quinta-feira, 27 de março de 2014

“A ponte”

Augusto Alberto

Cisma que é o vizinho para quem todos os outros olham, porque tem na garagem, protegidos da intempérie e dos gatunos, os dois BMW da família. E toma ares de pavão em tempo de cio, porque cisma, também, que tê-los, é absolutamente chiquíssimo. E para completa felicidade, até o seu rico menino, chegou à faculdade e obteve licenciatura e mestrado. Mas, de repente, a sólida convicção de que o capitalismo representa a fase social superior, (à cabeceira tem as obras dos mestres de Chicago e até, surpreendentemente, foi ler umas coisas sobre o thatcherismo e a repressão nas minas de carvão no Yorkshire, nos idos anos de 1983,1984, ainda que pouco tenha aprendido), ficou ligeira e surpreendentemente abalada, porque o seu menino, mestre na área da engenharia alimentar, foi muito maltratado pela “Danone”, produtora de iogurtes sólidos e líquidos, ao ponto de a “Danone” ter de informar sua excelência o público em geral, que é prática corrente retribuir os estágios profissionais, com caixas de iogurtes, em vez do dinheiro com que se compra o pão e o melão.
Mas como não há bem que sempre dure, advirto-o, que um dia, inopinadamente, pode ser tomado pelo mesmo paradoxo que tomou a senhora que há poucos dias tentou o suicídio na ponte 25 de Abril, dilacerada e empurrada pelas mãos criminosas que cinzelam as politicas do sistema usuário, que tem no topo os banqueiros, magistralmente caracterizados pelo grande poeta russo, Maiakovsi. “Sozinho não posso carregar um piano e menos ainda um cofre-forte…Os banqueiros dizem com razão, quando nos faltam bolsos, nós que somos muitíssimo ricos, guardamos o dinheiro no banco”. “Todavia, para evitar a batota e para melhor perceber a eloquência de Maiakovsi, informo, que para além de poeta, foi bolchevique.

E voltando à senhora, convêm dizer que, se fosse mal sucedida, teria sido uma dupla tragédia. Porque a ideia de fazer o suicídio, saltando da ponte 25 Abril para o Tejo, onde garimpam pobres gaibéus, marnoteiros e marinheiros, depois de anos a fio a votar nos partidos “democráticos”, que contrariam, (vejam só…), o 25 de Abril, era uma palermice. Nunca subestime, pois, os seus inimigos de classe. Rechace-os, tanto no voto, como em cima da ponte. Porque uma ponte… é um lugar muito pateta para se ligar à morte.

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