terça-feira, 29 de novembro de 2011

Aos borrados príncipes do liberalismo

Augusto Alberto

Está-vos a crescer a angústia, mas tenham paciência, porque só agora entramos na parte mais apertada da curva. Bem sei que, adiante, a força centrifuga haverá de empurrar para fora e contra o muro e por isso, adivinhando o tombo e o estrondo, José Manuel Fernandes, antigo director do jornal “Público”, hoje, com crónica garantida às sextas-feiras e um dos que matutaram sobre o fim da informação pública e ainda, um dos teóricos dos princípios e da prática liberal, mostra como uma certa franja liberal, teme o embate.
Apagadas as curvas, imaginaram que isto era coisa para se desenhar em linha recta, mas enganaram-se. Agora temem pelo canastro, porque já vêm pedras e coquetailes em fragosas explosões na calçada à portuguesa, a deixar estilhaços em todas as direcções, capazes de partir montras, cegar e dilacerar a carne. Perdido de amores pelos mais vistosos crápulas da sociedade portuguesa, este fariseu, escreveu na sua última crónica semanal, no dia após a greve geral, o seguinte: - “… Não sou dos que acreditam na lenda salazarista do “país dos brandos costumes. Acredito em vez disso na organização e capacidade de controlo do PCP”.
É um pedido de socorro pungente e borrado, ao Partido que ele próprio e muita outra gente, já tinham decretado como extinto. Ao velho e anquilosado partido marxista, caldeado no centralismo democrático, (que corta a raiz ao pensamento). Aqui está, como a camarilha teme, sem contudo, aparentemente, perceber bem porquê. Descansem! Se alguém sabe o que em cada momento é urgente fazer, são os comunistas. É por estas e outras que me fazem rir, os bravos, que depois de tantas patas desilusões, ainda acreditam que é o dr. Mário Soares, essa espécie de ave, puta e esperta, mas desacreditada, quem comanda a luta, seja ela na rua ou em outro qualquer lugar.
Uma greve geral não se decreta no interior de um manifesto, a que só faltou acrescentar o socialismo em liberdade e o socialismo de rosto humano, para o embuste ser completo. Lutas como a de 24 de Novembro e as próximas, comem muito sono e solas dos sapatos e requerem ainda, músculos e pensamento tesos. Aqui está, como isto não é obra de meia dúzia de ilusionistas.

1 comentário:

Anónimo disse...

O Mário Soares comanda ideologicamente a luta, neste momento, e conta com os bravos da esquerda portuguesa: desde o PCP à ala de esquerda do PS, dos sindicatos aos intelectuais.