domingo, 31 de maio de 2009

E uma manchete?


Soube-se, aliás sabe-se, que os deputados europeus aumentaram o seu próprio ordenado para o dobro. Numa perspectiva simplista nada pode parecer mais normal e merecido, já que os senhores, quase todos, são o grande baluarte do sistema em que a grande maioria sobrevive para proporcionar a uma pequena minoria as bem-aventuranças que a vida lhes facilita.
Não se soube, porque não interessa, mas aliás devia-se saber, e é mais uma prova de que a comunicação social está em “boas mãos”, que os deputados da CDU votaram contra o salário único europeu pois entenderam que os ordenados de cada deputado têm de ter em conta as realidades dos respectivos países.
Mas pode-se saber, e aliás deve-se saber, que Ilda Figueiredo, da CDU, vai abdicar do aumento do salário de deputado europeu e desafiou os deputados que se recandidatam ao Parlamento Europeu a esclarecer se vão manter o ordenado actual ou passar a receber o salário único europeu.
Se eu percebo alguma coisa de jornalismo isto devia dar direito a manchete, pois trata-se realmente de uma notícia pouco vulgar. Mas, pronto, é inoportuna... pode por em causa a hipócrisia em que o sistema político-social em que vivemos sobrevive., chafurdando.

sábado, 30 de maio de 2009

Pelo Parlamento Europeu

É pacífico reconhecer-se que a grande maioria dos eleitores não faz uma pequena ideia do que fazem os deputados europeus.
Como também é certo que a maioria esmagadora deles não está lá para fazer seja o que for, a não ser dar credibilidade e corpo a políticas que não se coadunam com as aspirações da maioria dos europeus.
Se os eleitores dessem mais atenção e fossem mais rigorosos no que respeita às consequências do seu voto, ou seja, exercessem o seu direito de cidadania, talvez as votações sofressem uma certa mudança e as coisas andassem por outros caminhos não tão enviezados. Porque, apesar de tudo, trata-se de eleições onde está muita coisa em jogo.
Se clicar aqui, verá, num documento do próprio Parlamento Europeu, uma classificação dos deputados europeus que os portugueses elegeram há 5 anos.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Deu Barça em Roma


Não sei porquê, ontem, ao assistir à final da Liga dos Campeões veio-me à memória o mais catalão dos galegos. É que nem sei se o saudoso Pepe Carvalho era adepto do Barcelona ou mesmo se gostava de futebol. Não sei e nem me lembro se ele alguma vez nos disse. Mas supunhamos que, esse tipo duro e desiludido que tratava a desilusão com cinismo ou sarcasmo, que sim, que até era adepto do Barça.
Não seria de grandes festejos, o senhor Carvalho. Mas festejaria.
Embora não faça a menor ideia como. Nem mesmo consigo imaginar que livro arderia quando, no final do encontro, ele chegasse a casa.
Pronto, gostei da vitória do Barça. E renovei as saudades da estonteante personalidade do senhor Carvalho.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Vai o mar um cão

Augusto Alberto


Na minha terra, na indicação do cabeça de lista do Partido Socialista às eleições autárquicas, houve de tudo. Mosquitos por cordas. Alguns ilustres locais e distritais a continuarem na linha dos desabafos do anterior vereador municipal e do anterior presidente da junta de freguesia de Buarcos, para além, de que, em dado momento, a coisa foi de gritos e apitos. Uma candidatura com traços que só nos poderá assustar, pelas relações ínvias, a fazer fé em relatos que por cá andam. Até porque os cidadãos desta terra não tem razões para grande confiança relativamente aos seus líderes locais.
Todavia, nesta matéria, tiro o chapéu ao PPD/PSD da Figueira, porque geriu de modo muito inteligente este tempo de incertezas. Agora sabe que afinal o Partido Socialista se colocou a jeito para somar novo desaire autárquico, a fazer fé em algumas vontades. O PPD/PSD poderá hoje com tempo e mais cuidado, fazer tranquilamente a sua escolha e se não se atrapalhar, está claramente em condições de renovar a vitória autárquica. Mas…
Mas, contudo, como cidadão, só poderei dizer que as bruxas andam por ai a par do diabo, que é casal sempre tinhoso e manhoso. As histórias são de rilhar os dentes e por serem transversais, cuidai-vos figueirinhas, fazei como eu, que sei desde já onde votar.
Como se diz por Buarcos. Vai o mar um cão.


No arranque das campanhas eleitorais que por ai vem, neste Maio, 80 mil reuniram-se e marcharam em Lisboa, de modo pacífico, educado, limpo e democrático. Pois é. Cá por mim, nem um papelinho deixei no chão, desviei-me para deixar passar uma ambulância com alguém lá dentro à rasca e nem perdi o tino quando ao meu lado esquerdo estava a sede de uma daquelas empresas que nos sugam e pagam generosamente aos seus administradores. Considero-me um sortudo, porque tenho dinheiro para pagar a camioneta para ir à festa, com todo o gosto, porque felizmente, democraticamente, ainda não tenho que ir às sobras dos supermercados.
Mas afinal, a propósito, quem se mobilizou e foi mobilizado?
- Foram 80 mil mobilizados pelo Partido Socialista, a quem as sondagens eleitorais apontam para trinta e tal por cento? Foram 80 mil mobilizados pelo Partido Social-democrata, a quem as sondagens eleitorais apontam para trinta e tal por cento? Foram 80 mil mobilizados pelo Bloco de esquerda, a quem as sondagens eleitorais apontam para 12/13 por cento?
- Foram 80 mil mobilizados pelo Partido Comunista Português, a quem as sondagens eleitorais apontam para um dígito, 8 por cento?
Só me admira que aqueles que eleitoralmente se constituem por dois digitos, não tenham a coragem de descer a avenida e mostrar o que valem e o que querem. Sejamos sérios.
Mas o país real, é mais do que campanha eleitoral, apesar de se querer dar a ideia de que o País parou por aqui. Dava jeito, mas a verdade é que nestes tempos de grandes desconfianças, os compinchas amnésicos do banqueiro Oliveira e Costa, estão muitos atrapalhados, porque o homem quer revelar os milhões que pagou e a quem pagou. Será? A palavra será dada aos deputados. É só um instante, ou o homem vai de novo contar aquela história da grande montanha que só pariu um rato?
E afinal, também ficamos a saber que a mansão de Rendeiro mudou de off shore. Também eu, pobre cidadão, mudo de praia de volta e meia, mas sempre com azar, só consigo ir para praias de águas frias…Aí se eu fosse um banqueiro vigarista, só me via nadar em praias de águas quentes. Assim, só no duche…

E que tal um espelho?


