sábado, 17 de abril de 2010

O Marcelo do bloco



Ontem, depois da inauguração, no CAE, da interessante exposição “E antes do 25 de Abril, como era?”, da autoria do Tubo de Ensaio, seguiu-se a projecção do filme de Rui Simões “Deus, Pátria e Autoridade”.
Não conhecia o filme mas fiquei elucidado com a situação actual do país com uma declaração de Marcelo Caetano num discurso. Dizia o senhor que não é de direita nem de esquerda. Portanto o homem é do centro. Ou seja, do bloco central. E Portugal não tem sido governado desde então por outra coisa que não o bloco central.
E a situação, à excepção da descolonização e de um terço do segundo “D”, está praticamente igual.
Vejamos, seguindo o percurso dos 3 “D’s:”
Descolonização: foi feita sim senhor. Embora com um atraso de 15 anos.
Democratização: pode-se considerar que há democracia política, com a legalização do PCP. Será discutível, mas pronto. E como Caetano era do centro, neste país não deve haver direita.
O PSD diz que é do centro, embora já tivesse proposto a interrupção da democracia e o PS gosta de dizer que é de esquerda, mas deve ser só para tentar diferenciar-se do PSD. Ou então existe uma esquerda estranha que me é desconhecida, e digo isto porque já li vários extractos do Código de Trabalho e sei o que vem aí com o PEC, entre outras coisas.
A democracia económica não existe. O poder económico está exactamente nas mãos dos mesmos, como é fácil ver. A social não a vejo, agora até bens públicos, ou que deveriam ser públicos, como a água ou a saúde, servem para alguns enriquecerem.
Desenvolvimento: aqui estamos conversados. O das classes que detinham o poder antes do 25 de Abril. Da banca, dos sucateiros, alguns merceeiros, dos boys…
E as autoridades “democráticas” já nem vergonha têm. Acabam de eleger como herói do povo português um reles criminoso, um militar fascista que pelos vistos enquanto militar era incompetente. Foi o mandante do assassínio de Amílcar Cabral, um humanista, já depois de ter perdido a guerra. Um militar que se preze nunca comete, penso eu, actos em desespero de causa.

1 comentário:

Fernando Samuel disse...

De facto, as semelhanças dos dias de hoje com os do tempo do Marcelo são cada vez mais e maiores só que hoje tudo é feito «em liberdade»...

Um abraço.