quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Pêssoal, bora tudo pó rabaion!

O “estado policiado”

Augusto Alberto

A TV tem destas coisas. No meio do chorrilho, de quando em vez, lá nos dá um breve momento de interesse. Foi o caso, em directo, ao vivo e para o mundo, da arruaça no palacete do Banco Privado Português, na zona da Foz, na cidade invicta. Aquele grupo de gente, que se diz roubada, deu desta feita áspero trabalho à polícia, que teve de dar uma imagem do “estado policiado” e por conseguinte, de usar do músculo e da pimentinha, para correr com gente que só quer o que legitimamente é seu. Ou muito me engano, ou ainda ali vai haver trolaró do grosso.
Acredito que muitos tenham trabalhado uma vida inteira, de modo honesto, para mais tarde terem um razoável suporte, como nos disse uma senhora: - "tenho aqui uma vida de trabalho, que desejo deixar para as minhas filhas e agora estou a ver as coisas muito difíceis". Ou como disse um outro senhor, já com alguma idade, até para ter juízo: - "eu sou socialista e até arranjei uns cobres para o Partido Socialista, mas agora o senhor primeiro ministro…" e acabou, porque a repórter retirou-lhe o microfone. Mas a gente adivinha-lhe a vontade.
Confesso que de massas e de bancos sou pouco sabido, mas percebo que aquela gente ande aos papéis e não me custa nada crer que o senhor que os vigarizou volte diariamente, com automóvel, chauffer e glamour, ao lugar de sempre. Ao Guincho.
Mas também não me devo enganar se disser que esta gente, que vai vendo o seu dinheiro em marcha lenta, entre Lisboa/Guincho/Lisboa, está a ter também o seu momento de ajuste com a vida. Porque acredito que os trabalhadores, que em consciência e de pleno direito nunca se furtaram ao protesto na rua, sempre lhes tenham parecido uns madraços. Mas agora, são eles a beber do democrático fel, e por isso, coube-lhe a vez de passarem, em directo e em exclusivo, ao protesto na rua, e mais, na ocupação dessa coisa sagrada, o espaço privado. Pois é!
Este mundo, que muitos vão escolhendo, tem destes jogos e por isso, é mesmo assim. Contudo, eu duvido que tenham aprendido grande coisa sobre o mundo e alguns homens, porque sempre foram crentes que a distribuição de umas tantas migalhas faria uma sociedade sã, ao mesmo tempo que julgaram, que desse modo, a democracia e o respeito, eram matéria definitivamente consolidada. Mas a democracia ainda não é bem esta coisa. Por isso, virão novos democráticos capítulos que nos dirão que os grandes amigos maçons, com ar seráfico de ratos de igreja, refocilgam e vão engordando, com cama e mesa posta, para os lados do Guincho.
Quem diria que, volta e meia, alguns meninos da classe média também são gozados!

Solidariedade





Se quiser ser dador voluntário de medula óssea tem aqui todas as respostas a qualquer dúvida.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

As várias utilidades do “Magalhães”

Nenhum outro computador, ou imitação de, foi e é tão útil quanto o famigerado “Magalhães”. Tendo sido um indecoroso e lucrativo negócio para a empresa que o negociou, às custas do erário público, a grande estrela do ano que agora se fina serve ainda para crianças desfavorecidas o trocarem por dinheiro ou por brinquedos.
Isto num país moderno onde a corrupção atinge picos pós-modernos.
Uma outra utilidade foi encontrada pela primeira-dama aqui da “aldeia”. Na prova de língua estrangeira para o 12º ano do CNO, o dito “magalhães” foi o argumento para treinar o seu espanhol, com um hipotético diálogo telefónico entre Sócrates e Hugo Chavez.
Aí vai, penso que ficaram bem os dois na fotografia:




(Qualquer comparação entre esta conversa telefónica e a realidade é pura ficção… Ou talvez não!)


J. Sócrates- Está? Está lá? Daqui fala José Sócrates, o engenheiro! Estás porreiro pá? Está? Está lá? Estás-me a ouvir meu?
Hugo Chavez- Enginiero!? Oh si, si! El enginiero… Te escucho perfectamente. Hombre qué pasa, algun problema compañero?
J. Sócrates- Companheiro uma ova… Nada de misturas!
Hugo Chavez- Qué? Qué dices? No te entiendo!
J. Sócrates- Nada, nada, deve ser do barulho das obras na rede de comunicações, coisas do progresso. Olha pá estou-te a ligar para saber como é que as tuas criancinhas aí receberam a minha grande ideia do Computador Magalhães?
Hugo Chavez- Bon, la tuya idea yo no la sé, pero la mía, esa si tuvo un suceso fenomenal. Aproveché las Navidades, para regalar el “Magalhães” a los chavalitos de las escuelas. Mira, crees que, con esta idea, hay superado la popularidad daquello gordo imperialista de papá-Noel.
J. Sócrates- Estou a ver, estou a ver, meu… Eu aqui também obtive um grande sucesso, pois durante o período de Natal, as operadoras de telecomunicações e os hiper-mercados, fartaram-se de ganhar dinheiro a vender esta minha ideia a duzentos e tal euros cada computador Magalhães.
Hugo Chavez- Entonces toda aquella charla de ordenadors para los chavales de las escuelas a cinquenta euros, era todo un embuste? Y es asi que quires obtener la mayoria absoluta?
J. Sócrates- Podes crer meu! Estou a trabalhar nesse sentido. Sabes, aqui em Portugal, quem decide quem ganha eleições são os tipos da “massa”. Os meninos das escolas ainda não votam, e a seu tempo terão o tão desejado “Magalhães”, mas entretanto tenho outras prioridades.
Hugo Chavez- Estoy mirando! Á ver! Yo no conosco pueblo más raro do que los portugueses. Pasan la vida a recibir bastonadas, pero, lo peor de todo, a mi me parece que vos gusta. Menos mal.
Mira, los chavalitos de acá, les gusta mucho el ordenador, pero como son muy listos, ya se enteraran acerca de los hechos dese tal Magalhães, y te lo aseguro que no quedaran fãs de él. Les gusta más vuestro jugador de futebol, Cristiano Ronaldo. Quê te parece si cambiáramos el nombre del ordenador?
J. Sócrates- Oh meu! Mas tu ensandeceste, ou quê pá? O Magalhães foi o homem que no século XVI iniciou a viagem de circum-navegação à volta do Mundo, provando que a terra era redonda! É o Armstrong do renascimento!
Chavez- Me parecia que los “Yankees” estavan metidos en esto… Acá los chavalitos tienen razon, no gustan de lo Magalhães y como yo, tampoco de los americanos.
J. Sócrates- Bem pá, vou ter de desligar porque combinei uma patuscada com uns amigos do Governo e aqueles chatos da oposição para assistirmos, dentro de momentos, à transmissão em directo de Washington da tomada de posse do Presidente Obama. Adeus, e vê lá! Não me desgraces com essas tuas ideias de…
Hugo Chavez- Ojo! Ouhi decir que la color dese tal Obama es más una ilusión de óptica. Ahora la Naomi Campbell, esa no es ningúna ilusión, es una dádiva de Dios. Saludos y hasta siempre compañero.

