Mostrar mensagens com a etiqueta Álvaro Cunhal. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Álvaro Cunhal. Mostrar todas as mensagens

domingo, 13 de outubro de 2013

Cunhal caricaturista

A caricatura é, por isso só, um exagero. E como se sabe utiliza a forma humorística. Álvaro Cunhal também a praticou. Como se pode ver nesta caricatura, feita em Peniche, de um colega de presidio. A imaginação do artista fê-lo acrescentar mais um toque extra de humor. A história aqui.





segunda-feira, 8 de abril de 2013

Nos cem anos de Cunhal (III)







Há 31 anos Álvaro Cunhal, secretário-geral do PCP, foi entrevistado na Antena 1 por cinco crianças de onze anos. 30 anos depois, já adultos, regressaram à rádio e recordaram a entrevista e o líder histórico do PCP.
"Álvaro Cunhal - quando éramos meninos" é uma reportagem de Célia de Sousa, e pode ouvir aqui.




quarta-feira, 6 de março de 2013

PCP faz hoje 92 anos

«Devemos sublinhar que as características fundamentais do PCP que constituem a sua identidade e foram adquiridas ao longo da sua existência e da sua luta, não correspondem a princípios, conceitos e práticas intemporais e imodificáveis. Elas têm um conteúdo próprio e diferenciado pois foram caldeadas pelo trabalho colectivo, pelo envolvimento no movimento de massas, pela militância, pelo sentido participativo, a generosidade e a disponibilidade revolucionária dos seus membros. Tais características fundamentais correspondem assim a princípios, conceitos e práticas desenvolvidas e enriquecidas com criatividade pelo próprio Partido. Elas são condição indispensável para que o PCP continue a ter na vida nacional a intervenção de que o povo português necessita e que o PCP está em condições de concretizar porque é e continuará sendo um partido comunista. (...)"

Álvaro Cunhal (extracto da intervenção no XIII Congresso do PCP)

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Nos cem anos de Cunhal (II)



No âmbito das comemorações do centenário do nascimento de Álvaro Cunhal, uma iniciativa do PCP,  foi criado um blogue para divulgar as iniciativas e as realizações do programa central. O blogue, com a duração de um ano, tem a colaboração não só de militantes comunistas mas também de outros democratas.
Aqui fica o endereço http://acunhal.blogspot.pt/.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Nos cem anos de Cunhal



O PCP assinalará, durante 2013, o centenário de Álvaro Cunhal. São muitas as iniciativas que no decorrer deste ano homenagearão aquele que, nas palavras de Jerónimo de Sousa “permanecerá como exemplo maior do combatente abnegado de um Partido cuja história se confunde com a história da luta do povo no último século”.
Através de várias iniciativas, com início no próximo dia 19, será lembrada a dimensão do líder histórico dos comunistas portugueses como homem, como militante comunista, como  intelectual e como artista.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Álvaro Cunhal, 10-11-1913 - 13-06-2005


"Donde nos vem a nós, comunistas portugueses, esta alegria de viver e de lutar? O que nos leva a considerar a actividade partidária como um aspecto central da nossa vida? O que nos leva a consagrar tempo, energias, faculdades, atenção, à actividade do Partido? O que nos leva a defrontar, por motivo das nossas ideias e da nossa luta, todas as dificuldades e perigos, a arrostar perseguições, e, se as condições o impõem, a suportar torturas e condenações e a dar a vida se necessário?
A alegria de viver e de lutar vem-nos da profunda convicção de que é justa, empolgante e invencível a causa por que lutamos.
O nosso ideal, dos comunistas portugueses, é a libertação dos trabalhadores portugueses e do povo português de todas as formas de exploração e opressão.
É a liberdade de pensar, de escrever, de afirmar, de criar.
É o direito à verdade.
É colocar os principais meios de produção, não ao serviço do enriquecimento de alguns poucos para a miséria de muitos mas ao serrviço do nosso povo e da nossa pátria.
É erradicar a fome, a miséria e o desemprego.
É garantir a todos o bem-estar material e o acesso à instrução e à cultura.
É a expansão da ciência, da técnica e da arte.
É assegurar à mulher a efectiva igualdade de direitos e de condição social.
É assegurar à juventude o ensino, a cultura, o trabalho, o desporto, a saúde, a alegria.
É criar uma vida feliz para as crianças e anos tranquilos para os idosos.
É afirmar a independência nacional na defesa intransigente da integridade territorial, da soberania, da segurança e da paz e no direito do povo português a decidir do seu destino.
É a construção em Portugal de uma sociedade socialista correspondendo às particularidades nacionais e aos interesses, às necessidades, às aspirações e à vontade do povo português - uma sociedade de liberdade e de abundância, em que o estado e a política estejam inteiramente ao serviço do bem e da felicidade do ser humano.
Tal sempre foi e continua a ser o horizonte na longa luta do nosso Partido."

