segunda-feira, 31 de maio de 2010

Kickboxing: Ginásio renova título nacional de Full-contact


(Miguel Ângelo e Carlos Mesquita, no decorrer de um treino. foto: alex campos)

Cinco atletas do Ginásio sagraram-se campeões nacionais e um vice-campeão, nos Nacionais que se realizaram sábado passado em Guimarães.
Miguel Ângelo e Tiago Mendes (seniores), Osvaldo Abreu, Brian Cantante e Micael Loio (juniores) foram os campeões, tendo Alexei Kazartsev perdido a final.
Miguel Ângelo, o baterista da banda “Cães Danados”, conseguiu o 7º título nacional consecutivo, o segundo sénior. Será o atleta figueirense da actualidade que há mais tempo conserva o título nacional.

domingo, 30 de maio de 2010

Ainda a manif: efeitos colaterais, ou não

No âmbito da manifestação de descontentamento, de indignação e de repúdio pela política de desastre social e económico teimosamente levada a cabo pelos “socialistas” a ministra do Trabalho não perdeu tempo em brincar com a inteligência de quem trabalha neste país. Diz a senhora que é pelo diálogo. Ora, quem não os conhecer que os compre, digo eu.
Mas, pelos vistos, ainda há muitos trabalhadores que os não conhece. Os que se filiam na “central sindical” do partido do governo.
Proença, o dono da tal “central sindical”, ou penduricalho patronal parafraseando alguém, diz que a manifestação prejudica a imagem do país nos mercados internacionais. Qual voz do dono. O nojento não tem a coragem de dizer o que sabe: que esta política não prejudica a imagem do país, prejudica o país.
Só quero lembrar aos trabalhadores enganados que estão filiados nesse penduricalho liderado pelo nojento Proença que esta besta é da Comissão nacional do partido do governo e que o seu penduricalho foi fundado pela CIA e pelo capital internacional. Estão sempre a tempo de emendar a mão.

Os melhores


Aqui disse que eles são os melhores clubes do mundo e arredores. E aqui está a prova do que eu disse. Mainada.

sábado, 29 de maio de 2010

Yes! I am un immense provocateur...







Trezentos mil...



Uma grande manifestação de protesto, de indignação. É legítimo pensar-se que num regime decente o governo saberia tirar as devidas ilações.
Mas num regime decente os governantes teriam vergonha, coisa que neste não usam.
A Segunda República fez ontem anos. Penso que a Terceira ...

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Foi bonita a festa do Ikea

Augusto Alberto


Foi bonita a festa de inauguração de mais uma superfície do Ikea. O Presidente do Concelho de Loures exultou, porque o Concelho e o Ikea deram emprego a mais de quatro centenas de pessoas, creio, escolhidas de entre muitos milhares de candidatos. Ouvi dizer, na TV, que cerca de 70% das pessoas empregadas tem formação superior. O vencimento rondará os 600 Euros base/ mês. Ora cá está uma bela notícia, porque nestes tempos de atávica crise, sempre amortece.
Em 1971, comecei a longa caminhada pela estrada da vida, em plenos anos de chumbo do marcelismo. Fui um entre alguns de um pequeno grupo, que um dia à porta do refeitório do quartel onde estava a fazer a especialidade militar, decidiu mobilizar a companhia num protesto contra a guerra, usando como sábio argumento, pensámos, um levantamento de rancho. Será escusado dizer que os anos a seguir da minha vida militar, foram de chumbo. Nunca recuei, nem quando sentado perante um capitão com fama de mau, separado de mim pela mesa simples e quadrada, me perguntou se mantinha tudo o que antes tinha dito. Sem pestanejar, aos 21anos, reafirmei-lhe tudo que tinha dito e tinha feito. Ainda hoje recordo a forma como num jacto se levantou e de dedo espetado, me gritou, você está fodido porque está a tentar atirar um governo abaixo. Com certeza, mas sem arrependimento. Sem arrependimento caminhei para a prisão e dai deportado para Moçambique, e sem arrependimento esperei que me topassem logo que chegasse são e salvo à “metrópole”. Mas felizmente, muitos da minha geração e das anteriores, fomos salvos de mais incómodos, pela madrugada que nunca se esquecerá.
É este cidadão, para lá dos 60, com uma longa folha de cidadania, que não se entrega e continua com o bom hábito de questionar, que reconhece que muitos dos da sua geração cederam e consentiram que ao longo dos anos se construísse uma geração, a de hoje, da emigração, como a dos avós e pais, do trabalho meio escravo, mal pago, sazonal e precário, do recibo verde, dos jovens que querem ser independentes mas não podem e logo voltam ao colo dos pais. Dos que com formação superior, abrem e fecham caixas ou enchem prateleiras, apesar dos muitos custos e canseiras às famílias, porque as rendas são altas, os custos da alimentação e das sebentas são enormes e porque o estado, sem dinheiro, diz, obrigou ao tecto máximo no pagamento das propinas. Este estado que é atávico, porque não gasta onde deve gastar, mas gasta onde não deve, como, por exemplo, na construção de uma quantidade de estádios de futebol, que hoje são um estorvo para os municípios, alguns já expostos à possibilidade da solução mais drástica, a implosão, trata assim os seus filhos. E é exactamente por tudo isto e por muito mais que um pequeno texto não pode comportar, digo, que esta minha muito amada pátria nem sequer merece que se abane, nem que seja uma pequena bandeirinha a favor da sua estimada e elegante selecção nacional de futebol profissional, porque para muitos, e para muitos dos melhores de nós, não é mãe, mas continua uma espécie de puta, que se abre a uns e fecha a muitos. Isto penso eu, que num dado momento, julguei que a pátria do fado, futebol e Fátima fosse só uma recordação. Outros pensarão de modo diferente. Justíssimo! De todo o modo, não foi necessariamente para isto que muitos de nós se cansaram, porque não esqueço, que voltamos a permitir que os nossos filhos e os nossos netos, por omissão, voltassem às velhas agruras.
Não há modo de me entregar, chamem-me os nomes que entenderem, porque, está confirmado, a choldra anda ai em hotéis de luxo e a 800 euros por dia, contra os 600 euros por mês dos que abriram o Ikea de Loures. Quem sabe, se destes, alguns tem os rebentos na Universidade.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