Maria Madalena de Carvalho Campos
Figueira da Foz, 20 de Janeiro de 2009

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Cuba: fim ao boicote

foto: alex campos (Exterior do Pavilhão de Cuba, Festa Avante!/2006)

A declaração que se segue não é minha. Nem do Comandante Fidel Castro. Nem de qualquer outro militante de Esquerda solidário com o povo cubano.
A declaração que se segue pertence a um recente relatório da UNICEF.
A declaração que se segue diz o seguinte: “Cuba é o único país da América Latina que eliminou a subnutrição infantil graças aos esforços do seu governo”.
No mesmo relatório a UNICEF assinala que "hoje existem cerca de 146 milhões de crianças com menos de 5 anos de idade que vivem em estado de pobreza, o que contrasta com a realidade das crianças cubanas".
Desses 146 milhões, 5% são na Europa e 27% em nações em desenvolvimento.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Aos papagaios, é preciso encurtar a guita para os arrear

Augusto Alberto


Há uns anos atrás vi um notável documentário sobre uma das mais sérias sequelas saídas do fim da União Soviética. A guerra fratricida no enclave azeri, de maioria arménia, do Nagorno Karabakh. Deu-nos imagens de como famílias inteiras, acossadas, fugiram das suas aldeias e se recolheram em vagões de carga abandonados numa linha de caminho de ferro, tornada inoperacional pela guerra. Os que chegaram primeiro, ocuparam o interior, os que vieram depois, ocuparam o espaço abaixo, entre os rodados. A ONU mitigava diariamente a dor, distribuindo sopas. Entretanto, ouvimos ainda um fabuloso e oportuno desabafo de um alto e libertário quadro da francesa “Total”, que reflectiu sobre o momento e disse: “esperámos muitos anos para vir para o Azerbeijão explorar o petróleo, mas, enfim, chegamos. Estamos hoje em Baku”.
A grandiosa muralha da China, construída no século III a.c. resistiu a repetidas invasões, mas não foi capaz de resistir à chegada da nobre e imperial marinha inglesa, que no século XIX, ocupou a milenar China e a obrigou a capitular perante o consumo larvar do ópio. Foi a guerra do ópio que colocou a grande nação chinesa de joelhos, após os acordos de Nanquim. Estava dado o passo para a cedência de Hong Kong ao império inglês e para o início do período em que nos parques a interditação a cães e a chineses, tinha força de lei. E hoje, sabemos que o mais famoso dissidente chinês, o senhor Liu Xiaobo, um veterano da praça Tiananmen, foi condenado a 11 anos de prisão por delito de opinião. Logo as mais cruéis chancelarias do século XXI vieram clamar por mais abertura e democracia.
Entretanto, no México, uma família inteira foi completamente chacinada pela máfia da droga, porque um dos seus melhores filhos, um militar, ousou enfrentar um distinto senhor. Mas no México, a democracia e as suas virtuosas liberdades, correm em pleno, porque uma democracia como esta, apesar de banhada por este sangue, não precisa de conselhos das mais nobres consciências, porque assim vai bem.
Neste instante, lembrei-me que quando era miúdo fiz papagaios de papel que lancei ao vento. Aliás, a arte de lançar papagaios na China, é milenar. Desse modo, não será preciso lembrar-lhes, que quanto mais guita se lhes der, mais eles sobem e por isso, quando tendem a subir demasiado, é preciso encurtar-lhes a guita, para os arrear.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Os "negócios" de um Nobel da Paz


O Prémio Nobel da Paz não perde tempo. Quer expandir o "negócio" e pede mais envolvimento aos seus mordomos. E entre eles há os que metem mesmo nojo, de tão subservientes que são. E, pelos vistos orgulham-se, pois nem sequer disfarçam. Um dos mordomos deve-se sentir "amado" pelo "dono".

Um poema

Programa
Para Miguel Torga



seja a poesia
o que nós quisermos que seja…
… não venha ao sabor do dia
porque os dias são instantes no caminho

-: não cante a voz
mais alto que nós!




António Neto (Poeta angolano)

sábado, 26 de dezembro de 2009

Cão que ladra…

foto: alex campos



Estava a blogosfera tão sossegadinha e… prontos!!!!
Acabou-se o sossêgo. Com o regresso do jornalista e leader da banda “Cães Danados” Paulo Dâmaso. Afastado da “blogos” desde que encerrou a “Confraria das bifanas” o novo blogue chama-se “Cão que ladra… também morde”. Porque, explica o vocalista e baixista da "famosa" banda, nem sempre os provérbios batem certo!
Cá estamos para ver…, mas alguns até que batem.
Mas mesmo que não batam, Dâmaso promete não criar (muitas) polémicas.
A gente acredita.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Uma balada de Natal

Graeme Allwright, que já tem actuado aqui na aldeia, traz-nos hoje uma bela e enternecedora balada de Natal.
De origem neo-zelandesa este cantautor e homem do teatro tornou-se mais conhecido pelas adaptações de canções de cantores populares da América do Norte como Bob Dylan, Leonard Cohen, Pete Seeger, Tom Paxton, Malvina Reynolds e outros, os quais divulgou ao público europeu.


Dans son manteau rouge et blanc
Sur un traîneau porté par le vent
Il descendra par la cheminée
Petit garçon, il est l'heure d'aller se coucher

Tes yeux se voilent
Écoute les étoiles
Tout est calme, reposé
Entends-tu les clochettes tintinnabuler

Et demain matin, petit garçon
Tu trouveras dans tes chaussons
Tous les jouets dont tu as rêvé
Petit garçon il est l'heure d'aller se coucher

Tes yeux se voilent
Écoute les étoiles
Tout est calme, reposé
Entends tu les clochettes tintinnabuler

Et demain matin, petit garçon
Tu trouveras dans tes chaussons
Tous les jouets dont tu as rêvé
Petit garçon il est l'heure d'aller se coucher

Tes yeux se voilent
Écoute les étoiles
Tout est calme, reposé
Entends tu les clochettes tintinnabuler

Et demain matin, petit garçon
Tu trouveras dans tes chaussons
Tous les jouets dont tu as rêvé
Petit garçon il est l'heure d'aller se coucher


Ainda por cá temos gente como a Dona Supico Pinto e o Dr. Ramiro Valadão

Augusto Alberto


Fez 37 anos que em Moçambique recebi uma prenda muito especial de Natal. Uma caixa em cartão torrado, com 12 livrinhos RTP. Oferta do caridoso Movimento Nacional Feminino, ao glorioso Exército Português, em África. Acabei por fazer a colecção inteira, que guardo, porque fui juntando os livrinhos que outros não queriam, como é óbvio, numa Pátria macambúzia e iletrada.
Nesse Natal de 1972 a central de propaganda do fascismo já dava com gosto conta das dificuldades da Unidade Popular, no Chile. Apesar de estarmos longe, soubemos que mulheres bem trajadas, com casacos com gola de pele de marta, vieram à rua bater com as tampas de panelas e tachos no chão, porque, vejam só, andavam famintas. Foi o prenúncio da greve dos camionistas, que deixou o país à míngua de alimentos e que preparou a pinochetada. O que se seguiu já a gente sabe, mas parece que por hora, anda muita gente distraída.
E é também neste Natal, idos 35 anos após Abril, que estamos a saber que muitos dos que nesta pátria fizeram a sua diáspora, na esperança de uma vida melhor, sobretudo brasileiros, estão de volta à sua pátria, porque o país que escolheram vai de rastos e deixou de ser o jardim prometido.
E esta realidade pode ser bem vista. Basta estarmos atentos à programação de uma estação de TV. Porque a verdade ai está, nessa matéria nada mudou, antes tudo se repete, agravado, ano após ano. No mínimo fica o mérito de vermos a fome em várias gentes, de vários modos e em vários lugares.
Mas o que mais impressiona, é a quantidade de organizações não governamentais, como se diz, que nos mais variados locais da pátria pretendem matar a fome a gente atirada para as fímbrias e que, dia a dia, aumenta exponencialmente. Mesmo gente que tem o seu emprego, e que apesar de pegar no batente e largar, a tempo e horas, o magnifico soldo, não chega para garantir uma qualidade de vida mínima e daí às sopas, vai um pequeno passo. Tenho de confessar, talvez por defeito e por sentir a irritação à flor da pele e na ponta da língua, porque nem sequer conheço as pessoas, que de cada vez que vejo nesta quadra de profunda hipocrisia, menina, senhora ou senhor, bafejado de voluntário, ocorre-me que ali poderá estar uma dona Supico Pinto ou um Dr. Ramiro Valadão a fazer a caridadezinha, depois de ter colaborado na formação da pobreza, nem que seja por omissão da denúncia.
E é neste caldo, que me ocorreu lembrar a pinochetada no Chile, para que não duvidem como a Pátria vai, alguém deverá estar mortinho para vir “à la calle” bater no alcatrão, com tampas de tachos e panelas. Que as pessoas de bem e preocupadas não se distraiam, porque o ambiente está cada vez mais espesso e as centrais de propaganda e de poder, estão em plena laboração, aliás, como nos é contado no blog “Cheira-me a Revolução”.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O fascismo anda por aí...