Nesta altura do campeonato o grande drama do PSD, supostamente o maior partido da Direita, é não ter espaço político porque o PS o ocupou. O partido laranja deve estar preocupado com o facto dos “socialistas” poderem não obter maioria absoluta, pois assim será difícil fingir que fazem oposição.
Os ditos ultrapassaram mesmo os laranjas tendo chegado muito mais longe numa governação que penaliza quem trabalha, se nos lembrarmos do código de trabalho, do aumento de desemprego, da crise e dos chorudos lucros de quem não produz e dos também chorudos ordenados de muitos “comissários políticos”, como é do conhecimento público. Quer dizer, fizeram muito bem o trabalho da direita, com excesso de zelo e tudo.
Enquanto isso, a eminência parva, perdão, parda, queria dizer eminência parda do socratismo, que não se tem cansado de desancar em quem trabalha, vem considerar a direita de reaccionária.
Parecendo que não, um espelho faz muita falta.

domingo, 24 de maio de 2009

O Balão de ar quente

por Augusto Alberto


"Câmara da Figueira da Foz “apadrinha” regresso de Markku Allen ao troço da Boa Viagem"

Foi com este assombroso titulo que o jornal local “ O Figueirense”, com data de 21/11/2008, exactamente de há meio ano, noticiou uma competição intitulada, “ master race internacional”, para o período de 22 a 31 de Maio de 2009, a realizar num espaço de 17 hectares, de uma indústria de madeiras, hoje desactivada na margem esquerda do Mondego. Notícia dada com abundantes pormenores, a confirmar em www.ofigueirense.com.
O centro Racing show pretende juntar, na Freguesia de S. Pedro, os campeões mundiais de rali, Walter Rohrl, Juha Kankkunen, Ari Vatanen, Markku Alen. Confirmaram já a presença os Filandeses Juha Kankkunen e Tommi Makinen, vencedores de quatro títulos cada um. Ainda em fase de confirmação, a organização anuncia a possível presença dos melhores entre os melhores, Tina Turner, James Blunt, Enrique Iglésias, Riky Martin e Coldplay.
Entretanto haverá demonstrações de trial ou freestyle, karting e…Falta alguma coisa, que adiante direi, por superior interesse funcional. Fazendo parte do vasto leque de propostas no campo do entretimento, a Razoou team vai instalar um mega parque de diversões que inclui uma área especialmente dedicada aos mais novos, como um restaurante original, insufláveis e um cinema, supervisionados por diversos monitores.
Marco Guarda aludiu a mensagens electrónicas trocadas com Allen, frisando a satisfação do piloto em voltar a cheirar o pó de Portugal, na pista da master racing internacional e Lídio Lopes, vereador do desporto da autarquia, aludiu à satisfação de Markku Allen em regressar à Figueira da Foz, cidade que acolheu etapas do Rali de Portugal nas décadas de 70, 80 e 90.

Na ocasião, o vereador Lidio Lopes, afirmou que a master race internacional e também o mundial de enduro, agendado para Outubro, na Figueira da Foz, vão colocar a cidade por boas razões, no mapa mundial do desporto motorizado. Estes eventos, disse ainda o autarca, vão revolucionar a projecção da Figueira da Foz como espaço de prática de todos os desportos.
Esta noticia como não podia deixar de ser, foi alindada com um boneco do senhor vereador Lidio Lopes, ao lado, provavelmente do promotor do evento, tendo por fundo, a torre do relógio da praia.
E agora, entro eu, cidadão desta bela cidade, para perguntar o seguinte: - cá do evento? Cá da pista? Cá dos carros? Cá do Markku Allen? Cá do restaurante? E já agora, por quanto ficou a promoção do falhado evento?
Ora aqui está em como uma certa vaidade e megalomania pode dar em nada.
Mas ainda falta terminar, e para isso, cito agora o mais prosaico da diversão, dado o tal interesse funcional … e passeios de balão de ar quente…Porquê? Para como cidadão deixar aqui muito claro, que o ideal seria que dentro da cestinha do balão de ar quente, esta gente, que nos tratam sistematicamente por irrelevantes cidadãos, se fossem daqui para longe, para deixarmos de ser sistematicamente enganados e humilhados.
Mas, acontece que este cidadão atento, acabe por desafiar o senhor vereador, para que olimpicamente nos explique o que se passou para que tudo tenha falhado, embora me sinta agradecido pelo tiro falhado, porque assim sempre vou poupar 40 euros, correspondentes ao preço do bilhete.
Obrigado.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Cunhal e a realidade portuguesa

Álvaro Cunhal foi um dos políticos que melhor estudou, compreendeu e escreveu sobre  a realidade portuguesa. A leitura e o conhecimento da sua vasta e multifacetada obra em vários domínios, não deixam, ou não deixavam, contradizer a afirmação acima. Poderia parecer mesmo um contra-senso.

Até agora. Pois, descoberta recentíssima, acaba de se saber  que Álvaro Cunhal além de não a conhecer também chegou ao exagero de não a procurar, por esquecimento talvez, no único lugar onde ela está, toda concentrada.

Se quiser saber onde ela se encontra, a realidade portuguesa, basta clicar aqui.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Nem só com papas e bolos se enganam os tolos...

Muitas familias, muitas mesmo, dependem, ainda hoje, da indústria têxtil. Porque lá trabalham, ou o marido, ou a esposa, ou mesmo o casal. Não só essa indústria como todas as outras entraram em crise. Mas esta sofreu ainda uma agravante: a entrada da China na Organização Mundial do Comércio. Uma das mais terríveis consequências foi o alastrar dessa indignidade que dá pelo nome de desemprego. É conhecido o drama vivido por muitas famílias.
Não terão sido nestas famílias que pensaram os deputados europeus do PSD, do CDS, do PS, quando votaram contra, com a abstenção do BE, uma proposta da CDU nesse parlamento, no sentido de serem activadas as cláusulas de salvaguarda, aliás previstas na lei.
É preciso entendermos que Europa queremos. Agora, uns a apregoar ufanamente que somos europeus ao mesmo tempo que vamos hipotecando a nossa própria independência, outros com estas tretas abaixo ilustradas, parece ser ridículo demais. E prejudicial.
É que se não formos nós a olhar por nós, não serão, por certo, os “europeus” que o farão.
Continuaremos na dúvida: que famílias portuguesas acima de que famílias políticas? É que eu até assinava por baixo se não soubesse o que a casa gasta…
Enfim…

publicado em http://revolucionaria.wordpress.com/

quarta-feira, 20 de maio de 2009

A gripe, a tal: em três perspectivas

A gripe A, ou suína, como lhe queiram chamar, é mais uma estratégia com objectivos obscuros, muito pouco éticos e nada humanitários, mas que têm a ver com os tempos que correm. Terá sido inventada em laboratório, tal como o vírus HIV ou, quiçá, o Ebola.
A primeira, de um cartoonista:

daqui


Esta, a explicação de um cientista:






E a última, de João Melo, jornalista, escritor e poeta angolano:


