segunda-feira, 29 de junho de 2009

Um prémio d’ Outra margem


O blogue “Outra Margem” atribuiu este prémio ao “aldeia olímpica”. Será sempre subjectivo saber se é merecido ou não.
Mas agradecendo desde já ao Agostinho, penso que o talento que o meu amigo Augusto Alberto, colaborador aqui da “aldeia”, revela na crónica, poderá dar um pequeno contributo para a sua justificação.
“O selo deste prémio foi criado a pensar nos blogs que demonstram talento, seja nas artes, nas letras, nas ciências, na poesia ou em qualquer outra área e que, com isso, enriquecem a blogosfera e a vida dos seus leitores”.
Agora a parte difícil, a de atribuir o prémio a sete outros blogues. Difícil porque, necessariamente, alguns terão de ficar de fora. Comete-se, assim, alguma, não propositada mas assumida, desculpo-me já, injustiça. Aí vão, pois, e por ordem alfabética:

domingo, 28 de junho de 2009

Afinal sempre há dia de eleições



Por uma vez Cavaco Silva lá cedeu ao bom senso. Penso que as teorias que defendem a realização das eleições autárquicas e legislativas no mesmo dia por redução de custos não têm razão de ser. Os actos eleitorais são necessariamente previsíveis, logo a república tem de contar com esses gastos, em nome do próprio regime democrático. Numa ditadura é que se poupa o erário público, uma vez que as eleições se realizam quando “eles” querem. Outro argumento seria, ou gostavam os defensores do acto simultâneo que fosse, a diminuição da abstenção. Também aqui penso que é uma treta, porque quem quer votar vota, quem não quer, não vota, seja no mesmo dia, seja noutro dia qualquer.
O que me parece pacífico é que são dois actos completamente diferentes. Nas autárquicas podem aparecer coligações que nas legislativas serão impensáveis ou, melhor, mais difíceis. Ou vice-versa. Ou o contrário.
Vejamos, por exemplo, este caso aqui na Figueira da Foz: os dois candidatos independentes à câmara municipal, da área social-democrata, o que concorre pelo PSD e o que concorre como independente, nas autárquicas vão ser adversários. E nas legislativas?
Daí a pergunta:
Dá para imaginar a esquizofrenia de uma campanha em que de manhã os candidatos estivessem coligados para a Câmara e lá mais p’rá tardinha já fossem adversários na outra campanha?!
Ou vice-versa.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Quando a cantiga é uma arma

Para o mais consequente discípulo de Zeca, Samuel, cantor e compositor, não é só a cantiga que é uma arma. Também o humor, utilizado com inteligência, seja subtil ou corrosivo, mas sempre elegante, se revela uma arma de construção massiva. Aliás, como pode ser testemunhado diariamente no seu blogue “Cantigueiro”. Ei-lo, pelo traço de Fernando Campos e, ao vivo e em pessoa, interpretando António Gedeão.
Ah, falta dizer que Samuel é candidato ao parlamento na lista da CDU pelo distrito de Évora. Aqui ele explica porquê.




Morra o Dantas, pim…morram estes economistas, pum…

Augusto Alberto


No Portugal dos manifestos, não será deste último, dos 28 economistas, + 2, de que gosto em particular, antes pelo contrário.
Esta gente aparentemente não se enxerga, antes pelo contrário, tomam frequentemente ares de presunção. Se olharmos para o caderno da história, dá ideia de que não acertam uma, mas que se saiba por aquela seita a taxa de desemprego é zero e também não consta que a seita tenha dificuldades para saldar empréstimos à banca, antes pelo contrário, também por esse caminho, fizeram da usura uma arma…como agora sabemos. Cada tiro, cada melro, porque esta gente nunca se engana.
Muita destas celebridades, de um modo ou de outro, passou durante estes 35 anos pelo poder político, teve alavancas importantes na mão, na banca e nos seguros, nas grandes empresas e ainda hoje são presidentes de coisas várias. E de todo o modo, volta e meia, dando ares de sábios e de consciência moral do regime, reflectem em conclave naquela coisa, parda, que dá pelo nome de “sedes”. Mas vistas bem as coisas, o seu contributo para a causa exangue da pátria, é um dado relevante.
De um modo muito assertivo, liquidaram tudo o que produzia, colocando a pátria na sofredora situação de quase tudo importar e por isso, na cruel dependência. Das suas cabecinhas engalanadas com os títulos de esfuziantes economistas e gestores, apostaram em liquidar, à conta dos superiores interesses da livre iniciativa privada, sem freio nos propósitos, e em clara missão de classe, por exemplo, com a nossa indústria pesada, de tal modo que hoje não temos siderurgia para fazer um simples lingote de ferro ou metalomecânica pesada que molde uma simples barra ou um simples perno que permitirá fazer os carris e demais apertos às sulipas, ou lamine uma simples chapa para fazer uma porta de uma carruagem dos comboios. Esta é a questão central, que se não deverá esquecer.

Vieram agora, depois do nosso 1º ministro passar a cordeiro, acabaram por agora os pinotes, e em muito manifesta sintonia com este Presidente da República, que mais parece um bocejo, mas que no privado, deve ser para a economista em falta no manifesto, a drª Leite, uma espécie de dedal para o dedo dela.
É por estas e por outras que neste mundo e muito em especial em Portugal, há uns que vão dando o corpo ao manifesto, outros que se aproveitam desse facto para se manifestarem mais do que todos e que manifestamente deveriam estar era caladinhos. Mas, de todo o modo, há um manifesto de que em especial gosto, “ o manifesto anti Dantas”, que com um pequenino arranjo, se lhes pode aplicar com todo o propósito, porque bem vista as coisas, a este bando dos 28 economistas + 2, o economista presidente e a economista putativa “leite”, são contra a modernidade e o futuro.
…Uma geração que consente em deixar-se representar por “28 + 2”, é uma geração que nunca o foi! É um coio d’indigentes, d’indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero.
Por isso, morra o Dantas, pim…morram estes economistas, pum…

quarta-feira, 24 de junho de 2009

"Gracias a la vida"


A senhora da foto nasceu em 1935 na Argentina, chama-se Mercedes Sosa. É conhecida por “La Negra” devido aos seus longos cabelos negros. Cantora muito popular na América Latina, tem um dueto com a cantora de samba Beth Carvalho, cada uma no seu idioma.
Aqui pode ouvi-la, numa sugestão da Sal, interpretando uma muito conhecida canção da autoria de Violeta Parra.

O bloco que o Bloco quer

"O manifesto de 28 economistas pedindo ao Governo que reavalie os grandes investimentos públicos é uma bomba política: pelo momento e pelo relevo dos protagonistas.
A novidade foi a reacção do Bloco de Esquerda: Louçã, talvez afligido por Vitalino Canas ter sido remetido para uma merecida obscuridade, liderou a defesa do Governo: increpou os autores de "ministros de pouca fama", insinuou manobras de "máfia financeira" e socorreu as grandes construtoras com um desvelo tal que o cheguei a imaginar, daqui a alguns anos, sentado entre Jorge Coelho e Dias Loureiro na administração de alguma delas.
Mas a causa imediata do achaque de Louçã deve ser outra – o Bloco já sonha em ir para o Governo com o PS, após as Legislativas, e convém ir mostrando serviço".