CNSPP


Porque há actos que não podem cair no esquecimento. Sobretudo nestes tempos indigentes, formatados por gente indigente.

João Dias (Atletismo)


Pratica atletismo há dois anos e já tem que contar. João Dias, natural das Alhadas e atleta da Sociedade União Operária é, desde domingo passado, como demos nota, recordista nacional do Lançamento de Dardo.
O atleta também faz Salto em Comprimento e estafetas mas prefere os lançamentos e principalmente o Dardo.
Ficou contente com o record e diz que gostaria de fazer uma carreira como atleta. A sua opção académica também lhe poderá facilitar os desígnios pois quer seguir desporto.
Quanto às condições para a prática da modalidade na Figueira da Foz o atleta não pode dizer senão o óbvio: faz falta uma pista.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Presidenciais: começaram as tretas eleitoralistas


Com o aproximar das eleições presidenciais os candidatos já perfilados, e todos da mesma área, começaram a debitar as já estafadas tretas eleitoralistas. Cavaco Silva diz que as medidas governamentais devem ter em conta as classes mais desfavorecidas. O homem esquece-se que foi primeiro-ministro durante uma década e não teve isso em conta.
Por outro lado, Manuel Alegre que para ter algumas hipóteses necessita do eleitorado do PS, não o deve afrontar de todo, ficando agora mais difícil a farsa de que não concorda com o governo, com a situação do país, enfim, essa coisa toda. Diz ele que o Presidente da República deveria ter ajudado mais o governo. Acho que é uma tirada pouco patriótica, isto atendendo à situação do país, mas necessária para o candidato ter o apoio expresso do partido governamental. Quer dizer, com mais ajuda para além daquela que teve consegue-se imaginar o estado em que isto estaria?
Já Fernando Nobre é mais soft. Defende uma coligação entre vários partidos. Foi cuidadoso, eleitoralmente inteligente quando não cita quais os partidos. Mas como não estou a ver o PCP, e acrescento democraticamente Os Verdes e o Bloco de Esquerda, a gerir o capitalismo selvagem que se vem impondo, presumo que os partidos visados são os da antiga união nacional.
Seria mais do mesmo, mas em dose tripla.
Irra!!!!

