sexta-feira, 31 de maio de 2013

Parece que... é óbvio!!!

27 de Junho, greve geral


A Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses-Intersindical Nacional convocou para 27 de Junho uma greve geral. 
Razões há muitas, infelizmente. O estado a que isto chegou é uma delas.

"Galopinar"*

Augusto Alberto



A vida vai bela, por isso já nada se sussurra e tudo se escancara. Não é de estranhar, pois, que a corja tenha perdido a vergonha e tenha dito comam sopa! a uma mãe desempregada, com uma pensão de 240 euros, e ao seu filho, com um abono de 90, ambos epilépticos, e que paga de renda 250 Euros. Quando a há! Grita a mãe. Quando o filho chora, a mãe não sabe se é da fome ou de nova crise de epilepsia. Moída, só sussurra palavras de amor, porque por sorte, as palavras de amor, não se servem no prato.
Em conformidade com o espavento, não admira que a maioria socialista da Câmara Municipal de Braga tenha aprovado, com a abstenção da direita (é o fim da picada), a construção de uma estátua para recordar o cónego Melo. Para os esquecidos e os mais novos, é bom indicar que o cónego foi dos mais brilhantes caceteiros da direita no norte de Portugal, associada ao assassínio de um jovem padre com preocupações sociais e da sua companheira de viagem, numa altura em que Manuel Alegre e Mário Soares, percorreram o norte, em comunhão com o cónego, mais os arruaceiros organizados no MDLP e no CDS, no sentido de mobilizar outros padres, analfabetos, MRPP (s) e outros (ml’s), para puxar o sino, para dar inicio à algazarra e à caça aos progressistas.
Não admira, pois, que hoje, ao preparar o pós PPD/PSD-CDS/PP, a direcção do Partido Socialista, coloque no horizonte, um governo com o mesmíssimo CDS, que foi intrínseco da traulitada. Nesse governo, sem esconjuros, evidentemente, Paulo Portas, sucederá ao velho Paulo Portas, num governo liderado pelo partido socialista, chefiado por António José Seguro.
E agora que escrevo para o fim, é com coragem, mas em sussurro, para não ofender os mais sensíveis, que vou falar do que há dias atrás. Por consciência, mesmo sabendo que vão ser os abutres do Partido Socialista quem vai capitalizar o descontentamento orgânico mais o benigno, deixei de ver a final da liga dos campeões, entre teutónicos, para marcar presença na grande manifestação da CGTP-IN, em frente aos portões do Palácio do “Presidente”. O P.S. não é de ruas, como provei, a não ser que venha atrelado e silencioso, à corja tramontana, como no antanho. Contudo, enquanto algum povo luta, o P.S. não deixa de “galopinar”. Já lá vem, montado na rábula do voto útil. Voto útil, sim. E para que se quer o voto útil, Rogerinho? Ora para que se quer o voto útil! Quem sabe, para que Portas suceda ao velho Portas.
Aqui sentado em frente do meu computador, batendo nas teclas, atrevo-me a dizer que os verdadeiros amigos podem tardar, mas nunca se esquecem. Lá do alto, olhando os dias que correm em baixo, o Cónego Melo, súplica, para que à sede do Largo do Rato, cheguem os votos estritamente necessários, que permitam nova dupla assassina.



     * Galopinar - O acto de no dia das eleições, as pessoas influentes dos Partidos do arco do poder e da rotatividade, o regenerador e o progressista, (fidalgos, regedores, padres, médicos, boticários, e demais caciques), irem, porta a porta, arrebanhar os votos dos eleitores. Isto foi no fim da monarquia, contudo cacicar, continua ser a tarefa brilhante de uma vida. Não é Portugal?

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Um drone no Porto da Figueira da Foz

Esta manhã o Porto da Figueira da Foz foi sobrevoado por um drone. Nada de pânico. Estava munido de uma câmara para filmar um carregamento de peças acabadas de construir nos Estaleiros Navais do Mondego. As peças são para a montagem de um tanque de etileno e o seu destino é a Noruega. Estão a ser carregadas no navio Wilson Goole, de bandeira maltesa e agenciado pela Eurofoz.



fotos: alex campos (by telemóvel)

