sábado, 1 de dezembro de 2012

A crisálida


Augusto Alberto

Há quem manifeste que o sindicalismo está moribundo, porque, diz, 80% dos portugueses nunca fizeram greve. Como delegado sindical, confirmo, sim senhor, que muitos trabalhadores nunca fizeram greve, sem embargo de nunca recusarem, por proverbial oportunismo burguês, o que de bom se adquiriu. Contudo, Henrique, o director do hebdomanário “El mercúrio”, escamoteia o resto, que diz que 80% dos portugueses nunca fizeram greve, em referência aos últimos 5 anos. Henrique, é um dos que vai levando a água ao seu moinho, após roubado o cântaro cheio dos pobres.
Sabendo quanto difícil é centrar a discussão, aproveito, sem embargo, para a elevar. Se esses portugueses que nunca assumiram o mais recatado acto de cidadania, se se tivessem preocupado em tomar por inteiro o seu lugar, evitariam a sua derrota e que o “jota”, deputado Popular, João Almeida, se desse à sonsice, de dar por menos bom, aquilo que acha ser muito mau: “este orçamento… constitui uma opção errada e um problema acrescido”. E também teriam percebido que José Seguro é um ninfeta e um zero à esquerda. Solicitado a contribuir para a fiscalização do orçamento, disse: toda a gente sabe que me oponho a este orçamento, mas quanto ao propósito..”. Ou seja, a beldade espera driblar a crisálida. Que o orçamento saia do casulo (parlamento), e passe a infame lei da República, sem ter de borrar as mãos.
E se porventura, cidadão, flainando e bocejando, teve o cuidado de votar nesta corja, ou se se deu simplesmente ao abstencionismo, como meio de aceder às burguesas férias e à aquisição de bens de fazer cair o queixo e sem dar por isso, caiu na barca da miséria, sendo obrigado a trocar as proteínas do bife da vazia pelos hidratos de carbono das papinhas de nestum, não esqueça, que por mérito próprio, vai ter de voltar para o bolo-rei, ao “chitole” da tia Isabelinha. Mas não se entristeça. Outros burguesinhos se juntarão, que na barca há sempre espaço, por ainda acreditarem nos trejeitos ilusionistas da corja.
E no futuro, se não tiver como pagar as propinas do ensino secundário, “universal”, do seu amado filho ou neto, lembre sempre da velha “boutade”. Quem é analfabeto e bruto vai para pedreiro. Por isso, alguma coisinha se arranjará para o seu menino.

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