terça-feira, 18 de maio de 2010

Em Banguecoque os homens andam todos de braguilha fechada

Augusto Alberto

Há uma praça em Banguecoque, capital da Tailândia, que não vai ficar na História, e por isso no futuro não terá comemoração, apesar de nos últimos três dias, em autêntica guerra, lá terem morrido 36 pessoas. Apesar dessa praça, que não sei o nome, estar cercada por forte contingente militar apeado, por tanques e outro tipo de armamento pesado, que confere com uma guerra convencional, em que os barricados e os que atiram, são ambos tailandeses, não ficará na história, essa praça de chumbo, porque não tem raiz quadrada, talvez rectangular, não sei bem, como a praça Tianamen, e porque Banguecoque não é Pequim, lugar de finos esconjuros.
Dizem as notícias que desde 2004, na Tailândia, mais de 4.000 muçulmanos e budistas foram mortos, em chacinas organizadas. Confesso que não sei também por quem. O que se sabe é que foram 4.000. Mas isso não interessa, porque esses budistas não são tibetanos. Se os monges budistas fossem tibetanos, o que nos diria o Dalai Lama? Que “a compaixão é um poder” e que teria ficado muito triste porque a liberdade é um bem precioso. Um autentico elástico, à medida de quem mede, digo eu. Às vezes é assim uma coisa de geometria variável.
No dia 10 Abril de 2010, naquela praça que não ficará para a História por não ser a praça Tianamen e porque as mulheres que passam, não passam de branco, a favor de um homem esquálido, foram mortas 25 pessoas durante a passagem de uma manifestação. Mas aquela praça, que não ficará para a História, apesar de estar cercada por tanques e outro material pesado, ao arrepio da democracia, e que acolhe uma multidão com camisas vermelhas apesar de não haver um único comunista, que dizem estar ali em defesa de um tipo que eu não sei quem é, mas que foi 1º ministro eleito e ao que parece foi apeado por um golpe militar, que colocou no poder um outro tipo que se diz formado em Inglaterra.
Vejam lá como estas coisas são. Afinal, o que dizem as chancelarias ocidentais a esta autêntica guerra convencional, a propósito da necessidade de desalojar uns tipos que acham que a democracia é uma ova? Nada! É certo que os amigos americanos já puseram o seu pessoal diplomático a salvo, e só isso chega para certificar as coisas.
Ora cá está, como o nosso mundo às vezes se torna numa barbárie de geometria e democracia variável. É por isso que o negócio das teenagers está um caos, porque ao que parece, em Banguecoque, os homens andam todos de braguilha fechada.

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