O poder na sua forma mais pura

Augusto Alberto 

O apogeu da patetice. Ou as coisas são atávicas e pronto! Isabel Jonet, que revelou uma atracção pela celeste caridade, na sequência da pobreza, vai no dia 10 de Junho do corrente ano fazer o laudo aos soldados mortos na guerra colonial, a convite da comissão organizadora das comemorações do dia 10 Junho.
Um convite e distinção, em linha com o país dos lorpas e das açordas, não a que se designa por cozinha “grumet”, mas a que substitui a carne e o peixe, como nos velhos e novos tempos do latifúndio e da praça da jorna. Ou já nos esquecemos? Eu também poderia enfileirar na longa lista dos mortos da guerra, contudo, por alguma arte e sorte, fiquei longe dos lugares de batalha, diminuindo a probabilidade de me colocar em numerário. Embarquei no Boeing, a cheirar a novinho, no dia 21 de Fevereiro de 1972, com destino à Beira e de lá, fui posto em Nampula, de onde não sai durante os 24 meses, depois de fintar o lugar original, em Palma. Regressei, inteirinho, no mesmo avião, no dia 24 de Fevereiro de 1974.

De todo o modo, no equipamento que me foi destinado estava a chapinha de identificação, para o caso da morte. Esse foi o período voraz, do ponto de vista militar, e a seu propósito Kaúlza de Arriaga escrevinhou um livro, amplamente divulgado em Moçambique, mas pouco comprado, em que teve a coragem de assumir, então, a perda da guerra, dada a distensão dos factos no terreno. Mas essa é questão que para aqui não interessa. Aqui, desejo reflectir em como poderia ser um dos gloriosos soldados a ter dado a vida pelo império. E como no sossego, passados 40 anos, reagiria às palavras de circunstância da Isabelinha. De pronto, achei a resposta. Subiria ou desceria, conforme o meu repouso fosse na terra ou no céu, e colocar-me-ia por detrás da Isabelinha, devagar, muito devagar, não seja ela mulher assustadiça, e dir-lhe-ia ao ouvido, suave: “Gosto em ouvi-la, Dona Supico Pinto. O seu Movimento Nacional Feminino, continua um emblema. Belíssimo e sentido laudo. Muito obrigado!” .
Evidentemente, não sei como a Isabelinha reagiria. De todo o modo, sei pelo menos uma coisa. São os fingidos, os filhos e os netos do fascismo, apesar dos cravos, quem por cá continuam a mandar.

Como Salman Rushdie, a propósito do devastador desastre de Bhopal, acabo, com a mesma certeza que ele tem do poder. No seu caso, do grande império Americano, no meu caso, no da corja e dos sacanas… “é o poder na sua forma mais pura…não o vemos”,  - no caso da Índia, (aqui, só por cegueira, adormecimento, preconceito e patetice, é que não queremos ver),- mas ele fode-nos completamente.

domingo, 26 de maio de 2013

Limpinho, limpinho, limpinho


Uma manifestação patriótica

A única atitude patriótica e democrática que o governo pode tomar é demitir-se. Poderia, poderia. Se fosse, e quem o apoia, patriota e democrata. Mas, e infelizmente para quem trabalha, outros interesses se sobrepõem.