terça-feira, 25 de maio de 2010

Naval: Assembleia Geral insólita ou talvez não

Não será propriamente inédito a presença de um único sócio na Assembleia Geral da Associação Naval 1º de Maio.
Poder-se-ia pensar que há razões para tal. O facto de os sócios estarem afastados da colectividade por esta não possuir uma sede social, por exemplo. Aliás fui pensando isso durante as várias temporadas futebolísticas em que as assistências são reduzidas, contando quase sempre os adversários com maior apoio. Entende-se que os associados não se revêem no clube.
A situação não é insólita. Após o incêndio que destruiu a histórica sede do popular (?) clube este recebeu vários donativos, quer de pessoas colectivas quer individuais. Recordo-me que assisti ao encontro entre directores da Naval e dirigentes locais do PCP em que estes fizeram um donativo de 200.000 escudos, dinheiro esse proveniente da AECOD.
A reportagem está no Jornal “A linha do Oeste” de 8 de Outubro de 1997, uns 3 meses após o incêndio. Presume-se que os donativos eram para uma futura reconstrução, ou edificação, melhor dizendo, de uma sede. Até agora nada. Os sócios bem se podem interrogar para onde foi esse dinheiro. Na reportagem pode-se ler: “Quanto aos dinheiros vindos de actos de solidariedade, Simões de Almeida disse que os sócios podem estar descansados, está tudo contabilizado e, quando for oportuno será divulgado”.
Mas não será só isso que afastará os sócios da centenária colectividade. O problema já é anterior pois já nesse encontro, a propósito de uma assembleia geral, o presidente da Naval, Aprígio Santos, divulgou que uma vez se negou a fazê-la pelo facto de estarem apenas 3 sócios presentes.
(clique na imagem para ampliar)

Contra os vampiros

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Dos árbitros e dos jornalistas

Digo com frequência, com um pouco de ironia é certo, quando vejo algum jogo de futebol do campeonato português, que os árbitros deveriam ser obrigados a conhecer as regras para poderem ajuizar.
Quanto aos jornalistas devo dizer que acho bem que conheçam, mesmo que seja minimamente, a língua portuguesa.
É que confundir as palavras “alternativa” e “alternância”, sobretudo no contexto em que elas são citadas parece-me uma atroz manifestação de iletrismo. Se o não é, é autêntica má fé, imperdoável num jornalista. Aqui lembro-me de uma afirmação de mestre José Martins: “Não há coisa mais horrível do que um jornalista mentir”.
Isto vem a propósito da análise que Fernando Samuel faz no “Cravo de Abril”, à entrevista de Jerónimo de Sousa, ontem no “Diário de Noticias”, onde ele detecta outras “habilidades”.

A plutocracia

Augusto Alberto


Com papas e “golos” se enganam os tolos. Assim mesmo, com esta boutade, classifica um amigo meu, o tempo de hoje.
Gunter Wallraff, um jornalista alemão, escreveu em 1976 um livro a que deu o nome genérico de “a descoberta de uma conspiração”. Porque razão invoco este livro, esquecidíssimo hoje, que não é mais de que a sucessão cronológica de datas e factos, de um momento de intensa batalha politic? Porque ajuda a perceber melhor o país que somos e o que se passa hoje, já vão mais de trinta anos, neste jardim à beira da ruína social.
Está lá referida uma entrevista ao jornal brasileiro Gazeta Mercantil, de 9 Setembro de 1975, em que Mário Soares diz o seguinte: ”foi um erro grave dos primeiros governos revolucionários perder a confiança das empresas multinacionais”. Contudo, 35 anos após, exactamente a 21 deste mês de Maio, Alfredo Barroso, seu sobrinho, disse o seguinte: “hoje vivemos no mundo da plutocracia”. Ou seja, no regime político e social em que o poder pertence aos ricos que também, ideologicamente, exercem o controle. E muito em particular em Portugal. Um arrependido? Não! Simplesmente um exercício intelectual assacanado, porque os compromissos de ontem e o oportunismo de hoje, andam de mãos entrelaçadas. É por isso que a factura é alta.
Vai na Covilhã um escândalo, que de algum modo dá corpo à boutade e à aplicação prática da teoria da plutocracia. É um autêntico escândalo que a selecção nacional de futebol, só por si, ocupe dois hotéis, em dois locais distintos e distantes. Um para a recuperação entre treinos e o outro para repousar para o dia seguinte. Está a pátria perante 2 milhões de famintos e outros tantos para lá caminham, perante não tarda nada, 800 mil desempregados e milhares na fila, para a sopa dos pobres, que em boa verdade, foi coisa que nunca fechou, e os nossos rapazes do coice na bola, a lambuzarem-se no aconchego de dois hotéis.
Mas uns atoleimados universitários, de modo a que todos víssemos, levantaram uma faixa que clarifica aquilo que são e a pátria que somos, e que diz assim: Ronaldo paga-me as propinas. Indigência! De seguida, esta gente acabou confortada e comprada por meia dúzia de bilhetes para assistir a um jogo a feijões com Cabo Verde. Que dirigentes nos reserva o futuro? Pela amostra, a mais atoleimada mediocridade. Afinal, o meu amigo tem razão. O obscurantismo, por hora, alimenta-se de uns tantos bilhetes e golos, digo agora eu. Aqueles futuros dirigentes da pátria, para lá de estarem completamente baralhados estão basbaques de duas dúzias de rapazes, bem pagos e a escorrer em mordomias obscenas.
Tem razão o sobrinho da eminência parda. Estes são tempos de plutocracia. Pena é tanto o tio como o sobrinho tenham dado um sério contributo.

domingo, 23 de maio de 2010

Atleta da SUO bate record nacional



O atleta João Dias, da Sociedade União Operária, acaba de bater o record nacional de Lançamento de Dardo na categoria de infantil, ao obter a marca de 39,30 metros. Foi nos campeonatos distritais de Atletismo que decorrem em Coimbra.