Carlos Abreu Amorim, Jurista (in Correio da Manhã, 22/06/2009)

terça-feira, 23 de junho de 2009

Um novo estádio para investir? (Croniqueta futebolístico-imobiliária)




Não sou propriamente um entendido em futebol. Nem sequer sou o que se chama treinador de bancada. Sou mais treinador de sofá.
Mas há dias, através de alguns blogues, tive conhecimento de que o presidente da Naval defendeu que “a falta de um estádio é o principal travão ao investimento”.
Como isto ultrapassa o real domínio do pontapé no coiro, atrevo-me a dizer que um novo estádio é, já por si, um investimento. E, no caso da Naval seria, na compreensão que tenho da coisa, escusado por vários motivos: primeiro, porque o actual, melhorado quando da subida da Naval à 1ª Liga, tem condições satisfatórias, tanto que ainda não há muito tempo foi palco de um jogo internacional. Segundo, a capacidade do estádio atinge os 12.000 lugares e, como é sabido, a assistência média por jogo não atinge as mil almas. Ao que julgo saber nem o FC Porto nem o Sporting o conseguiram lotar. O único que o consegue é o Benfica, mas com seis milhões de adeptos também era melhor que o não conseguisse. O azar é que o “glorioso” só cá vem jogar uma vez por época, duas se calhar uma eliminatória para a Taça de Portugal.
Agora, antes de pensar no que não faz falta, os navalistas deveriam ter duas preocupações. Seriam as minhas se fosse navalista. Sem as enumerar por ordem de prioridades, passo a citá-las:
A construção de uma sede social, porque desde o incêndio em Julho de 1997 nunca me apercebi de alguma preocupação dos dirigentes do clube nesse sentido. É uma urgência.
A outra seria uma política correcta para o futebol de formação. Isso sim, seria um investimento. A muitos níveis. Desde a alimentação do plantel profissional, que seria composto a um preço mais barato e levaria mais gente ao estádio pois iriam ver jovens figueirenses, passando pela possibilidade de vender jogadores, o que constituiria uma mais-valia na aquisição de receitas. Mas o que nos é dado ver é isto.
E, já agora, quanto ao jogo de magistrados, este poderá ser contraproducente para um dos candidatos à Câmara Municipal…
A menos que, para manter o equilíbrio democrático, e aquela coisa de oportunidades iguais, se empreste o relvado para um jogo de professores, já que a candidata da CDU é professora. Assim eles podiam, sei lá, fazer um jogo entre socretinos fura-greves e os outros. E também para um jogo de engenheiros. Mas aqui os candidatos Duarte Silva e Daniel Santos teriam de jogar na mesma equipa. São ambos independentes.

Decálogo

O húmus na esperança da terra:
Eis o pão!

A carícia nos dedos do vento:
Eis a água!

A liberdade na paz dos homens:
Eis o trabalho!

A estrela no murmúrio da fonte:
Eis o pensamento!

O amor no leite da mulher:
Eis a poesia!

O direito no sol do mundo:
Eis a justiça!

O equilíbrio na paz dos astros:
Eis a ciência!

A harmonia no silêncio do mar:
Eis a música!

A luz no calor do sangue:
Eis a pintura!

O segredo na voz da floresta:
Eis a imaginação!


António Cardoso (Angola, 1933-2006)

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Celeste (II)

Por razões alheias à nossa própria vontade não foi publicada a totalidade da crónica “Celeste”. Aqui fica a segunda parte, com as respectivas desculpas ao Augusto Alberto e aos leitores.


Augusto Alberto

Há anos, numa manhã de sábado, dirigi-me ao velho posto náutico da Avenida Saraiva de Carvalho e não consegui abrir a porta. O telhado do velho edifício ruiu sobre os barcos e o atrelado que os transporta. Os escombros entravaram a porta. Percebi o pior. Logo dei pela perda.
Não sei quantas vezes o Celeste ainda remou depois da tragédia de 1930. Se calhar poucas. Ou mais nenhuma. O que sei é que ficou completamente destroçado. Fiquei muito magoado e hoje carrego uma dúvida. Provavelmente não fiz tudo para o salvar. Quantas vezes reclamei para que dali fosse retirado? Quantas? Pressentia que aquilo haveria de suceder. Mas também é certo que nunca ninguém me ouviu. Garanto-vos que hoje, conhecendo a forma como acabou, tê-lo-ia colocado à porta do museu, único lugar onde deveria repousar.
Celeste, em honra à mulher mais bela. Construído em Itália, Livorno, teve curta vida, aquela foi a sua regata de estreia, e história complicada.
Nesse dia de desconsolo, do último folgo do Celeste e do velho posto náutico, houve um prenúncio. Um prenúncio de que haveriam de suceder coisas bem piores. Se se tem reflectido sobre os escombros da Avenida Saraiva de Carvalho, talvez se tivesse evitado a desgraça da rua da República, que foi o fogo que destruiu a notável sede da Associação Naval 1º de Maio. A perda de uma preciosidade.
Estamos sempre a tempo de parar para reflectir. O futuro será sempre aquilo que cada um de nós quiser. Para o bem e para o mal.
Mas curioso é o facto de no mesmo dia do trágico acidente e quase à mesma hora, ter estado a minha mãe a empurrar para a luz do dia o seu primeiro filho, o meu irmão mais velho, que veio ocupar demograficamente o lugar do Cachola. Pelo menos por aqui, que bom que foi.


Esta é a história sublime de uma regata de remo. Permanece obscura, mas fui a tempo de a recuperar na oralidade do meu pai, que se hoje fosse vivo teria mais de cem anos e do próprio Edmundo, de quem os ingleses um dia disseram ser o remador mais valente que alguma vez remou nas memoráveis regatas da Taça Vitória, no conjunto das regatas internacionais da Figueira da Foz, da primeira metade do século passado. Taça Vitória, com fim também trágico, devorada pelo fogo da rua da República. Que infelicidade!
Por fim, aproveito desde já para responder a uma insidiosa pergunta feita por um anónimo, aqui nesta “aldeia olímpica”. O que faço eu hoje, ainda no remo? REMO, caro anónimo, sempre REMO.