Já os vimos começar por menos. Muito menos. As botas cardadas virão depois. O filme é, aliás, sempre o mesmo.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

As ruínas do Fortim de Palheiros







fotos: alex campos
Por uma razão ou por outra, mais concreta ou mais abstracta, o Fortim de Palheiros está intimamente ligado ao reinado dos dois “manuéis”.
Quanto à sua construção, geralmente atribuída às forças de D. Miguel durante a guerra civil, há quem defenda que lhe é anterior, do período manuelino.
Em 1909, durante o governo de outro Manuel, o II, foi colocado em hasta pública e vendido a Joaquim Sotto-Mayor.
Numa posição naturalmente privilegiada em relação à povoação era usado para a defesa da costa. Constituído por uma bateria com 10 peças de artilharia cruzava fogos com o Forte de Santa Catarina e a Fortaleza de Buarcos, dispondo de uma Casa da Guarda.
Foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 1963 por decreto, o que, contudo, não impediu a sua degradação. Que foi aumentando com o avanço da especulação imobiliária, ou seja, da urbanização desenfreada, sobretudo com a urbanização da mata do Palácio Sotto-Mayor, durante o primeiro consulado dos “socialistas” na Figueira da Foz (1976/1997).

Do orçamento

Afinal o rumo é o mesmo.
O que quer dizer que vamos ter mais ou menos do mesmo. Se bem que mais para menos do que para mais. Nada que não se estivesse à espera.
Mas para mais tem aqui.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Virá o dia em que Chevrolets e Buicks…

Augusto Alberto


Nos anos 20/30 e 40 do século passado, o Mondego foi a Meca do remo Nacional. A Figueira por uma semana era uma babel de línguas e costumes. Só para termos a noção da diversidade, também a Croácia inscreveu o nome na lista dos vencedores da belíssima Taça Vitória. Depois, o fascismo, sem apelo, deu a primeira pancada e empurrou o Mondego para fora, tornando a maravilhosa Avenida Saraiva de Carvalho numa via para carros, e com o ganho, construiu a aberração que é o porto comercial, naquela que deveria continuar a ser a solene frente ribeirinha. E a diversidade cultural e linguística acabou.
A família mudou-se para Aveiro no início dos anos 50, na procura de melhores dias. Uma família de figueirinhas com um profundo gosto pelos barcos e por isso, em fim de semana de campeonato Nacional de Remo, a realizar no notável recanto do Rio Novo do Príncipe, um dos rios que desagua no fabuloso delta que faz a ria de Aveiro, a família alugava uma limusina de 12 lugares e partia rumo ao rio. Num lugar encantador e limpo, houve um ano em que a barcaça que fazia a transferência do povo de uma margem para a outra, na procura da melhor sombra dos choupos, para assentar e abrir o farnel, por demasiada carga, afundou. Por sorte, o rio ali não tinha mais de metro e meio de profundidade e isso permitiu que o povo se mantivesse em pé, sem outro perigo, para lá de uma boa molha numa água absolutamente cristalina. Mas sucedeu o sacrilégio. As saias longas e rodadas das mulheres camponesas, subiram até à superfície e as pernas e cuecas ficaram à mostra. Foi um gozo, em tempo cinzento.
Mas depois foi ali construída uma fábrica de papel e o Rio Novo do Príncipe tornou-se um lugar impróprio. Nos últimos campeonatos, nos anos 80, atletas pararam e foram levados para o hospital e outros recusaram competir. Havia uma massa esbranquiçada, espessa e nauseabunda, que os barcos rompiam a custo e por isso o oxigénio à tona de água rareava.
E agora o Mundo continua sujo e incapaz de chegar às medidas necessárias para o tornar mais terno e viável.
Na biodiversidade, os que não tem voz e incapazes de se organizar, ainda que sejam os mais corpulentos, como os ursos polares, por exemplo, são afinal os mais frágeis.
Hoje, em Copenhaga, os chamados países em vias de desenvolvimento reclamam dos países ricos, porque para serem desenvolvidos, sujaram em demasia e por hora, acham que devem ser exactamente a eles a quem os maiores esforços deverão ser pedidos. Mas os países ricos, para manter o nível, não querem baixar a fasquia e acham que os países em vias de desenvolvimento deverão ser os mais esforçados. E o mundo, nesta espécie de democracia vira latas, está assim em desacordo, porque os pobres estão fartos e por uma vez, estão, e muito bem, a mostrar os dentes.
Evidentemente que o homem, sobretudo o rico, que é quem mais suja, o único a quem esta biodiversidade deu o tino, vai ter que saber que, ou atina ou então, poderá ter quilómetros de asfalto em auto-estradas, mas vai haver um dia em que vai deixar de haver gente para guiar os fabulosos chevroletes e buics, ainda que a gasolina esteja ao preço da uva mijona, e não haverá alguém, como o Presidente Lula, para dizer, “merda, como é que se faz marcha atrás”. Não será possível, porque tiraram a mudança.

É global…



O desenvolvimento de Angola através dos séculos esteve sempre condicionado pelos problemas endógenos da sociedade portuguesa.
Pelos vistos, décadas após a independência aquele país africano continua a usufruir das “virtudes” da potência colonizadora. Qual papel químico.
O povo tem o nível de vida que se sabe mas o país tem estádios de futebol novinhos em folha, a estrear, pós modernos e tudo. Derivado da realização do CAN. Após o que, nem devem saber o que lhes hão-de fazer.
E lá como cá, além da institucionalização da corrupção, também a banca progride. Segundo o jornal on-line “O País”, em 2008 os lucros desses especuladores aumentaram 98%. É obra!!!

“O Estado sou eu”


Os tiques autoritários do “partido socialista”, nesta época conturbada por falta de maioria absoluta, vêm ao de cima. Esta de se confundirem com o Estado está demais. Agora é o desplante de nem o Presidente de República poder tornar públicas as suas preocupações com o estado da economia, do desemprego, enfim, do estado do país, sem ser acusado de se ingerir na agenda do “ps”.
Nem quero saber se as preocupações do Presidente são tão genuínas como as minhas, mas, de qualquer maneira, as declarações de Sérgio Sousa Pinto foi um enfiar da carapuça, tanto que Cavaco não se intrometeu na agenda do “ps” sobre casamentos homossexuais, referiu antes outras preocupações.
Mas se é assim, também me tenho ingerido, confesso que inadvertidamente, na agenda dos “xuxas”: a pedofilia, a corrupção, os freeports, as sucatas, o estado degradante da nação preocupa-me do mesmíssimo modo que me preocupa a velha questão de nunca haver culpados.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Como esta democracia, afinal, não é bem a que o meu amigo deseja. Mas eu trago sempre uma no bolso, que vos apresento

