segunda-feira, 26 de março de 2012

A luta de classes

Augusto Alberto


Escrever o melhor da estória é muito difícil. Ficarão nela os que não suportam a canga, nem que seja por um dia. Viverão quase famintos, os que a suportam a vida inteira.

 Um Milhão e 300 mil portugueses estão desempregados. E 60% dos portugueses trabalhadores têm uma renda liquida, (expurgada de impostos), entre 310 euros e 900 euros. Somadas as duas parcelas, percebe-se porque milhares de trabalhadores portugueses não podem fazer greve, e outros milhares pensam sobretudo com a barriga antes de se meterem à luta. Também os 500 mil portugueses que emigraram, desde 2007.
Aliás, não me enganarei se disser que muitos milhares desses emigrantes nunca fizeram uma hora de greve. Por isso, essa não foi razão para não deixarem de partir. Mas pior ainda. Nunca fizeram greve, partiram e agora dormem, sujos e famintos, nas estações de comboio das cidades onde chegaram. Esta é a realidade que a direita sabuja e trauliteira escamoteia. Com a sua política classista, cria milhões de famintos mas nunca assume como sua essa responsabilidade, antes pelo contrário. Mistifica e, como o diabo foge da cruz, remete de modo sistemático e fraudulento para outros, as suas responsabilidades. Cavalga no anticomunismo, como fez, outra vez, o deputado Adão e Silva, que disse ser vergonhoso a CGTP funcionar como correia de transmissão do P.C.P.
Mas nesta luta dos contrários, que será sempre longa, o deputado Bernardino Soares colocou-o em seu lugar, com uma frase brutal: “Vergonha deverá ter o senhor deputado em estar aqui, na Assembleia da República, na qualidade de correia de transmissão do grande capital”. Encurralado, titubeou, mas não caiu, é certo. Mas não se livrou, tal como o Adão original, de ser apanhado pelo pecado capital. Dele poderemos dizer, sem receio, ser filho ou neto dilecto do fascismo, porque também Gobbels, Salazar, Franco e o Duce, com as mesmas palavras, procuraram o mesmo fim. Aliás, os escritos do dia seguinte, que remetem a greve para um fracasso, vão na esteira do debate ideológico, centrado nos partidos do poder, Partido Socialista, Partido Social Democrata e Partido Popular, que garimpam na necessidade de partir a espinha ao movimento sindical, em especial à CGTP-IN.
Desiludam-se!

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