sexta-feira, 28 de junho de 2013

Foi a corja quem o esculpiu

Augusto Alberto   

 José Seguro visitou uma empresa em Torres Vedras especializada em enchidos, que ardeu, mas súbito recuperou. Dizem os mais de 600 trabalhadores que as relações laborais e sociais são boas. E por isso, imagino, os trabalhadores barram com mel o café e o pão da manhã. Seguro folgou em saber que parte da produção é para exportar e sentiu também um impulso à exportação das suas ideias. Mas quando lhe colocam um microfone em frente, retrai-se e, em surdina, pergunta-se, e nós também. Quais?
Todavia, é importante lembrar que quando um dia perguntaram a Eça como é conhecido na Europa, Portugal? Respondeu: Pela laranja! Anos mais tarde, pelos andrajosos do “bidonville”.
E adiante, pelas conservas e pelos vinhos. E agora, por alguma ciência, mas também, e aqui parece que Seguro anda distraído, pela emigração, que mantem ainda alguma mala de cartão, mas sobretudo, pela qualificada. Desse modo, as azémolas não devem ter dado cavaco à notícia que diz que no distrito de Viana do Castelo emigraram, no último ano, 130 alunos do 1º ciclo. Multipliquemos uma criança por 4 pessoas, são mais de 500 pessoas que partiram, num contributo muito sério para a desertificação e maior penúria demográfica. Coloquemos, então, aos bois os verdadeiros nomes, porque a hipocrisia atingiu o zénite, com a recente greve dos professores, acossados e denegridos pelo poder, e pelos melífluos comentadores que o serve, e ainda, por alguns lacraus do PS.. Mesmo que poucos professores andem pelas escolas a encanar a perna à rã, nada altera. Sério, será que esclareçam o que lhes parece a notícia citada. Se calhar, olham-na como raposa olha para vinha vindimada, e por isso, dizem nada.

E como é necessário rechaçar a hipocrisia, urge perguntar: Neste tempo que é de férias, quantas crianças não fazem uma refeição completa, porque os pais não ganham para a vianda e porque as cantinas escolares, que os amparam, estão fechadas? Nesta substância, é que políticos e comentadores alinhados na prosápia, (e o Assis do P.S., espécie de lacrau voyager, que ataca preferencialmente pela madrugada), deveriam assentar. Não fosse a escola, a primeira a chegar o prato quente aos pequenos estômagos vazios, a tragédia ficava imparável, porque a fome infantil e juvenil, é fenómeno que a corja, no seu conforto, diz nada. É certo que não estamos em África, mas quando em sossegada viagem o cidadão vir pela rua de um povoado, um pequeno estômago já ovalizado, devido aos efeitos cruéis da fome, saiba que foi a corja quem o esculpiu.

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