quinta-feira, 6 de maio de 2010

Do rapaz do capachinho e daqueles que não cedem

Augusto Alberto

Passei o 1º de Maio em Itália, por força da minha actividade desportiva. Cheguei no dia 28 de Abril e após o jantar, sentadinho, acabei por ver o jogo de resistência do Inter perante um desassombrado Barcelona, a quem os santos e anjos, desta vez, viraram as costas. Estas coisas são assim mesmo e por isso é que só contam as que entram e o resto é desespero e lágrimas dos vencidos e ufanas para os vencedores. Continuei atento nos dias seguintes e por estranho que pareça, em Itália, onde a paixão pelo futebol às vezes é tola, pareceu-me que esse mesmo futebol parou para descanso. Ele voltou, claro está, mas a Itália para além do futebol percebe que tem mais coisas com que se preocupar. E, por isso, a tv mostrou desde um ministro ladrão que recusa demitir-se às consequências negras da maré do petróleo nas costas americanas, ao suplicio dos gregos, com larga informação, do desemprego assustador no reino de Espanha, que se acalmem os rapazes da monarquia, porque uma monarquia também pode ser uma paródia, dos efeitos por simpatia em Portugal, lembrando ainda, por exemplo, a Irlanda e Islândia, da guerra entre o fascista do Fini, aliado dessa figura bufa, Berlusconi, que parece que usa na cabeça uma espécie de capachinho muito ajustado e nas “fuças” um creme de base que lhe tapa as rugas com que tenta contrariar as marcas do envelhecimento biológico.
Evidentemente que um forasteiro atento acaba por não perceber como é possível que essa espécie de figura de ópera bufa e do absurdo, consiga ser primeiro-ministro, sobretudo quando assiste em directo pela tv a uma monumental festa do trabalho, que juntou em Roma mais de 700 mil pessoas. Dir-se-á que apesar de em Itália o cerco ser grande e de muitos se terem convencido, com elevados custos, que as ideologias estavam acabadas e que o futuro chegaria com os mercados, ainda sobram muitos que acreditam que é com as ideias que se faz o caminho. E foi exactamente por isso, que na paz do quarto, acabei a ouvir canções de amor, trabalho, luta e resistência. E sobretudo uma, que já há muito não ouvia. A belíssima canção dos Partizans. Afinal, o grande capital nunca deixou de ser o que sempre foi, ainda que brandamente, muitos tenham acreditado que bastavam as leis do mercado, para haver abundância. Mas a grande questão é que a locomotiva a que nos atrelaram descarrilou, e por isso a abundância chegou, mas só para os chefes de estação.
Mas em boa verdade, o que eu aqui quero dizer é que esta pátria vive demasiado o futebol. A gente sabe bem porquê. Porque quem hoje manda, foi quem sempre afinal mandou e por isso, no regresso, em voo Tap, lá tive que ouvir o fado lamechas. Após poisar, dei comigo com um televisor, em frente, a transmitir futebol e a seguir, notícias sobre a visita do papa católico. Como nesta minha terra tudo é tão certinho, espero que os muitos pobres e desempregados aguentem com a barriga um pouco mais inchada, mas façam para não desmerecer da visita de sua santidade.

4 comentários:

Anónimo disse...

Sim, realmente não apagou, mas será que vai apagar este comentário que é apens a confirmação de anteriores:

Estadia em Itália;
Voo TAP;
Aturar os fadinhos;


Explique como uma pessoa que se diz representar uma nação e está a "comandar" atletas representativos da nação, se comporta e revela desta forma.

Puro tacho, devería ter vergonha.

Apague se não tiver coragem de aceitar as críticas.

alex campos disse...

Terá de traduzir o que escreve. Não diz nada com substância, cheira a suspeição, dê a cara ou vá-se f----.
OK?
Apagar? Não diz nada de palpável. Só faz figura de urso, ou ursa, melhor dizendo.

Ana Tapadas disse...

Estar em Itália é sempre bom, mas o primeiro ministro de Itália é um pavor e está muito bem caracterizado sim senhor!
Excelente crónica.
bj

Olímpio disse...

Estamos todos no mesmo barco,pois somos contra as tiranias dos homens que esmagam os outros homens e gosto deste blogue,mas agradeço uma palavrinha sobre o peditório para a Mariana.Eu sei que devia ser o estado,eu sei,mas estes merdas comem tudo e não deixam nada para estes casos desesperados de uma criança que sofre.Pela justiça e pela dignidade humana seja preto ou branco,da esquerda ou da direita ,são pessoas,que só serão vencidas pela solidariedade e eu peço-vos que o façam em nome de uma criança.