Álvaro Cunhal, in "O Partido com paredes de vidro"

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O direito do artista à liberdade

Depois de lermos o que o Álvaro Cunhal escreveu, no seu ensaio "A arte, o artista e a sociedade", poderiamos deduzir que Gil Vicente leu esta obra. Mas não é provável e a dedução seria errada. Esta faceta de Vicente é tão só a exemplificação daquilo que Cunhal expôs. Vejamos o que foi escrito:

"(...) Constitui também um direito à liberdade que um artista parta à descoberta de novos valores formais (da cor, do volume, da musicalidade, da linguagem) com o propósito de os tornar adequados e capazes de levar à sociedade, ao ser humano em geral, uma mensagem de alegria ou de tristeza, de solidariedade ou de protesto, de sofrimento ou de revolta, em qualquer caso, como é de desejar, de optimismo e de confiança no ser humano e no seu futuro. (...).

Agora vejamos uma mostra do trabalho de Gil Vicente:

O artista Fernando Campos, aqui, explica-nos melhor a arte de Mestre Gil, que nos leva ainda a outras "nuances".

domingo, 13 de junho de 2010

Álvaro Cunhal morreu há 5 anos


O PCP dedica durante este mês um ciclo sobre Álvaro Cunhal, intitulado «Uma vida dedicada aos trabalhadores e ao povo, ao ideal e projecto comunistas».
Segundo Francisco Lopes, em entrevista ao jornal “Avante!“é uma forma de projectar para o futuro o exemplo de Álvaro Cunhal e a sua contribuição teórica, de elevadíssima utilidade nos tempos que vivemos”.
No âmbito deste ciclo vão ser assinalados, no dia 22, os 60 anos do julgamento do dirigente histórico dos comunistas, no Tribunal da Boa Hora. Julgamento esse que Álvaro Cunhal transformou num libelo acusatório do regime e num acto de resistência.
Hoje faz 5 anos que morreu o velho resistente.
A importância de Álvaro Cunhal, sendo indubitável, também tem o reverso da medalha, pela negativa. Personalidade excepcionalmente rara também serve para alguém, num oportunismo intelectual, ganhar dinheiro com a sua imagem. Quando, na verdade, é a sua obra que é importante.

sábado, 6 de março de 2010

Nos 89 anos do PCP, uma foto inédita de Álvaro Cunhal


Na Festa do Avante de 1999 António Gomes esqueceu-se da máquina fotográfica. Arranjou, como último e único recurso, uma daquelas descartáveis que saíam na coca-cola. Pela tarde solarenga vê dirigir-se-lhe Álvaro Cunhal, acompanhado de vários camaradas.
Enquanto trocam um “olá camarada” e um aperto de mão, Gomes, um condutor de pesados, tem a máquina na mão esquerda e dispara.
O velho revolucionário sorri. Será sempre um sorriso enigmático. Nunca saberemos o porquê desse sorriso. Se pela situação em si de ser fotogradado naquelas circunstâncias, se uma reacção irónica perante a simbólica máquina. Num caso ou noutro terá sido um sorriso condescendente.
O autor pensa que foi a última Festa em que Cunhal esteve presente. Não estou em condições de o confirmar.

Agora a história da foto. A máquina esteve perdida durante anos. Encontrada durante umas arrumações o autor mandou revelar o rolo. Estavam todas estragadas, à excepção desta, mesmo assim parcialmente, atendendo que foi tirada numa tarde de sol.
Fica-nos, para além dos traços inexoráveis da idade, as marcas de uma vida dedicada a uma luta sem tréguas contra o fascismo, de uma vida clandestina, de anos de prisão.


quarta-feira, 25 de novembro de 2009

25 de Novembro: um testemunho

O rescaldo do 25 de Novembro

"Fascistas, extrema-direita legalizada, PS, PPD e CDS não se conformaram com a saída do golpe de 25 de Novembro.
Logo no dia 26, o PPD num comunicado da Comissão Política, e o PS num comício no Porto, “exigiram” a saída dos comunistas do VI Governo Provisório. O CDS reclamou, não só a saída dos comunistas, como a sua própria entrada.
Continuou e ganhou furiosa intensidade a campanha reclamando medidas repressivas concretas contra as forças revolucionárias, nomeadamente contra o PCP.

