terça-feira, 29 de maio de 2012

Havana vai calma…


Augusto Alberto

É uma praça grande, numa cidade grande, Montreal, de um país grande. E muitos foram os estudantes que ocuparam a praça, na sequência de greve às aulas, na sequência, também, do aumento das propinas, que é solução única no catálogo das medidas do capitalismo. Ocupada a praça, uma e outras vezes, a assembleia legislativa do Québec, aprovou legitima lei, que criminaliza um ajuntamento com mais de 50 pessoas. Como me lembro bem.
Apesar de tudo, a ditadura no Quebec é um pouco mais prosaica do que a ditadura de Salazar, Caetano e demais amigos, (alguns andam por ai). Então, um ajuntamento acima de três era uma manifestação ilegal. Mas, se lei é lei, e se os que foram à praça foram mais de 50 e a puseram em reboliço, então que se mande as forças da ordem colocar regra no arraial. Foi isso que fez “ Castro”. A polícia e a tropa a mando da perigosa “ditadura cubana”, irromperam pela praça de todas as liberdades. A estudantada foi rechaçada a coice de cavalo, cacete e tiros de balas de borracha. 300 manifestantes foram levados às ramonas, muitas, para identificação na esquadra. E cerca de 20 foram ao hospital, com equimoses e ossos doridos. “Democrática” cambulhada.
O que eu quero dizer, é que a “democracia” que a gente conhece, é uma espécie de elástico, que o poder eleito estica até onde quer. Pelos vistos, o elástico naquela grande praça de Havana, capital da ufana e rica província do Québec, só pode ser esticado até à fronteira. Se o elástico passa para dentro, então é preciso que avance as forças da ordem “democrática”, a mando da viril e respeitável elite do Québec, que é igual a toda a elite “democrática” do mundo.
Desta vez, a “democracia” passou a salvo. È bom que se não saiba que na rica província do Québec, o poder “legitimamente” eleito, também passa por baixo os dentes e o porrete.
Pelos vistos, Havana vai calma, e por isso, não fazem falta os enviados especiais, com indicações para recolher sons e imagens, e a Montreal, um poucochinho acima, apesar de está a arder, de todo o modo, também não.
Em cada jornal ou TV, há um lápis azul pronto a riscar. Atávicos vícios, soezes virtudes.

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