CELESTE

Augusto Alberto


Faz hoje, 22 de Junho, 79 anos, a história mais sublime do desporto da cidade, que quero aqui recuperar, depois de a ter contado em Dezembro de 1997, no extinto “A linha do Oeste”. Algumas alterações são exigidas, porque o tempo de hoje, não é o tempo de 1997, ainda muito povoado pela tragédia da Rua da República. Para que se conheça e se reflicta sobre a importância das coisas e do melhor da minha cidade.
É incontornável que a história da primeira metade do século XX não pode negligenciar o contributo soberano dos clubes da cidade. Neste particular, a história dos primeiros 50 anos da Associação Naval 1º de Maio possui um encanto muito particular. Cidade e clubes entrelaçam-se.
Desse período fica como momento mais sublime, o dia 22 de Junho de 1930. Estava uma manhã calma, de calor sanjoanino e dos “5 irmãos” partiram à mesma voz os dois shell 4 com timoneiro, da Naval e do Ginásio. Em disputa estava o Campeonato Regional de fundo. A luta saiu dura. O normal. Era a honra dos dois eternos rivais que se jogava então.
A velha ponte, lugar mítico das últimas acelerações, imutável, viu os dois conjuntos confluir para o mesmo pegão. Conheciam bem as correntes os dois timoneiros, experientes e timoratos. Entraram forte, até que o inevitável acontece, sobretudo quando se joga bem alto a bandeira.
O sol e o esforço fizeram esgotar as energias. Bátegas de água e suor molhavam os corpos. As mãos a tangerem subtilmente os remos. Nunca se apertam!
Os remos movem-se sincopadamente. O timoneiro dá mais um puxão nos baldrocos, uma guinada de leme. O aperto foi de mais. E zás! A proa do Celeste entra completamente por debaixo do barco do Ginásio. O leme, lâmina fina do barco ginasista corta e rebenta a tela da caixa-de-ar do Celeste. Chocam! Os barcos perdem velocidade e param. Os nervos rebentam frágeis e ainda hoje não se sabe, nem ninguém nunca saberá, os motivos, António Cachola alivia os pés do seu pau-de-voga, salta do seu lugar e entra na água cristalina do Mondego. O grande Edmundo salta também, mas submerso sente um remo debaixo dos seus pés e pula de novo à superfície. Finca as mãos na borda do barco e aí permanece. Cachola não sabe nadar. Os outros três também não. Só o timoneiro sabe dominar as marés. O tempo corre. Os presentes, toda a multidão que sob o tabuleiro da velha ponte saudava a regata, dão-se conta do pior. Saltam à água dois homens destemidos. Salta à água um adversário ginasista. Mas Cachola afunda-se. A Cidade agita-se e logo chora.
Vinte e quatro horas após, o corpo aparece frio, junto à velha ponte, mãos fincadas no pilar, que a tudo assiste.
Não é minha intenção ao cabo de 79 anos ajustar a história. Aliás, não há ajuste possível. Foi, sê-lo-á por todo o sempre, comum, os encontros, o entrelaçar dos remos. Só que agora os barcos são de matéria dura e não é assim do pé para a mão que rebenta uma caixa-de-ar. Para além de que saber nadar, é uma regra certa.
As exéquias de Cachola foram monumentais. Toda a cidade se juntou no infortúnio. A imprensa nacional registou o momento. António Cachola ficou como símbolo do clube. Todos os anos os velhos navalistas se deslocam ao seu mausoléu.
Mas, e o Celeste? O barco?
Não acredito no destino. Acredito no potencial dos homens e instituições. Na vontade e inteligência. O resto são misticismos de gente que mendiga, rasteja e é incapaz. A sorte e o azar são coisas do jogo da vida.

domingo, 21 de junho de 2009

Um barco chamado “Celeste”


A actividade e a rivalidade dos dois grandes clubes da Figueira da Foz, a Associação Naval 1º de Maio e o Ginásio Clube Figueirense, são parte integrante e marcante da história da cidade.
Poder-se-ia contar muitas estórias das refregas entre os dois, muitas delas cómicas. Mas também a tragédia invadiu algumas vezes o cenário. Augusto Alberto foi aos confins da memória resgatar, provavelmente, a mais pungente delas. Amanhã. Porque amanhã faz 79 anos que um barco chamado “Celeste”…

Um estranho e lindo rio...


Já imaginou um rio a desaguar num deserto? Então não imagine. O rio Cuango, que nasce no sul de Angola, desagua no deserto do Kalaári. E em delta. Pode ver aqui.

sábado, 20 de junho de 2009

A vitória do shell8+ foi há 5 anos


Entrevista


Augusto Alberto: "É muito difícil repetir"

O maior feito do remo figueirense, a vitória do shell8+ do Ginásio no campeonato nacional, fez 5 anos no passado dia 15. Porque poderá parecer estranho ser esta vitória ainda única numa cidade virada para o desporto e em que esta modalidade tem grandes tradições, a “aldeia olímpica” entrevistou um dos obreiros desse feito: Augusto Alberto. Para quem poderá não saber era o treinador e o timoneiro do conjunto vencedor. Depois de ter passado pela selecção principal e pela sub-23 está agora com o projecto paraolímpico.
Ele mesmo, o colaborador deste blogue, teve a gentileza de responder a algumas questões. Ei-las.


Antes da prova equacionaram a hipótese de chegar à vitória?
Reunidas as condições humanas necessárias, e estando consolidada a base material e logística, claramente se colocou como o único objectivo, pela primeira vez, a vitória no Campeonato Nacional.

Numa cidade onde o remo tem forte implantação como se explica que este êxito seja único? Que significado poderá ter?
É preciso esclarecer que a modalidade passou por um longo período de apagamento, por razões várias, entre o início da década de 50 e o início da década de 80, do século passado, três décadas. Este apagamento colocou a modalidade numa situação de aflitiva inferioridade, logo à partida, do ponto de vista material. No início do seu período de recuperação, o remo da Figueira não reunia condições materiais e logísticas para se afirmar do ponto de vista da qualidade. Do mesmo passo, necessariamente não foram criados atletas de qualidade, com o hábito do treino e da competição de um modo sério, consistente e contínuo. Desse modo, não poderia existir, especificamente, tradição do treino e competição neste barco. Quando a modalidade principiou a sua recuperação, naturalmente as cautelas e o receio de competir, sobretudo num barco tão rápido e exigente, foram sempre muitas. O percurso foi feito paulatinamente noutros barcos, ao mesmo tempo que se foi criando o hábito do shell 8 nos escalões de formação, com inteiro êxito, diga-se. Foi, pois, necessário romper com o medo de treinar e competir neste barco e isso foi um longo processo.
À medida que as condições se foram reunindo, foi necessário estar atento à vontade dos atletas. Essa vontade está sempre datada no tempo, porque nem sempre se conseguem reunir com vista a este desafio, que é enorme, porque é complexo, tanto do ponto de vista do treino técnico, físico e de grande exigência do ponto de vista da estabilidade emocional. Por outro lado, são precisos entre 10/12 atletas, sendo que no final só 8 são os eleitos e essa escolha é sempre muito dramática para o treinador, que é quem decide em última análise…

E se decide mal? É frequente isso acontecer neste desporto?
…bem, a questão foi que começamos com 10 atletas à partida com hipóteses de remar no shell 8 e acabamos com 9. Foi necessário decidir finalmente o atleta não legível, que trabalhou do mesmo modo, competiu também no conjunto das regatas que suportaram a preparação da equipa, mas acabou por não ser o escolhido. No dia da escolha o treinador sofreu e sofreu o atleta, que apesar de ser o 9º atleta, criou inicialmente expectativas sérias a propósito de um objectivo que era muito relevante do ponto de vista do seu espólio desportivo. Com a agravante do atleta em causa, ser o atleta de maior relação afectiva e cumplicidade com o treinador. Ambos travaram muitas batalhas desportivas juntos e estiveram juntos na equipa nacional, mas, verdadeiramente, a escolha do ponto de vista do treinador, tinha de ser essa.
A margem de erro nesta modalidade é relativamente mais baixa porque ela é mensurável e não casuística, embora como em tudo na vida, o erro é sempre possível. Aliás, nesta matéria, os melhores são sempre os que melhor decidem, porque aumentam a sua taxa de êxito.
Mas como estava a dizer, no ano dessa vitória, estavam resolvidas as questões basilares, com um modelo de treino em linha com um esforço máximo de 6 minutos, número redondo, físico e técnico, e com uma óptima estratégia, que definiu que durante a época, apesar de múltiplas competições neste barco, só uma nos interessava, o titulo nacional. Nessa época, só por duas vezes a equipa foi ganhadora. O campeonato Nacional e 15 dias após, a vitória na Taça de Portugal.

foto: www.ginasiofigueirense.com. A tripulação ginasista perto da meta, à frente do Caminhense e do Náutico de Viana.

