sábado, 20 de setembro de 2008

Sindicatos e sindicatos


No post anterior, um comentário de um anónimo, muito possivelmente o neo-liberal de serviço nestas coisas, dizia que o famigerado Código do Trabalho do PS, que agrava o anterior, da autoria de Bagão Felix, (agrava quer dizer que os trabalhadores perdem muitos mais direitos) tem o apoio de vários sindicatos. Claro que é verdade, uma verdade de La Pallice. Porque seria o paradoxo dos paradoxos vermos sindicatos a defender a perda de direitos dos trabalhadores.
Agora chamar sindicatos a um grupelho liderado por um dirigente do partido neo-liberal que está no governo será um pouco esticar a corda.
Mas pronto, está bem. Um homem genial, já há um bom par de anos, definiu genialmente aquela corja. Ora leiam:
As mãos do cartaz

São mãos apertadas
Cruzadas
Tratadas
Gravadas
Na grelha.
São mãos bajulantes
Pedantes
Tratantes
São mãos de Gonelha.
São mãos de verniz
De gente feliz
Que pousa pra telas.
São mãos de água e sal
São mãos de cristal
São mãos amarelas.
São mãos de pecebe
De quem nunca teve
Canseiras nem lidas.
São mãos indolentes
São mãos repelentes
São mãos corrompidas.
São mãos que recebem
Que esmolam
Que pedem
Favores do patrão.
São mãos ordinárias
De chulos de párias
Do povo é que não.
São mãos de labregos
São mãos de carrego
De jóias brilhantes.
São mãos de vadio
De gente sem brio
São mãos de moinantes.
São mãos de perfume
São lepra são estrume
Do pão da intriga.
São mãos de arrivistas
Tartufos golpistas
De faca na liga.
São mãos desenhadas
Limpinhas peladas
Limadas sem dor.
São mãos ascorosas
Cheirosas vaidosas
São mãos de estupor.
São mãos de melaço
De por ao regaço
Na hora do chá.
São mãos de canalha
São mãos de navalha
Como outras não há.
São mãos de algodão
Veludo aldrabão
Tecido incapaz.
São mãos da traição
E da corrupção
As mãos do cartaz.

2 comentários:

Anónimo disse...

Alex
Não mensionas o autor O josé Carlos é inconfundível, só ele para definir tão cabalmente a central amarela.
Abraço

Fernando Samuel disse...

Em cheio: o texto e o poema!

Um abraço.