No mesmo certame, o iniciado Luís Cardoso (na foto), também da SUO, lançou o martelo a 52,68 metros, o que constitui record distrital.


foto: alex campos

Actualização às 18h30:

Pedro Ferreira, também da SUO Vais, juvenil, venceu o Triplo Salto com 14,07 metros.
Da Escola Secundária Mário Augusto, das Alhadas, Sérgio Cruz, na categoria infantil, venceu o Salto em Altura com uma marca que se aproxima do 1,76 de Pedro Mossamêdes, o ainda record distrital, ficando a 5 centimetros.
Da mesma escola e na mesma categoria, Pedro Afonso venceu o Salto em Comprimento, aterrando 5,29 metros depois da chamada.
De parabéns os atletas figueirenses, deixando-nos uma interrogação: o que fariam com outras condições, no mínimo próprias para o treino?

sábado, 22 de maio de 2010

Elegia a um beijo

Ao meu pai


Reencontro-te agora
na tua ausência
nesta claridade de círios
que envolve a tua fronte de distância
nos sentimentos de confusos gestos
que em mim jaziam

Vejo-te renascer na luz dos ecos
que regressam em estilhaços da infância
e em cada lampejo
a tua face revive
dos impossíveis sonhos que me davas com o olhar puro.

Estou contigo
e ainda não sei quando morreste…

no rasto do tempo
só nossas carícias resistiram ao futuro
e afirmam as suas presenças
na solidão em que ficaram nossos pensamentos

Pressinto-as nas tuas mãos cruzadas
despidas das sombras
que enlutavam os teus sonhos
de criar raízes nesta terra
e que só a morte tornou real

Pressinto-as ainda
contra os meus lábios – a canção interrompida
contra os meus rumos – os caminhos não trilhados
no limiar da minha procura sem esperança.

E é sob este alento de lembranças
que deponho neste último beijo
o renascimento do que criaste
(mas que não quiseste partilhar)
minha ilegítima revolta
que resgata a tua fronte
e é o meu bastão de honra.

Arnaldo Santos, em Janeiro de 1966, poeta angolano

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Da previsão da crise


Ainda não percebi porque existem economistas, analistas, comentaristas, jornalistas, agências de rating. Então esta coisa de rating, seja lá o que isso for, penso não ter mesmo a pretensão de vir a entender.
E embora não tenha mesmo esperanças de algum dia entender, este post sempre ajuda um pouquito...
É que... de economistas, analistas, comentaristas, jornalistas, ratingues e demais quejandices estamos mesmo conversados. Se ao menos tivessem vergonha...

terça-feira, 18 de maio de 2010

Quando eu não vi Ferrat na televisão

A chamada canção literária é uma prática muito salutar em França. É uma excelente maneira de se divulgar a poesia.
Muitos cantores musicaram e cantaram muitos poetas. Desde Baudelaire, interpretado por Ferré ou Montand, até Aragon, e outros, cantado por muitos outros. Jean Ferrat, um dos mais, senão o mais brilhante interprete do poeta de “Elsa” musicou também outros.
Georges Coulonges foi um deles.
No final da década de 70, estava eu em França, um dos canais de televisão, não me lembro qual, resolveu fazer um programa sobre o poeta. Convidou Ferrat para cantar dois dos poemas da autoria de Coulonges. A coisa prometia, entre eles os inesquecíveis “La Jeunesse”, La fête aux copains”, “La commune”, por exemplo.
Só que o cantor escolheu aquele que será, com certeza, um dos poemas mais emblemáticos que Coulonges escreveu para si: “Potemkine”. Aconteceu que a estação de televisão não aceitou e impôs, ela própria a escolha. Ferrat, logicamente, não aceitou. E eu não o vi na televisão.
Aí vai o “Potemkine”:



M'en voudrez vous beaucoup si je vous dis un monde
oú l'on n'est pas toujours du côté du plus fort