Que hipóteses existem de se repetir, uma vez que as condições para a prática da modalidade são, pelo que se ouve, boas?
Existe sempre hipótese, desde que criada a tempo, mas a questão, é de que na falta da tradição de competir sistematicamente para os lugares do topo, as dificuldades vão aumentando.
Se foi difícil a primeira vitória, pelas razões acima descritas, mais difícil é repeti-la, porque na falta da tradição que disse, não é fácil, dados os grandes sacrifícios exigidos aos atletas, como por exemplo, treinos a acabar cerca das 11.00 horas da noite, repetir com os mesmos atletas, o mesmo desafio. Porque um atleta é um caso, alguns não estão disponíveis para novos e renovados sacrifícios. Ficam alguns, mas só alguns não chegam, porque também a base de recrutamento não é assim tão vasta, em linha com as necessidades. Estamos, apesar de tudo, a falar, mesmo em termos de remo nacional, de atletas acima do 1.85 metros e dos 85 kg. Não é fácil. Alterando-se as condições, volta tudo ao ponto de partida. Será preciso, procurar de novo a conjunção dos factores em referência e estar atento ao momento ideal, que poderá ter de esperar anos.

Já que falaste no recrutamento, achas que o futebol e o basquetebol têm um efeito eucalipto, aqui na Figueira? Quer dizer, ao encaminharem muitos jovens para lá sem terem a mínima queda para a coisa…
Não creio que a questão central seja essa. Por razões várias, como disse, o remo passou trinta anos em profundo coma e isso necessariamente deixou marcas. A tradição da modalidade fugiu durante esses trinta anos e não existia como oferta simplesmente lúdica ou de modo competitivo. Naturalmente, o futebol e o basquete, este com um período muito pujante, nesse entretanto, implantados, recolheram as preferências e mantêm até hoje a sua cultura e poder de atracção. É um direito que lhes é próprio, que somado a algum mediatismo local, regional e nacional, tem esse efeito de maior recrutamento. Contudo, já no período de nova estabilidade do remo, a modalidade tem tido, à custa de uma boa e suada politica de recrutamento no âmbito dos dois clubes da cidade, uma boa relação com a juventude, e agora, creio que de modo muito curioso, com atletas mais velhos, veteranos. Alguns que regressaram de novo aos barcos, outros ainda, e isso é muito significativo, fizeram da experiência na modalidade, uma nova oportunidade.
A questão não é pois a do recrutamento, que como digo, anualmente é muito bem feita, são outro tipo de questões, muitas e complexas, que por isso não cabem nesta resposta, até porque, se se fizer o balanço dos últimos trinta anos do remo na Figueira, se verá como a modalidade envolveu muita gente e ainda envolve e os resultados foram muito significativos, tanto do ponto de vista da competição nacional, como das varias experiências internacionais.
Em termos absolutos, eu direi que a modalidade tem de ser mais do que a modalidade que na área das escolas e da formação, está muito bem, mas que tem de ser consistentemente adulta. Isso implica ter coragem para tomar de modo regular, as boas decisões. E às vezes não é fácil.
Será preciso esclarecer ainda, que 4 dos 8 atletas constituintes da equipa campeã nacional, na época anterior não tinham relação com o clube, o Ginásio Clube Figueirense. Ou seja, 3 deles são oriundos de Coimbra e o outro com origem em Viana do Castelo, embora vivendo à data em Coimbra. Foi possível reunir vontades, razões antropométricas, que no ano seguinte já não foi possível reunir, ainda que o clube tenha estado presente na final nacional que decidiu as medalhas.

No coments

Realmente não consigo dizer absolutamente nada. Fiquei literalmente sem palavras. Limito-me a "roubar" o texto ao "Cravo de Abril". Talvez o leitor consiga tirar alguma ilacção.
"A notícia chegou e disse:
Gustavo Villoldo era um empresário cubano - representante da General Motors em Cuba - e pai de um filho com o mesmo nome.
Em 1959 a sua empresa foi nacionalizada por decisão do governo revolucionário, aplicada pelo Che, então presidente do Banco Nacional de Cuba - e Gustavo Villoldo, inconformado com o facto, suicidou-se, tomando uma dose elevada de comprimidos para dormir.
Gustavo Villoldo (filho) fugiu para os EUA e, em 1967, integrava o comando de agentes da CIA que perseguiu e assassinou o Che na Bolívia.
Agora, o filho intentou uma acção contra Fidel e o Che, acusando-os de responsáveis pela morte do pai.
E um juiz norte-americano não só lhe deu razão como condenou Fidel e o Che a pagarem-lhe uma indemnização de 700 milhões de euros.
A notícia só não diz como é que a sentença vai ser executada, e o que acontecerá aos acusados se não pagarem a indemnização ao acusador...
Esta justiça norte-americana é danada para a brincadeira... - mas nem mesmo a brincar deixa de exibir o seu conteúdo de classe".

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Um canto à paz

Aqui dei a conhecer uma interrogação sobre a “Marselhesa” do cantor francês, já conhecido na "aldeia", Graeme Allwright. Trata-se do hino francês, um canto de guerra, de 1792, da autoria de Claude Joseph Rouget.
Graeme escreveu uma nova letra, gravou-a, e canta-a. É um hino à paz, à solidariedade.
Quanto à petição, penso que ela continua a decorrer.
Segue a proposta de Graeme, que ele nos faz o favor de cantar, de seguida:



Pour tous les enfants de la terre
Chantons amour e liberte
Contre toutes les haines et les guerres
L’etendard d’espoir est leve
L’ etendard de justice et de paix
Rassamblons nos forces, notre courage
Pour vaincre la misére et la peur
Que régnent au fond de nos coeurs
L’ amitié la joie et le partage
La flamme qui nous éclaire
Traverse les frontières
Partons, partons, amis, solidaires
Marchons, vers la lumière.










Pelo direito ao contraditório, deixo a letra original, cujo primeiro nome foi “Chant de guerre pour l’armée du Rhin”.



Allons, enfants de la patrie
Le jour de gloire est arrivé
Contre nous de la tyrannie
L’ etendard sanglant est leve
L’ etendard sanglant est levé

Entendez-vous, dans les campagnes
Mugir ces feroces soldats?
Ils viennent jusque dans nos bras
Egorger nos fils, nos compagnes

Aux armes, citoyens!
Formez vous bataillons
Marchons, marchons
Qu’un sang impure
Abreuve nos sillons.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Câmara da Figueira da Foz: um record de candidatos?