Fotos: Carlos Fonseca

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Vantagem moral e social


Augusto Alberto

 
A escrita de João Ubaldo Ribeiro é das melhores das Américas. Ubaldo Ribeiro, é Prémio Pessoa. Viva o Povo Brasileiro, é a obra principal. E no romance “O Feitiço da Ilha do Pavão” atinge o píncaro do hilariante, com a cena que descreve a noite em que se dá por achado o feitiço, porque o mestre de campo, Borges Lustosa, se deslocou à casa paroquial para dispor do padre Tertuliano, posto a quatro, contudo, imprevidente, o segredo ficou na boca do índio Balduíno, meio escravo mas de boa prosápia e melhor colhimento, à força manter o segredo e viver os restos dias na abundância.
Garcia Marquez e Jorge Amado são de outra paisagem. De cariz urbano. “Amor em tempos de cólera” e “Quincas Berro D’água”, devem ser lidas, porque falam do amor, no primeiro, sereno, no segundo, desbragado.
Também me agrada a escrita de Vargas Llosa, prémio Nobel da Literatura e lapidado reaccionário. Llosa, bem tenta mas não consegue desenhar um quadrado fora do círculo. Tanto denuncia o liberalismo selvagem como de seguida se enredar na volúpia do preconceito e afronta a história, porque espera que se auto regenere. O seu “Sonho do Celta”, é contudo um bom romance.
Roger Casement, irlandês e cônsul britânico, leva quase toda a sua vida a denunciar, na passagem do século XIX para o XX, as atrocidades da escravatura sobre negros e índios, tanto em África como nas Américas. Sobretudo no Perú. Foi vítima do seu impulso humanista e libertário, a favor da causa irlandesa. É enforcado pela coroa britânica, por traição e também por intolerância homofóbica.
Entretanto, apesar de estarmos num tempo em que parece impossível, de sopapo, chegam novas notícias da escravatura. Informa o Ministério do Trabalho e Emprego do Brasil, que, durante o ano 2012, 2.849 trabalhadores foram resgatados de situações análogas às dos escravos no século XIX. Um aumento de 14% face ao ano de 2011. Os escravos chegam predominantemente, da Bolívia, do Perú, (ainda!), do Paraguai e do Haiti. Será desejável que alguém decida usar o computador e aproveite este material abundante, e escreva sobre a escravatura do século XXI, à moda do século XIX, ainda por cima, se essa escravatura ocorre num dos países de maior crescimento no conjunto da economia global deste século?
De todo o modo, mesmo que fiquemos somente pela notícia, há um lado que me fascina. Ali por perto, em Cuba, não existe o material abundante, que aqui se descreve, provando afinal, em como a Ilha, apesar de pobre, leva vantagem politica, social e moral. Pois é! O preconceito é tramado. Tanto pode dar para ficar à mercê do diabo, como para ficar em posição de 4, como sucedeu ao padre. É a vida.

O terrorismo compensa?


O desconhecimento da História pode acarretar custos inimagináveis. Sabe-se que o 25 de Novembro foi a partida para o restabelecimento dos interesses instalados antes do 25 de Abril de 1974. O processo é lento, claro, por muitas e variadíssimas razões que agora não vêm ao caso. Mas uma delas será para não dar muito nas vistas.
Já assistimos à condecoração de "pides", à recusa de uma pensão à viúva do Capitão Salgueiro Maia, para não falarmos do "airoso" restabelecimento das absurdas condições sociais que então vigoravam.
Acrescente-se a situação do país, transformado num protectorado.
Faltava a cereja no topo do bolo dos indigentes ocupacionistas que nos governam. Ela aí está, na forma de uma estátua a um dos terroristas mais emblemáticos que a Direita portuguesa pariu.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Canteiro centenário com flores murchas


Augusto Alberto

Canteiro centenário, com flores murchas, mas nem sempre foi assim. Rogério Neves, no seu “Marcha do Vapor”, enfatiza a Associação Naval 1º Maio, com uma belíssima fotografia do aniversário de 1960. Sem esperança em reverter a História, inclino-me a dizer que a década de 60 do século passado marca o tempo que iniciou a perda do seu próprio pé. Logo na modalidade fundadora. Perdeu lastro técnico, físico e sobretudo material. No ano de 1993, fui convidado a escrever um texto para ser publicado no jornal comemorativo do centenário, que causou perturbação e esteve quase a ser riscado com o lápis azul. Contudo, apesar do desconforto, prevaleceu o bom senso. Nele, adivinhei as coisas e apontei as causas. Os factos comprovam as apreciações. Não há como negar as evidências. Insisto e podem-me chamar cruel. Os principais responsáveis pelo grave estado de astenia da Associação são exactamente os seus mais eméritos e qualificados sócios. Muitos tiveram, em tempo oportuno, a noção da desgraça, mas, sem se perceber, acantonaram-se e ajustaram, e por isso, têm especiais responsabilidades.

Far-se-á em breve o resistente almoço dos antigos remadores e timoneiros e não creio que se faça como habitualmente, a romagem ao túmulo do António Cachola. Cachola, absolutamente, já nada diz. Mas, no passado dia 30 de Abril, inopinadamente, fui convidado a estar presente na ceia dos 120 anos. Para evitar a deselegância, aceitei. E ainda bem. Estando por dentro melhor se percebe a inquietude. Exangue celebração. Nem uma autoridade civil nem desportiva. Nem o Presidente da Comissão administrativa. Nem o Presidente da Assembleia-Geral. Nem um vero registo da notabilíssima História.
Assim, e porque da História nada sabe, e porque o papel de direcção flutua, um jovem que chegou à Figueira, já com o barco adornado, fez-se mestre-de-cerimónias e convidou o que lhe pareceu razoável, o treinador da equipa de futebol e o médico, para falar aos presentes. Para acabar, já no dia 1 de Maio, o hino, melancolicamente ouvido. Nesse momento, desejei ter presentes, a meu lado, os meus três tios-avôs, fundadores da Associação Naval 1º de Maio, que estão no registo fotográfico colectivo que sublinha o facto, para lhes pedir para perdoarem a quem não soube o que fez.
Será assim tão difícil de entender que o futebol profissional é um drama de faca e alguidar e, simultaneamente, um poço sem fundo, a quem já tudo foi dado? Terrenos no valor de muitos milhares de escudos ou euros, bingos, bombas de gasolina, dinheiros autárquicos e “cães” feitos no BPN? Tudo é engolido.
No caso da Associação Naval 1º de Maio, devorou-a até às entranhas. Está na cara! E agora? Quem ficará para fechar as luzes e as portas? Ou será que uma guinada no leme, ainda a pode colocar entre bóias?

