Augusto Alberto
Hoje, ao correr de novo pela praia, rente à rebentação, percebi, outra vez, como o mar é imprevisível. Umas vezes chega-se a terra e desfaz aquilo que o homem constrói, outras, cria pequenos espaços desconcertantes. É o caso da pequena restinga criada mesmo em frente da chaminé da antiga fábrica de cimento, no coração da avenida oceânica.
Hoje, ao correr de novo pela praia, rente à rebentação, percebi, outra vez, como o mar é imprevisível. Umas vezes chega-se a terra e desfaz aquilo que o homem constrói, outras, cria pequenos espaços desconcertantes. É o caso da pequena restinga criada mesmo em frente da chaminé da antiga fábrica de cimento, no coração da avenida oceânica.
Pelo contrário, muitos homens, mesmo muitos, são levianamente previsíveis. Sobretudo quando votam em liberdade, contra os próprios.
Tomemos o caso de Cavaco. Pouco falta para chegar a anacoreta mártir. Quero dizer, falido. Tendo eu um coração de manteiga e por isso, sempre disponível para ouvir as boas razões, direi que Cavaco é capaz de ter razão, porque o estado de astenia é relativo. Por falta de chá, parece que muitos portugueses têm coração granítico, que não ajuda à boa compreensão.
É certo que quem tem proventos de 300 euros mensais, vai às latas de atum, à massa de cotovelinhos para uma sopinha, a uma barra de sabão, para lavar as feridas, a essa espécie de quase movimento nacional (feminino) contra a fome. E que se aguente. Mas Cavaco que tem rendimento de mais de 10.000 mil euros mensais, terá muitas despesas que os rendimentos não cobrem. Tem de amortizar, pela certa, a quinta da coelha. Empréstimo caro a juros altos. De pagar ao feitor, ao jardineiro, à cozinheira e camareira. Cavaco, vemo-lo como um tipo sisudo, espetado e magro, mas que nunca diz não a umas gordurazitas, mesmo que escorram pelo balcão do BPN. Por isso, é nossa obrigação entendê-lo.
E depois, outros portugueses também têm sido muito previsíveis quando votam em socialistas do faz de conta, que atabalhoadamente ensaiam a rábula do cornudo ofendido pelas facadas da patroa e logo reúnem assinaturas para a fiscalização sucessiva (da patroa), o orçamento, que deixaram passar, sabendo que há fodas que são causas perdidas.
Eu que vivo junto ao mar, gosto mais dos imprevistos do oceano do que a previsibilidade dos homens. Não entendi as pessoas que em Guimarães açularam Cavaco. Alguns após terem votado nele. Mas já entendo os que o aplaudiram, em linha com o seu voto. Estes gostam de ser burros de carga e têm da vida, sempre presente, o bom entendimento da relatividade. Então, carrega Cavaco, mesmo que seja em modo de insulto. Para anacoreta, é obra.
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