Em Banguecoque os homens andam todos de braguilha fechada

Augusto Alberto

Há uma praça em Banguecoque, capital da Tailândia, que não vai ficar na História, e por isso no futuro não terá comemoração, apesar de nos últimos três dias, em autêntica guerra, lá terem morrido 36 pessoas. Apesar dessa praça, que não sei o nome, estar cercada por forte contingente militar apeado, por tanques e outro tipo de armamento pesado, que confere com uma guerra convencional, em que os barricados e os que atiram, são ambos tailandeses, não ficará na história, essa praça de chumbo, porque não tem raiz quadrada, talvez rectangular, não sei bem, como a praça Tianamen, e porque Banguecoque não é Pequim, lugar de finos esconjuros.
Dizem as notícias que desde 2004, na Tailândia, mais de 4.000 muçulmanos e budistas foram mortos, em chacinas organizadas. Confesso que não sei também por quem. O que se sabe é que foram 4.000. Mas isso não interessa, porque esses budistas não são tibetanos. Se os monges budistas fossem tibetanos, o que nos diria o Dalai Lama? Que “a compaixão é um poder” e que teria ficado muito triste porque a liberdade é um bem precioso. Um autentico elástico, à medida de quem mede, digo eu. Às vezes é assim uma coisa de geometria variável.
No dia 10 Abril de 2010, naquela praça que não ficará para a História por não ser a praça Tianamen e porque as mulheres que passam, não passam de branco, a favor de um homem esquálido, foram mortas 25 pessoas durante a passagem de uma manifestação. Mas aquela praça, que não ficará para a História, apesar de estar cercada por tanques e outro material pesado, ao arrepio da democracia, e que acolhe uma multidão com camisas vermelhas apesar de não haver um único comunista, que dizem estar ali em defesa de um tipo que eu não sei quem é, mas que foi 1º ministro eleito e ao que parece foi apeado por um golpe militar, que colocou no poder um outro tipo que se diz formado em Inglaterra.
Vejam lá como estas coisas são. Afinal, o que dizem as chancelarias ocidentais a esta autêntica guerra convencional, a propósito da necessidade de desalojar uns tipos que acham que a democracia é uma ova? Nada! É certo que os amigos americanos já puseram o seu pessoal diplomático a salvo, e só isso chega para certificar as coisas.
Ora cá está, como o nosso mundo às vezes se torna numa barbárie de geometria e democracia variável. É por isso que o negócio das teenagers está um caos, porque ao que parece, em Banguecoque, os homens andam todos de braguilha fechada.

domingo, 16 de maio de 2010

PGEC*

A globalização, ou capitalismo fascizante, como queiram, começa a ter custos elevados. Isto é, sempre os teve, mas começam agora a ser mais visíveis.
Em Portugal, as novas medidas decretadas pelos arautos do neo-liberalismo, a coberto de uma suposta crise, são elucidativas. O que se passa é que é mais do mesmo. Perda de direitos e regalias para quem trabalha e benesses para as classes que detêm o poder. Que são as mesmas que o detinham antes do 25 de Abril. Não ocorre a ninguém, pelo menos a quem teria de ocorrer, as vítimas, que o problema está nas políticas seguidas, onde se despreza o trabalho, o valor do trabalho, e privilegia-se a especulação, uma vez que no meio de tanta crise apregoada há empresas que contabilizam lucros pornograficamente fabulosos.
As desculpas de Pedro Passos Coelho por seguir as próprias políticas que defende soará a cinismo, não creio que sejam motivadas por quaisquer remorsos. A história ensinou-nos que isso é uma coisa que os fascistas não têm.
Ao mesmo tempo começa a disputa, na comunicação social, das presidenciais. E não será por acaso que os três candidatos já colocados se situam na área neo-liberal. Se de Cavaco estamos conversados, e dos aparentemente bons golpes de rins de Fernando Nobre também, já Manuel Alegre aparece como o mais ridículo de todos eles. Não está de acordo com o seu partido, com a política neo-liberal do seu partido, mas continua fiel ao seu partido. Não tem a coragem dele se desligar, o que é obra para quem tem a mania, a ousadia, de se auto-intitular corajoso. Diga-se que fora do eleitorado xuxa Alegre não tem expressão nenhuma. Ele sabe.
Em Angola, os probeminhas são parecidos. Pelo menos os beneficiários e as vítimas são as mesmas.
As obras públicas em curso, no âmbito de uma linha de crédito da China, segundo um relatório publicado em Washington, não têm benefícios do ponto de vista social. Adianta o relatório que o dinheirinho que vem não entra nos cofres do estado e é repartido pelas empresas indicadas para a execução das obras. É fácil detectar quem indica as empresas...
Refiro ainda um outro relatório, este da organização Save The Children: em Angola, uma em cada cinco crianças não chega aos 5 anos.
É altura de deixarmos de pactuar com estas políticas.