Há remédio para tudo, ou quase

(..) É possível que, tal como previu o Dr. Mexia, da EDP, o PIB nacional venha a sofrer ainda mais com o campeonato perdido pelo Benfica. Mas, quanto a isso, há um remédio fácil: basta que o Dr. Mexia e a EDP baixem as tarifas abusivas de electricidade que cobram às empresas e às famílias, e a economia poderá levantar a cabeça e o PIB também. Mais difícil do que isso é o Benfica perceber como é que perdeu três títulos nacionais para o FC Porto em apenas três dias." (...)

Miguel Sousa Tavares, in "A Bola", 2013/05/21

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Césares


Augusto Alberto


Por S. Jorge, gritaram os comandantes do Condestável  e o comando da ala dos namorados, dando início ao encontro fratricida, com os castelhanos. Por S.Jorge, respigou Cavaco, como se por si, chegasse a felicidade da vitória e a abundância. Só que desta feita, há uma especial diferença. O nosso inimigo não é Castela, mas um conjunto de Césares, contemporâneos reis do dinheiro, escondidos em sítios que nem imaginamos, nem nos nossos piores sonhos. Aliás, a Península está em oceano picado e sem bússola. Perdida e à rola. Mas não só a Ibérica. Também a Itálica.
Por isso, não é sério apontar o 25 Abril e o Gonçalvismo como culpados dos padecimentos, como para ai escrevem e gritam velhos e novos fascistas. Cavaco é uma criatura sem uma leve graça cultural. Estabeleceu um cisma com o Evangelho segundo Jesus Cristo e Saramago. Lê o que escribas do mesmo quilate lhe colocam à frente. Aliás, é um podão, porque deliberadamente se embebeda de fé, para escusar apontar os culpados dos males que um punhado de homens faz sobre muitos outros homens e mulheres, na Ibérica ou na Itálica ou em outros lugares. Cavaco deve expiar-se. Que vá ao santuário na companhia da sua Maria, de rojo, com os joelhos pelo chão, até ao círio, à semelhança de muito povo, para pagar promessas prometidas, a propósito de uma cura, esquecendo que a cura foi sabedoria da medicina e dos médicos e que a cura dos nossos muitos problemas deverá ser por conta de outras políticas.
Cavaco invoca a santa de Fátima, mas a inspiração que colhe dá-lhe para recusar afrontar os mercados. Antes pelo contrário. De canelas no chão, faz-lhes a genuflexão. Entre os mercados e o povo que o elegeu, por convicção ou por inacção, e o restante povo que não o escolheu, Cavaco escolhe os primeiros. Recusa usar os poderes e bugia ferreamente sobre a lei fundamental. Cavaco é da mesma linha de Bush.
A Bush, durante o sono, “deus” apontou-lhe o caminho da guerra. A Cavaco, para estar ao serviço dos Césares, que têm um olho no dinheiro e o outro sobre os cipaios, não vá algum recusar usar o chicote e o cepo. Verte fé a rodos, e há quem diga que agora está gagá, mas não está. Serôdio e cobarde sim, mas ainda com o arreganho necessário para nos dar de beber a cicuta que os farsantes e ímpios desejam, para além de nos ter vendido também, o carácter desideológico da vida, por contraponto ao primado fundamentalista do monetarismo, com os custos sociais associados. E agora, vejam como a factura é imensa.