Na próxima Segunda-Feira o engenheiro Duarte Silva vai apresentar a recandidatura ao 3º mandato à presidência da Câmara Municipal, nas listas do PSD. Aliás era esperado, como já tínhamos avançado em Janeiro último.
Tudo indica que se pode bater, este ano, o record de candidatos. Depois de Silvina Queiroz, da CDU, dos independentes Javier Vigo e Daniel Santos e do candidato do “partido socialista” ainda não se sabe se CDS-PP e BE irão ou não concorrer sozinhos, o que subiria para 7 os candidatos, e constituiria um record.
A dúvida ainda permanece sobre estes dois últimos, pois também há a considerar a hipótese de concorrerem diluídos ou, quiçá, coligados com os respectivos partidos-mãe.
Destaque para o facto do PSD/PPD ter dois candidatos independentes: Duarte Silva, tanto quanto sei não é filiado, e Daniel Santos que concorre com uma lista independente. De quê, também não consegui apurar.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

A Fatwa e a nossa própria irresponsabilidade

foto: Pedro Cruz, blogue "Outra Margem"

A passagem a vilas de algumas aldeias do nosso concelho não traria muitos mais problemas, nem daria origem a mais ou menos comédias, do que já deu, não fosse a parolice fundamentalista de um presidente de junta. Ao exacerbar o facto para se elevar aos olhos dos eleitores, acabou por se denunciar e por se reduzir àquilo que nunca deixou de ser. Mas que, pelos vistos, ninguém sabia.
O que custa, num regime democrático, é que pessoas como estas são capazes de ganhar eleições. Veja-se outros casos, estes a nível nacional, para fazermos ideia do que acontece a nível local, e cito alguns: Adolfo Hitler, Ronald Reagan, George Bush, Margareth Tatcher, Durão Barroso, Sócrates, Berlusconi, Sarkozi, e muitos, muitos mais.
E custa porque somos nós, os eleitores, que escolhemos.
Somos, portanto, os únicos responsáveis. Ou irresponsáveis.
Talvez começando a pensar desse jeito. Digo eu.

Mãe preta

Que desplante!!!

Leiam isto:
“Travar os combates que devem ser travados, o combate a uma direita que representa um modelo neo-liberal falhado”.
É preciso muita desfaçatez para afirmar isto, quando se é um dos dirigentes do partido neo-liberal por excelência. É que o que acabamos de ler, dito por Francisco Assis faz parte da análise política feita pelos “socialistas” na sua última reunião em que dissecaram os despojos da eleição para o parlamento europeu.
É sabido que eles retiraram todo o espaço político à Direita, que deixaram o PSD a falar sozinho. Compare-se o novo Código de trabalho aprovado por um governo PSD com o agravamento desse mesmo código infligido pelos “socialistas”. Analisemos o nível de vida das classes trabalhadoras a deteriorar-se compulsivamente. Analisemos o estado a que o país chegou nos últimos 4 anos. As perseguições aos professores, enfermeiros, aumento do desemprego…
Não se enxergam e pensam que fazem de nós parvos.
Irra!!!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

O Comandante, o desporto e um clube muito especial


Ontem, dia 14, o comandante “Che” Guevara faria 81 anos, se fosse vivo. O jornal on-line MaisFutebol publica uma reportagem sobre as relações do comandante com o desporto.
Ficamos a saber que era um desportista de qualidade, desde guarda-redes de futebol a um xadrezista exímio, entre outras modalidades que praticou.
Ficamos a saber que na pequena localidade onde foi assassinado viviam familiares do futebolista Sanchez, o boliviano que se sagrou campeão nacional pelo Boavista FC e que nasceria dois anos depois.
E também que na Argentina existe um clube muito, muito especial: o “Clube Social Atlético e Deportivo Ernesto Che Guevara.
A excelente reportagem, além de várias outras curiosidades, divulga factos da personalidade do revolucionário argentino pouco conhecidos que contribuem para humanizar a imagem que temos do mito.
Podem lê-la aqui.

domingo, 14 de junho de 2009

A democracia tenebrosa

Há dias, aqui, interroguei-me sobre que povo somos para elegermos gente de uma estranha estirpe.
Parece que a mentalidade salazarenta ainda está arreigada em muitas das mentes que têm responsabilidades públicas. Desta vez é o povo da freguesia de S. Pedro, que não fugindo à bitola nacional também comete os tradicionais excessos. De arrepiar. Ora façam o obséquio de ler atentamente.
Que o papel das câmaras municipais esteja esgotado é coisa que nem sequer discuto, mas que sirvam, juntamente com as juntas de freguesia, para impor o caciquismo e utilizar o poder conferido democraticamente para satisfação de interesses e ambições privadas, ultrapassa as fronteiras do bom-senso.
Agora ao votarmos em quem não conhece minimamente a lei, sobretudo a lei fundamental, atropelando-a por desconhecimento, a culpa só pode ser nossa.
Que povo estranho somos!

sábado, 13 de junho de 2009

A pasta funâmbula

Augusto Alberto


Foi em 1997 na campanha eleitoral para as autárquicas, aquelas em que o Dr. Santana Lopes deu um capote, que me cruzei na cidade com um jovem, de pasta na mão, que conheço, e perguntei ao que ia. Um militante da juventude de um partido de poder cá da terra, mas de ingenuidade muito ligeira, como só pode ser, porque me disse calmamente que ia a um determinado local, que mantenho sob reserva, claro está, buscar um cheque, gordo, para pagar a campanha eleitoral do seu partido. Nada de mais pagar os cartazes, desdobráveis, pins e outras coisas afins, mas quanto ao resto…
Em tempos de campanha autárquica, esta pequena história é-me irresistível.
Acontece que após mais uns diazitos por fora, passei os olhos por jornais atrasados e fiquei a saber que o senhor engenheiro Daniel Santos se coloca na posição de candidato independente à presidência do município. Nada mais justo, porque a cidadania é um direito.
O lugar escolhido para a apresentação tinha de ser, necessariamente, a condizer. A Assembleia Figueirense, lugar onde pára de quando em vez uma certa amálgama da burguesia e aristocracia da vanguarda da cidade, muito a gosto, alguma vagamente funâmbula, em saraus que o comum dos mortais não entende e que mais parecem ser coisa esotérica.
O Eng. Daniel avança porque diz, entre outras coisas, que os partidos estão esgotados. É uma perigosa observação. Primeiro, é preciso saber por onde andamos, o que fez cada um de nós e que contributos demos, não vale, pois, assobiar para o ar. Depois é preciso perceber que os partidos não são coisas vagas e herméticas. As pessoas não são más por estarem organizadas politicamente e boas por não estarem. São meritórias quando gerem e zelam pela coisa pública e comum, estejam politicamente organizadas ou não, mas se tomam decisões que só a alguns interessa, então a mesma pessoa, do mesmo passo, organizada politicamente ou não, coloca-se na posição contrária à do interesse geral. É por isso que se eu fosse o Presidente da Câmara, por exemplo, nunca permitiria que o hotel do galante fosse construído, por violação, do meu ponto de vista, do bem comum. É claro que construído o hotel, a decisão foi excelente para o promotor, mas para o comum dos cidadãos, foi uma decisão desastrosa para a cidade. A questão é saber de que lado estamos.
Evidentemente, que um promotor sortudo, com certeza arriscará colaborar na campanha eleitoral a favor de quem decida pela sua sorte, mas não contribuirá, necessariamente, a quem lhe traga o azar. É assim que se faz nas grandes democracias, como acima se vê, e ponto final.
Mas voltando à apresentação da candidatura do Eng. Daniel dos Santos, sabemos que a sala esteve cheia e que muitos dos tais burgueses e aristocratas da vanguarda figueirense passaram por lá, e nada os podia impedir, evidentemente. Mas, apesar, não lhe garante grande cartão de apresentação, digo eu. Por isso e dito o que acima disse, e o que lá se viu, já me chega. Mas civilizadamente, desejo-lhe a maior sorte.
E já agora, resta perguntar, se esta é mesmo a democracia que nos serve. Ou será que o nosso tempo ainda é igual ao tempo de que nos falou Eça, há 138 anos, na sua “campanha alegre”? O país é um espectador distraído…paga àqueles que o espoliam e àqueles que o parasitam…paga tudo, paga por tudo.

Do jornalismo

"Eu não quero ser desagradável, mas creio que as escolas de jornalismo são quase todas viciadas. E viciadas logo à partida sobre o que é o jornalismo e o que não é o jornalismo. E até criando grandes dificuldades a jornalistas que entendem que entre os grandes valores que pode ter o jornalismo se contam o valor da liberdade, da verdade e da justiça."

Álvaro Cunhal, jornal "Expresso", 31 de Maio de 2003

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Finalmente temos vilões


Após interrogações e preocupações de vária ordem, o meu amigo António Agostinho, do blogue "Outra Margem", ascendeu finalmente ao estatuto de vilão.
Mas continua, mesmo assim, com uma dúvida, e, diga-se em abono da verdade, muito pouco cartesiana.
É que ele não sabe quando é a festa.

Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil

Assinala-se hoje, 12 de Junho, o Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil. Segundo a imprensa do dia estão neste momento a trabalhar mais de 200 milhões de crianças. Os números são da Organização Mundial do Trabalho, portanto, penso que insuspeitos, pois não se tratam de números inventados por qualquer organização política que se opõe ao capitalismo desenfreado que se estabeleceu como que uma moda. Números que sublinham que, transcrevo, “três em quatro crianças estão expostas às piores formas de exploração laboral”.
E este problema não é só característico do chamado Terceiro Mundo. As notícias dizem que em Portugal a fiscalização do trabalho infantil não funciona como deveria funcionar.
Há necessidade de democratizar e não de brincar à democracia, acrescentaria eu.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Uma alegre parcela da vitória


Parece que todos o calam!

Muitas razões se invocam para o espantoso crescimento eleitoral bloquista pela blogosfera, mas nenhuma alude ao Alegre! Quantos votos renderam os 2 comícios Louçã-Alegre que "credibilizaram" a alternativa BE, aos olhos duma fatia PS?
Digamos que é uma injustiça não atribuir os devidos méritos ao histórico "socialista".

Já não há boiardos, mas há uma Alexandra

Augusto Alberto
Bem pode a Alexandra ter sido abençoada com nome muito ao gosto, mas Alexandra é só uma menina de pais russos, que por péssimas razões nos entrou casa dentro, em razão de uma decisão de um magistrado que, se soubesse acrescentar alguma coisa mais à formatação em linha com o pensamento único e à formação escolástica, ficaria desse modo mais atento ao que vai no mundo e teria percebido que bem melhor seria, apesar de tudo, em arranjar outra solução para a Alexandra e sua mãe.
A Alexandra saiu de uma terra vagamente urbana e calma para ser depositada, depois de longa viajem, numa aldeia rural da Rússia, a cerca de 300 quilómetros de Moscovo. Por cá são uma estucha, por lá, coisa pouca. Mas clamor, a menina vive em casa de madeira, meio esconsa, cercada de corrais, porcos, cabras e galinhas, caminhos de saibro ressequidos e vincados. Pois é… E como são por cá as nossas aldeias?
Mas a questão não é essa. Aldeias rurais e casas de madeira, há-as em todo o lado, ainda que casas esconsas sejam próprias do terceiro mundo, evidentemente. E ai está exactamente o centro da questão. Ou seja, lidos e ouvidos abundantes comentários com centro na imprensa russa, ficamos a saber, em desabafos sofridos, que a Alexandra acabou por aterrar numa sociedade em que milhões de famílias se afogam no álcool, retorquindo violência sobre as crianças, tornando o assunto corrente, e que perante esse desvario, muitas delas, dormem friamente em catres. Porque ouvi bem e porque conheci a Rússia há mais de 30 anos e conhecendo o comportamento corrente de muitos dos seus jovens, hoje, só posso dar crédito à informação que nos chega. E para que a coisa se torne mais séria, também registei o desabafo, de um conselheiro da Presidência russa, para as questões sociais, que nos disse que o estado russo não dispõe dos meios necessários para a resposta afectiva a que as crianças russas tem direito. Uma confissão dura e cruel, que só o pode envergonhar e a nós, magoar.
O que sobrou da experiência socialista, é um monte de escombros e desilusões, que hoje, aos vencedores de uma longa e minuciosa batalha, não atormenta. Que lhes importa que a sociedade russa se afogue na miséria?
Na Rússia de hoje já não boiardos, mas oligarcas, os novos senhores, que em pouco tempo, para marcar terreno, lutaram desenfreadamente, em orgias de traições, ódio e sangue, tal e qual os boiardos de ontem. Os vencedores construíram impérios em que belas mulheres, barcos e automóveis topos de gama, vilas, clubes de futebol, são o fio condutor, e em que os vencidos estão, alguns, por detrás de grades e outros, assustados, fugiram para longe.
A Rússia, a grande mãe, é hoje uma nação em perfeito sobressalto, onde os oligarcas numa luta titânica e diária, tratam de proteger da cobiça, as sua fronteiras e os recursos naturais que querem somente seus, dos que ontem apressadamente se consideraram vencedores. A grande mãe está fraca e em farrapos e ao seu povo, já não lhe dá afecto e orgulho. Está exangue.
Há um recuo civilizacional muito sério, que não atinge só a grande Rússia, mas nos atinge a todos nós, infelizmente. Há quem se ria, mas eu não.
Infelizmente, este é o mundo em que nos meteram e por isso, apesar de a Alexandra não me conhecer, só me resta desejar que resista, porque, como muitos, também me sinto impotente. Mas não vale desistir.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Um soneto de Luís Vaz

Num mundo poucos anos, e cansados,
Vivi, cheios de vil miséria dura:
Foi-me tão cedo a luz do dia escura,
Que não vi cinco lustros acabados.

Corri terras e mares apartados,
Buscando à vida algum remédio ou cura;
Mas aquilo que, enfim, não quer Ventura,
Não o alcançam trabalhos arriscados.

Criou-me Portugal na verde e cara
Pátria minha Alenquer; mas ar corrupto,
Que neste meu terreno vaso tinha.

Me fez manjar de peixes em ti, bruto
Mar, que bates na Abássia fera e avara,
Tão longe da ditosa pátria minha!

