sábado, 7 de janeiro de 2012

As pobres festanças da tia Constança

Augusto Alberto


A propósito das primárias no Partido Republicano, há vozes que clamam que estamos perante a direita burra e trambiqueira. Errado! Trambiqueira e perigosa, sim, mas burra, nunca. Avaliar pessoas e os valores que conformam a sociedade americana, é tarefa ciclópica porque os interesses são muito intrincados. Há boa gente que escreveu sobre a sociedade americana e nos ensina que uma má moita nunca está só no meio da floresta. Recomendo, para melhor entendimento, a leitura do notável fresco de Boris Vian, “Império”. Aliás, modelos e estratégias são universais. Tenho amigos que morderam as mãos com a primeira eleição de Cavaco, porque sempre o tiveram como um podão, mas a verdade é que Cavaco foi reeleito e esses meus amigos tiveram também de morder os dedos.
Para nossa sorte, às vezes, nos tutores de imagem, a vaidade é tanta, que permite saber o modo esconso como dirigem a política e o mundo. É o caso de Fernando Lima, o homem que tratou da imagem de Cavaco ao longo do seu primeiro mandato, que discorreu sobre estratégia da informação, e que permite saber como respira, afinal, a direita global…uma informação não domesticada constitui uma ameaça com a qual nem sempre se sabe lidar. Lembrou o antídoto encontrado pela equipa de Reagan, (de quem sempre se disse ser obtuso e desqualificado), para combater os desvios dos médias e manter a agenda politica controlada, fazendo o que chamavam de manipulação pela inundação. Reagan rodeou-se do melhor dos construtores da estratégia liberal, abusou, foi reeleito e deixou mossa, que agradou à elite, e que agora está a ser paga pelo povo que trabalha.
Com efeito, a direita global gira predominantemente em alcateia, como os lobos, ainda que por incapacidade e submissão o elemento mais fraco do grupo, designado genericamente por “alfa”, tenha de esperar desesperadamente pelos despojos do festim. Inclusive, nas festas em Davos e em Cascais, é-lhe indicado que nem à porta espere. A direita não é tola, sim senhor, mas no tempo corrente, a denominada classe média, parece pior do que “alfa”. Já nem sequer chega às sobras, ainda que em tempos de festa natalícia, seja convidada para as pobres festanças da tia Constança.

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