terça-feira, 18 de junho de 2013

Tente, tente! O pior é se não consegue

Augusto Alberto

 No país do pé rapado há muito boa gente a casar com a opacidade e a contra luz. E tem ainda o condão de valorizar outros aspectos da personalidade, que durante os anos de acesso a alguns gadgets, estiveram em hibernação. A inveja! É feroz a prática que cavalga a divisão entre sector público e o privado. Com sucesso, diga-se, porque a inveja se lhe cola.
Primeiro foi José Sócrates, com vista à reinação. E o actual governo PPD/CDS, também. Todavia, é uma infelicidade que muitos autóctones não percebam que o que ao poder interessa, é fazer baixar, por grosso, a qualidade de vida do povo, quer seja do público ou do privado, em linha com o ajuste de contas, votado democraticamente, não esqueçamos.
foto: alex campos
Em segundo lugar, é urgente lembrar uma outra característica arreigada nos gentios. O oportunismo! O oportunismo e a delação, com que se cuida ser possível passar entre os pingos da chuva, sem molhar a fatiota. Mais ou menos assim: “cuidado chefe, com os nomes que vai colocar na lista para enviar para o director, com vista ao despedimento ou à mobilidade. Olhe que eu nunca fiz uma greve, nem nunca participei numa manifestação. Aquele ali ao lado, aquele que ali vê, é que não falha uma greve ou manifestação”.
Esta foi a sensação com que fiquei, há dias, quando estive na pequeníssima concentração, juntamente com um punhado de trabalhadores dos CCT, a favor do serviço público. Enquanto lá dentro, a estação funcionou com a toda a normalidade.
Não errarei se disser que reflectir sobre o que sucedeu com os trabalhadores das estações públicas de TV e rádio, na Grécia, é oportuno. Alguns gregos cuidaram que estando em posição de conforto evitavam o sopapo. Infelizmente, bastou um instante para que tivesse chegado um formidável piparote, que tudo levou de charola. Aliás, estas experiências canalhas, tendo sucesso, pelo menos uma vez, rapidamente fazem o seu percurso universal.
Por isso, não admira que sejam aplicadas medidas correlativas ao nosso mundo do trabalho, seja a trabalhadores honrados ou oportunistas, do ensino, dos CTT, da rádio ou da TV e etc. Jaime Fernandes, provedor da RTP, afirmou, sem rodeios, que em Portugal se pensou numa solução ainda mais drástica.
É de ciência feita, que alguns oportunistas passarão, sem dúvida, entre os pingos da chuva. Contudo, fica por saber quem tenta, mas não consegue.

Quem sabe se o azarado não é o cidadão, que nunca gastou um segundo numa greve um minuto numa manifestação? Pode acontecer!  

Sem comentários: