Anónimo disse...
É vital para a lucidez própria, compreender que cada história é datada e tem contexto e, assim, deve ser visitada. Viver dela, esquecendo o tempo que passa, é pateticamente insensato.Não o descernir, faz com que a mente se enrede no novelo fatal dos limos velhos. É esse o caminho dos náufragos da História.
15/4/08 19:37É vital para a lucidez própria, compreender que cada história é datada e tem contexto e, assim, deve ser visitada. Viver dela, esquecendo o tempo que passa, é pateticamente insensato.Não o descernir, faz com que a mente se enrede no novelo fatal dos limos velhos. É esse o caminho dos náufragos da História.
Resolvi evocar o 25 de Abril, ou seja, o espírito que ele encerra, porque no estado em que isto está não haverá muitos motivos para celebrações, com uma homenagem ao José Martins, na forma de recordar textos seus.
Os que tenho escolhido têm a ver, directa ou indirectamente, com a data, com o que ela significa, as preocupações sociais, a solidariedade, a esperança que renasceu com o acontecimento.
O primeiro texto é uma recordação pessoal do Zé, em que ele e a sua família foram vítimas da actuação dos pidescos, possíveis correligionários de quem agora se incomoda e quer branquear ou esquecer a História. O segundo texto não estava nas minhas cogitações mostrá-lo, não fora a actualidade e a oportunidade o terem imposto, veio mesmo a talhe de foice.
O terceiro, sobre os velhos. Na altura ainda a Figueira não me tinha adoptado, ainda eu não conhecia o Zé. O Agostinho poderá recordar as circunstâncias e confirmar se a minha imaginação acerca estará muito longe, ou não, da realidade. É assim: o Zé viu algures a foto e lembrou-se ou teve um flash ou uma inspiração ou o que quer que seja que o terá levado a glosá-la. Fez uma ternurenta homenagem à terceira idade. É poético. É eterno.
Vem esta relambória toda só para recordar que os textos do Zé até agora publicados são actuais e bem poderiam ter sido escritos agora.
Tive o cuidado de indicar a data exacta da edição em que saíram, não por necessidade premente, pois bastaria dizer que são do Zé e que foram publicados no Barca Nova, jornal local que esteve nas bancas entre 1977 e 1984, e do qual o Zé foi o director.
Ao que parece, entrincheirado no anonimato, alguém ficou incomodado e teve mesmo que vomitar. Seria muito mais decente se se identificasse e assinasse o seu próprio vómito. Isto é, em vez de tentar lavar a História, lave-se a si mesmo.
Sr. Anónimo: se tem comichão, coce aqui. E, olhe, não naufrague.
8 comentários:
A lucidez própria e os náufragos da História
Quem nos antecedeu na luta por um mundo melhor, é detentor de uma história que deve ser preservada e transmitida.
Eles são portadores de uma série de experiências e de situações vividas que fazem parte de um património colectivo que dá pelo nome de cultura cívica e moral, que interessa preservar.
Foi o caso do Zé Martins.
Divulgar este conhecimento, do meu ponto de vista, é de fundamental importância, para a generalidade das pessoas.
Recordar, para quem conviveu e muito aprendeu com o Zé, é sempre gratificante.
A não ser, que o passado seja algo que nos atormente o presente...
Será o caso do anónimo?
Andam por aí muitos saudosistas da longa noite, Alex!
Pode crer, Capitão. são os que o Luís Sepúlveda chama de "intelectuais orgânicos do neo-liberalismo".
"Neo-gaganismo" diria eu que não sepúlvo nada.
O futuro não é um caminho às arrecuas. A erosão do tempo não tem contemplações ante os que ficam sentados à espera que aconteça ou, neste caso, desejosos que volte a acontecer. Finaram-se os amanhãs que cantam no lodo da sua própria realidade...Inevitavelmente!
querem ver que chegamos mesmo ao fim da história... ele há cada palhaço...
Desta vez é o Francis Fukuyama, o verdadeiro. O que queria acabar com a História. Eu portanto. Ok. Imitações baratas, Não! Fui eu que quis acabar com a História. Quis, mas já não sei se consigo. Depois palhaço? Nada disso sou de ascedência nipónica por parte do pai, mas na realidade sou norte americano. Fica feita a emenda.Para que não existam confusões sobre o fim da história, meus caros, pois tal é impossível, nem a marxista, nem todas as outras teorias escatológicas sobre o devir. Se me faço entender. Passem bem.
RIFÃO QUOTIDIANO
Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver
o que acontecia
chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a
é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece
in "Novos Contos do Gin"
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