A gripe suína e os tugas


Maio de 2009. Este dia ficará gravado para todo o sempre, de forma absolutamente indelével, na gloriosa história dos tugas: foi confirmado o primeiro caso de gripe suína (ou melhor, ex-suína, agora é gripe A) em Portugal. A honra lusitana está salva. Os espanhóis – que já têm cerca de duas dezenas de casos - não vão continuar a estigá-los.
Este facto extraordinário conseguiu ofuscar a canonização de D. Nuno Álvares Pereira, o herói de Aljubarrota, que vários séculos depois salvou da cegueira uma pobre mulher de uma buala portuguesa qualquer que, desajeitadamente, deixou o óleo da frigideira saltar-lhe para as vistas, como diriam os mangolês. Bastou à matrona lusitana invocar o nome do herói, que logo a sua visão melhorou. Ter-se-á transformado numa Super Mulher e passado a ver através das paredes e outras superfícies opacas? Eis um mistério que a malta (e bota malta nisso!) do Eixo do Mal poderá descobrir.
Quis o acaso que eu, uma simples e pobre criatura angolana, sem profissão reconhecida, testemunhasse, estando de passage rápida pelo novo Ultramar, por questões familiares, todos esses factos verdadeiramente inauditos. Vou registá-lo, pois, no meu CV. Se amanhã alguém criar o Prémio da Testemunha Sortuda do Século, talvez me calhe alguma coisa, que eu estou a precisar de arredondar o salário. Digo mesmo: foi pura sorte.
Quando eu cheguei, os jornalistas portugueses estavam à beira de um ataque de nervos. Como era possível ainda não se ter registado nenhum caso da nova gripe no indefectível jardim à beira mar plantado? Eu assistia à televisão e via me acometido de uma profunda compaixão por esses briosos e patrióticos profissionais.
As autoridades sanitárias do país tentavam explicar, serena e cientificamente, que os casos suspeitos de terem sido contaminados pela gripe A não foram comprovados, isto é, os suspeitos não eram culpados. Mas, como, os suspeitos não são culpados? Então, não ensina o jornalismo português (e outros… e outros…) que os suspeitos são sempre culpados?
E aquele doente de Coimbra? E aquela velhinha que, de repente, começou a espirrar e a falar espanhol?
Assisti também, ao vivo e a cores, à cobertura televisiva da chegada do primeiro avião tuga proveniente da Cidade do México depois do surgimento da nova doença. Estavam lá todos os canais, claro. Apesar de tudo, não notei quaisquer diferenças entre eles: todos os corajosos e temerarios repórteres enviados ao aeroporto da Portela para registar aquele momento ímpar e único me pareciam igualmente desesperados. Apenas estranhei não vê-los de máscara tapando a boca, mas, enfim, deve ser da crise.
Não larguei a tela doentia um minuto sequer. Comecei a imaginar os passageiros tugas resgatados do inferno mexicano saindo do avião em braços, espirrando e tossindo desvairadamente, proferindo discursos em línguas arcaicas, talvez alguns deles já num adiantado processo de transformação em autênticos ngulos. Não ia perder esse espectáculo.
Infelizmente, para saber o que de facto se passou, terão de ler os jornais e ver as televisões portuguesas, que são especializados em relatar não aquilo que vêem, mas aquilo que querem ver. Pela minha parte, lembro-me da célebre frase de uma personagem das aventuras de Astérix: - “Esses gauleses são malucos!”.
Eu não tenho dúvidas de que esses tugas são depressivos. Vou masé mimbora prá banda.

(Texto retirado daqui)

terça-feira, 19 de maio de 2009

Cantar alentejano


Chamava-se Catarina
O alentejo a viu nascer
Serranas viram-na em vida
Baleizão a viu morrer

Ceifeiras na manhã fria
Flores na campa lhe vão pôr
Ficou vermelha a campina
Do sangue que então brotou

Acalma o furor campina
Que o teu pranto não findou
Quem viu morrer Catarina
Não perdoa a quem a matou

Aquela pomba tão branca
Todos a querem para si
Ó Alentejo queimado
Ninguém se lembra de ti

Aquela andorinha negra
Bate as asas para voar
Ó Alentejo esquecido
Inda um dia hás-de cantar


José Afonso

Catarina Eufémia (13.2.1928-19.5.1954
)

segunda-feira, 18 de maio de 2009

AKEL

Augusto Alberto

As notícias chegam-nos em catadupas e dos últimos dias ficam-me três. Em primeiro, aquela que nos fala de um jornalista que diz que foi morto a mando do presidente do seu país, a Guatemala. Como é que alguém pode dizer que foi morto, ou trata-se de um absurdo? A verdade é que o homem se gravou, acusando o presidente de o querer matar e logo no outro dia, de facto, o homem foi assassinado. Um quadro ao melhor estilo das corneladas e generaladas na América latina. O presidente logo chamou o FBI para investigar. Quer dizer que o presidente chamou a bota do amigo grande, porque a sua já não cabe no pé do seu Pais, ou dizendo de outro modo, colocou a raposa no galinheiro. Uma delicia. Mas curiosamente, a imprensa cá da pátria, tão lépida a adjectivar, não é capaz de adjectivar esta figurinha, saiba-mo-lo.

A segunda, é aquela que trata de escândalos e corrupção. Na Espanha, o responsável do PP e governador de Valência, atascou-se em fatos, gravatas e sapatos e por isso a coisa ficou preta. Bagatelas! Ainda se fossem fraques, dava para passar a ser o homem das cobranças difíceis, figura de virtudes em tempos de dor, dadas dificuldades de tesouraria. Mas vale a pena e em especial perceber o que vai no reino de sua majestade. Já não chegaram as tramas dos amigos do Brown contra o seu rival Cameron, aliás, sanadas, porque no reino das putas, há sempre forma de resolver os casos, com uns estalos ou com um pedido de desculpas. Foi o caso. No snobe parlamento de sua majestade, deputados trabalhistas e conservadores, resolveram meter a mão bem fundo. Recebimentos e pagamentos ilícitos, cobranças imorais e os dinheiros da Nação de mão em mão, como as pombinhas da catrina. Num momento em que por cá nos nossos deputados se zurze sem piedade, eu direi, em comparação, que, ou são meninos de coro ou ainda aprendizes de feiticeiro. Que pombinhos!

Mas há uma terceira que se distingue pelas virtudes. Aliás, nem sei se será noticia. Melhor dizendo, uma não notícia, porque há noticias que nunca deverão ser noticia. Foi só um número, escondidinho no meio de muitos outros. Afinal, Chipre do conjunto das economias da União Europeia, foi a única a crescer, dois vírgula e picos. Dito assim, nada de especial, não fosse o facto de Chipre desde há alguns anos, ter um governo liderado por comunistas. Olá…Não sei como é que os meus camaradas cipriotas aqui chegaram, mas desde já quero dizer que visitei Chipre há relativamente poucos anos, já neste século, e fiquei impressionado com o facto de não haver casa moderna que não tenha múltiplos painéis solares, reduzindo desse modo a dependência significativamente dos combustíveis fósseis tradicionais. E a Galp senhores…Também a produção de substituição é uma prática. Ou seja, a manufacturação nacional de produtos tradicionalmente importados, equilibrando desse modo a relação importação/exportação. Um agressivo turismo de massas e de alta qualidade. Uma repartição mais equilibrada da riqueza nacional, evidentemente, e por último, uma classe média, aquela de quem se diz ser flutuante, uma espécie de rolha de cortiça, mas que por cá não se move nem com ventos e marés, sem traumas, por saber que no Governo da Nação, estão comunistas. E não me venham falar de euro comunistas, porque esses já há muito saíram de cena.
Por último, quero aqui deixar um pequeno comentário em forma de registo. Não é possível mudar, sem nada mudar, disso poderemos ter todos a certeza.
Para que se saiba, que é possível…cliquem em AKEL e perceberão porquê.

Um milagre de Jesus


Pode parecer um estranho paradoxo, mas eu, empedernido sportinguista, adorei o resultado do encontro ontem disputado entre o Sporting de Braga e o SL Benfica.
É que há a possibilidade de Jesus ter feito uma projecção da equipa do Benfica para a próxima época, pois tudo o indica será o treinador das aguias. Haja calma.

domingo, 17 de maio de 2009

A grande política

Ou de como são os meandros da coisa...

Os 50 anos do Cristo-Rei


Faz hoje 50 anos que a estátua do Cristo Rei, em Almada, foi inaugurada. Terá sido um acontecimento nacional, solenemente aproveitado pelo regime. Mas outros acontecimentos também tiveram lugar, nesse mesmo dia, faz hoje 50 anos, também aproveitando aquele acontecimento nacional, e, quiçá, mais importante para o rumo da nossa própria História.
Como este, que poderia cair no esquecimento se um dos protagonistas não o relembrasse. Tanto mais que está na ordem do dia a lavagem da História. É útil, e importante, não esquecermos as pequenas histórias que vão construindo a História.

18 Anos

Augusto Alberto

Azharuddin, dito assim, a frio, ficamos sem saber do que se trata, mas se se disser que é o nome do menino que foi figura principal do filme, vencedor dos últimos Óscares, Quem quer ser bilionário?, já somos capaz de nos entender. O menino tornado ocasional estrela, tal como outros seus companheiros indianos, vive em barracas na grande cidade de Mumbai. Acontece que a imprensa nos disse que a barraca onde o menino vivia com o seu Pai, tuberculoso, foi destruída e ainda por cima, para a concretização do acto, a polícia de Mumbai ferrou na família e nos restantes residentes, umas valentes cacetadas. Estas coisas impressionam-me sempre, sobretudo porque também quando fui menino passei por algumas dores, e porque sei também que a “grande democracia” Indiana, é uma extraordinária tragédia colectiva, tal como nos disse Salman Rudhsie, no seu livro, O último suspiro do mouro e a propósito, o próprio filme. Mas no mesmo dia em que li esta noticia, também vi uma reportagem num canal de Tv., que me deixou duplamente amargurado, até porque neste caso, já sou eu, na pele, de quem durante muitos e muitos anos trabalhou com muitos jovens, e felizmente com pleno êxito. Do ponto de vista desportivo, com muitos e variados títulos, alguns com útil experiência internacional e fundamentalmente, com enorme sucesso escolar e social.
Tratou-se de uma reportagem que falou da desmesurada preocupação de um pai em fazer dos seus filhos, especialmente um deles, um homem rico, via futebol. Quero aqui dizer, que neste mundo que nos ensina que é preciso consumir, consumir de preferência do melhor, e que para isso é preciso ter muito dinheiro, é uma cretinice. Mas o mais grave, é que há quem ache, ser possível com passes de mágica. Aquelas imagens impressionaram-me exactamente pela idiotice, de criar rotinas tão estreitas e únicas em meninos de 7 anos, como a redução de experiências que se querem universais, em geral, do gesto, em particular, se nos ativermos exclusivamente ao conceito do treino, e muito singularmente, às do ponto de vista psicológico, que sendo tão limitadas, em caso de falha, as sequelas ficarão por muitos anos. Este amor paternal, visto deste modo, é uma perversão!
Nestas histórias, falou-se ainda de um número, o 18, para o efeito, um número redondo. 18 anos será então o momento da maior idade e chave. Porque o realizador nos diz que os meninos, figuras centrais de um entretimento filmico, poderão, enfim, chegar a uma conta onde lhes depositou dinheiro. Acreditemos nessa bondade. E se um menino foi exactamente menino, os 18 anos serão o início da maturidade cívica, concerteza, e a vida então correrá. Mas se o menino nunca foi menino, então os 18 anos serão só uma passagem de um trajecto abjecto e besta que continuará assim, até ao epílogo. Mas 18 anos poderá ser também a idade de todas as desilusões no futebol, e a passagem a um estado menor, porque essa barreira custa e a taxa de sucesso é muito estreita. Jogar tudo na estreiteza dos horizontes é o mesmo que qualquer um de nós se candidatar ao euro milhões, digo eu, com taxa de reduzidíssimo sucesso, com toda a probabilidade.
Todavia, esta democracia que nos tranca e trata de matar muitos pela fome, também esmaga o pensamento, cada vez mais, único, e por isso, deixa muitas vezes as pessoas parvas.
A propósito desta história indiana, achei justa uma observação colocada na net, com lapidar síntese. – Se calhar nunca nenhum dos miúdos vai chegar aos 18 anos. Sabe-lo-e-mos mais adiante.

sábado, 16 de maio de 2009

Alegres patetices ou alegres xico-espertices?

O falso tabu sobre a posição de Manuel Alegre em relação ao “PS” não trouxe nada de novo. Penso que nunca passou pela cabeça de ninguém que ele alguma vez sairia do seu partido. Nunca acreditei que ele alguma vez tivesse tido alguma divergência com o seu partido. Quem não tem a memória curta deve lembrar-se da figurinha triste que ele fez quando da votação do Código de Trabalho no parlamento. Bem como outras a que já nos tem habituado.
Agora o facto de não integrar as listas pode ser uma jogada política de mestre em que os grandes vencedores serão ele próprio e o “ps”.
Sabe-se, sente-se, sofre-se a política desastrosa do governo do partido de Manuel Alegre.
Sabe-se também da apetência que o vice-presidente da Assembleia da República tem pela presidência da República. É uma maneira de sair ileso, pois sempre vai fingindo que não está de acordo com a perfomance governamental. E assim vai preparando a sua candidatura.
Estratégia inteligente, em contra ponto com a de Vital Moreira, que passa a vida a falar mal de quem trabalha no seu blogue e agora aparece como candidato além de se ter ido meter no meio de quem trabalha. Melhor dizendo, estratégia inteligente contra a falta de estratégia.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Mais um candidato à CMFF, já são 3

Ora vamos lá a ver se eu percebo esta coisa: o “PS” escolheu o juiz do Tribunal de Relação de Coimbra, José Ataíde das Neves, para candidato à Câmara Municipal da Figueira da Foz. Segundo a imprensa a reunião prolongou-se até de madrugada, o que dá a entender que a escolha não terá sido propriamente fácil. Saber escolher também tem a sua arte.
Mas a formalização da candidatura está ainda dependente da autorização da suspensão de actividade do juiz pelo Conselho Superior de Magistratura.
Enquanto aguardamos pela referida autorização e pela consequente apresentação oficial do candidato, suponhamos que o CSM não autoriza a suspensão de actividade.
É caso para dizer que os “socialistas” não dariam só um tiro no pé. Literalmente, suicidar-se-iam. Quer dizer, era um tiro na tola.
Mas com esta escolha as nossas fontes enganaram-se, também, redondamente. Lá calha.