sábado, 18 de maio de 2013

A União Nacional já esteve mais longe



Num dos telejornais (há pouco) ouço Assis dizer que o PS é alternativa, quando toda a gente sabe que é alternância. Depois ouço Bagão Felix defender o que toda a direita quer mas que ainda é suficientemente tímida para o reivindicar abertamente: um governo PS/PSD/CDS, ou seja, a União Nacional, em todo o seu esplendor. 
De qualquer modo eles lá vão conseguindo o retorno ao 24 de Abril sem grandes ondas, porque o povo é sereno. Basta ver o que se passa nos hospitais e escolas públicas, e no que se passa nas leis laborais, nas empresas. Bagão é ágil. Juntando os três, conseguir-se-ia uma revisão da Lei Fundamental, "democrática", o que não deixaria de ser um golpe de estado, e permitir-lhes-ia, quiçá, a ilegalização de sindicatos e partidos políticos que não sejam da "corda".
Até um dia, penso eu. O dia em que o povo acorde.

Uma nova política impõe-se... em nome da dignidade

No ataque em curso aos direitos à saúde, à educação, e também, ao trabalho com direitos, a margem de disfarce da classe ociosa que detém o poder começa a ser escassa. 

segunda-feira, 13 de maio de 2013

A ilusão do mulato


Augusto Alberto

Na verdade, nascer, viver e morrer, é tão natural como apanhar um pifo, quer seja na festa de anos de um amigo, ou na festa do partidaço do coração. Vem isto a propósito da meteórica extinção (restará o quê?) do movimento 100%, para onde confluíram muitos figueirenses, na recusa dos partidos tradicionais, ainda que muitos tenham chegado dessas estruturas, atraídos pelo novíssimo.
Afinal, vai acabar sem que os confrades tenham apanhado o tal pifo. O gostoso sabor do poder e o contributo para fazer do concelho uma terra 100%. No final da monarquia, houve a tentativa de a regenerar, contudo, progressistas e regeneradores, sofriam da mesma morrinhice. Uma caçoada! Por isso, logo achei que o Partido “Regenerador” Democrático, (PRD), com a bênção do general Eanes, seria, na linha, uma pelintrice. Creio mesmo, que muitos figueirenses que acorreram ao movimento 100%, já antes tinham acorrido ao Partido do General.
Apesar de estarmos perante gente de fé, afinal, os vícios que esses bons figueirenses viram nos partidos tradicionais, foram levados a 100% para o movimento, como já tinham sido levados, em tempo, para o PRD. Falta de militância. Falta de líderes com classe. Perros nas ideias. Os mesmos erros técnicos grosseiros. Talvez aborrecimento. Talvez falta de pachorra para ser um génio da militância. Porque ela não se esgota na caça ao voto e em ser passante e colocar o papelinho nas mãos de outro passante. Mas, quem sabe, tenham concluído, a 100%, da necessidade de expiar a cidadania. Muita dessa boa gente, apesar de estar na cara, recusa admitir que com o seu voto, contribuiu para a corrente desgraça. Quis ser moicana, para se expiar, contudo, logo percebeu que tem muito que se lhe diga. Num ápice, pode-se ser votado à exclusão, pelos pares do poder absolutista.
Melhor será, então, não negar a origem biológica e voltar às origens. Mas não se arrelie. Há coisas piores. Por exemplo, a maluqueira de ser militante do PCP, quando se tem um garboso iate de 20 metros de comprimento e se sobe o Douro, do Porto até a Barca de Alva, adornado a um bordo, pelo peso da gostosa família e se faz um manguito à contribuição para o PPD/PSD, para o CDS/PP ou para o PS. Ou pior ainda. Ser militante de base dos partidos do arco, e ter-se a ilusão de ser branco. Na verdade, ser militante de base dos partidos do arco, é estar mais perto de ser preto, (como eu), e bem longe de ser branco. Estou a parodiar, evidentemente. Mas quem sabe, não tenha razão. Se o cidadão militante de base, ou simples votante do arco, for um dos tais portugueses que arranjou recentemente emprego, a ganhar mensalmente, 330 euros. Está a ver no que dá o xuxialismo, a xuxial-democracia ou a democraxia cristã? Em 330 euros, a 100%. 

domingo, 12 de maio de 2013

A ponte é uma passagem...

E se os figueirenses, nas próximas autárquicas, optarem por alternativas em vez de insistirem em alternâncias? 
Não era uma boa ideia?

