sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O beijo funâmbulo


Augusto Alberto  
      

Em 1206, Francisco, passeando a cavalo pelas campinas de Assis, viu um leproso, que sempre lhe parecera um ser horripilante, repugnante à vista e ao olfacto, cuja presença sempre lhe havia causado invencível nojo. Contudo, movido por uma força superior, apeou-se do cavalo e colocando naquelas mãos sangrentas o seu dinheiro, aplicou ao leproso um beijo de amizade e disse: - o que antes me era amargo mudou-se então em doçura da alma e do corpo.
Entretanto o autóctone Francisco de Assis, actual deputado e ex-líder parlamentar do Partido Socialista, correntemente, aplicou, doce, o seguinte beijo: “O Governo já não dispõe de condições para promover o consenso. É preciso um compromisso histórico entre a esquerda democrática e o centro-direita”.
E na primeira página do jornal público de 7/11/2012, o “camarada” de Assis, José Seguro, correntemente, adiantou mais outro doce beijo: “se for eleito 1º ministro, proponho-me renegociar a divida, prazos e juros mais favoráveis”.
E o PCP apresentou na Assembleia da República o projecto de resolução nº 456/XII/2º, de 19 Setembro de 2012, que propõe renegociar a divida pública, pela defesa e reforço da produção e do investimento que assegurem o crescimento da economia que combata o desemprego. E entretanto na reunião plenária nº6 de 28/9/2012 – resultou a seguinte votação da deliberação. Votos a favor: PCP/BE/PEV. Votos contra: - PSD/PS/CDS/PP. Rejeitado. Ou seja, o Partido Socialista cumpriu em pleno, o axioma do autóctone deputado da nação, Assis. Sem demora, o Partido Socialista, com um horripilante beijo, mandou dar ênfase à mentira e à inépcia e coloca a nu a sua gangrena ideológica, a que soma outra qualidade, a de troca-tintas. Temos pois um Partido Socialista em condições de ser apanhado na mentira, mais rapidamente do que qualquer aldrabão, mesmo com lábia curta.
Já sabemos que há um mundo onde tem vingado a mentira, a que os socialistas portugueses gostam de se associar, de que os comunistas nada têm a apresentar. Pois agora chegou a hora de responsabilizar quem tem cavalgado nessa mentira e dela tem tirado reais dividendos políticos, ao mesmo tempo que coloca a Nação contra o muro e com o bico da espada já a dilacerar.
Por isso, se não quereis, Povo, que a espada que retalha, vos deixe o corpo em carne viva e carregado de escaras, à semelhança do leproso da história da cidade de Assis, recusai ser “beijado” pelos nativos deputados, Assis e Seguro. Deles, só podereis esperar embuste e beijos purulentos. Já sabemos do nojo do PPD/PSD e do CDS/PP, penso eu, mas do funâmbulo Partido Socialista, não duvideis, ainda muito haverá para ver sobre o seu nojo ideológico e programático.

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