O 10 de Junho, a hipocrisia e a azia

Cavaco Silva não consegue disfarçar o mau estar que lhe causa o 25 de Abril. Enquanto primeiro-ministro chegou ao desplante de recusar uma pensão à viúva do Capitão Salgueiro Maia e de condecorar dois pides.
Hoje vai, numa atitude de hipocrisia pura, homenagear o herói da data libertadora. Será que vai engolir um "sapo vivo" ou estará tão à vontade porque o espírito de Abril está, no seu entender, já morto e enterrado?
Em todo o caso, o presidente da república faz dois em um, a vingança toma a forma de antídoto para a azia: vai também condecorar um “penduricalho patronal” (a expressão não é minha, a que tenho não é melhor, é muito longa. É assim: um “grupelho de jagunços ao serviço de um bando de malfeitores”).

terça-feira, 9 de junho de 2009

Eleições europeias: pormenores colaterais (II)

A direita ganhou em toda a linha as eleições para o parlamento europeu. Conseguiu até terminar um ciclo, o do poder político do PS, de forma pacífica e ordeira. Evitou que os votos do descontentamento, muitos certamente, não caíssem em “más mãos”, ou seja na Esquerda. O tampão que arranjaram, o Bloco de Esquerda, portou-se lindamente, tendo-se arvorado na terceira força eleitoral do cenário político. Assim fica a direita contentinha e descansadinha, pormenor confirmado com a actuação desse mesmo bloco no parlamento europeu, uma vez que nas grandes questões irá manter a sua perfomance e o seu hábito, o de votar condignamente com o PS, o PSD e o CDS, ou, então, optar pela abstenção.
A confirmar tudo isto que acima escrevo está o papel da imprensa, desde a afirmação proferida de que seria engraçado que a “esquerda simpática” ficasse em terceiro lugar, passando pelo facto de toda a imprensa ter andado com o bloco ao colo, com o pertinente caso, mesmo colateral, pois embora possa parecer que tivesse passado despercebido ficou no subconsciente de quem vê televisão, do canal do guru do grupo bilderberg em Portugal ter transmitido em directo o discurso de encerramento de campanha do Bloco de Esquerda. Por esquerda simpática deve-se entender, não consigo entender outra coisa, que não aquece nem arrefece, não faz grandes ondas.
Está visto que a grande batalha dos senhores da finança e de outras quejandices não era que ganhasse o PS ou o PSD, para eles é exactamente a mesmíssima coisa. É bom recordar a afirmação do patrão da CIP antes das legislativas de 1995, de que era indiferente que ganhasse o PS ou o PSD, o importante era que o CDS ultrapassasse o PCP. Como chegaram à conclusão que é uma tarefa bastante difícil deitaram mãos a uma outra estratégia, a esquerda simpática. Este adjectivo, simpática, faz lembrar o melhoral, isto na perspectiva deles. É que nem lhes faz bem nem lhes faz mal. Mas bem faz-lhes, certamente, embora a sua modéstia apareça, como é fácil depreender, como uma inteligente jogada táctica.
Este ano foi Manuela Ferreira Leite a convidada portuguesa para a reunião do grupo bilderberg. Quem sabe se para o ano não será Francisco Louçã? O homem merece, sim senhora.

Bonnie e Clyde come back



Transformados em ícones de uma contracultura de insubmissão e resistência na época da grande depressão económica dos anos 30 do século passado, eles aí estão de novo. Mas desta vez em formato de blogue. E, embora continuando os assaltos, alteraram os papéis. São eles que disparam agora contra os assaltantes.

Pode visitá-los aqui.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Eleições europeias: pormenores colaterais (I)

1976

Augusto Alberto (texto e foto)*


Já que estamos em maré de lembranças e efemérides, aqui estou de novo a escrever contra a corrente.
Desta vez, quero lembrar a morte de 73 desportistas cubanos, que no longínquo ano de 1976, mais exactamente no dia 11 de Maio, se dirigiam de Caracas a Havana, em avião da companhia de aviação cubana. Uma bomba colocada no interior do avião, fez, em pleno voou, implodir a aeronave, acabando de ceifar a vida a esses jovens desportistas que tinham participado, com inteiro sucesso, nos Jogos latino americanos. Tratava-se fundamentalmente das equipas de halterofilia, judo, boxe e luta olímpica. Foi uma enorme tragédia, que não tem, evidentemente, em dia de efeméride, o tratamento mediático de outras tragédias, como a de Lokerby, ou da praça Tiananmen, por exemplo, porque mais uma vez, os latino americanos ou são brancos vagamente a atirar para o castanho, senão, na totalidade pretos.

Mas o ponto da questão, é que o autor moral deste feroz atentado, tem um rosto confesso, contudo, e apesar, está guardado a sete chaves, impedindo desse modo a possibilidade de justiça. E o rosto é de um terrorista que dá pelo nome de Luís Posadas Carriles. Um venezuelano, que se tem mantido ao longo da sua vida ligado às máfias de Miami, e em estreita colaboração com a CIA. Um terrorista nato, autor de muitas obras de arte, assassinas, e sempre bem coberto pelo estado norte-americano e sua justiça.
No dia 11 de Maio deste ano, passaram 33 anos sobre tamanha barbarie, mas, num mundo de imprensa curva, a data necessariamente passa sem referência. Era o que faltava. E o que falta também, é que a justiça e o estado norte-americano, coloquem tal figura no centro da justiça venezuelana, para que pague o que tiver a pagar. Apesar de muitos esforços e várias reclamações, o vizinho do norte que o utilizou, haverá, depois de o comer, de seguida chupar os ossos, porque de outro modo, muito se poderá saber, e isso nunca será coisa boa, evidentemente.
Bem faz a revolução Cubana, em sua própria defesa, sempre a propósito, de volta e meia, em dar uns sopapos, porque sendo eu um sujeito atento, nunca vi ou soube que qualquer democrata ou vago intelectual, do lado de lá ou do lado de cá da ilha, tenha exigido justiça a propósito destes e outros feitos.
Aos democratas que por ai passam a vida a zurrar, convido-os a clamar por mais equilíbrio na democracia, para depois nos podermos entender. Se assim não for, então bardamerda e passem muito bem.

* foto: Havana, praça em homenagem às vítimas, com 73 bandeiras, uma por cada vítima.

sábado, 6 de junho de 2009

O caracazo



Augusto Alberto



A 4 de Junho deste 2009, comemorou-se os 20 anos dos acontecimentos da praça de Tianamen. Acho muito bem. Ainda por cima, do ponto de vista da paisagem, a praça só é especial porque é um panegírico e, por isso mesmo, austera. Temos por cá mais belo. Aliás, entendo que tudo deverá ser comemorado e lembrado, ainda que por cá, certa, ou quase toda a imprensa, falada e escrita, seja vesga, com todo o seu propósito. E é por isso que para azar, num mesmo tempo, várias coisas possam ser comemoradas, embora, em regra, se escolha a dedo. Então, eu aproveito, contra a corrente, para falar de outra coisa. O caracazo. E o que é o caracazo?
O caracazo foi o caso que levou a uma brutal repressão em toda a Venezuela, mas sobretudo na Cidade de Caracas, exactamente no mesmo ano de 1989, num período de grandes dificuldades sociais, com gente amargurada, que desceu das favelas, e saiu às praças e avenidas, em protesto, porque a vida lhe estava insuportável. Passaram agora também 20 anos, na terra em que agora governa Chavez, o tal populista que anda com furor nacionalizador. Dados conhecidos, falam em centenas de mortos e até hoje, cerca de 2.000 desaparecidos.
Mas este caracazo tem um rosto, e ele é de um tal Carlos Andrés Pérez, Presidente de um partido social-democrata, membro da Internacional Socialista, amigo de Felipe Gonzalez e de Mário Soares. Aliás, no ano de 1978, Caracas recebeu o congresso dessa internacional socialista. Essa personalidade, que mandou sair a tropa às praças, acabou, sem espinhas, como todo o bom “cabron” oriundo da América Latina, no amigo do norte, os Estados Unidos.
Continuo a achar que tudo deverá ser lembrado, mas exactamente tudo e então, eu espero que por cá e por todo o lado, se fale também dos 20 anos do caracazo, e dos tais, até hoje, mais de 2.000 desaparecidos, sob pena de considerar que a imprensa nativa não passa de uma imprensa abjecta e curvada, porque considera um despropósito aquela gente de um branco meio acastanhado. Pela amostra, o mais provável é nada ser dito, e então, eu aproveito desde já para dizer aqueles que acreditam que a democracia assim é coisa linda, que ganhem tino.