Muita cara de pau

Sou pela liberdade, até reconheço o direito de qualquer proxeneta ter uma simpatia clubística. 
Agora que qualquer proxeneta confunda a beira da estrada com a estrada da Beira é que me faz passar dos carretos. O ordenado perfeitamente pornográfico desta besta é muito mais maléfico para o PIB do que qualquer vitória de qualquer equipa de futebol. Porque há muitas destas.
Agora, que o país necessita, urgentemente, de se ver livre de semelhantes aberrações, não restam grandes dúvidas.

sábado, 11 de maio de 2013

VP - Vintage Pereira

Isto de imitações já devia ter limites. Victor Pereira, o treinador do FCP, devia pagar direitos de autor ao campeão Carlos Lopes, pois já é a terceira vez, em dois anos, que o imita na estratégia. Deixar os adversários irem para a frente, para se cansarem, e depois dar-lhes o chamado golpe de misericórdia vai deixando de ter piada. 
Par o ano que seja um pouco mais original, carago.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Imperfeições


Augusto Alberto (texto e foto)

 Ainda hoje, refinados coirões têm por hábito afirmar que, não havendo a sociedade ideal, a democracia que conhecemos ainda é a menos imperfeita. Permitam que discorde. A democracia, tal como a conhecemos, é perfeitíssima, para os que nela manobram com êxito.
Dei conta desta verdade, quando descobri o enigma que me perseguia há algum tempo. Saber por onde anda a “mula”, Jacinto Capelo Rego, das malas carregadas de euros, depositados em tempos não muito distantes, numa dependência do BES, ao Chiado, a favor do CDS/PP. Desde essa aventura, ninguém lhe pôs a vista em cima, mas, quem sabe?, por indicação de Portas, não tenha sido quem levou novos maços de notas, verdes de dólares, da Casa Branca até Cabul.

O New York Times considera que esse dinheiro foi usado para subornos e cobrir despesas, imperfeitas mas leais, a favor do presidente Karzai. Não existe, como vemos, neste caso, evidentes imperfeições.
Mas de que imperfeição falará o cidadão valenciano, Adrian Garcia, a quem o hospital Arnau de Vilanova, retirou uma prótese colocada num joelho, porque a família não pôde pagar os 152 euros devidos?
E de que imperfeições falarão, os cerca de 300 motoristas e guarda-freios da Carris, (muitos deles votantes em Portas, Coelho e Seguro), que chegam ao ponto de desfalecerem, porque só comem um iogurte por dia? E por ironia, que impenitente imperfeição existe em Cuba, que não dispõe de reservas de petróleo e de gás, como por exemplo, o colosso africano, Nigéria, que apesar, em cada esquina a fome abunda.
Não possui grandes rios, capazes de produzir energia limpa, como o país que tem 1 milhão e 500 mil desempregados, milhões de emigrantes e milhões de famintos. Portugal! Não possui riquíssimas florestas, como o Bornéu ou o Brasil, cujas miseráveis favelas, são postais, que faz salivar de gozo os “trusts” madeireiros. O que possui é muito pouco e ainda por cima na década de 90 do século passado, viveu um preocupante afundamento, que obrigou Fidel a descer à “la calle”, para continuar a pedagogia. Contudo, apesar destas dificuldades, reconhece a FAO, erradicou a fome.
Ah! Mas as liberdades! Bem sei. A cada instante vão-me falando delas. Em referência a Karsai, à Casa Branca, a Portas e Capelo Rego, apesar de eu ter a liberdade de utilizar os piores adjectivos para os qualificar, isso não indica que deixem de ser quem são e nós continuemos a ser quem somos. Eles párias e muitos de nós, objectos quase, mantidos em pé, com um iogurte. 
Pensemos bem, caro Olímpio Fernandes, porque se castiga a Ilha, que não tem recursos naturais, como continua a ser usual noutros lados, sempre à custa da política da canhonheira, nem as seráficas “liberdades”, mas é reconhecido como modelo social em organismos internacionais. Lembro que a 4ª frota, continua a marear as costas da América Latina e da ilha, e até houve, em 1961, uns tipos amortalhados na Praia Giron, que tinham como fim, manter a miséria no campesinato, o desemprego no operariado, os casinos, as putas e os gangsters.
Esta é a imperfeita e embaraçosa Revolução. Pois é!

"... conduzido por seu dono"

cartoon de F. Campos

Com certeza ao costumes dirá nada. Refiro-me ao anúncio feito pelo seu dono, perdão, patrão, de que irá despedir, para já, mais duas centenas de trabalhadores. 
Mas nada que já não estejamos habituados.