Da liberdade na blogosfera

ilustração de: Fernando Campos
Se há sítio no mundo onde a liberdade tem expressão mais real é na blogosfera. Porque exercida a seu bel-prazer por cada um de nós. Não há regras impostas, leis, regulamentos, a não ser o comportamento de cada um. Há, isso sim, ou melhor, deveria haver, regras subentendidas de respeito pelo próximo, pelo trabalho ou opinião de quem os emite.
Mas não há. E assim aparece esse flagelo do anonimato, sob o qual são manifestadas opiniões muitas vezes mesquinhas, mal-educadas, denunciando, ora cobardia, ora vergonha de assumir aquilo que no fundo sente ou pensa o emissário da missiva.
Os direitos de autor são outro problema. Pela minha parte, já várias vezes tenho publicado aqui textos, fotos, cartoons, ou mesmo aludindo a determinados temas, citando sempre a origem ou fazendo um link.
Não me chateia absolutamente nada que copiem textos daqui, mesmo sem citarem a fonte. Primeiro porque não posso fazer nada contra isso e, segundo, até é um motivo de orgulho porque significa que o texto até tem a sua importância. Mas seria sempre de bom tom citar a fonte, porque doutro modo o acto pode ser confundido com “usurpar o trabalho de outrem”.
Uma das vezes aconteceu com um jornal e aqui fiz referência. Agora nem vou citar este último caso, pois fiquei mais admirado que incomodado, só porque este “copianço” deselegante partiu de uma conhecida e respeitada instituição local.
Mas aqui fica o registo.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Pressões e pressões


Há pressões de várias qualidades. Há quem pressione sozinho, assim, sem mais nem menos e por sua livre recriação, só porque lhe deu na gana, e pronto. E há quem seja pressionado. O Engenheiro Sócrates, por exemplo, que ganhou uma auréola de aldrabão, descobre-se agora que injustamente. Pelo menos sobre o referendo ao Tratado de Lisboa, e segundo o cartaz acima, foi pressionado.
Falta agora saber quem foi o responsável da pressão que impediu o engenheiro de não ter criado os 150.000 empregos de acordo com promessas eleitorais, subindo, aliás assustadoramente, o desemprego. Como o Código de Trabalho de Bagão Felix, que o PS condenou e, depois, no governo, veio a agravar. Falta saber muita coisa. A seu tempo…
Como também seria engraçado saber quem pressionou um triste e obscuro secretário de estado a dizer que iria trucidar os funcionários públicos.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Ginásio: 2º lugar na Coruña


O jovem Volodymyr Batyuk

A equipa de halterofilismo do Ginásio CF classificou-se em segundo lugar, colectivamente, no Torneio Internacional da Coruña, disputado no Pavilhão Riazor, perante numerosa assistência. Competiram 48 atletas de 5 clubes e os ginasistas Viasheslav Kondrashov e Volodymir Batyuk obtiveram o segundo e o terceiro lugares individuais, respectivamente.
O facto de os melhores halterofilistas actuais do ginásio serem filhos de emigrantes ucranianos traduz as dificuldades que a modalidade tem, como outras, no recrutamento de atletas. Isto porque o futebol e o basquetebol parecem ter um efeito eucalipto. Basta vermos quantos figueirenses as equipas profissionais destas duas modalidades possuem nos seus plantéis e quantos atletas figueirenses disputam as respectivas primeiras ligas. Ou mesmo as segundas. No entanto, as suas classes de formação têm muitos atletas...

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Do sentido do voto ao voto com sentido


Falta já menos de um mês para a eleição do novo Parlamento Europeu. Um acto não pouco importante para o país mas para o qual os eleitores, portugueses e não só, estão pouco sensibilizados, a julgar pelos índices de abstenção que esta chamada às urnas costuma proporcionar.
Diga-se em abono da verdade que a comunicação social também não ajuda na sua missão de informar sobre a actividade dos deputados que com o nosso voto para lá vão. Se muitos, como diz o povo, só vão para lá pavonearem-se e esperar pelo fim do mês, que é um regalo, diga-se de passagem, outros trabalham e apresentam ou fazem por apresentar resultados em prol das populações que os elegeram e que representam.
Aqui pode ver, comparativamente, a actividade de duas deputadas e, quiçá, modificar o seu sentido de voto, se é que já o tem. Isto, se notar alguma diferença. Que penso que sim, é bastante nítida.

domingo, 10 de maio de 2009

Instante

foto: alex campos

O vento passou
beijando a magnólia do jardim.
Docemente a beijou…

e vestida de rosa e roxo,
a magnólia sorriu, e ficou.
Docemente sorriu…

o vento passou.
A magnólia floriu.



Alda Lara

A ciclovia

Augusto Alberto

O lago di Varegio tem os Alpes por perto e está cercado por pequenas povoações, uma delas Gavirate, lugares de vivendas, em Italiano, vilas, onde a classe média de Milão, a cerca de 40 km, faz férias ou o repouso do fim-de-semana. O lago não é grande e está cintado por uma pista pedonal e ciclável, feita túnel pelas copas das árvores em boa parte e com um perímetro de cerca de 30 km. São às centenas os Italianos efusivos, afáveis e sonoros que por ali andam, correndo ou pedalando nas suas brilhantes bicicletas. Convêm dizer que naquela zona é grande o gosto pelo ciclismo e também pelo remo.
Claro está, que também eu, num momento de pausa nas minhas tarefas técnicas, dei curso ao meu bichinho e tratei de me equipar e correr, cerca de 70 minutos. Como sempre, é um hábito adquirido, pensei e reflecti sobre muitas coisas. Tentei ligar e juntar ideias e a primeira coisa sobre que reflecti, foi o facto de, há um par de anos, ter ficado a saber que um senhor vereador da minha terra, hoje distinto deputado pátrio, ter classificado como a melhor da Europa, a ciclovia, em zona urbana, os cerca de 4 km de pista criada ao longo da avenida oceânica da minha cidade. Já na altura me pareceu que o distinto vereador estava a exagerar e a falar para tolos, e nesse instante da minha corrida, confirmei essa impressão. Exactamente durante a minha corrida ao longo da pista do lago di Varegio, estive a pensar como dizer neste pequeno texto o que penso, aparentemente a destempo, porque já vão anos, mas é sempre bom que se diga, sobre a forma como nos tratam e dizem as coisas. Então eu acho que devo dizer, apesar de saber que o actual deputado da nação, não lerá este simples texto, que presunção… o seguinte:
Tal como a roda foi inventada há muitos anos e hoje é de uso universal, também as ciclovias por essa Europa adiante, são de uso lúdico também há muitos anos. Não valia a pena tanta palavra e fogo para celebrar coisa tão simples e já muito vista. Tomo isso, como uma “boutade”, à conta de alguma vaidade, ou então...
É certo que de um modo geral as coisas sempre chegaram, ou ainda nos chegam, relativamente tarde. Historicamente sempre foi assim. A nação muitas vezes esteve uns anos atrás do que de melhor e mais moderno se fez por essa Europa fora. E não são coisas só de 48 anos, em referência ao longo período do fascismo. Antes desse abjecto período, tivemos o longo tempo da inquisição, onde o pensamento, por exemplo, também foi longamente reprimido. Pensadores e intelectuais como António José da Silva, pagaram bem caro a ousadia de pensar e criar. E ainda há bem poucos anos Saramago foi vetado por um patusco e estreito sub-secretário de estado, e ainda hoje, o “prémio Camões”, o Brasileiro João Ubaldo Ribeiro, tem a sua obra, “A casa dos budas ditosos”, também vetada, por razões de decoro, diz-se, em local claramente identificado nesta pátria, de pistas pedonais e cicláveis atrasadas.
A minha dúvida continua a ser se o distinto ex-vereador e hoje deputado, e ainda outros deputados, não têm razão quanto ao modo como nos distinguem e utilizam como Povo. De um modo geral, acreditamos que pode ser assim e que suas excelências, são capazes de estar a falar piamente verdade.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

A mudança obamiana ou no melhor pano cai a nódoa


O meu cepticismo levou-me desde o princípio a desconfiar da tão esperada mudança na política norte-americana, com a saída do Imbecil Bush e a entrada de Obama. Cheguei mesmo a escrever que seria uma mera mudança táctica, ou seja, a substituição das “botas cardadas” pelos “pézinhos de lã”. Cheguei também, pegando na teoria de Frank Zappa, a divulgar o meu sentido de voto: em branco. Enganei-me redondamente.
No melhor pano cai a nódoa.
É que Samuel, no seu blogue “Cantigueiro”, depois de um aturado trabalho de investigação, consegue provar que houve efectivamente muitas mudanças, expondo categoricamente uma delas.
Mas nem tudo ainda é perfeito. Aquela de considerar Silvio Rodriguez um perigoso terrorista é uma atroz injustiça, digna dos tempos da caça às bruxas. Porque assim, também Zeca Afonso, Francisco Fanhais, Adriano, Pete Seeger, Tom Paxton, Malvina Reynolds, Graeme Allwright, o próprio Samuel, e muitos outros, são “perigosos terroristas”. Injustiça mais medonha ainda, quando foi Samuel que investigou e divulgou as tão propaladas mudanças.
No melhor pano cai a nódoa.

Remo paraolímpico - Regata internacional


Filomena Esteves

Em Itália, numa regata internacional, a atleta treinada por Augusto Alberto, prezado cronista aqui da "aldeia" , mostrou grandes progressos, dando a ideia de que se pode contar com ela para os próximos Jogos.

Alberto conta como foi:

"No lago di Varegio, na localidade de Gavirate/ Itália, decorreu no passado fim de semana de 2 e 3 de Maio, a primeira regata internacional para o remo adaptado, em linha com o longo período que levará aos Jogos Paraolimpicos de 2012 a realizar em Londres.
Estiveram presentes selecções fortíssimas, com os seus campeões paraolimpicos, da Grã-bretanha e Itália. Também viajaram até ao lago de di Varegio, as selecções da Rússia, Polónia e Portugal, que se fez representar com a sua atleta paraolimpica, Filomena Esteves, na categoria, arms e spalding. (braços e espaldas).
Neste primeiro encontro internacional, num remo muito especial, a atleta portuguesa portou-se de modo brilhante e conseguiu duas medalhas de ouro em outras tantas provas. Contudo, o mais importante, foram os progressos técnicos e físicos da atleta, escassos meses de trabalho após os Jogos Paraolimpicos de 2008 em Pequim. Evoluiu mais de 1 minuto, para uma distância de 1.000 metros, colocando a sua marca a um nível que lhe daria desde já um lugar para os próximos Jogos, ainda que a prova de apuramento se realize somente em 2011. Quer isto dizer, que os níveis de progressão são muitos, pelo que o tempo realizado nesta competição, se situa cerca de 30” das regatas finais onde se decidem as medalhas em Campeonatos do Mundo e Jogos Paraolimpicos. É uma diferença possível de diminuir substancialmente, e cremos que na próxima competição, a realizar em Poznan/Polónia, no Campeonato do Mundo, a realizar em Agosto, isso vai ser uma realidade".

quinta-feira, 7 de maio de 2009

O rapaz cromado

Augusto Alberto

Confesso que ainda estou meio baralhado com os acontecimentos do 1º Maio. Já não se pode estar um tempo fora da pátria, para um tipo chegar tarde e a destempo às coisas, e neste caso, a única que percebo, é porque por tão pouco, se fez tanto barulho. Porque nunca nada rendeu tanto, do ponto de vista eleitoral e político, como o anti-comunismo. A história moderna é feita cavalgando sistematicamente sobre esse sentimento e os frutos têm sido generosos.
Deixem-me dizer, em primeiro, que os comunistas não têm que pedir desculpas pelos fracos factos, a não ser que nos peçam desculpas, à cabeça, pelo modo como nos conspurcaram durante anos. Quem nos acusou durante tantos anos de comer meninos ao pequeno-almoço, de matar os velhinhos com uma injecção atrás da orelha, de querer ficar com o automóvel e a casa do vizinho, frutos de uma vida de trabalho, etc, é que se terá de retratar, já vai sendo tempo, porque isso foi o modo mais soez de nos ultrajar. Já se esqueceram? Pois bem, pedir desculpas, a quem nos tem de pedir a nós, a propósito de quê?
Sabe-se, adiante, que um militante do bloco de esquerda, tentou também molhar a sopa no cromo e a par, berrou-lhe nomes, que o sujeito, aparentemente, não gostou. Mas foram os comunistas…

A mesma luta ou, a história repete~se

A propósito destes distintos revolucionários, deixem-me contar aqui uma história passada há muitos anos, como aquela da carochinha, que apesar do uso do tempo, se conta sempre com propósito.
A Figueira da Foz ainda tem, passados tantos anos, um grupo MRPP, certinho do ponto de vista eleitoral. Mas nos tempos quentes de 75/76, o Partido da “revolução” era servido na minha terra, por gente gira, mas pela amostra, sem grandes meios para se fazer expressar. Naquele tempo, não havia computadores com impressoras em linha. Os meios eram fracos e qualquer acto de propaganda escrita tinha de se socorrer de um local onde houvesse uma tipografia, com máquina de escrever, papel stencil, tinta e uma policopiadora. Então, era vê-los entrar e sair da tipografia, lépidos e discretos. Às vezes, os meios colapsavam e saia borrada. Quer isto dizer que os meios de ontem são hoje de museu, mas muitos dos distintos “militantes revolucionários do partido da revolução proletária”, nem por isso, estão redondinhos e giríssimos. Actuais…
Mas imaginais onde se situava então a tipografia onde entravam e saíam à sucapa e lestos, os distintos militantes do partido do Povo? Numa porta de um edifício da Rua da República, rua por excelência do comércio e por isso, a principal, sede local do Partido Socialista cá da cidade. Aqui está como revolucionários e canários de pena rosa se confundiam e confundem, e por isso, o Pai Soares gritava, à época, deixai viver os rapazes…
Não se espantem, se o cromo rosa e o rapaz com ar cromado, sejam ambos figurinhas da mesma encenação, porque democratas e pífios revolucionários, são exactamente tudo isto e muito mais. Dentro em pouco, saberemos como participarão nesta supimpa democracia. Pelas amostras, os seus braços, são longos e abrangentes.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Autárquicas: CDU apresenta candidatos

foto: Pedro Cruz

foto: alex campos



A CDU apresenta, daqui a pouco, em conferência de imprensa marcada para as 17h30, os candidatos aos órgãos autárquicos. Para a câmara a coligação aposta na professora Silvina Queiroz, actual deputada à Assembleia Municipal.
Dirigente do Sindicato dos Professores da Região Centro e da União dos Sindicatos da Figueira da Foz, é também membro do Coral David de Sousa.
Figura conhecida e participativa na sociedade, tem liderado ou integrado vários movimentos cívicos como, por exemplo, o movimento de solidariedade com Timor, ou o movimento “Nascer na Figueira” que teve como objectivo a defesa da maternidade do HDFF que, inexplicavelmente, foi encerrada pelo actual governo em 2006.
Nelson Fernandes, também actual deputado à AM é o primeiro nome proposto pela coligação para a Assembleia Municipal. Enfermeiro-director do HDFF, actualmente reformado, este antigo jornalista esteve ou está ligado a várias organizações de solidariedade social, como os Bombeiros Voluntários, a Cruz Vermelha ou a Misericórdia-Obra da Figueira.
Depois da candidatura independente de Javier Mendez de Vigo, a CDU é a segunda a perfilar-se.

Kayaksurf na Figueira


Realiza-se no próximo sábado, 9, na Praia do Cabedelo, a III Edição da "Kayaksurf Session". Esta é a maior concentração nacional de uma modalidade que ganhou maior expressão com a criação de um circuito nacional que percorre quatro praias do país.
Em 2006 disputou-se a final da Taça do Mundo em Peniche e, este ano, realizar-se-á o mundial em Santa Cruz, Torres Vedras.
É uma boa sugestão para uma visita à Figueira da Foz para assistir a um evento diferente... e espectacular.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Que anarcas bisonhos

por Augusto Alberto


Entrei no avião em Malpenza/ Milão, pelas 20.00 horas e após estar uns dias fora da pátria, fui logo direitinho aos jornais pátrios de referência. Sentei-me confortavelmente e vai de folhear folha a folha na procura das histórias que durante 6 dias me passaram ao lado, e hoje, mal dormido da viagem, pela manhã, fui à bica e aproveitei para folhear jornais de há dias mais atrás, na procura continuada de mais histórias e como era de prever, lá estavam.
Fiquei espantado com a notícia do “destrambelhado”, que ficando sem emprego e na contingência de ir dormir para debaixo da ponte, porque lhe foi indicada também a porta de saída da casa em que vivia, resolveu dizer sim senhor, para baixo da ponte não, vou para o definitivo, e lança em alta velocidade o seu carro contra o cortejo real holandês. O seu desejo seria o de se fazer acompanhar da família real. Infelizmente, este “tresloucado” acto, ceifou 6 vidas que estavam ali só para dar vivas à realeza. Sabemos que o homem também morreu, mas fica por saber porque não resistiu à perda violenta do desemprego e da habitação. A festa na Holanda começou mal e a democracia viu-se naquele momento confundida. Que se saiba o homem nem comunista era, porque, creio, por ali são residuais. Ponhamo-nos à coca, porque às vezes a democracia faz perder o tino ao cidadão mais pacato.

Outros lº de Maio por esse mundo tiveram arruaça forte. Li que na Rússia, Turquia, Alemanha, Itália, Grécia, etc, etc, foi um dia esticadinho e de muitas nódoas, mas por cá, uma incompetência. Desilusão! Os anarcas pátrios reuniram cerca de 80 simpatizantes lá para o Príncipe Real e logo comecei a ficar frustrado, porque até estes se portaram certinhos, direitinhos e fraquinhos. Já não há anarcas como antigamente. Como se a desilusão já não fosse pouca, fiquei espantado porque na manifestação principal a coisa ficou-se também por pouco, mas apesar de pouco, o ruído é ainda enorme, só porque um cromo cá da praça levou uns encontrões, ouviu palavrões, e ainda por cima foi borrifado com água de garrafa, que bem cara é. Estou incrédulo, porra. Como é possível entornar água tão cara sobre um sujeito destes? Que tamanho desperdício.
Esta pátria é uma desilusão, porque bem vistas as coisas, não passa de uma pátria bisonha e incompetente, porque nem uma arruaça de jeito é capaz de fazer.
Já nem sei o que dizer, a não ser que me parece também que os paineleiros políticos, tal como os do futebol, são por cá tão fraquinhos, que até as defesas do cromo são também incompetentes.
Falta o próximo. Haverá de ser em Almada.
Mas que isto está a pedir uma boas porradas, não tenhamos dúvidas.

Adenda (por alex campos): O rapaz da foto, o loiro, segundo da direita para a esquerda, foi o tal que foi apanhado pelas câmaras de televisão a cumprimentar o triste Vital. Ou seja, um dos autores da farsa engendrada pelo "ps". O blogue "O sexo e a cidade" faz aqui uma apresentação mais pormenorizada.


segunda-feira, 4 de maio de 2009

Parabéns, Luandino


Nacionalista angolano, José Vieira Mateus da Graça, nasceu em 1935, a 4 de Maio, na Lagoa do Furadouro, Vila Nova de Ourém, Portugal. Preso pela PIDE por várias vezes, uma das quais cumpriu pena, 14 anos, no Tarrafal. É um dos mais conceituados escritores angolanos e um dos nomes grandes da literatura de língua portuguesa.
Em 1965 a Sociedade Portuguesa de Autores atribui-lhe o grande prémio Camilo Castelo Branco, o que levou a Pide a desmantelar a sociedade.
Em 2006 venceu o Prémio Camões, o maior galardão literário para a língua portuguesa, que rejeitou por motivos “íntimos e pessoais”.
Romancista, novelista, poeta, tradutor. Traduziu para português a célebre obra de Anthony Burguess, “Laranja Mecânica”. Escreveu, entre outras obras, “Nós, os do Makulusu”, “No antigamente, na vida”, “Luuanda”, “João Vêncio: os seus amores” ou “A cidade e a infância”.
Foi secretário geral da União dos Escritores Angolanos (membro fundador) e secretário geral adjunto da Associação dos Escritores Afroasiáticos.
Pelo enriquecimento que trouxe à língua portuguesa, pela recriação da linguagem oral, penso que é um sério candidato ao Prémio Nobel.