Dia de reflexão

Vamos lá, então, reflectir.




Aqui, o Prémio Nobel de Literatura reflete sobre democracia.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Na planura

foto: alex campos

À porta da minha casa,

Além ao longe, na planura,

A verdade arrasta a asa

Partida pela brandura...

Quero a força!

Quero os que digam

Que seguem o rasto

Da Justiça e da Verdade

E nos caminhos por onde sigam

Vão desnudando a falsidade!



Ana Tapadas

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Os outros tempos (crónica instrumentalizada e discriminada)

Quando há dias atrás o nosso lamentável primeiro-ministro falou em instrumentalização sabia muito bem do que estava a falar. Estava, entre outras coisas, a por em prática uma expessão popular. Esta: “chama-lhe puta antes que ela te chame a ti”.
Eu cheguei só agora a perceber o que na realidade é essa coisa de intrumentalização, muito porque não tenho o hábito de ver televisão. À excepção de filmes e de futebol, e este já muito menos, pois limito-me ao meu desalmado Sporting e a uma ou outra vitória de uma equipa que joga de azul-grená e que patrocina a UNICEF, pouco mais vejo e de fugida.
Mas, também há uns dias atrás, assisti às reportagens da campanha eleitoral. Consegui, nitidamente por um acaso, ver a cobertura das várias forças políticas em dois canais. Primeiro num privado. Após o que, num zapping, fui parar à televisão pública, que não sei se é ou não do “ps”, isso teria de perguntar à candidata ao parlamento europeu e à câmara do Porto pelo “ps”, mas não perguntei. E, no canal, chamemos-lhe público, assisti exactamente às mesmas reportagens das mesmas forças políticas.
O ponto alto da reportagem sobre a visita da CDU a uma empresa pública, a EMEF, foi a queixa de uma dirigente sindical que não recebeu aumento devido à sua condição de sindicalista. Vê-se a reacção da candidata Ilda Figueiredo a desafiar o Ministro do Trabalho a inteirar-se da situação pois trata-se de um caso flagrante, e absurdo, acrescento eu, de discriminação.
Na mesma reportagem no canal público além desta parte ter sido, cirurgicamente, estratégicamente, politicamente, cortada, limitaram-se a passar imagens com a voz off do jornalista.
Pronto, no tempo do “Botas” os comunistas nem tinham tempo de antena. Tinham outros tempos. Tempo de perseguição, tempo de tortura, tempo de prisão, tempo de morte.
Os trabalhadores é que, pelos vistos e pelo andar da carruagem, têm os mesmos. Tempo de discriminação, tempo de baixos salários, tempo de trabalho precário, tempo de desemprego, tempo de fome.
E, se se distraírem muito a coisa ainda pode andar mais para trás.

terça-feira, 2 de junho de 2009

No aniversário do CAE Pedro Santana Lopes


7 anos são 7 anos. Vai daí os festejos metem uma parada de sardinhas e uma corrida de carapaus.
Assim ficam (ficamos) todos contentes.

Sai mais um candidato

foto:"O Figueirense"
Hoje dá à estampa mais um candidato. O segundo independente. Trata-se do engº Daniel Santos. Uma candidatura que irá baralhar o cenário político pois é certo que irá mexer com os eleitorados do centrão, nos laranjas e nos xuxas, como aliás já se chegou a comentar.
Mas isto quer dizer que Duarte Silva irá recandidatar-se, o que significa que as nossas fontes não se enganaram, ou pelo menos acertaram em 50% quando em meados de Janeiro nos disseram isto. Os outros 50% são devidos à imprevisibilidade dos “socialistas”, pois parece que andam sem rei nem roque, e para quem até tem um “líder histórico” que se dava ares de monárquico...
Mas a provar que Daniel Santos vai baralhar o xadrez todo, a nossa fonte é de opinião que o deputado social-democrata Miguel Almeida se perfila como seu apoiante. A gente por aqui vai aguardando mais informações.
Agora com 4 candidatos de Direita é que a nossa “rica” comunicação social terá dificuldades para se orientar. Há sempre a possiblidade de se poder recorrer a “gps’s”.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

A comunicação social figueirense, outra vez

Esta tarde, uma iniciativa da CDU com João Ferreira, o segundo nome da lista concorrente às eleições europeias de domingo próximo, constou de uma viagem de comboio de Coimbra à Figueira da Foz.
Durante a viagem e nas duas estações, a de embarque e a de desembarque, o candidato falou e ouviu os utentes dos caminhos de ferro. Isto porque o pretendido era aprofundar o conhecimento da situação de degradação da qualidade dos serviços de transporte ferroviário através do contacto com a comissão de utentes e com a população em geral. Deve-se dizer também que a CDU tem insistido na necessidade de investimentos na modernização das linhas existentes e de algumas entretanto encerradas – tendo mesmo o PCP feito propostas de inclusão de verbas em PIDDAC com esse objectivo.

O que interessa é que no final estava convocada uma conferência de imprensa, na estação da Figueira da Foz, para o candidato relatar a sua experiência e as queixas dos utentes e colocar-se à disposição das perguntas dos senhores jornalistas. Mas aconteceu o inacreditável: nenhum jornalista compareceu. O que não abona em nada a seu favor. E não vou tecer mais considerações nem nenhumas suposições. Deixo-as ao critério dos leitores deste humilde blogue, por respeito à sua inteligência.
Só quero acrecentar que acho indigno de uma comunicação social que gosta muito do que gosta, não tenho nada com isso, mas por causa disso chateia-me que copiem textos e fotos, como tem acontecido com este blogue, sem pedirem autorização ou citarem a fonte.
Agora permitam-me que utilize o título de um livro do filósofo inglês Colin McGinn, só para desopilar:
“Não me fodam o juízo”. É que também já "brinquei" ao jornalismo, e se o não levarmos a sério desrespeitamo-nos a nós próprios.

A uma criança

as longas mãos, cobertas de silêncios
e de esperas
acariciam agora, outras mãos,
mais pequenas e mais belas…
e desse contacto tão distante,
que ainda é saudade,
e é já promessa,
nasce a íntima certeza
de que o sangue do meu corpo
corre para o teu,
como uma herança…

estão presas as minhas mãos,
às tuas mãos, criança!
e sobre a ponte frágil
dos nossos dedos confundidos
como cadeias de hera,
se ergue dia a dia
a esperança desta dor
e desta espera…