terça-feira, 9 de junho de 2009

Eleições europeias: pormenores colaterais (II)

A direita ganhou em toda a linha as eleições para o parlamento europeu. Conseguiu até terminar um ciclo, o do poder político do PS, de forma pacífica e ordeira. Evitou que os votos do descontentamento, muitos certamente, não caíssem em “más mãos”, ou seja na Esquerda. O tampão que arranjaram, o Bloco de Esquerda, portou-se lindamente, tendo-se arvorado na terceira força eleitoral do cenário político. Assim fica a direita contentinha e descansadinha, pormenor confirmado com a actuação desse mesmo bloco no parlamento europeu, uma vez que nas grandes questões irá manter a sua perfomance e o seu hábito, o de votar condignamente com o PS, o PSD e o CDS, ou, então, optar pela abstenção.
A confirmar tudo isto que acima escrevo está o papel da imprensa, desde a afirmação proferida de que seria engraçado que a “esquerda simpática” ficasse em terceiro lugar, passando pelo facto de toda a imprensa ter andado com o bloco ao colo, com o pertinente caso, mesmo colateral, pois embora possa parecer que tivesse passado despercebido ficou no subconsciente de quem vê televisão, do canal do guru do grupo bilderberg em Portugal ter transmitido em directo o discurso de encerramento de campanha do Bloco de Esquerda. Por esquerda simpática deve-se entender, não consigo entender outra coisa, que não aquece nem arrefece, não faz grandes ondas.
Está visto que a grande batalha dos senhores da finança e de outras quejandices não era que ganhasse o PS ou o PSD, para eles é exactamente a mesmíssima coisa. É bom recordar a afirmação do patrão da CIP antes das legislativas de 1995, de que era indiferente que ganhasse o PS ou o PSD, o importante era que o CDS ultrapassasse o PCP. Como chegaram à conclusão que é uma tarefa bastante difícil deitaram mãos a uma outra estratégia, a esquerda simpática. Este adjectivo, simpática, faz lembrar o melhoral, isto na perspectiva deles. É que nem lhes faz bem nem lhes faz mal. Mas bem faz-lhes, certamente, embora a sua modéstia apareça, como é fácil depreender, como uma inteligente jogada táctica.
Este ano foi Manuela Ferreira Leite a convidada portuguesa para a reunião do grupo bilderberg. Quem sabe se para o ano não será Francisco Louçã? O homem merece, sim senhora.

1 comentário:

anónimo "neoliberal" disse...

O teor deste post desesperado faz lembrar a negação de Galileu do movimento da Terra, sabendo-se que, contudo, ela se movia. O desconforto e incomprensão de motivos emocionais que, nesta eleição, ultrapassaram os racionais, não cabem na apertada cartilha do materialismo histórico! A sociedade, como a Terra, move-se, apesar disso desagradar a alguns...