sábado, 17 de maio de 2008

O drama e a comédia (croniqueta de fim-de-semana)

Sob o ponto de vista dos “sociais-democratas”, poder-se-á dizer que a situação actual do seu partido é dramática. Mas a coisa vista de outro ângulo, não será propriamente um drama. Acaba por ser mais comédia.
Drama porque o PPD/PSD já não tem espaço político para ocupar. Corre mesmo o sério risco de ser absorvido pelo PS.
E porque, sendo quer um quer outro ideologicamente vazios, o Partido Socialista ocupou todo o espaço do PPD/PSD. Tudo, mesmo tudo que eles gostariam de ter conseguido fazer, como Direita, como representantes legítimos do Grande Capital, dos grandes interesses económicos, o Partido Socialista fez. E mais: muito melhor do que eles alguma vez tentaram ou gostariam de fazer. O rol é vasto, deste a taxa de desemprego, pois o PS transformou-se no maior incrementador do dito, ao emprego precário, ao Código de Trabalho, cujo, os “sociais-democratas” nunca esperaram que, uma vez desapossados do governo, os “socialistas” o iriam agravar do modo que estão a fazê-lo, ao desrespeito pelas liberdades sindicais, ao encerramento de unidades hospitalares, de escolas, tudo numa lógica de febre privatizadora, aos lucros fabulosos da banca, das petrolíferas, das seguradoras, nunca tão grandes como agora com o PS no poder. O aumento da emigração, um dos grandes sintomas das desigualdades sociais, é outra das grandes conquistas do governo PS.
Isto é mesmo dramático, na perspectiva dos “sociais-democratas”. E explica um pouco a quantidade de aspirantes a líder. Não têm rumo. Como diz o ditado popular, “em casa onde não há pão…”. E vão-se perdendo em banalidades. Basta ver com atenção o que dizem alguns dos candidatos a candidato a primeiro-ministro: uns (dizem) vão ousar enriquecer o país, outros vão fazer (dizem) a experiência de falar verdade. Se isto não é um tiro num pé o que será? Se vão fazer essa experiência agora, o que andaram a fazer no tempo imenso em que estiveram no governo? Bem…
Assistimos à repetição da História. Que equivale a dizer que estamos perante uma comédia. Para por fim ao período revolucionário que se seguiu ao “25 de Abril” os americanos enviaram, directamente do Chile, o agente da CIA que fora o cérebro, ou pelo menos uma das figuras proeminentes, do, naquela altura recente, golpe de estado que eliminou a experiência democrática daquele país sul americano.
E quem é que Frank Carlucci, facínora detentor de um vasto currículum, desta vez disfarçado de embaixador, escolheu para seus parceiros desta nova tarefa? Não foi o partido tradicional da Direita, o PPD. Com quem é que ele se reunia e quem eram os homens de confiança dos americanos para impedir a afirmação de um regime democrático e repor os grandes interesses que estavam instalados antes do derrube da ditadura?
É fácil saber quem foi. E toda a gente sabe quem foram os íntimos aliados dos americanos.

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