domingo, 9 de dezembro de 2012

Não nos equivoquemos


Augusto Alberto


De Portugal e dos portugueses disseram os “Sephardim”, os abastados judeus fugidos da vizinha Espanha e das fogueiras do grande inquisidor, o dominicano Torquemada: “terra boa e habitantes parvos”. Alexandre Herculano, na sua história da origem e estabelecimento da inquisição em Portugal. Livro II. Avaliação conspícua?
De qualquer modo, é certo que os portugueses pouco valor dão ao seu próprio trabalho e essa é causa de se darem pouco ao respeito. Extenuados com a monarquia e com a 1ª República, que para os manter em pé, praticou a caridade institucionalizada, aproaram à ditadura, que acabou a 25 de Abril. Por um breve momento foi-lhes concedida dignidade, logo assombrada pela recuperação, fulminante, da elite que sobrou do fascismo amolado. Na democracia viu-se por três vezes grego, com três vezes o FMI. E por hora se alguém quiser enxergar verá que muitos portugueses gostam de se repetir. 

Gostam da “caridosa” Isabel, porque recolhe e distribui alimentos por organizações que lhes mitiga a fome. E das Misericórdias e da Cáritas, porque em todas, existe fixo na parede, uma imagem de um Cristo escanzelado, à sua semelhança, se as Misericórdias e a Cáritas não lhes dessem as sopas, o banho e o bálsamo para as chagas do corpo. E ainda, do seu pároco que lhes diz em quem votar e quando ir a Fátima, para fazer a catarse do espírito e filar o milagre do emprego, já que o do leite e do bife, por hora, não se faz.
E antes, gostaram de Sidónio Pais, que em 1918 se tornou um presidente generoso, porque estimulou a sopa dos pobres ou a sopa do Sidónio, como meio de mitigar a fome. E por tão perto, por desgraçada ironia, quem sabe, gostem do católico Mota Soares, que quer as actuais sopas, como o orgasmo do bom cristão.
E também, Salazar e Cerejeira, não se descuidaram e fizeram pedagogia. Indicaram que em casa onde não houvesse fartura, dividir uma sardinha por dois ou por três, e dividir a broa de 5, 6 dias, carregada de bolor, era um singelo acto de boa administração.
Gostam da canção que trauteia: …a alegria da pobreza, está nesta grande riqueza de dar, e ficar contente…
Gostam, em suma, que lhes estimulem o sossego, (à rua, só no sossego do largo de Fátima, indicou o cardeal Policarpo), e de gente caridosa. Alinharam por Sidónio, por Cerejeira e D. António e ainda suportaram Salazar e agora, outros javardos e usurários.
Não nos equivoquemos, pois. Os portugueses gostam muito de se repetir.
Enfim, gostam!

1 comentário:

Olímpio disse...

Caros amigos e companheiros com os mesmos fins sociais, mas por vias diferentes; vou comentar em minha casa,ou seja no meu bloguezito, porque se me calar, justifico que os que calam...

Cordialmente.
Olimpio Fernandes