quinta-feira, 9 de julho de 2009

Juizinho

Augusto Alberto


Está prestes nova mancha a cobrir a pátria, porque Maria João Pires, está quase com o piano e as bagagens no Brasil. E tudo, segundo a pianista, a propósito de um esforço, mal percebido, à volta de um projecto social e cultural. Antes do mais, suspeito, sei como estas coisas custam o coiro aos que lá vivem. Só a esforço e pulso as poucas coisas acontecem.
Dando de barato, por ventura, alguma errância por parte da pianista, é de sublinhar o esforço social e cultural, numa terra onde pouco há. E aqui, pelo que tenho lido e ouvido, não se livra de ter as orelhas bem quentes e rosadas, porque muitos, incluindo algumas figuras do topo da nossa opinião publicada, acham que já basta o dinheiro público ali investido. Não sabemos quanto, contudo, o importante é perceber que recursos investidos nas áreas sociais e na cultura, neste país, nunca são demais. De qualquer modo, por precaução, o melhor é não falar do que não sabemos.
De todo o modo, também acho que Maria João Pires, deveria parar para pensar um pouco e reflectir, porque de um momento para o outro, poderá arrepender-se da mudança, porque ela deverá saber que o Brasil, se tem muitas belas praias, tem contudo, mais bananas. Por outro lado, se por aqui nascemos e com esta língua nos entendemos, será então preferível por cá batermos os pés, ainda que só alguns passinhos possamos adiantar de cada vez. Nesta matéria, é justo dizer que muitos, que durante anos consideraram que aqueles que se manifestavam e faziam greves, eram uns comunistas madraços, tiveram, por sua vez, de por os pés ao caminho e descer a avenida, e por mais do que uma vez. Falo aqui, como exemplo acabado, dos professores do ensino básico e secundário e de momento dos professores do ensino politécnico, por hora, em greve aos exames, por um período de uma semana. Não havia mal que lhes chegasse…Pois não. Que o emprego para toda a vida, por exemplo, era uma vaidade utópica, porque o mundo tinha entretanto mudado e isso foi coisa de estado socialista. A questão é que afinal, o pior do mundo ainda aí está e lhes caiu em cima, e agora… Agora, apesar de pequenos passos, continuam erráticos, sem perceberem que socialmente, o oportunismo tem um preço. Que enganos!

Mas voltando a Maria João Pires, podemos muitos achar que o dinheiro investido em Belgais, já chega. Será? Mas não creio que esses mesmos, tenham achado que todo o dinheiro investido em estádios de futebol, tenha sido demais. As consequências desse investimento ai estão, com autarquias e alguns clubes pendurados do nó das dívidas verdadeiramente assustadoras. É esta ambivalência que nos vai fazendo como Povo. Sem grandes exigências e sempre dados, preferencialmente, aos muitos arraiais.
Aliás, quero aqui lembrar aos figueirenses que possam também enfileirar nas criticas a Maria João Pires, que se lembrem de que votaram num homem, Pedro Santana Lopes, que dentro do pára-quedas que cá o trouxe, trazia como único projecto para a cidade, a construção de um estádio de futebol para 30 mil lugares, na esperança de colocar a cidade como sede do Europeu. Está escrito… Olha se tem pegado, a palermice que teria sido, abalizada com o voto de quem hoje desanca na pianista. Juizinho…

1 comentário:

Fernando Samuel disse...

Bom post.

Um abraço.