Augusto Alberto

Tenho um amigo que anda desiludido e apreensivo. Cruzamo-nos muitas vezes na avenida, local de encontros, partilhas e dores. Basta ouvir os desabafos, que nem mesmo o mar consegue diluir. Hoje, pela manhã, estava uma temperatura de amêndoa, porque o vento suão, que nos carregou com o frio, resolveu dar-nos descanso. Havia alguma vaga e uma neblina muito ténue, que faz da Figueira nesta data, um lugar manso e de presépio, e por isso já havia pescadores pela praia, surfistas empoleirados nas pranchas, empurrados pela força da vaga.
Colei-me a esse meu amigo e como sempre, abri a conversa: - “então novidades?” “Nenhumas”, disse-me, “a não ser as de sempre, que nos falam de um país de ladrões e aldrabões”. Ouvi o desabafo uma outra vez e como naquele momento estava mais para ouvir do que para falar, deixei que continuasse. E o meu amigo foi ao desafio.
- “Ouvi o João Salgueiro dizer que isto vai acabar mal”. Ai, atirei: “Esses são agoiros de gente que quer que sejam sempre os mesmos a pagar a crise, sem que nada mude, até que nova crise virá, porque é fêmea, e voltarão os mesmos, sem responsabilidades, a ter de pagar. Enquanto essa gente não for chamada à responsabilidade e estiver na primeira fila do acerto de contas, está fora do baralho”.
Mas o meu amigo descrente, voltou: – “É preciso mudar de sistema. Já não voto, nem sequer em branco. Então disse-lhe: - “Razão tinha o Saramago quando sugeriu o voto em branco, mas caiu o Carmo e a Trindade. Mas com a sua demissão do voto, vai ainda mais longe. Mas isto é a democracia, meu caro. Diga-me qual é a alternativa?”
- “Eu só volto a votar, quando previamente me apresentarem uma lista com os melhores”. “Alto”, disse eu. “O que quer você fazer homem, uma revolução? Olhe que o que propõe não é coisa própria de uma democracia universal e parlamentar”.
- “Bem sei, mas só voto quando me forem propostas listas com os melhores, porque listas carregadas de trafulhas, nunca mais”.
Ora cá está, como este meu amigo, que há anos foi eleito autarca independente numa lista de um dos partidos do poder cá da terra, acaba por intuição, por dar um passo adiante. Dir-se-á que não sendo tudo, já é alguma coisa. Pois é.
É verdade que perante este desejo intuitivo, deixei-me ficar à defesa, levado pela neblina e a modorra, sem nervo para mais, mas agora, sempre adianto, que afinal o que o meu amigo propõe, por intuição, é uma revolução.
Sabem que há um lugar assim, como só agora quer o meu amigo. Que não tendo riquezas materiais, uma costa rica em peixe, notáveis florestas, ricas em madeira e borracha, por exemplo, rios capazes de produzir energia limpa, ouro ou diamantes, petróleo do mais fino, o que tem é ruim e espesso, de difícil refinação, e por isso só dá para produzir alguma iluminação, mas também não tem cidades engolidas pela natureza, por força do descuido dos eleitos, como foi em Nova Orleans, ou como Caracas, ou São Paulo, porque por lá os que dirigem, são eleitos, porque são os melhores, e porque são os melhores, ficam com a obrigação de zelar pelo bem social, e por isso, por norma, a natureza agride, mas quase não mata.
Não admira que os seus eleitos, o sejam sempre acima dos 95%. Quem diria!

Um bom Natal, cheio de prendinhas



Mesmo em tempo de “crise”, o Natal não deixa de ser um tempo de prendinhas. É, desde há muito, menos um período de reflexão do que uma das várias épocas propícias ao aumento do negócio.
Confesso que também entro na onda, que também pratico as prendinhas. Até a mim próprio me ofereço algo extra, desculpando-me com a quadra.
E assim faço uma sugestão.
No ano passado foi um livro, desta vez é um disco, cuja capa reproduzo acima. São quatro belas e talentosas moçoilas que interpretam as palavras de um genial poeta.
Como se pode ver, ofereço-me sempre coisa boa. Até me apetece parafrasear um certo fumador de charutos: “Contento-me com o melhor”.
E aqui ficam, também e como não poderia deixar de ser, votos de um muito bom natal e um ano de 2010 (que se aproxima) um pouco melhor que 2009 a todos os visitantes desta aldeiazinha.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Nem direito aos cem dias de graça? (croniqueta autárquica)

cartoon de Fernando Campos


Decididamente, os figueirenses têm uma enorme dificuldade em escolher os seus representantes autárquicos. E eleição após eleição a coisa agrava-se. Ao ponto de o actual executivo camarário nem ter tido, sequer, os tradicionais 100 dias de graça.
Ao trigésimo dia, mais ou menos um terço dos cem, o seu líder, um juiz que veio de fora mas que não é de fora, diz, numa entrevista a um jornal local: “ainda não deu bem para reflectir quais as questões mais preocupantes”. Ora, penso que um político quando se candidata a umas eleições terá de saber de antemão tanto as dificuldades que vai encontrar como quais as suas prioridades.
Outro caso, este tão caricato como o primeiro, daria vontade de rir se não fosse absurdo, é o que se passa com a Figueira Grande Turismo. Que dava prejuízo, coisa e tal. Na oposição, os “socialistas” chegaram a defender a sua extinção. Agora elevam de 3 para 5 o número dos membros do Conselho de Administração. É um forró.
Para acabar, e ainda dentro dos “cem dias”, temos uns festejos de arromba na passagem de ano. São três dias, 31, 1 e 2, “de grande festa e divertimento”, com um programa digno de se lhe tirar o chapéu. Para quem estava preocupado com a situação económica da edilidade e até fez uns ajustes meramente estéticos para reduzir a despesa, não está mal, não senhora.
Está bem que apresentaram a candidatura das Falésias do Cabo Mondego às “7 Maravilhas de Portugal”. Mas nem mesmo isso sei se é positivo ou se trás água no bico. É que sabendo o que a casa gasta, não me admiraria que já estivesse em marcha mais um grandioso empreendimento turístico para o local.
De qualquer maneira também eu poderia propor o Fortim de Palheiros a monumento de interesse local, se eles não o tivessem cortado ao meio, por motivações imobiliário-especulativas.
Para muito menos de cem dias não se poderia exigir mais, não é? Ou poderia?

Uma explicação possível como qualquer outra. E plausível...



(recebido por e-mail)

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O Português do tédio e do almoço

Augusto Alberto

Está em vias de choque a sociedade de consumo em Portugal. Pelos vistos, os funcionários das grandes superfícies preparam-se para um dia de greve no próximo dia 24, baralhando os muitos milhares que parecerão tontos na procura do último consumo. Melhor dizendo, os sindicatos desse sector têm um pré – aviso de greve. Evidentemente que da pretensão dos sindicatos à adesão desse povo trabalhador, vai um tempo que em norma é difícil de perceber, mas de qualquer modo, cá estamos para ver.
E greve porquê? Ora porquê, porque pelos vistos, já não basta haver portugueses escravos aqui ao lado em Espanha, na Europa do grande projecto social, no regresso ao sono nos bidões e nas tarimbas, e na completa dependência do negreiro, à semelhança de histórias com mais de 100 anos, como nos contou Ferreira de Castro no seu livro a “Selva”, parece que por cá se caminha alegremente para o regresso a esse passado, mas de todo o modo, perfeitamente legal. Aliás, melhor não poderia estar o representante da associação das empresas de distribuição, eufórico, quando regista a total legalidade da coisa.
Nem mais, caríssimo povo. Por incrível que pareça fica sabendo que aqueles que te obrigam a chegar ao batente pelas 5.00 horas da manhã para carregares prateleiras, e dentro em breve, por a trabalhar 12 horas por dia, estão em linha com a lei. Não sabes porquê. Pois não, porque sem mácula, tens dormido muito e aprendido pouco.
Pois é bom que saibas que, há pouco e de novo, te dignastes democratizar esse modo de escravatura, que é a possibilidade de estares ao serviço do chefe 12 por dia. Evidentemente que não tens ideia de que um dia te alertaram para o facto de vir aí um código de trabalho a definir novas e duras regras? Nenhuma! E por isso, bem me parece que para lá de te continuares a por a jeito, continuas sem saber ao que andas. Elegestes exactamente as pessoas que, simultaneamente o criaram, o aprovaram e estão democraticamente mandatados para o aplicar. Portanto, povo, vai sendo o momento de perceberes como colocastes a tua vida na mão de gente que só vê cifrões, nem que seja à custa das mais trauliteiras relações, mas vai sendo a altura, também, de começares a abrir o olho, sob pena de cedo verificares como apesar da família ser uma flor, está em vias de se tornar numa batata.
Outro dia, um dos teus manifestou apreensão quanto ao futuro dos seus filhos e futuros netos. Logo lhe disse que não se preocupasse, porque rapidamente se adaptarão. Esse é o grande dilema, porque em boa verdade, não foi para escravo que os teus pais te pariram, mas infelizmente, absurdo, tens legalizado o teu carácter sisudo e escravo.
Como diz um eminente português, transmontano, e a viver a diáspora na riquíssima Holanda, és um povo do tédio e do almoço. Tem razão. E fica sabendo que os negreiros sabem disso e por isso, se cagares fora do penico, estão desde já disponíveis 700 mil Portugueses, para começar a encher prateleiras, cortar o bacalhau e escalar bifes.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

