terça-feira, 15 de março de 2011

Quem vai alombar?

Augusto Alberto

Disse Jorge de Sena: “Um burro nasce burro e ao fim de vinte anos não é cavalo”.
Nesse sentido foi muito curioso anotar dois tipos de jornalismo durante a jornada de sábado. O primeiro, durante a manifestação que levou uma das jornalistas da RTP ao esmero ideológico de repetidamente perguntar: - então a senhora está aqui contra os partidos? Aparentemente, quis fazer um jornalismo que baliza uma sociedade assexuada ou inorgânica. Mas ela bem sabe que isso não é assim, porque a sociedade é estruturada e move-se. A outra, após a manifestação, cumpriu a segunda parte da estratégia. A defesa canina da subida ao poder do PPD/PSD. Ou o circulo que se fecha em definitivo e que culmina o grande objectivo que a direita persegue há 37 anos. Um presidente, uma maioria e um governo. Ora cá está, afinal, como a sociedade é orgânica e nada assexuada. Em boa verdade a rapariga larocas foi ao frete.
Que se desengane, então, quem pensa que quem dirige, se enganou e por essa razão, nos colocou neste estado lamentável. Aliás, dando crédito, não me engano se disser que muitos dos que passaram pelas manifestações de sábado, de certeza deram, com o seu voto, o aval necessário para a construção da sociedade de que agora reclamam. Poderemos dizer, então, sem receio de errar, que há enganos, sim, mas unicamente dos que constantemente têm votado contra si próprios, de tal modo, que encurralados, se sentiram na obrigação de descer a avenida. Mas logo, sem truques, e de modo descarado e persistente, foi muito útil ver como os comentadores após a manifestação, cumprindo a preceito o papel, salivaram como o cão de Pavlov, porque está a chegar o dia da troca dos rapazes, em linha com um presidente, uma maioria e um governo. Sem rodeios, e no devido tempo, falaram da urgência do enterro do P.S, (só mais um), e no inicio da nova maioria, omitindo as propostas do PPD/PSD, não vá o diabo atrapalhar, que são de uma ignóbil crueza e que a serem aplicadas, são o pontapé para o lado, no banco onde ainda temos os pés, que impede o fecho, definitivo, do laço que o P S. nos colocou à volta do pescoço, após anos a construir o nosso cadafalso. A saber:
- parcerias privadas na área da saúde, consubstanciando a celebérrima teoria reaccionária de um ex- ministro do PPD, que disse: -quem quer saúde, paga-a. Ao jeito, evidentemente, do grupo Mello. A extinção pública da RTP, obedecendo a um velho desejo do velho reaccionário, Pinto Balsemão, que visa o completo controlo privado da informação, tanto pela vantagem ideológica como económica.
-As parcerias privadas no ensino, escavacando o ensino público, e prosseguindo um ensino elitista.
-Tornar o mercado de trabalho, mais selvagem, com relações muito mais desfavoráveis para quem trabalha, com contratos orais ou mesmo pagos à peça, contrariando o desejo expresso na manifestação, etc.
Volto a repetir que quem dirige nunca se engana e é por isso que os ricos desta amada pátria, estão mais ricos e os pobres mais pobres. Então, em definitivo, falar de burros, é falar de quem alomba. E quem vai alombar, vão ser os nossos netos, bisnetos, trisnetos, e por ai além, que pagarão com a língua esticada, o enriquecimento imoral de quem de momento, faz parte da lista da “Forbes” e ainda de todos aqueles que por artes, com classe e de “classe”, fogem ao magnânimo contributo para deixarmos de ser o país “à rasca”, ou simplesmente, “rasca”.

1 comentário:

Ana Tapadas disse...

Em que país estamos!
BJS