quarta-feira, 29 de junho de 2011

Vai inseguro e trapaceiro

Augusto Alberto

Da lírica camoniana, lemos sempre com infindável gosto a cantiga de Leonor, que diz: - “descalça vai para a fonte Leonor, pela verdura; vai formosa e não segura…descobre a touca a garganta, cabelos de ouro o trançado, fita de cor de encarnado…tão linda que o mundo espanta! chove nela graça tanta… que dá graça à formosura; vai formosa, e não segura”. Isto é da monumental obra de Camões, Português maior, ainda que para ele a pátria tenha sido azeda. Aliás, é atavismo, porque para nós também.

Ao arrepio da beleza da lírica de Camões, anda por ai um citado António José Seguro, menino que cresceu sem nunca dar um ai, de fita cor-de-rosa pálido, sobre pétalas já esbranquiçadas, sem graça, inseguro e trapaceiro. Aliás, na linha de anteriores e actuais correligionários de “partido”. Seguro, inseguro comporta-se como os que venderam água chilra em vez de perfume de pétalas de rosa. Ainda assim, por uma vez disse uma verdade, que nos deverá remeter, sem a menor hesitação, para o campo da insegurança. Desconfiemos pois deste inoportuno Seguro, que nos diz que veio para pugnar por um capitalismo com ética. Vejam como nele continua descalça a desgraça, como as desgraças que caíram durante os reinados do socialismo em liberdade, do socialismo de rosto humano, do socialismo democrático, da terceira via, e por fim, desta quarta via, que afinal, eureka, é, até que enfim, a da ética no capitalismo.
Seguro quer ainda fazer a experiência de por as raposas à frente do galinheiro, com a tranca levantada e a porta entreberta, na esperança de que a raposa se contenha e não vá por ali a abocanhar. António José, no seu fatinho de cinta de esbatida rosa, menos branco do que a neve pura, tonto, sem formosura e não seguro, quer em definitivo fazer de nós parvos, pelo que vai sendo tempo, de a estes meninos, que nasceram, cresceram e tem a presunção de continuarem jovens, contudo, sem nunca terem dado um pio, sendo afinal, por isso, já velhos, de os deixar a falar com os seus ecos, porque, afinal, neles não chove graça.
Caminhemos, sim, para a fonte, pela verdura, formosos e seguros, e sem este cinzento “seguro”, que nos aldraba e tenta.

Cartonn de F. Campos

1 comentário:

gina disse...

Independentemente da via que o tal seguro adopte seria bom que não enganásse muita gente porque todas essas vias estão mais que esgotadas,e nós cansados de tanta encenação !