Augusto Alberto
Pátria… Pátria… Pátria amada!
Foram palavras embebidas em lágrimas de dúvida, de uma mulher venezuelana. Eu
bem entendo, porque uma revolução politica e social, nunca foi, nem é, obra de
um único homem, mas o resultado de milhares de vontades, ainda que não
prescinda de um líder competente e mobilizador. Por isso, andou bem o Partido
Comunista Venezuelano, que recusou diluir-se no movimento socialista bolivariano,
num momento raro de aspereza, mantendo a sua identidade funcional e ideológica.
De qualquer modo, Chávez foi um
empecilho para os apetites imperialistas e desde logo, para a oligarquia venezuelana,
habituada desde sempre a pôr e a dispor dos recursos naturais da nação e do
próprio povo, tido como mula de carga. Com Chávez, muitas gargantas
entumeceram. Desse desconforto e confronto, deu nota a velha “vaca sagrada” da
vozearia e análise, especialista em assuntos internacionais, Teresinha de
Sousa. Chamada a comentar a morte de Chávez, acabou num requebro já muito
visto: - veremos agora o que dirão e
farão os Estados Unidos. Porquê, Teresa, esta obsessão em considerar que os
Estados Unidos têm de ser escutados a propósito de tudo? Ganham alento,
entretanto, as almas ressabiadas, na referência ao modo como o petróleo
venezuelano tem sido usado, (até Durão Barroso reconhece que a Venezuela se
destacou pelo seu desenvolvimento social), para fazer baixar a taxa de pobreza,
como gritou o editorial de um diário de referência. Ora se a sovinice e a
hipocrisia matassem, já tinham ido os patetas, pela simples razão, de que o
petróleo venezuelano, não é assunto de agora, mas de muito antes de Chávez. A
diferença está no facto de que antes, o petróleo era assunto exclusivo da
oligarquia e com Chávez, passou a assunto de todos. Aliás, é pertinente afirmar
que as “liberdades” estão bem, se nunca desafiarem a lógica capitalista da
distribuição da riqueza gerada pelo petróleo. Por isso, quando em 1989, em
plena “democracia” de Andrés Pérez, amigo socialista de Mário Soares, milhares
de patriotas venezuelanos puseram em causa o abuso na distribuição da riqueza,
foram liquidados, (cerca de 3.500), pelo golpe torcionário, que ficou conhecido
pelo “Caracazo”.
Desse modo, Chávez, Humala,
Mujica, Corrêa, Ortega e Morales, colocaram na América Latina uma séria
diferença, desde a revolução cubana, entre a esquerda e a direita. A primeira,
joga o jogo “democrático”, enquanto a segunda, quando pressente que o prato
tomba para o seu lado, comporta-se, ainda e sempre, torcionária e fascista.
Ainda não há muito tempo, o Paraguai e as Honduras foram claríssimos exemplos.
Sem comentários:
Enviar um comentário