terça-feira, 2 de agosto de 2011

Continua a saga colonial

Augusto Alberto

O norueguês Behring Breivik, faz-me lembrar a personagem central do filme de Bernard Bertolluci, 1990, o fascista que atira com toda a sua potência gatos à parede, para exemplificar como se deveria fazer com os resistentes e patriotas italianos.
Muito cuidado, será um desastre dar de barato a arenga de Breivik, que vai na teoria de que todos os terroristas são muçulmanos, porque o palerma não está só. Breivik não deve desconhecer que os seus antepassados assassinaram e saquearam, fundaram povoados e estabeleceram comércio e que também, na actualidade, militares da sua pátria, continuam por ai em cruzadas que parecem não ter fim. Obliterado e produto do tempo fascista que corre, tal como o fascista de Bertolluci, que após anos de terror, acaba, só, com um tiro certeiro que lhe estoirou a cabeça, também, Breivik, só, pela calada do sossego, e sem resistência, covardemente matou cerca de oito dezenas de pessoas.
Após parcos dias sobre os factos na Noruega, o nosso ministro dos estrangeiros deu nota de uma decisão, pouco comentada por constituir grossa asneira. A gente entende que a estratégia seja pensada, mas que os pressupostos sejam serenamente divulgados, por falta de tacto, é um colossal erro. Até o Portas se pode enganar.
O que nos disse, então, o trocista e cínico ministro? Que no conforto dos gabinetes, pesados os interesses de Portugal na Líbia, o governo resolveu reconhecer como legitimo representante do povo líbio, o conselho nacional de resistência, à semelhança, por exemplo, do Reino Unido e Noruega. Eu que fui à guerra, que matou milhares de jovens portugueses e africanos, fico espantado por saber que ao cabo de mais de 35 anos da saga colonial, a política externa portuguesa moderna se rege simultaneamente pelo seguidismo e pelo colonialismo. Que fervores Portugal terá na Líbia que impliquem a guerra, marejada de morte e destruição?
O Daniel Proença de Carvalho, o Murteira Nabo, ou o Fernando Gomes, e os grandes accionistas da GALP, para quem trabalham, saberão, evidentemente. E eu, humilde cidadão, não prescindo do direito de dizer que este Portas é, do ponto de vista ético, um anão, e do ponto de vista politico, um neo-fascista.
É também por causa de gente como este Portas, e amigos, que de volta e meia aparecem colossais palermas, como este Behring Breivik.

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