Em Janeiro de 1976, é relançado o terrorismo: 64 atentados, dos quais 47 à bomba. Nas forças Armadas instaura-se uma hierarquia tradicional com oficialidade da direita. São postos na prateleira os oficiais de Abril, incluindo aqueles que tinham dado uma contribuição determinante para os dois resultados contraditórios do golpe de 25 de Novembro: por um lado, a abertura do poder político e militar à contra-revolução e, por outro lado, a derrota dos que pretendiam desencadear uma vaga de violenta repressão.
Na ofensiva desestabilizadora teve particular significado a campanha contra o Presidente da República general Costa Gomes, visando a sua demissão.
Costa Gomes desempenhara importante papel no Pronunciamento de Tancos e no afastamento de Vasco Gonçalves. Mas contrariava e recusou a acção e planos das forças mais reaccionárias, e a ilegalização e repressão do PCP. Considerou, como disse tarde, que o PCP representou um papel positivo na saída da crise político-militar no 25 de Novembro.
Expressou-se, na sua linguagem muito própria, dizendo que “no 25 de Novembro houve um partido que, ao contrário do que por aí se consta, teve uma actuação muito sensata: o Partido Comunista Português” (Revista Indy, 27/11/98).
Além disso, a contra-revolução, nomeadamente o PS, não lhe perdoava que, embora iludido acerca das possibilidades reais, tivesse encarado a saída da crise com a formação de um governo PS-PCP. Não lhe perdoavam que, no 25 de Novembro, embora dando cobertura institucional ao golpe militar, tenha contrariado que o resultado fosse uma vitória das forças mais reaccionárias. Não lhe perdoavam a conhecida intenção de assegurar que a Assembleia constituinte finalizasse o seu trabalho aprovando a Constituição.
Como o PCP então alertou,
a ofensiva desestabilizadora das forças contra-revolucionárias nos meses de Dezembro, Janeiro, Fevereiro e Março colocava como de importância determinante a passagem urgente da situação democrática provisória, extremamente instável, incerta e perigosa, para a institucionalização do regime democrático consagrando as conquistas da revolução, ou seja, a importância determinante, na situação existente, da aprovação e promulgação da Constituição da República.
Pela luta do povo, pela acção dos militares contrários à instauração de uma nova ditadura e pela firme actuação do PCP e outros democratas defensores de um regime democrático, esse objectivo foi alcançado.
Até ao último minuto, tentaram provocar a demissão do Presidente da República. Mesmo quando considerara já inevitável, com o “Pacto MFA-Partidos”, que a Assembleia Constituinte iria aprovar a constituição, as forças contra-revolucionárias acalentaram esperanças de que, uma vez a constituição aprovada, e o texto enviado para Belém, ainda Costa Gomes fosse forçado à demissão antes de poder promulgá-la.
Não o conseguiram.
No dia 2 de Abril de 1976, o Presidente da República deslocou-se à Assembleia Constituinte para assistir à votação e aprovação final da constituição e ali mesmo, na Assembleia, a promulgou."

Álvaro Cunhal, in “A verdade e a mentira na Revolução de Abril (a contra-revolução confessa-se)”

sábado, 13 de junho de 2009

Do jornalismo

"Eu não quero ser desagradável, mas creio que as escolas de jornalismo são quase todas viciadas. E viciadas logo à partida sobre o que é o jornalismo e o que não é o jornalismo. E até criando grandes dificuldades a jornalistas que entendem que entre os grandes valores que pode ter o jornalismo se contam o valor da liberdade, da verdade e da justiça."

Álvaro Cunhal, jornal "Expresso", 31 de Maio de 2003

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Cunhal e a realidade portuguesa

Álvaro Cunhal foi um dos políticos que melhor estudou, compreendeu e escreveu sobre  a realidade portuguesa. A leitura e o conhecimento da sua vasta e multifacetada obra em vários domínios, não deixam, ou não deixavam, contradizer a afirmação acima. Poderia parecer mesmo um contra-senso.

