Augusto Alberto
Quem é Cristina Espírito Santo, filha de Jorge e Kiki
Espírito Santo? Uma tia com palacete na quinta da marinha, talvez. Tem pedigree,
porque é de família de ilustres banqueiros, que sucumbiram, mas que aos 40 dias
ressuscitaram, após a morte “formal” do fascismo. É notícia, porque como no
passado, prova como a decadência geral da Pátria, vai de par com a decadência
ética e cultural da burguesia: “tenho uma casa de férias, a par de outras
famílias gradas da república, na herdade da Comporta, para onde vou e faço uma
vida simples” (após meses de cansativas e prodigiosas tarefas, como pesquisar o
PSI 20, o Nasdaq, a Euronext, Tóquio, e a City, os offshores, umas tardes de
lagosta, verde, champanhe e tea e uns jogos de canastra com outras Kikis,
adivinho eu), “e estou lindamente, como
se brincasse aos pobrezinhos”.
Ah! Cristina é uma infanta da elite, só não sei se
republicana. Mas tanto faz! É possível que na companhia de outros bafientos,
tenha estado na missa de apresentação do novíssimo cardeal patriarca de Lisboa,
Manuel Clemente, na igreja de Santa Maria de Belém, aos Jerónimos. Se esteve,
beijou com toda a certeza a mão ao padre, que entende que as absolutas mulheres
cristãs, na esteira do movimento nacional feminino, devem reflectir sobre a
diáfana pobreza e ficar em linha com o intendente Manique, o conde de Abranhos
ou dona Supico Pinto, figuras seculares da elite, muito dada a fabricar a fome
e depois a torcê-la, à custa das sopas, pãezinhos e de uns chuços para os pés.
Contudo, é preciso que saiba quem suporta a vida ociosa
desta gente. Logo, Cavaco, o mago da economia, que a vê alinhada com os
interesses da família Espírito Santo e nunca com os seus, que trabalha à peça,
ao dia ou ao mês, por 350 euros e que viu, por acção de um grupo de deputados,
reduzir com força de lei, o valor da indemnização por cessão colectiva do seu
posto de trabalho, de 30 salários por mês, para os 12 salários. E nesse grupo
de quadrilheiros que o lixa, está, escarnecendo sobre a incompatibilidade
ética, entre outros incompatíveis do PPD e CDS, o dândi Miguel Frasquilho,
remexido quadro do “BES”, banco da família a que a Cristina pertence.
Está a ver! Por mau uso do voto, anda há 36 anos a eleger
quem a seguir o vai roubar e desse modo, consegue dar sossego à ladroagem e
fintar a luta de classes. Por isso, Cristina vai continuar a flanar sobre o PSI
20 e os offshores, para depois subir a avenida para vestir na Voiton, enquanto
o cidadão só consegue comprar baratinho, na feira da Tocha, umas pecinhas para
seu aconchego e dos seus meninos.
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:)
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