Augusto Alberto
Com um coice, um tipo chamado Sócrates alcandorado a primeiro-ministro, para levar a água ao seu moinho elegeu a função pública como responsável por todos os males da pátria. Evidentemente que todo o bom cabresto e cabrão, armado em politólogo, analista e comentador, ficou em êxtase. Tinha chegado o homem providencial e afortunado. E muito povo também achou que sim. Clamou-se pelo fim da função pública, numa alarvidade sem precedentes, sem que nenhum cabresto na arte de opinar tivesse a coragem de dizer basta, porque tamanha alarvidade só pode trazer o caos. Ora acontece que os funcionários públicos, debaixo de fogo cerrado e canhestro, às mãos do partido socialista, porque estas coisas nunca são obra de um homem só, não passaram de ratinhos no laboratório das experiências sociais, sem que muito bom povo tenha percebido que estávamos na alvorada de uma triste sina. Ou seja, tudo o que se experienciava com os funcionários públicos seria, mais cedo do que tarde, colocado em marcha, apanhando todas as camadas e sectores sociais. Nem de propósito. Primeiro roubaram nas pensões acima dos 1.500 euros dos funcionários públicos e logo após, amadurecida a medida no clorofórmio do laboratório público, desceu ao sector privado e ainda foi um passo adiante. Todas as reformas, públicas ou privadas, mesmo as que são uma parca vianda, que tem o único condão de evitar que se morra de um estoiro, serão sujeitas a um travão durante os próximos anos.
De que se queixam agora, filhos? Sim, de que se queixam? Se não sabem, então é bom que fiquem a saber ainda um pouco mais. Foi mais ou menos por essa altura que também se começou a vender a famosa teoria de que, emprego para toda a vida, jamais. Isso foi coisa do socialismo e por isso, está nos baús da arqueologia das ideias e antropologia. Uma finta. Só uma finta, porque essa ideia logo cavalgou. Muito empregador, esperto, tratou em dar um passo mais à frente. Cavalgaram sobre licenciados, com estágios de meses e anos a fio, sem uma leve remuneração. Cedência do saber luxuoso e escravo, porque logo à porta outro se posicionava para a renovação do ciclo. Ou ainda, trabalho pago miseravelmente, com o recibo verde a levar para as finanças e segurança social, metade, ou mais, do magro soldo. Há gente tonta, bem sei, mas tenham paciência. Em primeiro, deverão queixar-se de vós próprios, porque durante anos acreditastes nas muitas milongas e cedestes sem um coice. Sabem, o mundo não é coisa imaterial e por isso, quem vos vendeu as patranhas da impossibilidade de emprego para o resto da vida e da inevitabilidade do trabalho à peça, e as embrulhou no fino conceito do fim das ideologias e da luta de classes, enganou-vos e está a fazer de vós, se não reagirdes desde já, não a geração à rasca ou parva, mas a geração assexuada, que são todos aqueles que são incapazes de copular, na esperança de fazer um mundo melhor.
E quanto aos nossos amigos socialistas, o que dizer? Espera-se que alguns aguentem uns coices, mesmo que isso rache algumas cabeças. Por mim, dia 19, sábado, lá estarei para contribuir para as estoirar.
Politicamente, claro está.
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