Até agora. Pois, descoberta recentíssima, acaba de se saber  que Álvaro Cunhal além de não a conhecer também chegou ao exagero de não a procurar, por esquecimento talvez, no único lugar onde ela está, toda concentrada.

Se quiser saber onde ela se encontra, a realidade portuguesa, basta clicar aqui.

sábado, 27 de setembro de 2008

Quando a história é madrasta… (croniqueta de fim-de-semana)

Terá sido em fins de 1998, ou durante o ano seguinte, a última grande entrevista de Álvaro Cunhal a uma cadeia de televisão. A dado passo, e no seguimento da conversa, Cunhal diz que está a concluir um livro, que sairá para breve. A jornalista pergunta se é outro livro de Manuel Tiago, ao que Cunhal responde que esse só escreve ficção e este livro é sobre questões concretas.
O livro chama-se “A verdade e a mentira na Revolução de Abril” (a contra-revolução confessa-se).
Constitui este livro, inegavelmente, uma ferramenta importante para os historiadores que se queiram debruçar sobre aquela época. Sempre pensei, quando a obra deu à estampa que Cunhal iria ser desmentido, ou contraditado. Não foi, nem uma coisa nem outra. Fazê-lo seria mexer no que não queriam. Então a melhor maneira de passarem despercebidos os protagonistas da história seria silenciar a obra. Por isso não teve qualquer destaque, qualquer repercussão, na imprensa, escrita ou falada.
E não dizia mais do que aquilo que toda a gente sabia. Exceptuando pormenores. Alguns deliciosos. Soares reunia-se, juntamente com Manuel Alegre, o tal que gosta de dizer que é de Esquerda, com Carlucci. Com o patrão. Um assassino encartado. Com uma grande folha de serviços. Era “secretário político” do embaixador dos Estados Unidos quando Lumumba foi assassinado, ajudou Tchombé e Mobotu no Zaire, Lacerda no Brasil, e esteve no Chile, no golpe de 11 de Setembro. Em Zanzibar é que deu nas vistas, tendo sido, por isso, expulso. Esta obra tem uma particularidade. O histórico comunista corrobora as suas afirmações com declarações dos próprios. Muitas delas em entrevistas, a ufanarem-se como agentes da História. Não dá margem à mentira ou à especulação.
Agora que alguns documentos da CIA foram desclassificados o tema tem agora destaque na imprensa. E ganha actualidade. E para alguns, incrédulos, até ganha mais credibilidade.
Transcrevo de seguida uma passagem dessa obra de Álvaro Cunhal:
Em relação ao 25 de Novembro, revelaram-se muitas verdades nas confissões feitas pelos protagonistas vinte anos mais tarde.
No dia do golpe, antes de partir para o Porto, Mário Soares, como atrás referimos, teve um encontro com o Ministro da Grã-Bretanha onde este lhe prometeu apoio, por intermédio do Intelligence Service.
Pode perguntar-se, que têm a ver com a CIA os serviços de espionagem referidos nesse
encontro?
A resposta encontra-se numa observação de Rui Mateus relativa ao papel da “estratégia da CIA”. Callaghan, diz Rui Mateus, “optara também pela tese da CIA” e disponibilizou “a cooperação dos seus serviços secretos com os seus homólogos americanos”. Carlucci, diz Mateus, “é um dos heróis do 25 de Novembro” (O Diabo, 19-11-1996). Lembre-se que em princípios de Novembro Carlucci visitou mais de uma vez o Norte do país, encontrando-se no Porto, Viseu, Vila Real, Chaves e Braga com bispos, governadores civis e presidentes de câmaras. E se não se deslocou a Viana do Castelo foi porque os trabalhadores se opuseram à projectada visita aos estaleiros e, face à tensão existente, Carlucci desistiu.
Tomem-se as informações sobre as relações e cumplicidades. Mas não se afirme que Carlucci foi “um dos heróis do 25 de Novembro”. Nem ele, nem Soares. Porque um e outro optaram pelo plano da ida para o norte e de desencadear a ofensiva militar para esmagar a “Comuna de Lisboa”. E esse plano falhou. Outra importante intervenção da CIA desenvolveu-se na infiltração no movimento sindical, visando a sua divisão e desagragação.
Quando Soares visitou os Estados Unidos, em Setembro de 1975, encontrou-se com Georges Meany, o patrão da AFL-CIO. É o próprio Soares que conta: “Meany encorajou-me e, com o apoio concreto do sindicalista Brown, que conhecia bem as questões europeias, criámos um esquema de cooperação que, mais tarde levaria à formação da UGT”. (Maria João Avilez, Soares. Ditadura e Revolução, ed. Cit, p.353).
Preciosa confissão. Porque Irving Brown era de há muito conhecido, precisamente na Europa, por actividades divisionistas do movimento sindical e era conhecido, não tanto por ser um sindicalista norte-americano, mas por ser um conhecido agente da CIA, qualidade além do mais testemunhada pelo antigo dirigente da CIA Thomas Braden.”

