Augusto Alberto
É uma praça grande, numa cidade grande, Montreal, de um país
grande. E muitos foram os estudantes que ocuparam a praça, na sequência de
greve às aulas, na sequência, também, do aumento das propinas, que é solução
única no catálogo das medidas do capitalismo. Ocupada a praça, uma e outras
vezes, a assembleia legislativa do Québec, aprovou legitima lei, que
criminaliza um ajuntamento com mais de 50 pessoas. Como me lembro bem.
Apesar de tudo, a ditadura no Quebec é um pouco mais
prosaica do que a ditadura de Salazar, Caetano e demais amigos, (alguns andam
por ai). Então, um ajuntamento acima de três era uma manifestação ilegal. Mas,
se lei é lei, e se os que foram à praça foram mais de 50 e a puseram em
reboliço, então que se mande as forças da ordem colocar regra no arraial. Foi
isso que fez “ Castro”. A polícia e a tropa a mando da perigosa “ditadura cubana”,
irromperam pela praça de todas as liberdades. A estudantada foi rechaçada a
coice de cavalo, cacete e tiros de balas de borracha. 300 manifestantes foram
levados às ramonas, muitas, para identificação na esquadra. E cerca de 20 foram
ao hospital, com equimoses e ossos doridos. “Democrática” cambulhada.
O que eu quero dizer, é que a “democracia” que a gente
conhece, é uma espécie de elástico, que o poder eleito estica até onde quer.
Pelos vistos, o elástico naquela grande praça de Havana, capital da ufana e
rica província do Québec, só pode ser esticado até à fronteira. Se o elástico
passa para dentro, então é preciso que avance as forças da ordem “democrática”,
a mando da viril e respeitável elite do Québec, que é igual a toda a elite
“democrática” do mundo.
Desta vez, a “democracia” passou a salvo. È bom que se não
saiba que na rica província do Québec, o poder “legitimamente” eleito, também
passa por baixo os dentes e o porrete.
Pelos vistos, Havana vai calma, e por isso, não fazem falta
os enviados especiais, com indicações para recolher sons e imagens, e a
Montreal, um poucochinho acima, apesar de está a arder, de todo o modo, também
não.
Em cada jornal ou TV, há um lápis azul pronto a riscar.
Atávicos vícios, soezes virtudes.
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