*Processo de Globalização em Curso

A taça pra lá do Marão

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Os velhos ouvidores

Augusto Alberto


Sempre fomos um país de grupos, a propósito de nada e de tudo. Em 1975, houve um grupo que ficou famoso. O grupo dos nove, que para o bem e para o mal, nos deixou traçado o futuro. Como não há um sem dois e dois sem três, dia 10 de Maio, um outro grupo, de 10, deslocou-se a Belém para ir às falas com o mordomo. Para dizer aquilo que já sabíamos. Que sim senhor, a festa deve continuar mas o progresso da pátria deverá esperar, porque a farra deverá continuar a ser só para alguns. Eu sempre andei desconfiado de que isto não é coisa nova e vai dai fui à estante e puxei pelos livros do padre António Vieira. Para melhor nos situar, digo que viveu entre 1608 e 1697. Uma vida longa, mas muito, muito penosa.
O Padre António Vieira sempre acreditou no serviço à pátria e sempre lhe desejou o progresso e, nesse sentido, teimou com o seu rei para que permitisse o regresso ao país dos cristãos-novos, judeus residentes na Holanda, afim de cá aplicarem as suas fortunas no progresso da pátria bem amada, que evidenciava, então, razoável decadência. Será escusado dizer que o rei amochou e evidentemente os oficiais do santo oficio, guardas avançados dos bons costumes, da nação e das suas misérias, trataram de fazer a vida negra não só aos cristãos-novos, como é sabido, mas também ao Padre, que por pouco não foi frito, em lume brando na panela carregada de azeite.
A propósito desta sua insistência no amor à pátria e em defesa dos cristãos-novos, é meu desejo deixar neste singelo texto, um seu desabafo, que dá bem a dimensão das coisas e que desagradou profundamente aos zelosos dos bons e pobres costumes: "quando queimarem um judeu inocente, inocentemente acusado de ter assado o carneiro pascal, não faltou quem confessasse tê-lo visto levar o carneiro na algibeira, assa-lo ao lume da candeia e depois engolir o candeeiro".
Estamos perante, não só, uma mordaz observação, mas também na leitura muito real do país paupérrimo. Poderemos dizer que muito mudou, mas suspeito que não será tanto assim, pelo que as dúvidas me continuam a assaltar e talvez por isso, tenha sido sempre um pouco desalinhado. Fazendo minhas as palavras do padre Vieira, quase que me atrevo a dizer, que será bom estarmos atentos porque de um dia para o outro, quem sabe, virá por ai outro nobre português, que dirá: "quando acusaram aquele cidadão inocente, acusado de ter defendido o progresso, não faltou quem contasse tê-lo visto levar os planos do tgv na algibeira, consultá-los à luz do candeeiro e depois tê-lo visto engolir as carruagens".
Parece esta singela crónica primar pelo absurdo, também o dito do padre Vieira, como vimos, mas como estas coisas estão, é melhor estarmos atentos, porque ao contrário do que pensamos, continuam por ai velhos ouvidores e queixinhas, na pugna de velhos costumes e velha pobreza. Ainda que para já, o azeite não ferva nas celhas da inquisição.
Ámen.

A alegria do povo...



terça-feira, 11 de maio de 2010

Do futebol como vaselina

Ainda que aparentemente para as duas equipas, Naval e Académica, estivesse tudo decidido, não era bem assim. O último jogo do campeonato tinha importância extra para a equipa figueirense. Além de se tratar de festejar, diante do seu sempre reduzido público a melhor classificação de sempre, existia a possibilidade real da Associação Naval chegar ao 6º lugar da classificação.
Mas dos habituais 700/800 espectadores que durante o ano frequentavam o José Bento
Pessoa compareceram, segundo leio na imprensa, cerca de 200.
Isto deve-se a uma triste realidade. Os portugueses têm 3 clubes da sua simpatia e ficou-se a saber que os ausentes do Bento Pessoa são benfiquistas que preferiram festejar o título em casa, via televisão. Portugal é o único país do mundo a ter 3 clubes de futebol de expressão nacional. Resquícios que vêm dos 48 anos de salazarismo.
Penso que a única excepção é a cidade de Guimarães, onde os 3 clubes juntos estão, sem dúvida alguma, em minoria. Digo isto com um certo orgulho, uma vez que a minha costela minhota é vitoriana.
Claro que os adeptos do pontapé no coiro ficam felicíssimos quando ganha um grande e festejam em todo o país, mas que traduz uma triste realidade, lá isso traduz.
Não há regionalismos absolutamente nenhuns, e quer em Faro, Chaves, Évora, Covilhã, Aveiro ou Coimbra a equipa representativa no coração dos adeptos é um dos chamados 3 grandes. Mesmo em Braga, onde as coisas talvez comecem a mudar, embora lentamente. Ainda houve bracarenses que festejaram o título do Benfica e há uns anos li uma entrevista com um director “arsenalista” a confessar o seu benfiquismo.
O povo aderiu em massa à vitória do Benfica. Unanimidade absoluta, pois até o governo se associou e aproveitou para umas medidazinhas menos populares, quer dizer, aproveitou os festejos como vaselina para o que aí vem. A subida de impostos, ou a retenção de uma parte do subsídio de Natal, por exemplo.
Mas que o Benfica é grande temos que reconhecer. Enorme mesmo. Já da última vez que foi campeão foram aprovadas as taxas moderadoras do SNS.

