Augusto Alberto
Dissequemos as novas,
porque depois da bonança virá a borrasca.
A Associação Naval 1º de Maio perde a totalidade dos seus
atiradores, que se transferirão para o Sporting Clube de Portugal. E dentro em
breve, será colocado o sintético no campo de treino anexo ao Estádio Municipal.
A Associação Naval 1º de Maio, é sabido, foi insensato
objecto de um projecto eleitoral. Recordo o que sempre disseram velhos navalistas:
“voto em Aguiar porque voto na Naval”.
Receoso de perder o controlo sobre o que considerava ser o instrumento para a
glória política, Aguiar sempre recusou o debate no clube, anulando desse modo
soluções para a sua universalidade e mundividência. Entretanto, colocando-o por
um fio, deu-lhe uma guinada, que só lhe trouxe demagogia e promessas
incumpridas. Reduzida correntemente ao futebol e ao remo, a que se deverá somar
liquidação de património e duas das suas mais distintas secções, o basquetebol
e o tiro, sobrando para o remo uma espécie de tragédia náutica, e absolutamente
vitima, também, da sedimentada falta de ideias para uma actividade desportiva
mais universal na cidade. Que a deixou perante falta de instrumentos e
equipamentos desportivos mais universais, que pudessem suportar parte da sua
actividade e ainda, vítima também, do principio devastador que certa elite
associativa citadina carrega, (para sublinhar o “eu”, é preciso secar o outro),
o fim prematuro da carreira de tiro, foi o tiro certeiro que suporta a lógica. E
escolhendo caminhar sobre um fio muito estreito e sem rede que a ampare na
queda, em detrimento de prosseguir segundo a lógica do fio ariande, poderá
estar a caminho do patíbulo e sofrer a derradeira tragédia.
Admito, contudo, que possa haver quem a queira puxar a
avante, de todo o modo, será tarefa ciclópica, porque no infausto frenesim, se
eliminaram os quadros, o que de melhor existe na vida associativa.
Entretanto, neste ínterim, virá o campo sintético, acto
minimalista. E eu pergunto: E se a Associação Naval 1º de Maio se extinguir,
para que servirá o sintético? Poder-me-ão dizer, como já me foi explicado, fundar-se-á
um novo clube que assumirá a herança do futebol na cidade. E então, é assim que
se acaba com 120 anos de história?
Pilatos, sabemo-lo, sublinhou a tragédia. Por cá,
percebemo-lo, há também, sem remorsos, quem queira lavar as mãos.
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