“A Fontela é assim”





Carlos Certo e Fernando Maltez, mundialmente conhecidos na Figueira da Foz, e na Festa do Avante, assinam um dos pontos altos da revista levada à cena pelo Grupo de Instrução Musical da Fontela.
Um interessante e divertido trabalho, do Grupo Cénico Monteiro da Silva, daquela colectividade. Onde são “apontados”, com humor e não só, alguns dos graves problemas do planeta, e nossos, claro, como por exemplo o aquecimento global do esférico. Estão, pois de parabéns.
Quanto à famigerada dupla acima citada e ilustrada, num dos sketches, deliciam a plateia ao relembrar duas das figuras mais populares da cidade no último quartel do século XX: quem não se lembra ainda do “filósofo” Paulino e do “burguês” Visconde de Vila Verde?

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Uma tal América mestiça

Augusto Alberto


As fotografias de Alberto Korda, o fotógrafo de Fidel, Che e sobretudo, da Revolução Cubana, andam pelo mundo a falar, para lá da história, também de afectos. Aliás, vi outro dia um documentário, filmado um pouco antes da sua morte, em que Korda nos disse que em Cuba, terra onde as coisas sempre foram difíceis, os meninos não arrastam os pés pelo chão nem sofrem com feridas postulentas e muito menos têm o abdómen abaulado, a dizer-nos que a fome os atacou. Também os cubanos não chapinam com os pés nos esgotos a céu aberto, ao contrário do que se passa ainda no Brasil, por exemplo e que levou, aparentemente, o Presidente Lula, num acto público de apresentação do plano nacional para o saneamento, ao desbragamento, dizendo que está ali para tirar o povo da merda. A este presidente sindicalista falta-lhe o perfume na ponta da língua, quem sabe, mas se tal perfume existir, não consegue iludir o cheiro à merda, ainda que muitos palermas achem que sim.
Há uns dias, durante a cimeira Ibero-Americana, uma TV enviou uma jornalista a Havana para fazer reportagem. A jovem deu ares de não perceber bem ao que ia e por isso talvez tenha zarpado com ideias feitas e a realidade a tenha fintado. Acabou a dizer, que afinal tinha visto hospitais, em terra pobre, que pedem meças ao que de melhor há nos países desenvolvidos. Gostaria de lhe dizer, que isso já a gente sabia e que o melhor é pensar em ter formação em criatividade, sob pena de ter de mudar de arte e firma, porque uma evidência daquelas, poderá não agradar ao boss.
Mas da América mestiça, quero lembrar de como a legalização de um golpe de estado teve a bênção do último prémio Nobel da Paz, para assim ficarmos a saber como a democracia pode ser endrominada.
Do México, terra de mariaches e de gente que para ganhar a vida salta em queda livre e com estilo, para a água, de penhascos, que só de olhar para baixo dá medo, como na cosmopolita Acapulco, o que eu quero sublinhar, é que o narcotráfico quase que engoliu o estado, que está em aflições, ao ponto de já ter pedido ajuda internacional para se aguentar. São milhares os mexicanos que já caíram nesse modo do tiro contra tiro, do negócio da droga, sem que uma ponta de segurança lhes chegue. É o México dos vários modos. A dos mariaches, a dos saltos para a água e a dos tiros como passaporte para ir do inferno para o céu. Nada mudou nesse México, desde que Frida Kahlo e Diego Rivera o pintaram. E já foi há muito.
Mas não quero deixar de referir, também, como se morre de fome na Guatemala. E não sou eu que o digo, mas o seu distinto presidente, homem sisudo, que só agora tomou consciência de como na sua pobre pátria se morre à míngua por falta de um prato de sopa. Sendo assim, bardamerda caro senhor.
Ora cá está como a democracia é azougada. E de tão azougada, até parece que afinal, alguns sofistas encartados em paladinos da democracia e da liberdade, acham que afinal o que deverá mudar é Cuba.
Desgraçadamente, já não é só a ramela que não os deixa ver bem, mas também a puta da inteligência que se lhes vai minguando.


segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Corta-Mato: modalidade olímpica, já



Foi nos jogos de 1924, em Paris, que esta especialidade do Atletismo fez a sua última aparição.
Foi uma prova realizada em condições terríveis que obrigaram à desistência de 40 dos 55 concorrentes que alinharam à partida. Disputada sob uma temperatura muito pouco própria de 45º, aliada a um terreno igualmente pouco próprio, porque bastante duro. Alguns atletas foram hospitalizados, mesmo alguns dos que cortaram a meta terão ficado algo maltratados. Das 7 equipas só 3 concluíram, pois a Espanha, Inglaterra, Suécia e Itália não conseguiram fechar com o terceiro atleta.
Mas banir esta especialidade dos jogos até aos dias de hoje parece-me um castigo inusitado. Tanto mais que o vencedor da prova, o lendário finlandês Paavo Nurmi, venceria no dia seguinte a prova de 3000 metros. O que me parece que às condições acima descritas será legítimo pensar-se que a preparação da maioria dos atletas não seria a ideal.
Outros tempos. Nos dias de hoje será, certamente, impensável a existência de uma conjugação daquelas condições.
Há opiniões a defenderem o regresso do Corta-Mato ao calendário olímpico, ainda que integrado nos jogos de Inverno.
Sejam nos de Inverno, sejam nos de Verão,junto-me a elas. À importância do Atletismo junta-se a beleza desta especialidade.
Penso que o colaborador deste blogue, o antigo atleta Augusto Alberto, corroborará a minha opinião.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Campeonato Europeu de corta-mato

Augusto Alberto


Está um dia frio e por isso talvez o almoço me tenha sabido bem. Aliás, melhor me soube, porque vi uma superlativa equipa feminina portuguesa, digo portuguesa, porque para lá de Portugal e da Europa, há mais mundo e nesse outro mundo, mandam outras mulheres, a sagrar-se Campeã da Europa de corta-mato por equipas. Numa pista muita difícil, pesadíssima, porque a lama era muita, a exigir grande capacidade muscular, e grande capacidade de resistir ao desgaste físico. Na véspera da competição, a pista esteve interdita a treinos dado o estado difícil provocado pela chuva. Devo dizer que a prova colectiva neste corta-mato, suplanta em interesse o resultado desportivo individual e desse ponto de vista, a equipa feminina actuou sempre muito junta, abdicando da possibilidade de um resultado individual de algum relevo. Aliás, será bom dizer também que cada equipa poderá ser formada por 6 atletas e que pontuam para a classificação final, as quatro melhores. A equipa lusa foi de tal forma eficaz, que mesmo que algum percalço tivesse ocorrido com uma das suas 4 atletas melhor classificadas, a sua última atleta, a veterana e resistente, Ana Dias, bastaria para resolver a questão do título. Estão de parabéns estas meninas de Portugal, ainda que por vezes se distraíam, sobretudo quando a competição se coloca a um nível superior a um Campeonato da Europa. Mas isso, é a vida. As coisas são o que são e cada um de nós deverá saber bem o lugar que poderá ocupar em cada momento.