domingo, 9 de maio de 2010

Um apelo de um homem solidário

Conheço Olímpio Fernandes há muitos anos. Não partilha comigo as mesmas convicções, mas partilha, seguramente, os mesmos valores, como a solidariedade, a amizade, a preocupação pelos outros.
No seu blogue faz um apelo para que ajudemos uma menina de 29 meses que necessita de ir a Cuba receber tratamentos.
Olímpio é um homem lúcido. Prova-o a sua capacidade de indignação, tão rara nos dias de hoje. Como ele diz, vivemos num país onde gestores hospitalares esbanjam milhões e a Mariana é obrigada a deslocar-se a Cuba. E a solidariedade entra onde as dificuldades dos seus pais o impedem.
Aqui e aqui ele conta a história.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Do rapaz do capachinho e daqueles que não cedem

Augusto Alberto

Passei o 1º de Maio em Itália, por força da minha actividade desportiva. Cheguei no dia 28 de Abril e após o jantar, sentadinho, acabei por ver o jogo de resistência do Inter perante um desassombrado Barcelona, a quem os santos e anjos, desta vez, viraram as costas. Estas coisas são assim mesmo e por isso é que só contam as que entram e o resto é desespero e lágrimas dos vencidos e ufanas para os vencedores. Continuei atento nos dias seguintes e por estranho que pareça, em Itália, onde a paixão pelo futebol às vezes é tola, pareceu-me que esse mesmo futebol parou para descanso. Ele voltou, claro está, mas a Itália para além do futebol percebe que tem mais coisas com que se preocupar. E, por isso, a tv mostrou desde um ministro ladrão que recusa demitir-se às consequências negras da maré do petróleo nas costas americanas, ao suplicio dos gregos, com larga informação, do desemprego assustador no reino de Espanha, que se acalmem os rapazes da monarquia, porque uma monarquia também pode ser uma paródia, dos efeitos por simpatia em Portugal, lembrando ainda, por exemplo, a Irlanda e Islândia, da guerra entre o fascista do Fini, aliado dessa figura bufa, Berlusconi, que parece que usa na cabeça uma espécie de capachinho muito ajustado e nas “fuças” um creme de base que lhe tapa as rugas com que tenta contrariar as marcas do envelhecimento biológico.
Evidentemente que um forasteiro atento acaba por não perceber como é possível que essa espécie de figura de ópera bufa e do absurdo, consiga ser primeiro-ministro, sobretudo quando assiste em directo pela tv a uma monumental festa do trabalho, que juntou em Roma mais de 700 mil pessoas. Dir-se-á que apesar de em Itália o cerco ser grande e de muitos se terem convencido, com elevados custos, que as ideologias estavam acabadas e que o futuro chegaria com os mercados, ainda sobram muitos que acreditam que é com as ideias que se faz o caminho. E foi exactamente por isso, que na paz do quarto, acabei a ouvir canções de amor, trabalho, luta e resistência. E sobretudo uma, que já há muito não ouvia. A belíssima canção dos Partizans. Afinal, o grande capital nunca deixou de ser o que sempre foi, ainda que brandamente, muitos tenham acreditado que bastavam as leis do mercado, para haver abundância. Mas a grande questão é que a locomotiva a que nos atrelaram descarrilou, e por isso a abundância chegou, mas só para os chefes de estação.
Mas em boa verdade, o que eu aqui quero dizer é que esta pátria vive demasiado o futebol. A gente sabe bem porquê. Porque quem hoje manda, foi quem sempre afinal mandou e por isso, no regresso, em voo Tap, lá tive que ouvir o fado lamechas. Após poisar, dei comigo com um televisor, em frente, a transmitir futebol e a seguir, notícias sobre a visita do papa católico. Como nesta minha terra tudo é tão certinho, espero que os muitos pobres e desempregados aguentem com a barriga um pouco mais inchada, mas façam para não desmerecer da visita de sua santidade.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Regata Internacional de Remo Adaptado


