A globalização, ou capitalismo fascizante, como queiram, começa a ter custos elevados. Isto é, sempre os teve, mas começam agora a ser mais visíveis.
Em Portugal, as novas medidas decretadas pelos arautos do neo-liberalismo, a coberto de uma suposta crise, são elucidativas. O que se passa é que é mais do mesmo. Perda de direitos e regalias para quem trabalha e benesses para as classes que detêm o poder. Que são as mesmas que o detinham antes do 25 de Abril. Não ocorre a ninguém, pelo menos a quem teria de ocorrer, as vítimas, que o problema está nas políticas seguidas, onde se despreza o trabalho, o valor do trabalho, e privilegia-se a especulação, uma vez que no meio de tanta crise apregoada há empresas que contabilizam lucros pornograficamente fabulosos.
As desculpas de Pedro Passos Coelho por seguir as próprias políticas que defende soará a cinismo, não creio que sejam motivadas por quaisquer remorsos. A história ensinou-nos que isso é uma coisa que os fascistas não têm.
Ao mesmo tempo começa a disputa, na comunicação social, das presidenciais. E não será por acaso que os três candidatos já colocados se situam na área neo-liberal. Se de Cavaco estamos conversados, e dos aparentemente bons golpes de rins de Fernando Nobre também, já Manuel Alegre aparece como o mais ridículo de todos eles. Não está de acordo com o seu partido, com a política neo-liberal do seu partido, mas continua fiel ao seu partido. Não tem a coragem dele se desligar, o que é obra para quem tem a mania, a ousadia, de se auto-intitular corajoso. Diga-se que fora do eleitorado xuxa Alegre não tem expressão nenhuma. Ele sabe.
Em Angola, os probeminhas são parecidos. Pelo menos os beneficiários e as vítimas são as mesmas.
As obras públicas em curso, no âmbito de uma linha de crédito da China, segundo um relatório publicado em Washington, não têm benefícios do ponto de vista social. Adianta o relatório que o dinheirinho que vem não entra nos cofres do estado e é repartido pelas empresas indicadas para a execução das obras. É fácil detectar quem indica as empresas...
Refiro ainda um outro relatório, este da organização Save The Children: em Angola, uma em cada cinco crianças não chega aos 5 anos.
É altura de deixarmos de pactuar com estas políticas.
*Processo de Globalização em Curso
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