A equipa masculina, melhorou um pouco relativamente ano passado. Terminou em 5º lugar, à custa de alguma renovação entretanto já realizada. Longe vãos os tempos das grandes conquistas. Aliás, é interessante dizer que hoje, muitas equipas da Europa, inclusive Portugal, absorveram jovens da diáspora africana, que ajudaram a enriquecer uma disciplina que desde há muito é dominada por africanos. Atrevo-me a dizer que o último grande atleta das sagas dos atletas brancos, talvez tenha sido Carlos Lopes. Dos seis atletas, terminaram somente 4. O veterano de 41 anos, José Ramos, diz bem do estado a que as coisas chegaram, e o seu colega, Alberto Paulo, este vítima de um trambolhão logo após a partida, deve ter ficado mal tratado, desistiram.
Do fundo português, sobretudo o masculino, será bom dizer que as coisas vão sucedendo um pouco como em outros tempos. Ainda outro dia, um dos nossos melhores atletas, creio que fez parte desta equipa, confessava que começa o dia cerca das 6.00 horas da manhã, de seguida vai rebocar ou levantar paredes e volta pela tarde às sapatilhas e à estrada.
Dir-se-á que as coisas são o que são. Mas eu acho que terão de ser diferentes, porque um pedreiro com jeito para a corrida, deverá, num país a sério e com uma politica desportiva decente, ser corredor e não pedreiro. Aliás, como Ronaldo se tornou o melhor jogador do mundo e não noutra coisa qualquer, para gosto dele próprio e de muita outra gente. Deste ponto de vista, voltamos muito atrás e já lá vão as vantagens criadas com o desporto para todos, que Abril nos deu. Estamos muito, como nos tempos de Salazar e na merda da primavera marcelista, na fase do futebol e Fátima. Já lá vai o Europeu, mas vem a alta velocidade, os mundiais. Talvez o santo padre para o ano quando nos visitar, faça um milagre. O problema é que estas coisas são bem mais terrenas, ainda que de quando em vez, possa haver um bambúrrio.

Que falta de “democracia”

Jerónimo de Sousa, ontem, na Figueira da Foz

Que a Figueira da Foz é uma terra muito “sui generis”, seja lá o que isso queira dizer, já toda a gente sabe.
Agora que os "comunas" também queiram ser muito “sui generis” já passa das marcas.
Reparem que convidaram o secretário-geral para um almoço. Ele veio, acedendo ao convite. Óspois, teve de ir para a fila para ter direito ao chop-chop. Mas pelos vistos a caldeirada estava boa pois ele não se queixou. Aliás, nunca ninguém se queixou de uma caldeirada confeccionada pelo Baptista. E no fim até botou discurso.
Chato, chato, foi a camarada Cátia Susana ter de interromper a sua almoçarada para ir fotografar o homem na fila.
Mas prontos! Foi uma jornada de luta, de convívio, de fraternidade, de alegria.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Nobel da Paz, o Senhor da Guerra

Não é a primeira vez que o Prémio Nobel da Paz é atribuído a um senhor da guerra. Isto anula o valor de alguém que o receba, merecendo-o. Que os senhores que o atribuem tenham outros valores, e negócios, nitidamente diferentes dos meus, é uma coisa que, não me dizendo directamente respeito, incomoda-me. A menos que chamem outro nome ao famigerado prémio.
Contudo, orgulho-me de ter assinado uma petição pela candidatura de Pete Seeger. Ele, sim, cantou a solidariedade, a paz. Perdi. Perdemos todos. Com as promessas do novo Nobel da Paz e senhor da guerra de intensificar os conflitos em que se meteram sem serem chamados, e com a recusa, também, em assinar o tratado de Ottawa.
Há tempos, numa conversa, ouvi uma afirmação que me provocou uma reacção que nunca teria julgado possível: pura e simplesmente arrepiei-me. E continua a arrepiar-me. “Em Angola ainda estão para nascer pessoas que hão-de morrer vítimas das minas”.
Portanto, penso que me perdoam a má educação: “Obama, fuck you, son of a bitch”.
O Pete , já a seguir, e bem acompanhado, canta para nós:

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O “Hera”, esse cadáver da arqueologia naval

Augusto Alberto

Estava uma manhã de chuva, mas como não desisto de uma corrida ou marcha, enfiei o impermeável, que me cobre até às canelas e que sobrou da China, e pus-me a andar pela avenida até ao charco dos patos, esse local de culto. Estava o local completamente encharcado, porque a vala que escoa a água, na embocadura com o mar, por força da maré, estava carregada de areia e impedia o seu escoamento. A intempérie estava rija e dos patos, nem penas. As máquinas que fazem o prolongamento do molhe norte, que vai longo, estavam paradas porque a vaga carregava violentamente na pedra. Pescadores à linha na praia, também nem um. Surfistas, também não se viam, porque as vagas estavam acima dos 5 metros, e longe de terra começavam a desfazer-se em espuma. Voltei pela praia, com os sapatos a enterrarem-se na areia molhada e a ficarem encharcados. A cara dura e fria, porque a água empurrada pelo vento noroeste, tocava impiedosamente. Mas eu, resoluto, sempre a caminhar para o norte.
Parei no porta-aviões, um maciço de pedra, em frente ao farol do Cabo Mondego, que na sua parte interior, faz uma autêntica piscina, lugar de perdição de pescadores, e no Verão da juventude do meu lugar. Regressei contente ao fim de quase três horas de marcha dura, e o corpo quente, apesar da chuva abundante.

foto: O que resta do m/v "Hera" , fotografado em 1996 por João Viana

No regresso pela praia, sempre com a água e vento pela proa, fui pensando no que se deveria fazer do “Hera”. Perguntarão, mas o que é o “Hera”? O “Hera” é um cargueiro, cujo cadáver repousa exactamente encostado ao molhe norte. Estava eu a entrar na adolescência, talvez, em 64/65 do século passado, numa noite de invernia e também de mar feio, o “Hera”, sem motores e leme, veio à garra, empurrado pela vaga, e lá ficou. Evidentemente que foi desmontado, com os meios da época, mas a carcaça, com o tempo, ficou enterrada na areia. Há uns anos atrás, o mar roubou muita praia e o cadáver ficou à mostra. Foi um gozo, porque ao povo o que é do povo. As crianças chapinhavam e nadavam nas pequenas piscinas interiores, que de vez em quando o mar fazia.
Ora cá está. E mais pergunto: Como se poderá aproveitar o cadáver? Numa terra em que os dois partidos do poder se guerreiam para mostrar aos figueirinhas as suas fantasias, que em regra não são para realizar. Lembro aqui a ponte pedonal para a outra margem, o túnel pedonal para a outra margem, o hotel de topo na Gala, ao lado do Hospital, a reconversão do doido do projecto hoteleiro do Vale do Leão, outra vez, em coisa fina, o palácio das convenções, na quinta da Borboleteira, e para acabar, o complexo desportivo, basicamente falhado. Aproveito, humilde cidadão, para deixar aqui, ao poder, ideia mais modesta. Porque não pensar em dar uso ao cadáver do “Hera”? Muito simples. Depois de trabalhos de remoção das areias, e sua consolidação, possibilitar que o cadáver fique como um ponto de arqueologia naval ou que se torne no Verão, na tal piscina oceânica, que os miúdos já adoraram. Achar-me-ão maluco. Seja. Mas eu acho que o cadáver do “Hera” deve ser dado ao povo. Porque ao povo, os cadáveres…
Perguntar-me-ão, porque não vendo eu esta terna ideia ao meu partido. Como é óbvio, uma ideia destas só poderá ser vendida a quem pode ser poder, para evitar que ela fique escrita numa folha, que com o tempo, amareleça debaixo de um vão de escada. Por isso, cá está o contributo deste figueirinhas, divertido, que se subscreve.

Fantastique? Jamais!!!!






