quinta-feira, 9 de maio de 2013

Imperfeições


Augusto Alberto (texto e foto)

 Ainda hoje, refinados coirões têm por hábito afirmar que, não havendo a sociedade ideal, a democracia que conhecemos ainda é a menos imperfeita. Permitam que discorde. A democracia, tal como a conhecemos, é perfeitíssima, para os que nela manobram com êxito.
Dei conta desta verdade, quando descobri o enigma que me perseguia há algum tempo. Saber por onde anda a “mula”, Jacinto Capelo Rego, das malas carregadas de euros, depositados em tempos não muito distantes, numa dependência do BES, ao Chiado, a favor do CDS/PP. Desde essa aventura, ninguém lhe pôs a vista em cima, mas, quem sabe?, por indicação de Portas, não tenha sido quem levou novos maços de notas, verdes de dólares, da Casa Branca até Cabul.

O New York Times considera que esse dinheiro foi usado para subornos e cobrir despesas, imperfeitas mas leais, a favor do presidente Karzai. Não existe, como vemos, neste caso, evidentes imperfeições.
Mas de que imperfeição falará o cidadão valenciano, Adrian Garcia, a quem o hospital Arnau de Vilanova, retirou uma prótese colocada num joelho, porque a família não pôde pagar os 152 euros devidos?
E de que imperfeições falarão, os cerca de 300 motoristas e guarda-freios da Carris, (muitos deles votantes em Portas, Coelho e Seguro), que chegam ao ponto de desfalecerem, porque só comem um iogurte por dia? E por ironia, que impenitente imperfeição existe em Cuba, que não dispõe de reservas de petróleo e de gás, como por exemplo, o colosso africano, Nigéria, que apesar, em cada esquina a fome abunda.
Não possui grandes rios, capazes de produzir energia limpa, como o país que tem 1 milhão e 500 mil desempregados, milhões de emigrantes e milhões de famintos. Portugal! Não possui riquíssimas florestas, como o Bornéu ou o Brasil, cujas miseráveis favelas, são postais, que faz salivar de gozo os “trusts” madeireiros. O que possui é muito pouco e ainda por cima na década de 90 do século passado, viveu um preocupante afundamento, que obrigou Fidel a descer à “la calle”, para continuar a pedagogia. Contudo, apesar destas dificuldades, reconhece a FAO, erradicou a fome.
Ah! Mas as liberdades! Bem sei. A cada instante vão-me falando delas. Em referência a Karsai, à Casa Branca, a Portas e Capelo Rego, apesar de eu ter a liberdade de utilizar os piores adjectivos para os qualificar, isso não indica que deixem de ser quem são e nós continuemos a ser quem somos. Eles párias e muitos de nós, objectos quase, mantidos em pé, com um iogurte. 
Pensemos bem, caro Olímpio Fernandes, porque se castiga a Ilha, que não tem recursos naturais, como continua a ser usual noutros lados, sempre à custa da política da canhonheira, nem as seráficas “liberdades”, mas é reconhecido como modelo social em organismos internacionais. Lembro que a 4ª frota, continua a marear as costas da América Latina e da ilha, e até houve, em 1961, uns tipos amortalhados na Praia Giron, que tinham como fim, manter a miséria no campesinato, o desemprego no operariado, os casinos, as putas e os gangsters.
Esta é a imperfeita e embaraçosa Revolução. Pois é!

2 comentários:

Olímpio disse...

Meu caro e bom companheiro.
Eu não castigo a Ilha, por amor de Deus!!!. Voltarei a Havana e a um povo inacreditavel de simplicidade, ás suas chicas,há bela cidade e a Corima e ao museu de Ernest Wemingwue, mas gostei do que escreveu e com tempo vou responder-lhe entre a democracia e a ditadura, Sabe? Eu vivi em ditadura e é esse o meu drama. Não faz sentido que eu prenda um semelhante meu só porque pensa diferente de mim é horrivel. Vou voltar, já que na generalidade estou de acordo com o que escreveu e tudo isto porque os homens alguns homens, são uns canalhas de sentimentos no colectivo das grandes causas, só isso.Bom fim de semana e não esqueça um canalha é um canalha e um euro é um euro, quer seja em democracia ou em ditadura Abraço Olimpio Fernandes

Olímpio disse...

Meu caro e bom companheiro.
Eu não castigo a Ilha, por amor de Deus!!!. Voltarei a Havana e a um povo inacreditavel de simplicidade, ás suas chicas,há bela cidade e a Corima e ao museu de Ernest Wemingwue, mas gostei do que escreveu e com tempo vou responder-lhe entre a democracia e a ditadura, Sabe? Eu vivi em ditadura e é esse o meu drama. Não faz sentido que eu prenda um semelhante meu só porque pensa diferente de mim é horrivel. Vou voltar, já que na generalidade estou de acordo com o que escreveu e tudo isto porque os homens alguns homens, são uns canalhas de sentimentos no colectivo das grandes causas, só isso.Bom fim de semana e não esqueça um canalha é um canalha e um euro é um euro, quer seja em democracia ou em ditadura Abraço Olimpio Fernandes