Arrastão do Martim Moniz: os suspeitos do costume


domingo, 3 de maio de 2009

Afinal havia outra…

Desta vez a estratégia do “ps” muito dificilmente irá resultar. E iriam ter de pedir desculpas ao PCP, e mesmo à CGTP-IN que, como é fácil entender, não teve nada com o assunto, caso tivessem dignidade para tal.
Vital, que terá desbaratado o pouco arcaboiço intelectual que ainda conseguia arvorar ao servir um intento destes, sairá muito mal na fotografia. É que depois de andar a falar mal de quem trabalha lá no seu blogue, não se cansando de lamber as botas ao primeiro-ministro, teve o desplante, eleiçoeiro, já se vê, de se ir colocar entre os que ele diariamente desanca.
Aqui se pode ver que um dos figurantes da “agressão” afinal é da casa. Azar, foram descobertos pelas câmaras.
Vejam bem.

A imprescindibilidade

Aquela negra


aquela negra, de enxada em punho,
lutando pela minha fome;
aquela negra que jorra suores na minha sede;
que vai de lenha à cabeça
porque o frio me consome;
aquela negra pobre, sem nada,
que vende os panos para me vestir,
que chora nas ruas o meu nome,
aquela negra é minha mãe.

Jorge Macedo (poeta angolano)






“Nocturno, maternidade com gatos”, 70x80, 2004
Fernando Campos




A mãe

de noite
ouvi barulho
na cozinha

levantei-me

fui ver.

a mãe passava a ferro
os calções que eu devia
levar à escola.

sentada, mal podia
com o ferro. longe
um galo já dizia: “o dia aí vai!”

esfrego os olhos, estremunhado
e a Mãe:

- o que é filho? cuidado
não acordes o pai.

Mário Castrim (poeta português)

sábado, 2 de maio de 2009

Zeca

Um "Parque José Afonso" vai ser inaugurado a 10 de Maio junto ao "Auditorio de Galicia", em Santiago de Compostela, em homenagem ao autor de "Grândola, Vila Morena", informou hoje o Núcleo do Norte da Associação José Afonso (AJA).
Situado numa lateral do Auditorio de Galicia, o parque é uma homenagem ao cantautor português promovida por um grupo de amigos, apoiada por cerca de três mil pessoas de todo o mundo e aprovada pela câmara de Santiago de Compostela, precisou Paulo Esperança, daquele núcleo.

O "Parque José Afonso" situa-se junto do complexo Burgo das Nácions (Burgo das Nações), onde actualmente se concentram várias residências universitárias e onde em 1972 Zeca Afonso cantou pela primeira vez em público "Grândola, Vila Morena" na sua primeira digressão pela Galiza, que integrou também espectáculos em Ourense e Lugo.
A inauguração do parque é o culminar de um projecto iniciado por Benedicto Garcia Villar, um dos fundadores do grupo galego Voces Ceibes (Vozes Livres) que entre 1968 e 1974, com a sua música de intervenção, afrontou a ditadura franquista, e que pretendia dar o nome do cantor português, de quem era amigo, a uma rua de Santiago de Compostela, indicou Paulo Esperança.
O professor universitário Xoan Guitian é outro dos promotores da iniciativa. Segundo Paulo Esperança, Zélia Afonso, viúva do cantor, e elementos do núcleo do norte da Associação José Afonso, vão marcar presença na inauguração do parque. Na véspera da inauguração, o Núcleo do norte da AJA promove no Centro Social do Pichel, em Santiago de Compostela, um espectáculo com poemas, imagens, narração e música subordinado ao canto de intervenção, cuja segunda parte será assegurada por Tino Flores, que também gravou com José Afonso.
José Afonso nasceu em Aveiro a 2 de Agosto de 1929 e morreu em Setúbal em 23 de Fevereiro de 1987. Fado de Coimbra, recuperação de temas populares e originais constam da vasta obra discográfica de Zeca Afonso, que nos finais da década de 1960 e inícios de 1970 se tornou um símbolo da resistência democrática em Portugal.
(notícia LUSA)

A provocação terá efeitos?

Na imagem , 3 das "alegadas vítimas"
O “ps” colocou novamente em acção a velha estratégia da vitimização ao pormenor. Numa altura em que as “sondagens” dão o PSD muito próximo há que fazer pela vida. Não sei porquê mas já esperava por uma encenação destas. É que já não é a primeira nem a segunda, e a experiência sempre nos ensina qualquer coisa. E ajuda-nos a criar hábitos, não é?
A primeira vez resultou em cheio quando levou um ex-agente da CIA à presidência da república. Outra vez, esta com contornos locais, os figueirenses lembrar-se-ão certamente, quando em 1997 era iminente a vitória de Santana Lopes nas autárquicas, também um dirigente local do “ps” foi parar às urgências queixando-se de um inexistente ataque de forças laranjas. Não resultou.
E desta vez penso ser difícil resultar. Porque penso mesmo ser impossível fazer das pessoas parvas eternamente.
Triste é não se darem conta do ridículo. Mas estas tramóias estão-lhes no sangue, como diria o povinho. Até mesmo entre eles fazem destas coisas, basta lembrarmo-nos do Assis e dos acontecimentos em Matosinhos nas últimas "europeias".
Apetece-me lembrar o que um eminente "socialista" disse-me, ironicamente em 97 de Santana Lopes: "O homem é encartado". E lembrei-me porque eles não ficam nada atrás.
Tem mais aqui e aqui.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

1º de Maio na Figueira, esta tarde





Festejou-se Abril, viveu-se Maio. Sem provocações daqueles que aprovaram o código de trabalho, daqueles que são responsáveis pela degradação das condições de vida das populações, daqueles que se vão governando, daqueles que não têm dignidade nem vergonha e que provocam... tanto de votos precisam para continuarem esta política que, indubitavelmente, não interessa.
Em Lisboa os trabalhadores não tiveram tanta sorte...

"O sonho comanda a vida", disse um poeta


“Ainda hoje acredito que é possível aquilo com que sonhávamos.
Aprendi no Tarrafal que nem que dure 50 anos, 60 anos, a situação actual é apenas um desviozinho no curso da História. Claro que gostava de ver tudo isso em vida minha…”


Luandino Vieira, 2009.05.01, jornal O Público, entrevista de Alexandra Lucas Coelho

Danaram-se!!!



Que um jornalista cante e toque viola baixo, um treinador de natação cante e toque guitarra e um pugilista toque bateria, não será nada de admirar. É, como diria o outro, “uma situação perfeitamente normal”.
Agora, se seria ou não aconselhável que se juntassem, é uma situação bastante discutível.
Mas já é tarde. E o resultado deu nisto!

"O Estado sou eu"


Maio