Com estes tipos, é um regalo!!!! E para sucateiros , outros sucedâneos e afins!!!!! Enfim.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Figueira da Foz, a tremendona


Alegrem-se figueirinhas. A importância da Figueira da Foz no contexto nacional é muito mais transcendente do que se pensava. A praia da claridade tem estado sempre presente nos grandes acontecimentos desta pobre pátria. Desde, pelo menos, os meados dos anos 60 do século passado.
O reconhecimento e a resenha histórica, aqui.

Confissões…






"( Verão Quente 1975) Foi o PS que organizou todas as manifestações. A direita andava fugida, silenciosa e algumas pessoas iam às nossas manifestações. Vi lá pessoas de extrema-direita que eu conhecia, de punho erguido a dizer: "PS! PS!".(...)"

Mário Soares, entrevista ao jornal “I”, 07/12/2009


“A direita andava fugida, silenciosa”.
Mas foi muito bem substituída, disso não temos a menor dúvida, e comandada pelo assassino Carlucci. Continua a ser, de resto. Também sem a menor das dúvidas. Bem substituída e muito bem servida.
E o que continua a fazer falta, atendendo ao estado em que isto está, como disse o grande poeta e professor de História, é avisar a malta.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Um historiador mesmo aposentado?...


A um historiador ou a um professor de História, exige-se, até por dever de ofício, isenção, imparcialidade. Pelas responsabilidades inerentes.
Agora que essa isenção não tenha contornos absolutos, porque somos produtos da sociedade em que vivemos é uma outra estória.
Mas tem sempre de haver um esforço para um compromisso com a verdade. Muitas razões poderão existir para que esse encontro com a verdade não se efectue. Mas não serão, agora, para aqui chamadas.
O meu amigo António Agostinho, no seu blogue “Outra Margem” sente-se “vítima” de uma obra coordenada por “um professor de História aposentado e autor de vários livros temáticos”.
O grave da questão é o quanto é difícil saber o porquê deste professor se ter abstido do rigor, da verdade e da isenção que deve caracterizar a investigação histórica.
Se o trabalho se revestiu da falta destes ingredientes isto afasta-nos da leitura dos seus outros livros temáticos, uma vez que o critério será o mesmo. E obriga-nos também a reflectir na história que ele terá ensinado aos seus alunos. E se haverá muitos mais professores com o rigor deste.
Agostinho conta a "estória" toda de um livro apócrifo aqui.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

8 de Dezembro de 1980




Why?????????

Mr. Mojo Risin

O poeta americano James Douglas Morrison faria hoje 66 anos. Morreu em 3 de Julho de 1971, em Paris, em circunstâncias ainda hoje dúbias.
Terá sido assassinado? Nunca ninguém o saberá. O que se sabe é que o poeta era “vigiado” pelo FBI. Como outros, de qualquer maneira. Lennon, por exemplo.
Como cantor, compositor e poeta, Morrison era único. E não só. Também incómodo. Na proporção directa do seu valor como artista.
Um dos crimes pelo qual era “vigiado” seria, certamente, este:


segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Ary, "trovador de Abril e de Maio"

Associando-me à merecida, e devida, homenagem que o PCP prestou a José Carlos Ary dos Santos deixo um “retrato” e um texto de Fernando Campos. E um poema do saudoso e genial poeta que hoje faria 72 anos. Que pode ouvir aqui, pela voz do próprio Ary.
Mas para falar sobre o Ary ninguém melhor de quem com ele conviveu e o cantou. Aqui.


"[…] E pode “ser tudo o que quiserem”. Mas era sobretudo um poeta muito dotado e um tuga muito atípico; enfim, de outra estirpe: uma voz inteira, sem meias palavras e um coração maior do que o peito, aos saltos, perto da boca.
Até quando tomava partido. Sobretudo quando tomava partido: com a força-toda de uma profunda e autêntica sinceridade e não, como hoje se usa em certos meios de esquerda moderna, com calculismos de conveniência remunerada.
A ele nunca o veríamos abrilhantar “comissões de honra” de uma qualquer esquerda de opereta. O seu palco foi outro. Foi a vida generosa, essa Tragédia verdadeira onde se degladiam paixões, com convicção e deslumbramento.
Embora eu em nada acredite e cada vez mais de tudo duvide, aprecio o talento.
Acho admirável a força generosa e a beleza formal desta declaração de fé."

Tomar partido

Tomar partido é irmos à raiz
do campo aceso da fraternidade
pois a razão dos pobres não se diz
mas conquista-se a golpes de vontade.

Cantaremos a força de um país
que pode ser a pátria da verdade
e a palavra mais alta que se diz
é a linda palavra liberdade.

Tomar partido é sermos como somos
é tirarmos de tudo quanto fomos
um exemplo um pássaro uma flor.

Tomar partido é ter inteligência
é sabermos em alma e consciência
que o Partido que temos é melhor.

Pela espora da opressão
pela carne maltratada
mantendo no coração
a esperança conquistada.

Por tanta sede de pão
que a água ficou vidrada
nos nossos olhos que estão
virados à madrugada.

Por sermos nós o Partido
Comunista e Português
por isso é que faz sentido
sermos mais de cada vez.

Por estarmos sempre onde está
o povo trabalhador
pela diferença que há
entre o ódio e o amor

pela certeza que dá
o ferro que malha a dor
pelo aço da palavra
fúria fogo força flor
por este arado que lavra
um campo muito maior.

Por sermos nós a cantar
e a lutar em português
é que podemos gritar:
somos mais de cada vez.

Por nós trazermos a boca
colada aos lábios do trigo
e por nunca acharmos pouca
a grande palavra amigo
é que a coragem nos toca
mesmo no auge do perigo
até que a voz fique rouca
e destrua o inimigo.

Por sermos nós a diferença
que torna os homens iguais
é que não há quem nos vença
cada vez seremos mais.

Por sermos nós a entrega
a mão que aperta outra mão
a ternura que nos chega
para parir um irmão.

Por sermos nós quem renega
o horror da solidão
por sermos nós quem se apega
ao suor do nosso chão
por sermos nós quem não cega
e vê mais clara a razão
é que somos o Partido
Comunista e Português
aonde só faz sentido
sermos mais de cada vez.

Quantos somos? Como somos?
Novos e velhos: iguais.

Sendo o que nós sempre fomos
Cada vez seremos mais!

