terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Sumiram a gaveta


Augusto Alberto
     
O colonialismo não se engana. Em África, é prática, assim haja tempo, a substituição de um “preto”, logo que comece a não dar conta do recado, por outro “preto”. Ainda que no antanho tenham acontecido alguns contratempos, por falta de boa alternativa, como no caso da guerra do Biafra. A transnacional francesa Elf Aquitane viu-se na necessidade de vestir e calçar um “preto”, fazer dele general com pingali e mandá-lo à guerra, com o objectivo de obter a secessão da província do Biafra, para chegar ao controle completo do petróleo da província. Foi uma aposta desgraçada. Pela primeira vez chegaram imagens, através da televisão, de populações inteiras, um milhão, literalmente a morrer de fome pelas picadas.

Estes modos de substituição politica, estão, por hora, também em gestação na lusitana pátria. Com o receio que a grande burguesia financeira, que vive com os dentes agrafados na teta do estado, tem de um destrambelhado golpe de traição e por isso, antes que o poder caia com estrondo, começa a cuidar dos amanhãs que tilintam. Mas preparar uma alternativa ao governo de Passos, implica um arrojado duplo salto. É imperioso que se mude, primeiro, o actual secretário-geral do Partido Socialista, António José, tido por pixote e frouxo. E é aqui que entra o Costa. O de Lisboa. Mas antes, convêm adiantar, que a 14 de Dezembro de 1918, numa noite fria de sábado, já um Costa, José Júlio Costa, alentejano de Garvão, envolto num capote alentejano, atirou sobe o dândi, Sidónio Pais, convencido de que a Pátria ficaria melhor sem o Sidonismo. Mas o actual Costa de Lisboa, não quer, evidentemente, também atirar, com prejuízo físico, sobre o seu camarada, António José, ao contrário do … José Júlio Costa, só o quer politicamente arrumar, para empurrado, ainda que não seja bem isto que deseja, fazer a gestão das expectativas politicas do grande capital financeiro, que é quem ordena na lusitana pátria.

Entretanto, enquanto o pau vai e vem e até novo golpe de faca e alguidar, carregam os banqueiros nas costas do Costa e nas nossas, enquanto folgam as costas e as contas dos banqueiros insolentes.
Nota: Não há aqui nenhum labéu. Este texto está escrito sobre informações que correm na imprensa. Banqueiros têm uma visão. Apostam em Costa, o de Lisboa, para secretário-geral do P.S., confirmando, ad eternum, que o Partido Socialista meteu o socialismo na gaveta.
Contudo, as coisas agravaram-se. Sumiram a gaveta.

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