quinta-feira, 21 de novembro de 2013

No bairro social de Perafita... ou Salazar revisitado

Augusto Alberto

Deu-se a revolução de Abril e a pobreza perdeu a vergonha. Bateu às portas de uns e de outros, e à minha também, apesar de ser, também, porta de pobre. Contudo, nunca perdi o equilíbrio, porque o meu tino disse-me para nunca fazer empréstimo à banca, para não ter de ser engolido por filhos da “puta”, nem ter despesas correntes com seguros, pneus e gasolina e por isso, fiz a opção pelas pernas, com os pés no chão ou nos pedais.
Mas ia a lembrar que, com regularidade, me chegava à porta, um jovem, a quem servia pão com manteiga, nunca o enganei, marmelada e fruta. Um dia, a minha vizinha, descobriu que o rapaz lambia a marmelada e atirava o pão à valeta, e aconselhou-me a acabar com a lambarice, porque o moleque era de má pegadura. Deixe vizinha! O pobre também tem direito à escolha. Infelizmente, a minha vizinha nunca deixou de voltar à carga, porque não consegue ver a boa árvore no meio da péssima floresta e por isso, agora, acha que se deve acabar com o “rendimento mínimo”, porque alimenta a cultura da inacção e do vício. Veja! Como na “tablete”, ela lambisca as noticias. Mas alambisca-as...disse-lhe. Não me diga que acha bem? Nem bem nem mal. O que acho é que a vizinha só se escarnece de gente que no seu modo de ver é borra-botas, porque quanto às elites, ainda que façam do roubo uma arte, são doutores. Mas deixe, porque por mais que queira, ainda não atinei com o modo de lhe reduzir o preconceito.
Todavia, tive que recolher a chávena do café e puxar para o lado o jornal do dia, para não ter de lhe dar razão, porque a notícia dizia: - O presidente da Comissão Política Concelhia do PS de Matosinhos…insurgiu-se contra o pagamento de 1172 quotas em atraso no valor de 11.066 euros…as quotas foram pagas por um morador de um bairro social de Perafita. A carta refere, ainda, que da listagem de militantes com as quotas agora pagas, há pessoas que já morreram…
Noticias como estas provam essencialmente que o anticomunismo é a papa e o bolo que alimenta o tolo. Capelo Rego, transportou malas cheiinhas de notas, a um banco, na baixa pombalina, a favor do Partido de Portas. E hoje, no P.S. do Porto, num bairro pobre, com toda a naturalidade, ocorrem habilidades à moda de Salazar, que metem, chapeladas, quotas pagas por mortos e votos das sombras.
Contudo, apesar de na Soeiro Pereira Gomes se cultivar a mais estrita responsabilidade, aparecem amiúde, sebentos, escrevendo umas palermices, que é o modo mais canalha de bajular a elite de “Césares e Ratos” de igreja, que afinal, não têm em “deus” o guia, mas no esmagamento dos pobres, na fuga aos impostos e no jogo da bolsa, a ímpia metamorfose da conduta liberal.

Não sei se é desta que a vizinha me entende…

1 comentário:

Anónimo disse...

marxismo-cultural???