domingo, 28 de outubro de 2007

Oito vírgula três (em jeito de croniqueta de fim-de-semana)

Se eu conseguisse cobrir os 3 mil metros obstáculos em 8,3 minutos seria certamente campeão olímpico. Se fizesse a distância em 7,1 seria considerado um super-homem.
Esta coisa das corridas funciona um bocadinho de maneira diferente dos saltos. Quer dizer, recorrendo ao De La Palisse, nas corridas quanto menor for o tempo, melhor; nos saltos, é melhor quanto maior for a distância saltada. Há estas nuances na mesma modalidade desportiva, consoante a disciplina. Acontece que eu seria capaz de fazer os 3000/obs. para aí… sem ser muito exigente… bem… muito perto dos vinte minutos. Por isso mudemos o azimute.
Na política, que só tem uma disciplina, as coisas variam do mesmo modo.
Quer dizer, se estivermos na Oposição, e a taxa de desemprego for de 7,1%, achamos que é uma calamidade, que o governo fracassou e coisa e tal. Se estivermos no governo e elevarmos a taxa para 8,3%, achamos a coisa normalíssima, assobiamos para o lado e nem nos passa pela cabeça que fracassamos. É uma espécie de “porreiro, pá”, não sei se entendem.
O defeito não será dos políticos, eles só enganam quem gosta de ser enganado. Quando o actual primeiro-ministro afirmou o que afirmou como líder da Oposição, e que toda a gente sabe, estava a mentir.
Só por isso estará ilibado, estava tão-só a cumprir o seu papel. Há é uma incapacidade nossa, talvez genética, de sermos governados por gente séria.
Se não perceberam nada do que se passou não se apoquentem: é que eu também não percebi. Talvez não deva ser para perceber.
Enfim.

1 comentário:

ANTÓNIO AGOSTINHO disse...

A urbe está a viver tempos penosos, escassos de honra e carácter, difíceis de suportar para gajos da aldeia...
Foi, pois, com enorme prazer que visitei esta aldeia olímpica...
O laxismo cultural, é prática neste país do tratado europeu.... Todavia, nunca soube preservar os valores e os ensinamentos do passado – refiro-me à Revolução de 1383. Penso que, também por isso, continua a viver na crença de Sebastiões futuros.
Descuidamos a história, esquecemos as origens.
Alguém estranha o miserável presente e o que se adivinha de triste no futuro?...
7,1%, 8,3% de desemprego, o que é isso para portugueses desmemoriados e tolos... Nada que não se ultrapasse com uns bolos...
Alexandre, meu Amigo, continua a tratar da tua aldeia olímpica: continuamos porreiros, pá!...
Um abraço