sábado, 5 de dezembro de 2009

Uns tempitos na cadeia e o juizinho assentava

Augusto Alberto

Estava eu posto nos meus sossegos e até já tinha quase esquecido as rábulas, pré e pós autárquicas, quando de novo acordei para a Figueira da Foz. E porquê? Porque voltamos à rábula do parque desportivo para a cidade. Inevitável!
Já se sabia que a proposta de um parque desportivo para a cidade e concelho é coisa torta. Entre mais estudos, existem por ali linhas de água, expropriações devidas, terrenos em reserva ecológica nacional e financiamento, nada está acautelado. Ou antes, do ponto de vista do financiamento, a única cautela é a que diz respeito à construção de um campo de golfe. Um green, porque, antes de tudo, o glamour.
Há muitos anos, o meu amigo Professor Borronha, responsável pelo desporto autárquico, maçou-me durante semanas, porque queria que eu fosse o chefe de uma equipa de atletismo, que equipa de atletismo, da minha Freguesia de Buarcos, para participar na corrida das Freguesias, com bênção do Município, pelas festas do S. João. Sempre lhe disse que não. À época a autarquia adquiriu uma máquina para fazer pedaços de tijolo, pó. Pó que foi espalhado pelos corredores do parque das Abadias. Sugeri que parte desse pó fosse espalhado e compactado na pista de atletismo do estádio Municipal, no sentido de tornar o piso mais regular e adequado à corrida. A resposta do Presidente Aguiar, como era regra, foi não. Nada feito. Não havia pó vermelho na pista nem dinâmica desportiva no concelho, nem eu correria no folclore autárquico. Foi exactamente isto que eu disse, encostadinho à linha de meta, ao meu amigo professor Borronha e ao Presidente Aguiar. Apesar de lhes estragar o rame-rame, ainda tiveram tempo para esbugalhar os olhos e lá ouviram sem tossir e mugir.
Vão quase 20 anos e nada mudou.
Tanto o Partido Socialista como o Partido Social-democrata, à vez, prometem o que sabem ser difícil. Sucedeu exactamente o mesmo, só com uma diferença. O actual Presidente da Câmara, apertado, empurrou com a barriga para a frente e despachou o assunto, de modo habitual. O imbróglio está ali instalado, pelas razões expostas e ainda por uma outra razão superior. È que pelos vistos, a autarquia resolveu entender-se com a construtora Somague, com caderno de encargos e prazos e agora diz o presidente, a autarquia corre o risco de ter de indemnizar a empresa num valor próximo do milhão e 500 mil euros. Ora cá está como se preparam as almas e como tudo está bem arrumadinho. As cidades podem perder, mas os sacanas do betão, sabem ao que vão, sem risco, mesmo que não tenham nadinha a ver com as terras e as gentes. Só com o dinheiro. Certo, pelos vistos, a Somague, sem mover um metro cúbico de barro ainda vai arrecadar o que lhe é ilícito.
É de lamentar que a anterior gestão autárquica, os com pelouro e os insonsos da oposicrática, sem pelouro, se tenham fechado em copas e tivessem escondido a realidade dos cidadãos eleitores e tenham mais uma vez insistido na mentira.
A gente sabe quem perde. E os figueirinhas que quiserem ter uma actividade lúdica, como tantas vezes tenho lembrado, dediquem-se à pesca, nadem com as barbatanas ao longo da praia ou façam como eu, marchem ou corram pela areia, utilizando o grande complexo desportivo e lúdico, que é a praia e o oceano, que o criador construiu sem necessidade de expropriações, taxas, estudos e demais técnicos e construtores.
Ai figueirinhas, figueirinhas, como sois tratados! E quanto a autarcas desavergonhados, a ser verdade, eu acredito no que se disse e li, só existe um lugar onde deveriam passar, sem actividade que se veja. Uns tempitos na cadeia.
Mas ficai atentos, porque novas rábulas virão. Tenho a certeza.

Promoções turísticas


Isto (que recebi por e-mail) foi publicado há 3 ou 4 anos numa revista de turismo, no Brasil. Acho que nem merece comentários. A não ser o de que é muito difícil acreditar que tenha sido escrito por um brasileiro. Quer pelo sotaque que se pode depreender na leitura, quer pelas palavras utilizadas. Um brasileiro nunca escreveria arquitecto, mas sim arquiteto, um pormenor de que eu, aliás, discordo.
Mais classe tem a promoção da Figueira da Foz, em Luanda. Lembro a novel companhia de dança do CAE a actuar no próximo dia 10 de Janeiro, naquela capital, na cerimónia de abertura do Campeonato Africano das Nações (CAN).
Lá vamos tentar convencer os malianos, os nigerianos, os zambianos, o pessoal do Togo, do Malawi, and so on, a virem passar as suas férias à Figueira.
Promoção 5 estrelas, e a custo zero. Assim, sim senhor.


sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Um funcionário amável e arguto

Augusto Alberto


Hoje, dia em que escrevo, 3 de Dezembro, comemora-se o dia dos cidadãos com deficiência. Nem de propósito, porque eu aproveito para falar de uma pequena história, que nos diz que as intenções morais estão bem longe das facilidades materiais.
Evidentemente que reconheço que as coisas mudaram. Já lá vai o tempo, quando viajava da cidade de Aveiro, onde vivia, para visitar a minha terra, Figueira da Foz, e em Mira se fazia a transferência de autocarro, lá estava, vagueando pelo parque, o sujo maluquinho de Mira. Isto foi no fascismo, nos anos de 60 e 70, do século passado, e era o que faltava que nada tivesse mudado. Contudo, há ainda muito para alterar, nem que seja no domínio da pequeníssima sensibilidade.
Foi o caso. No dia 30 de Novembro, último, dirigi-me com a atleta paraplégica e paraolimpica, que em Pequim, nos últimos Jogos Paraolimpicos, foi porta – bandeira da Pátria, na cerimónia de abertura, para o Centro de alto rendimento do Jamor, no sentido de continuar a preparação com vista a regatas futuras, logo à cabeça, o próximo Campeonato do Mundo, e as seguintes, com vista aos Jogos Paraolimpicos em 2012, em Londres.
Tudo certo entre a Federação Portuguesa de Remo, que é a entidade que suporta a preparação da atleta, e o Centro. Para lá rumamos, ela e eu, que sou o seu treinador. Para nosso espanto, tivemos de voltar logo para casa, porque o centro de treino de alto rendimento por excelência, não reúne, em boa verdade, condições de alojamento para cidadãos com deficiência de fora da capital, atletas de alta competição e por isso, está desse modo vedada a utilização das magníficas instalações de apoio ao treino.
Fiquei com a ideia de que o responsável pelas instalações, estava convencido de que eu carregaria a atleta, que pesa quase tanto como eu, pela escada acima e volta, até aos quartos, que estão no primeiro andar, 6 a 8 vezes por dia. Um completo absurdo e uma cruel falta de sensibilidade.
Acredito que quem manda, ainda não tenha percebido que alguns atletas com deficiência, treinam tanto, como os atletas, de quem se diz, normais. Aliás, esta atleta treina 10 a 12 vezes por semana, e por isso trata-se de uma atleta de alta competição e naturalmente, com o completo direito de utilizar em pleno, as magnificas estruturas.
O funcionário que nos atendeu, sem responsabilidade, desfez-se em desculpas e foi de uma gentileza notável e raramente arguto, porque me disse: - infelizmente, tem sido sempre assim, quando por cá passam pessoas com deficiência, são carregados a braços para o 1ºandar.
Bastava uma pequeníssima parte do dinheiro que se gastou na construção de alguns estádios para o Europeu de futebol, sobre os quais se diz, agora, que o melhor é atirar ao chão, para que este problema fosse completamente resolvido. Tem inteira razão, até porque a solução é simplíssima e ligeira. Mas eu, que me habituei a ser céptico, digo que é por estas e por outras, que desconfio, não raro, nesta pátria, de algumas ideias. Tremo, porque são de trampa. Foi assim com a ideia do Campeonato da Europa e agora com a ideia que nos querem vender, de um Campeonato do Mundo de futebol. Ainda por cima, mitigado, porque a parte de leão, vai para Castela e Leão.
É que nesta pátria, ainda não se percebeu que há mais vida para lá daquilo que nos querem vender como óptimo e por isso, dá a ideia de que uns são filhos da Pátria e outros são filhos… de uma loba.
Das palavras aos actos vai um longo caminho, sempre tumultuoso e tortuoso, como se alguns só possam ter direito às sobras.

A "caça às bruxas"


O macartismo foi tão mau, tão trágico, que ficou conhecido por “Caça às bruxas”. Uma das muitas páginas negras da História dos EUA. Aliás nem sei se eles têm páginas brancas.
O nome vem do seu mentor, o senador nazi chamado Joseph MacCarthy. Entre os nomes que pontificaram na famosa “Comissão de Actividades Anti Americanas”, por ele criada, salientam-se os conhecidos Richard Nixon e o velho admirador de Mário Soares, Ronald Reagan. Ambos chegaram à presidência do país.
Mas sobre esse período negro do pós-guerra, não me alongo.
Deixo-vos antes uns links para uns artigos do blogue “Cravo de Abril”. Onde Fernando Samuel, o autor, num trabalho tão interessante quão oportuno nos historia esses acontecimentos. Interessante porque bem escrito e bem documentado e oportuno porque dá a oportunidade, a uns para reavivarem a memória, a outros para se inteirarem de um período da história do século XX, que, muito possivelmente, e por motivos óbvios, nunca ouviram falar.