Pela segunda vez, a atleta paraolímpica, Filomena Esteves, esteve presente em Itália, na regata internacional de remo adaptado, que se realizou no Lago de Gavirate, na província de Varese, epicentro do remo adaptado Italiano.
Estiveram presentes sete países, Grã-Bretanha, Irlanda, Alemanha, Rússia, Espanha, Portugal e Itália.
Com um tempo muito instável, de muita chuva, frio e algum vento, a competição neste segmento do remo, foi muito difícil, dado que os atletas participantes são protagonistas dos mais variados handicaps. Sobretudo, para os atletas paraplégicos. De todo o modo, a atleta paraplégica que representou Portugal na classe braços e espáduas, teve uma prestação muito agradável, ganhando as duas provas em que participou, no sábado e domingo. Isto equivale por dizer, que a sua preparação com vista à presença nos próximos Jogos Paraolimpicos a realizar em Londres 2012, decorre com normalidade percorrendo calmamente as várias etapas.
Resta dizer que esta competição tem a importância inerente a uma grande regata internacional de preparação para os próximos Jogos Paraolímpicos a realizar no ano de 2012. Segue-se o campeonato do Mundo a realizar no próximo mês de Novembro na Nova Zelândia.


Augusto Alberto

E, dois meses depois...


...lá taparam o buraco, como se pode ver na imagem.
Já não vai haver trasladação como tínhamos pensado. O atraso na reparação terá ficado a dever-se a mera falta de disponibilidade. Sempre se terá de fazer os tais nove buracos.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

9-1=8



O buraco da foto já tem mais de dois meses de existência. E 24 centímetros de profundidade. Medi-os com uma fita métrica. Situa-se na Rua do Mato, a uns 50 metros da sede da Junta de Freguesia. A sua conservação ao longo deste tempo permite-me, sei lá, alguma especulação fantasiosa. Por exemplo, a sua trasladação para o novel campo de golfe que se avizinha diminuiria os custos do dito. Eu explico: em vez dos nove buracos que se iriam fazer bastava só fazer oito.
Estou fantasiosamente a especular, mas nem sei se é o que está na mente dos responsáveis autárquicos.
Já agora, tenho uma dúvida, e pouco metódica. A edilidade possui terrenos. Para que vai, então, pedir um empréstimo de dois milhões e tal para indemnizar os proprietários dos terrenos onde irá ficar instalado o campo de golfe?
Não será legítimo eu especular, também, acerca? Está bem que o campo vai ter 9-buracos-9. Mas mesmo assim… bem... é um buraco para cada dedo...

“Na minha terra cabe o mundo todo”


A MAR UNO - Associação Social de Cooperação, Educação e Desenvolvimento, em parceria com a ACARFAssociação Social, Cultural, Artística e Recreativa de Forjães, organizam nos dias 21, 22 e 23 de Maio, em Forjães - Esposende, um evento denominado "Na minha terra cabe o mundo todo", que se centra na homenagem ao escritor angolano Pepetela e gravação da mão-escrevente do escritor na Parede dos Famosos (WALL OF FAME), para o efeito criada no Centro Cultural de Forjães. Um acto que em cada ano se repetirá com um autor diferente que na sua obra de algum modo reflicta esta noção intercultural de uma terra onde cabe o mundo todo.
Do programa consta um almoço e um colóquio com Pepetela e a celebração de um protocolo entre a MAR UNO e a UNESCO.
A “aldeia olímpica” agradece o convite.

domingo, 2 de maio de 2010

No dia da Mãe


foto: alex campos


A D. Céu Campos, fotografada em 13 de Junho de 2008, quinquagésimo aniversário do seu primeiro parto.

E esta? Surpreendeu-me…

Aquela frase, já célebre, “desde que vi um porco a andar de bicicleta, não há mais nada que me admire”, decididamente comigo não resulta.
Digo isto porque, não raras vezes, sou surpreendido e deparo com realidades para mim absolutamente novas e que pensava não serem possíveis.
Esta, por exemplo, em que nos é dado ver que há determinados seres humanos que até podem aprender inglês ou viverem experiências novas.
Portugal continua a ser surpreendente, só que eu já devia saber. Vivo cá há 30 anos…
Mas “prontos”. Tenho de ser melhor observador, confesso.

Poema de minha mãe

é este o poema de minha mãe,
poema da flor e do fruto,
poema da cor e do sabor,
poema do segundo motivo.

é este o poema de minha mãe,
poema contemplativo de quem sofreu
para fazer do sofrimento
o maior prazer da sua vida.

É este o poema de minha mãe.

Jorge Macedo (poeta angolano, 1941-2009)