sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Filisteus

Augusto Alberto

Portugal precisava de se fazer ouvir na UE articuladamente com os outros países do sul ou todos aqueles que , - por estas ou outras palavras, renegociação, reestruturação, alteração de prazos e de juros… - , sem isso, virá aí o charco mais pestilento e asfixiante que imaginar se possa.
…a atitude patriótica que se impunha na reunião do Conselho Europeu de 23 e 24 de Junho é a da apresentação de um pedido formal de renegociação da dívida pública portuguesa. Renegociação a pedido do Estado português e não por imposição dos países credores, …articuladamente com os outros países do sul. Uma renegociação que permita valorizar a produção, elevar os salários, defender os serviços públicos, e pagar a própria dívida, naquilo que é legítimo que seja pago pelo nosso país.
O que há de substantivamente diferente nos dois parágrafos acima? Exactamente nada. Mas dizer, com efeito, que o primeiro se refere ao editorial do jornal “público”, de 27/11/2011 e o segundo, refere-se a uma declaração pública do PCP, após um encontro com o 1º ministro de Portugal, uns dias antes da reunião do Conselho Europeu. Evidentemente que anda muita gente a acordar tarde e a más horas para a realidade, que antes, por delírio e maldade de classe, abjuraram. Tanto assim, que o “público” às posições do PCP, faz o que é comum fazer. Diz nada ou escarnece. Contudo, cá estamos, nós, os embusteiros e filisteus, que de cedência em cedência, vão tomando consciência, a custo, que vamos caminhando para o abismo, sem contudo querem assumir materiais responsabilidades.
Aparentemente vivemos num mundo de análises erráticas. Nada disso. Neste mundo ninguém se engana, a não ser as pessoas que votam e revotam na cáfila instalada. Não nos zanguemos, pois, se um dia os nossos filhos disserem: “de nossos pais, somente herdamos os campos baldios e o alcatrão de Portugal”. O que não é inédito. E nem é inédito os comunistas não desistirem. Com efeito, para provar, aqui deixo o seguinte: acusamos o Primeiro-Ministro e o Governo de conduzirem uma política económica subjugada pela prioridade absoluta da moeda única que se traduz numa política de regressão social, de aumento do desemprego e na eliminação de direitos duramente conquistados pelos trabalhadores ao longo de muitas dezenas de anos. Carlos Carvalhas, 19 de Março de 1997.
E esta? De fome, outros atavismos e demais rábulas, temos muito para contar.

1 comentário:

Anónimo disse...

Sem dúvida que para sairmos disto a única alternativa imediata é a renegociação da dívida. E depois disso voltar`ao combate para reconquistar aquilo que foi perdido nos últimos meses - não será fácil. Não sendo do PCP, lembro as palavras de Carlos Carvalhas no Prós e Contras, na parte em que disse que era necessário renegociar a dívida. Nessa ocasião os senhores doutores catedráticos em economia só não lhe chamaram idiota. Passadas umas semanas já metade do PSD falava na renegociação da dívida e esses doutos de apenas um livro começaram a engolir em seco. Hoje ninguém dúvida que se não se fizer essa renegociação, num espaço de meses iremos regredir décadas porque o empréstimo é agiota e deve estar à queima de ser crime à luz da nossa lei penal. Uma boa consulta para se fazer a um jurista.