E é assim. O velho comandante disse uma vez que o poderiam condenar. Que pouco importava. A História absolvê-lo-ia. A Soares ninguém o condena. Mas, também, diga-se em abono da verdade, nem a História o absolverá.
Triste fado. "Miguel de Vasconcelos" revisitado.


Adenda: o cartoon é da autoria do artista Fernando Campos, e foi publicado aqui e aqui.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Álvaro Cunhal, 10/09/1913 - 13/06/2005

Foto: PCP - Fig. Foz

“(a globalização) é uma ofensiva mundial que o capitalismo agora desenvolve para se instaurar no mundo como sistema único, final e definitivo. A internacionalização dos processos produtivos é o natural desenvolvimento da própria economia, seja qual for o sistema económico. Também há a criação de zonas de integração. Mas aqui trata-se de outra coisa. É uma ofensiva global que utiliza todos os meios financeiros e económicos – sabotagem, imposição de regimes, intervenção noutros países…”
(Revista Expresso, 11/03/2000, entrevista de Maria João Avilez)

“Distingo a convicção da fé. A fé é a crença em qualquer coisa que não está provada, em termos objectivos. Qualquer coisa que não se viu mas em que se acredita. A convicção não. A convicção resulta da observação com verdade dos factos, dos acontecimentos da vida. Eu não tenho fé. Tenho convicção, que é uma coisa diferente.
A convicção não seria convicção – e seria fé – se não houvesse espaço para as dúvidas.”

(Público, 17/04/1996, entrevista de Ana Sousa Dias)

“Arte é liberdade. É imaginação, fantasia, é descoberta e é sonho. É criação e recriação da beleza pelo ser humano e não apenas recriação da beleza que o ser humano considera descobrir na realidade que o cerca”.
(“A Arte, o Artista e a Sociedade”, 1996)

“Não gosto da expressão arte social porque entendo que a criação artística não se pode subordinar aos gostos ou critérios que o poder lhe pode querer impor”.
(Diário de Notícias, 20 de Maio de 1998)

“A cultura física e o desporto devem ser, não o privilégio de uma classe ou de uma elite, mas parte integrante da forma de viver de um povo. Devem ser, não motivo de confronto, rivalidade e até violência, mas estímulo de aproximação, entendimento, convívio e amizade”.
(“Os chamados governos de iniciativa presidencial – II”, 1980)


Cinco dias, cinco noites

“Longe de veredas e povoados, a serra ondulava pedregosa e nua. Só aqui e além, ao fundo das encostas ou por detrás de cabeços, repousavam manchas macias de terra lavrada. Donde e quem vinha lavrá-la parecia mistério em sítio tão desolado e ermo. Toda a tarde caminharam, o Lambaça adiante, André atrás. Nem uma só vez avistaram um ser humano. Não fora o sol derramando luz no ar e nas coisas, não fora o ar límpido e leve, aquele deserto e aquele silêncio seriam intoleravelmente opressivos. Assim, a serra abria-se à intimidade, numa carícia tranquila e confiante.
Mas, quando o sol começou a aproximar-se do horizonte, e os vales se diluíram em penumbras, e os cabeços e rebolos estenderam as sombras, e o ar começou a pesar de humidade e frio, então, sobranceira, a serra ganhou subitamente nova grandeza, como que olhando os intrusos com hostilidade.”




“No escuro da noite, o clarão vermelho e baço da lanterna dançava à frente de André, rés à terra, enigmaticamente suspenso no ar, num vaivém cadenciado e brando. Iluminava debilmente as calças e as botas do homem, que pareciam mover-se sem corpo.”