Trabalhadores dos CTT concentram-se em Coimbra


Os trabalhadores dos CTT concentram-se, amanhã, dia 10, pelas 16h00, na Praça 8 de Maio, em Coimbra, contra o desmantelamento da empresa, pública desde sempre. 
A mega ofensiva do governo, da troika e de grandes grupos económicos com vista à privatização destes serviços afecta os utentes, os serviços prestados aos cidadãos, nomeadamente os que vivem mais longe dos centros, encarece e diminui a qualidade dos serviços prestados, e contribuirá ainda mais para o aumento do desemprego. Tudo com o único objectivo de obtenção de lucro fácil. 
Note-se que até nos Estados Unidos estes serviços sempre foram, são e serão públicos, o que dá uma ideia da insaciável voragem desta sacanagem que nos governa.
A solidariedade de todos é indispensável para o bem de todos.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Onde é que eu já ouvi isto?

O tartufista Miguel


Augusto Alberto

Está prestes a bater o pau para dar início ao teatro da vergonha, segundo as pancadas, não as de Molière, mas as do senador da Figueira da Foz, Miguel Almeida. Espectáculo, que não correrá nos sítios fechados habituais, 10 de Agosto ou a Figueirense, mas, com a inocência que esperam, pelas praças e ruas do concelho. Nesta cidade, que faz da sua avenida oceânica e da sua respectiva praia a única oportunidade de estar no convívio ou na mais prosaica actividade física de baixa intensidade. Marcha ou corrida lenta, pesca lúdica, recolecção de mexilhão, ripagem de perceves, arrancados na zona da primeira rebentação, ainda habilidosos na arte do bicheiro, com que enganam os polvos, ciclistas de baixa rotação, em regra bem equipados e meninas mais ou menos notadas, consoante vai o tempo. Não fosse assim, esta seria a terra em que viver seria uma estucha.
de F. Campos

Ora acontece que ainda antes de Abril, um figueirense de gema e cotado, num impulso fascizante, criou um imundo cais comercial, mesmo em frente à esplendorosa e mundana Avenida Saraiva de Carvalho. Mudou-se a urbe ribeirinha, mas o vício de escavacar manteve-se.
De tal modo, na terra onde cresceu o pato-bravismo e outros actos coevos, ainda respiram responsáveis por esses actos sofridos. Assim, o tartufista Almeida, santanista de boa gema, quer montar um teatro eleitoral, com vista a fazer esquecer actos de gestão apócrifos, nacionais e locais, como a queima de euros nos arraiais do S. João, a derrota manhosa de um dos actos de cultura de fim de verão, o festival de cinema. A coisa é de tal monta que o vereador, ex-deputado da República e dirigente do Partido da rotatividade local e nacional, PPD/PSD, que quando calha, mete trancas e pregos à porta e chuta na democracia e nas liberdades, aparece agora, como cabeça de um movimento, que se destina a enrolar o passado, de nome genérico,”Somos Figueira”.
Almeida, espécie de diácono dissoluto, com vergonha do passado, lança esperanças nos resquícios à obediência, matriz cerzida por 300 anos de tribunal do santo ofício e 48 anos de fascismo. É capaz de ter razão. Atavismos adiante, já vamos com mais 30 anos de missas cantadas, segundos rituais dos novos santos ofícios ”democráticos”. E pelos vistos, ainda temos para mais 300.
Quer-me parecer, medrosos e obedientes cidadãos, que os teus quinta netos ainda vão ter de lacrimejar. Ai vão, vão…

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Os budas de Kansas City

Augusto Alberto


Nas minhas deambulações pela rede, cheguei a duas notícias que me sobressaltam. Primeiro, fui ter ao sítio que dá conta de um congresso que se realizou no passado mês de Março, com o propósito de discutir e promover o conhecimento e a preservação dos edifícios da arte Deco, na cidade de Havana. O sitio, trouxe-me memórias da minha visita à cidade, onde muito provavelmente, nunca mais voltarei, porque os cabedais dão para a bucha e para alguma ajuda aos mais novos e para pouco mais. Contudo, mesmo se possibilidade de regresso, rejubilo, porque, afinal no país das catacumbas do pensamento, as pessoas reflectem de forma avançada, contrariando correntes vozes de burro. E como vozes de vozes de burro não chegam aos fins, acrescento o que de importante se diz, sem censura:

