Acontece que essas pessoas, que não anónimas, assinaram com o nome próprio. Uma delas é uma figura pública, um nome importante da música portuguesa, discípulo de Zeca Afonso e por ele descoberto. Um cantor de Abril, portanto. Ainda há dias foi entrevistado na RTP Memória. Menos anonimato que isso penso ser impossível. Tanto mais que Samuel assina um dos mais interessantes e inteligentes blogues da blogosfera portuguesa.
Triste figura fazem, então, os anónimos. Está bem, concordo com Brel quando ele diz que prefere enganar-se a ficar calado. Mas há limites, caramba. À excepção de quem se esconde, porque sabe que utiliza a má fé.
Em mais uma evocação de Abril deixo aqui uma parceria de Samuel com o grande poeta e incontornável figura da cultura portuguesa que foi José Carlos Ary dos Santos.


6 comentários:

Anónimo disse...

Não percebo tanta polémica acerca do anonimato:
1- não é da natureza da blogoesfera possibilitar essa condição ?
2- Os blogues não perdem vivacidade quando a reserva de comentário é imposta?
3-Em última instância tal decisão não está ao livre alcance dos respectivos animadores?

samuel disse...

Na minha "profissão" não é bom ficar "sem palavras"... :-)))

Abraço

Anónimo disse...

Nada me move contra ser ou não anónimo. A questão é a de que vós quando alguém escreve algo contrário criam logo um rotulo e para mim não é assim, salvo alguma ofensa é certo. É que escrevemos e damos opinião sobre tudo, mas, quando toca ao que é decidido pela equipa central já está tudo certo e nem um comentário e para mim não.
Neste jogo a equipa "que agora joga com os juniores" decidiu -lista ao PE - apresentar uma lista que dá muita importância aos professores e que só incluiu UM operário, isto no partido dos operários, por isso é que manifesto uma opinião diversa, porque no dia a dia com aqueles com trabalho e troco duas de conversa é que continuo a achar que contar que os professsores, que até agora são boa parte daqueles que deram maiorias ao PS e PPD, podem agora votar noutro, são os tais milhão que flutua, dirão vós agora podem mudar, pois, mas é mais fácil encontrar um melro branco.
ANÓNIMO SEM GOSTO?
RUMO À VITÓRIA

Anónimo disse...

Já agora o Álvaro não gostava nada de ídolos e de icones.
Mais se é para escrever só para bons letrados bem informados e bem comportados, esqueçam que o eco não vai longe. Não será assim que acabamos com o analfabetismo funcional ou a iliteracia.
Mas podemos sempre escrever sobre o folclore que nos querem transmitir nos media, mas não é isso que o povo precisa. Como dizia o outro o povo quer pão.
ANÓNIMO SEM GOSTO?
RUMO Á VITÓRIA

Anónimo disse...

Aos anos que não escutava esta música!!!
Parabéns
JM

Anónimo disse...

O que o Samuel canta:

"Foi quando as madres terríveis
Levantaram a cabeça
Foi quando os sinos dobraram
Nas torres de Saragoça

Foi quando a Guarda Civil
Surgiu no brilho de aço
Que de novo se pintou
A Guernica de Picasso

Não eram cinco da tarde
Nem da noite ou da manhã
Era a hora de lutar
Pela Espanha de amanhã

Era a hora de acordar
A voz de Lorca e Machado
Era a hora de atacar
Com a foice e o arado

Não eram cinco da tarde
Nem da noite ou da manhã
Era a hora de lutar
Pela Espanha de amanhã

Algures na arena da esperança
Contra os cornos do fascismo
Um poeta abria a dança
Dos passos do heroísmo

Suas palavras agudas
Feriam as carnes da besta
Pois jamais se quedam mudas
As vozes de quem protesta

Algures na arena da esperança
Contra os cornos do terror
Um poeta abria a dança
Das palavras que dão flor

Dizia amigo canção
Pátria alento humanidade
Dizia verdade e pão
Como quem diz liberdade

Não eram cinco da tarde
Nem da noite ou da manhã
Era a hora de cantar
Pela Espanha de amanhã

Foi então que do mais fundo
Do ódio do mal do medo
Irrompeu o berro imundo
De quem oprime e não cede

Choveram balas patadas
Correntes golpes mordaças
E palavras embrulhadas
Em insultos e ameaças

Chegaram ferros e facas
Uivos lâmpadas chicotes
Choques agulhas matracas
Baionetas e garrotes

Não eram cinco da tarde
Nem da noite ou da manhã
Era a hora de calar
Pela Espanha de amanhã

Algures na arena da esperança
Um poeta foi torturado
Sua alegria a vingança
Seu nome cantor soldado

Algures na arena da esperança
Um poeta foi torturado
Sua alegria a vingança
Seu nome cantor soldado

Não eram cinco da tarde
Nem da noite ou da manhã
Era a hora de cantar
Pela Espanha de amanhã."


(José Carlos Ary dos Santos)

Moreira - F.Foz