Augusto Alberto
Porque foi o padre de Roma a Cuba e não ao Haiti, para ver com compaixão a fome e o delírio? Porque não tem hotel onde repousar? Pois que durma em tenda que é objecto que muitos haitianos nem sequer têm. Porque não tem onde comer? Que divida cristãmente, a magra ração com os pobres haitianos.
São Banobaião Anacarota foi de romeiro a Santiago, apoiado num bordão, e comeu aquilo que a natureza lhe foi chegando pelo caminho. Pusilânime, está comprometido com a gataria que para ai mia e o aplaude quando dá uso à patranha e recusa por opção política admitir os avanços que a ilha pobre vai fazendo, mesmo contra embargo, ventos e marés. Nenhum outro país da América Latina e das Caraíbas baixou tanto as diferenças sociais, avaliado segundo o índice de Gini, com que os vários institutos da ONU medem a desigualdade na distribuição da renda. Este papa, e esta religião recusam afastar o diabo do pão e não perdoa a quem fez ponto final na exclusão, obscurantismo e medo, o modus vivendi com que as religiões apascentam e mantêm servil o rebanho.
Dizer que este padre é um sonso, é perigoso, porque sabe sempre muito bem ao que vai. Aliás, de que direitos, de que encarcerados, discriminados e perseguidos falou o papa na sua homilia em Santiago? Dos direitos de milhares de jovens encarcerados, sobre custódia da sua igreja, que por estarem especialmente vulneráveis, foram vilipendiados? Das vidas encarceradas de militantes pela dignidade, no que resta de opressão nas Honduras ou Colômbia, por exemplo? Ou dos direitos, indiscutíveis e muito universais, dos que utilizam com regularidade o intrincado sistema financeiro do Vaticano para lavagem de fabulosas quantidades de dinheiro, que muitas vezes serve para alimentar putchs contra os povos?
Morda a língua e baixe a opulência, o padre, e logo conversaremos. Porque por agora, o que tem feito é, renovadamente, abençoar pedófilos, escroques e agiotas.
1 comentário:
Em cheio!
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