Parte do nosso objectivo é fazer ruído, disse o director do Museu Nacional de Artes Decorativas. Se nós em Cuba não reconhecemos o valor destes edifícios, como é que podemos esperar que os estrangeiros o façam? A falta de recursos, a alta humidade, o ar salgado pela água do mar…são algumas das razões para o mau estado de conservação da maior parte dos edifícios. Muitos precisam de obras de restauro… mas esse é um investimento que nem todos os proprietários podem fazer.
Havana, inteligentemente, recusa substituir a sua matriz urbana, pelo maniqueísmo do vidro ou do betão, como acontece em tantas das nossas vilas e cidades. Pelo contrário, procura, apesar de meios escassíssimos, como observei, manter a identidade urbana, usando a reabilitação. As boas revoluções tem como inteligente não destruir o que de bom está feito.
O segundo sobressalto, vem na esteira do que se refere, com cada vez mais frequência, à miséria americana. Em Kansas City, Las Vegas, Nova Iorque e Nova Jersey, conta-se, que as autoridades se têm deparado com milhares de pessoas, muitos, veteranos cansados das guerras, a viverem em tendas ou túneis escavados, rodeadas de lixo. Há, pois, claramente uma diferença nos sonhos. Cuba, procura o sonho de reunir energias e meios para conservar o registo urbano da sua art Deco e por essa via, melhorar a qualidade paisagística das suas cidades. Nos Estados Unidos, o embuste acabou com o sonho, porque muitos cidadãos vivem como ratos ou com os ratos. Assim a modos como viver numa montanha do Afeganistão. E então, é justo perguntar: Que diferença há entre saber da destruição dos budas de Bamiyan, (património cultural da humanidade), no Afeganistão, e a destruição das vidas, (património humano da humanidade), nessas cidades americanas? Ambas são vítimas de talibãs.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Make peace, not war


Augusto Alberto

Para quem não sente os encantos da corrida, a cidade de Boston será recordada unicamente pela irracionalidade do atentado sobre a meta da sua maratona. Chicago tem também a sua maratona, muito apreciada, porque o seu traçado em ligeiro declive, coloca-a ao jeito das grandes marcas. Mas, por ventura, a maratona de Nova Iorque é a mais universal e copiada, porque ao longo do percurso, tocam grupos de jazz, folk e rock, para animar a cidade e os atletas vindo de todo o mundo.
imagem do Bronx
 Nova Iorque é sensacional! Nela coabita a grande finança com lojas de marca. Tem o Central Parque, a magistral Filarmónica e o Carnegie Hall. Dali, um homem genial, mas reaccionário, Bernstain e os seus concertos para jovens, trouxe-me à minha definitiva apetência melómana, ainda no tempo da TV a preto e branco. A Nova Iorque chegou também do ballet Kirov de Leninegrado, Mikhail Baryshnikov, para ensinar a dança clássica que os americanos desconheciam. Algumas zonas têm pedigree, mas hoje outras estão devastadas pela pobreza, à semelhança de outras cidades, como exactamente Boston.
De acordo com um relatório da sua Câmara Municipal, cerca de 46% da população, em 2011, era pobre ou quase-pobre. Muitos sobrevivem com senha para a comida. Que despropósito! Julgava que as senhas foram coisas do tempo soviético. Pelos vistos, aprenderam rápido!
Nova Iorque, paradoxalmente, está em termos de índices de pobreza, acima de Havana. Que enxovalho! Acima de Lisboa. E a não ser contido o desvario, em breve estará em linha com os índices de cidades como Caracas, capital da Venezuela ou Nova Deli, capital da Índia. A Nova Iorque de que se fala prova que o sonho americano e o capitalismo com pedigree e chiquérrimo são uma utopia e uma trapaça.
Mas é evidente que a actual Nova Iorque, continua a ser terra de gente snob, mas que não passa, seguramente, pelos citados bairros do Bronx, Staten Island ou Queens, os mais batidos pela extrema desgraça.
Quem tem cu tem medo, por isso, quem tem dinheiro não partilha avenidas com vadios. Como cantá-la, então, ao jeito do manhoso, mafioso Sinatra?
E porque oportunamente novas notícias das urbes virão ao jeito de eriçar até o mais santo, ainda que a conta gotas e demasiado difusas, porque não pergunta, desde já, à imponente estátua da liberdade,  como vamos de liberdades? E de bem-estar? Está mal, dirá. E desabafará:Sabes, afinal o capitalismo enganou-me. Não é o fim da história.